Lucas 12: 54-56 – “Dizia também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede; e quando vedes soprar o vento sul dizeis; Haverá calor; e assim sucede. Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?”
Redescobrindo a união entre a doutrina e o fevor espiritual
Sempre que alguém pretende passar algum tempo no exterior, esperamos que essa pessoa aprenda a língua do país de destino. Mais ainda, isso se faz necessário se quiser comunicar-se de fato com as pessoas com as quais estará convivendo. Teria de aprender ainda outra linguagem – as formas de pensamento das pessoas daquele país. Somente assim ele terá real comunicação com elas.
Assim é com a Igreja Cristã. Sua responsabilidade não se limita aos princípios básicos da fé cristã, pautados pelas Escrituras, cabe-lhes ainda a comunicação destas imutáveis verdades “dentro” da geração na qual ela vive. Se quisermos comunicar a fé cristã de forma eficiente, precisamos conhecer e compreender os modos de pensar da nossa própria geração.
Sem dúvida, as crises e os confrontos nos levam para uma atitude de defesa e ataque. Ora, somente quem é cego não consegue enxergar os ferozes ataques que sofremos desta sociedade atolada no pecado nas áreas da intelectualidade, da emoção, espiritual e moral.
Panorama histórico
Tenho que fazer um corte histórico bem sintetizado.
Eu quero focar alguns acontecimentos que desencadearam a postura da nossa era. Porque a nossa sociedade tem um baixo padrão moral? Ético? Social? Espiritual? Intelectual? Porque a nossa sociedade parou de pensar? E onde a igreja entra nesta história? Porque a nossa sociedade é robotizada, ou seja, ela precisa que alguém dê a voz de comando e dite o que ela precisa fazer?
Uma breve passagem no período do Iluminismo – Este período ficou marcado por sua bandeira – “Iluminação para todas as mentes”. Era o momento da humanidade despertar do seu sono profundo. Era o momento para mente, ou melhor, a razão tomar o lugar. Quando digo tomar o lugar, deve ficar claro que este período é posterior a Idade Média. Do século VI até o século XV ficou marcado pela influencia de pensadores da Idade Média ou período da “Idade das Trevas”. Homens como Atanásio de Alexandria e Santo Agostinho influenciaram todo este período. Logo depois temos o famoso Santo Anselmo que nasceu na cidade italiana de Aosta, em 1033. De família nobre, fora destinado pelo pai à carreira política, mas escolheu a vida monástica. Recebeu excelente educação e foi considerado um dos melhores latinistas de seu tempo. Depois em 1225 nasce Tomás de Aquino em Campânia (Itália). Homem fabuloso que publicou verdadeiros tratados teológicos. Citado e recomendado pelo antigo Papa João Paulo II. Outros homens como Tomás de Kempis e Bernardo de Claraval foram considerados os mais ilustres pensadores deste período. Agora fica uma pergunta – porque Idade das Trevas? Este nome foi dado pelos filósofos racionalistas do século XVII e XVIII. Para tais filósofos era impossível ser racionalista, ou seja, ser alguém que de fato usa o cérebro e pensa em Deus ao mesmo tempo. Os teólogos e filósofos da Idade Média coadunaram todos os seus conhecimentos filosóficos, astrônomos, e estudos formidáveis sobre o cosmos, e, diga-se de passagem, que não deixaram a desejar em nada para os pensadores posteriores, mas eles não deixavam Deus de fora dos seus pensamentos.
O Cristianismo e a Ciência
O interessante é que ciência moderna, em seus primórdios, foi iniciada pelos que viviam no consenso e de acordo com o Cristianismo. Homens como J. Robert Oppenheimer (1904-1967), por exemplo, mesmo não sendo cristão, contudo percebeu isto. Ele disse que o Cristianismo foi necessário para o surgimento da ciência moderna. É digno de nota que o Cristianismo foi necessário para o surgimento da ciência moderna, pelo simples fato de ter criado um clima de pensamento que colocou o homem em uma posição propícia para investigar a forma do universo.
Jean-Paul-Sartre (1909-1980) afirmou que a questão central da filosofia é que algo existe e não que nada existe. Não importa o que o homem pense, terá que lidar com o fato e o problema de que alguma coisa está aí. E de fato, existe algo aí sobre o que pensar, com que lidar e para investigar, o qual tem realidade objetiva. O Cristianismo dá a certeza da realidade objetiva e das relações de causa e efeito, uma certeza suficientemente sólida para construir-se nela. Tanto o objetivo quanto à história, a causa e o efeito, existem de fato.
Fé e Ciência
Os primeiros cientistas compartilhavam da perspectiva do Cristianismo, que crê na existência de um Deus inteligível, que criou um universo inteligível; e assim, o homem através do uso da sua razão, pode descobrir a forma do universo. Homens como Francis Bacon (1561-1626), Copérnico (1475-1543), Galileu (1564-1642), Kepler (1571-1630), Faraday (1791-1867) e Maxwell (1831-1879). É uma questão muito própria perguntar se os cientistas de hoje, que operam sem nenhuma destas garantias e motivações, iriam, ou poderiam, dar à luz a ciência moderna. Os primeiros cientistas modernos alimentavam a convicção, em primeiro lugar, de que Deus proporcionou o conhecimento ao homem através da Bíblia – conhecimentos acerca do próprio Criador e também acerca do universo e da história – e, em segundo lugar, que Deus e o homem não eram parte de uma engrenagem, e que poderiam afetar o trabalho da maquinaria de causa e efeito. Portanto, a origem da ciência moderna foi à mentalidade bíblica que norteou a mente dos pensadores da teologia, da filosofia e da astronomia daquela época.
Jonathan Edwards um homem fora do comum. Criado em um lar evangélico, isto o estimulou sobremaneira desde o início de sua vida a um grande fervor espiritual, tendo já desde a meninice grande preocupação com a obra de Deus e com a salvação de almas.
Ele começou a estudar o latim aos seis anos de idade e aos treze já era fluente também em grego e hebraico. Com dez anos, escreveu um ensaio sobre a imortalidade da alma e aos doze, escreveu um excelente texto sobre aranhas voadoras. Em 1720 com dezessete anos obteve o bacharelado na Universidade Yale, de fundação dos Puritanos em New Haven, iniciando em seguida os seus estudos teológicos nesta mesma instituição, obtendo o mestrado em 1722 com dezenove anos. Em seguida, assumiu uma cadeira de professor assistente em Yale, cargo que ocupou por dois anos. Em 1726, então aos 23 anos, assumiu o posto de segundo pastor na Igreja Congregacional de Northampton, Massachussetts; igreja esta que era pastoreada por seu avô Solomon Stoddard (1643-1729), a segunda maior da região, com mais de seiscentos membros, o que era praticamente toda a população adulta daquela localidade. Ele foi considerado um dos maiores filósofos norte-americanos. Ele não ocupou o lugar de Kant e outros filósofos simplesmente porque enveredou para a teologia, mas não deixou a desejar em nada.
O pastor Abraham Kuyper foi teólogo, professor e jornalista. Foi um dos maiores nomes da Igreja no século XIX. A suas mensagens causavam grandes impactos na sociedade. Ele enveredou para o caminho da política. Ele se tornou o primeiro ministro da Holanda. A sua política visava: a extensão do voto, o reconhecimento do Estado sobre o direito dos cristãos de conduzirem suas próprias escolas e uma legislação social que ajudasse a proteger o povo trabalhador. Sua teoria social e política da soberania de Deus sobre todas as esferas da vida humana é uma tentativa de limitar o poder de um Estado totalitário. Em seu pensamento, cada esfera da vida humana – família, igreja, Estado, trabalho, economia – tem sua própria área de responsabilidade, que é devida diretamente de Deus. Para ele, o cristianismo verdadeiro é mais do que um relacionamento com Jesus, que se expressa em piedade pessoal, freqüência à igreja, estudo da Bíblia e obras de caridade. É mais do que acreditar num sistema de doutrinas. O cristianismo genuíno é uma maneira de ver e compreender toda a realidade. É um sistema de vida, uma cosmovisão. Baseada na Escritura, a cosmovisão cristã pode ser resumida em quatro conceitos: a criação do universo e da vida; a queda no pecado, arruinando a boa criação de Deus; a obra de Deus para a redenção de pecadores e nosso chamado para aplicar esses princípios a todas as áreas da vida, criando uma nova cultura, antecipando a restauração de toda a criação. A cosmovisão cristã provê uma maneira coerente de viver no mundo, abarcando todas as esferas da Criação: da política à educação, passando pelo culto, vida em família, artes e ciência. Esta mentalidade é o resultado de uma vida dedicada à leitura bíblica, oração e o resgate da história.
Resumo do pensamento Iluminista
No início do século XVII temos o Iluminismo, que ficou conhecido por este clarão no pensamento da humanidade, e que teve também no seu discurso a liberdade e autonomia do homem. O grito do suposto triunfo era – “Não precisamos mais de Deus”. Toda esta crença num ser superior deve ser descartada. O homem é o próprio “deus”. Neste período estavam sendo feitas várias descobertas no campo da ciência, de humanas, da astronomia e da arte. Tudo isto era o fruto dominante do racionalismo. Para muitos o racionalismo era a cura da humanidade. Todas as calamidades, desgraças e vida fútil seriam preenchidas por uma nova raça de seres humanos superiores. Não é de espantar que Adolf Hitler baseou muito dos seus discursos no pensamento filosófico de Friedrich Nietzsche que tinha como um dos seus pensamentos a superioridade da raça. Hitler quis chamar esta raça de ariana, que na compreensão de Hitler diante de vários significados, ele optou pelo significado da raça branca. Diante disso tudo o que temos em 1939 é a explosão da segunda guerra mundial. O que ficou comprovado é que o racionalismo não era capaz de salvar e muito menos de curar a humanidade.
Um homem chamado Aldous Huxley complementou este pensamento de forma gigantesca. Foi ele que cunhou o termo “experiência de primeira ordem”. Para adquirir uma experiência de primeira ordem como esta, ele recomendava o uso de drogas. O ponto é que, no “inferior” – natureza – a vida não faz sentido, é vazia. Nos anos 60, as drogas eram injetadas para se obter uma experiência mística direta, que não tivesse relação com o mundo racional. Huxley defendia a esperança de que você pode induzir isso, por meio de drogas.
Pós-modernidade
Entramos num período depois destes acontecimentos, que é conhecido como pós-modernidade. De fato, este momento é bom e ao mesmo tempo mau. Bom porque temos a oportunidade de influenciar e despertar as pessoas. A humanidade está faminta e sofre nesta busca da salvação, e aqui quero aplicar o texto de Efésios 5:16 – “usando bem cada oportunidade, porquanto os dias são maus”. Mas o lado maléfico está na desconstrução de toda a história e tradição. A nossa geração desvaloriza o passado. Não há um retorno para aquilo que foi construído. Precisamos entender que tudo o que temos hoje não caiu do céu. Não somente os jovens, mas de um modo geral as pessoas não possuem um passado. Hoje é ser quadrado pensar em conhecer os nossos pais na fé.
Eu quero ler duas passagens bíblicas para entendermos melhor este significado, se quisermos um despertamento espiritual e uma transformação em todas as áreas da nossa vida, teremos que conhecer o que já foi feito na história. As passagens são as seguintes:
1) Josué 4: 1-7 – “Quando todo o povo acabara de passar o Jordão, falou o Senhor a Josué, dizendo: Tomai dentre o povo doze homens, de cada tribo um homem; e mandai-lhes, dizendo: Tirai daqui, do meio do Jordão, do lugar em que estiveram parados os pés dos sacerdotes, doze pedras, levai-as convosco para a outra banda e depositai-as no lugar em que haveis de passar esta noite. Chamou, pois, Josué os doze homens que escolhera dos filhos de Israel, de cada tribo um homem; e disse-lhes: Passai adiante da arca do Senhor vosso Deus, ao meio do Jordão, e cada um levante uma pedra sobre o ombro, segundo o número das tribos dos filhos de Israel; para que isto seja por sinal entre vós; e quando vossos filhos no futuro perguntarem: Que significam estas pedras? direis a eles que as águas do Jordão foram cortadas diante da arca do pacto do Senhor; quando ela passou pelo Jordão, as águas foram cortadas; e estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel”.
Fica clara a importância que há para Deus em ser transmitido os seus atos de salvação na história. Não há possibilidade para uma futura geração crescer sem esta divulgação dos marcos espirituais que Deus fez. Uma geração que não guarda a sua história, ela está fadada a ser esquecida. Os japoneses no século VIII d.C. foram os primeiros a elaborarem o livro. Toda sua forma e até mesmo o conceito de capa. Para esta cultura era de vital importância que fosse preservada e transmitida toda sua forma de existência para que as gerações posteriores soubessem da onde eles vieram e como chegaram até o exato momento.
2) Êxodo 20:12 – “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá”.
O texto não se prende somente a pai e mãe no sentido de paternidade e maternidade. O texto pode e deve ser entendido como pai espiritual e mãe espiritual. Aqui surge um grande problema. De fato, nós não temos honrado os nossos pais espirituais. Muitas pessoas não perduram tanto na vida propriamente dita como também na vida espiritual, por não reconhecerem todos os esforços que os nossos pais na fé fizeram. Um exemplo clássico aqui é o ministério pastoral. Quando o pastor deixa de pregar o evangelho, de ler e se aplicar naquilo que já foi produzido, e passa a interpretar a Bíblia particularmente, pois não há interpretação individual e particular, e este pastor deturpa a interpretação bíblica utilizando psicologia. Ele está simplesmente descartando mais de 2500 anos de história. E o pior de tudo, ele terá no banco da igreja teólogos e psicólogos melhores do que ele. Existe também uma classe de pessoas que sofrem de uma piedosa arrogância. Não sabem nada da Bíblia. Não sabem nada de teologia e todas as outras fontes do saber, porque para ela a Bíblia basta. Sim a Bíblia basta, mas quando este tipo de pessoa tem que lecionar na EBD ou num grupo qualquer da igreja, que tipo de material esta pessoa irá recorrer? De qualquer forma ela precisará de instruções, mas será que as fontes que ela irá utilizar merecem créditos? De qualquer forma ela deixará de honrar os seus pais espirituais, e o pior de tudo, o seu estudo ficará no esquecimento e não produzirá nenhum crescimento.
II Tessalonicenses 2:15 – “Portanto, irmãos, permaneçam firmes e apeguem-se às tradições que lhes foram ensinadas, quer de viva voz, quer por carta nossa”
Um outro fator, é que as Sagradas Escrituras sempre estará contra o pensamento secular. A nossa sociedade descarta o ancião. Mas no texto de Êxodo e tanto no Novo Testamento na questão dos bispos e presbíteros, eles eram homens maduros na fé e na vida como um todo. A Bíblia resgata o valor do idoso. Daquele que tem mais experiência. A nossa geração não é grata a geração passada.
O pensamento que rege a nossa humanidade
Necessitamos hoje de ordem e paz no mundo, sendo estes uns dos problemas cruciais da atualidade. Nesse sentido, quero chamar a atenção para o fato de que a quebra dessa ordem e paz nos legou, só no último século, cerca de 300 milhões de pessoas mortas: 1/3 em guerras declaradas; 1/3 em repressões políticas e 1/3 em função de violência étnica e religiosa. Assim, essa questão estaria acima até de outros problemas modernos, tais como a disseminação do HIV e a criminalidade desenfreada em nossas metrópoles.
A busca de uma sociedade harmônica – ou a resposta à pergunta: “Como conviver com nossas profundas diferenças?” – têm se alinhado em duas vertentes ou visões principais, que são:
- O Universalismo Progressivo – O Universalismo Progressivo seria o caminho advogado por aqueles que, partidários de forte ideologia ou crenças, procuram progressivamente universalizar o pensamento comum dos cidadãos. Essa busca pela universalização superaria até considerações éticas; os valores devem ser impostos; os métodos a serem aplicados seriam aqueles que funcionam.
Muitos procuram incluir o cristianismo nesta vertente, mas isso é um erro, pois o cristianismo verdadeiro não se alicerça, não se espalha ou se amplia por coação ou força externa, e sim por persuasão interna. A “espada” brandida por Jesus e seus seguidores é poder persuasivo da Palavra (Ef. 6.12 e Ap. 2.16) e não uma luta militar “contra carne e sangue”. Por exemplo, o cristianismo de Constantino – que decretou pela espada a conversão de todos os habitantes do império, não é a expressão real dos proclamadores das boas novas, mas uma distorção.
Nessa categoria, do universalismo progressivo, na realidade, se incluiriam o comunismo, o islamismo, os movimentos étnicos e tribais geradores de genocídios na África (como o massacre em Ruanda, que resultou na morte de 500 mil pessoas; e o massacre dos Zurgas, em Dafur, no Sudão, que resultou em um milhão de mortos, já neste século 21), e outros semelhantes. Certamente tal universalização por coação não é a resposta. A suposta “harmonia” gerada vem à custa da liberdade de consciência e da liberdade individual. As pessoas são reduzidas a meras peças de um jogo de xadrez no qual se busca a supremacia pela aniquilação do contraditório.
- O Relativismo Multicultural – Se apresenta como sendo um caminho muito atraente. Parte da observação correta da existência de muitas culturas e especifica uma tolerância abrangente e eclética. Todos devem demonstrar tolerância às expressões da multiculturalidade, ou seja, aos valores e práticas específicas das diversas culturas, em suas áreas de manifestação, presença e influência.
O forçado “respeito cultural” e a tolerância multicultural que gera a tão solicitada harmonia, para que possamos conviver com as diferenças, vem a custo, mais uma vez, a dignidade do ser humano. Ela acolhe situações e ações que, por serem “culturais” devem permanecer ocorrendo, mesmo quando são inequivocamente condenáveis e erradas. Um exemplo disso seria a aceitação acrítica da mutilação genital feminina (a Anistia Internacional apresenta uma lista de 28 países africanos onde ela é normalmente praticada). Sendo que essas “manifestações culturais” não devem ser questionadas, como, por vezes, devem até ser “protegidas”. Ou seja, mesmo as pessoas de “outra cultura” que não possuem tais práticas, em prol da harmonia, devem se empenhar em defender a “liberdade” de quem as praticam. Tal harmonia sacrifica a ética inerente à própria humanidade.
A doença do século XXI
A crença prevalecente na segunda metade do século XX é que o homem está morto – e o próprio Deus também morreu. A vida se tornou uma existência sem significado, e o homem não passa de uma roda na engrenagem cósmica. O único escape para um mundo de vazio existencial são: drogas, absurdo, pornografia e loucura.
Este período tem como força motivadora o luto da razão. É uma era que pensar não faz muito bem. Surge a necessidade de utensílios que possam pensar em nosso lugar. Aí nós temos o desenvolvimento das máquinas – computador, robôs e outros aparelhos que minimizam o esforço do homem na área intelectual e principalmente na fé. Todas as inovações das igrejas no campo da fé e o grande aumento das seitas místicas, se deve a esta procura de ter algum contato com o superior, mas sem causar no homem uma responsabilidade com o aprendizado. Então, é muito mais conveniente ter utensílios do tipo – ferradura, sal grosso, Bíblia aberta em uma determinada passagem – que tudo isto irá livrar o ser humano do mal e garantir uma experiência com o sagrado, ou o divino. Para termos uma idéia melhor de como as coisas funcionam, somente na década de noventa nós temos praticamente em cada ano uma inovação teológica:
a) 90 – Ênfase em avivamento;
b) 91 – Dente de ouro;
c) 92 – Sopro do Espírito;
d) 93 – Guerra espiritual;
e) 94 – Teologia da prosperidade;
f) 95 – Riso santo;
g) 96 – Ganido santo;
h) 97 – Vômito santo;
i) 98 – G12;
j) 99 – Células;
k) 2000 – Igreja com propósito.
Por enquanto, sem fazer juízo de valores, mas qual é a razão de tantas novidades? Este mercado que a fé se tornou tem causado danos que às vezes são irreversíveis.
Vejam bem, que tudo isto são mecanismos para deixar o homem mais parasita, mais adormecido e muito mais longe da verdade que pode libertá-lo, sendo que, para chegar a este ponto de ser impactado pela verdade o homem precisa redescobrir o caminho de volta para a razão, mas para a razão bíblica. Porque a fé não é um mito. A vida cristã não está baseada numa espécie do nada. A Bíblia não é sem sentido. Tanto a fé, a vida cristã e as Sagradas Escrituras tudo isto tem lógica, e lógica racional das melhores. É um sistema interligado que faz o homem se despertar para a vida como um todo.
Conclusão
Precisamos redirecionar a nossa visão. Abrir a nossa mente. Clamar ao Senhor da glória que a sua presença em nós faça a devida diferença. A nossa presença neste mundo deve ser relevante e causar alguma transformação. Hoje foi apontada a calamidade humana. Todos os desvios e deturpações que fizeram e estão fazendo com o Evangelho. Cabe a nós a priorização de Deus e da sua Palavra em todos os âmbitos possíveis em que o homem esteja inserido. Deus tem que tomar o lugar de destaque e de prioridade na vida do homem.
Apostasia
Uma Oração Puritana
Ó SENHOR,
Quando os incrédulos mundanos te rejeitam,
e são abandonados por ti de tal modo que tu não mais os chama,
está nas tuas mãos os fazer voltar,
pois em tais períodos de apostasia geral
eles em alguma medida apostataram com o mundo.
Ó, quão livre é a tua graça
que os redime do perigo que os assedia
e os urge a perseverarem agarrando-se a ti!
Bendigo-te porque aqueles que se desviaram
podem retornar a ti imediatamente,
e serem bem-vindos sem que se lhes passe em rosto
toda a apostasia em que incorreram.
Confesso que este é exatamente o meu caso, pois ultimamente
tenho encontrado grande necessidade,
e estou privado de sentir a graça divina;
tenho estado grandemente angustiado de alma
porque não recorri adequadamente à fonte
que purifica de todos os pecados;
tenho trabalhado por vida espiritual,
paz de consciência, progresso na santidade,
muito mais por minha própria força.
Imploro-te, mostra-me a mão do todo-poderoso;
Dá-me crer
que tu podes fazer por mim muito mais do que peço ou penso,
e que, embora eu apostate, teu amor nunca irá me deixar,
mas irá me trazer de volta para ti com laços eternos;
dá-me crer que tu provê graça em meio a esta selva,
e não me lanças fora, enquanto me apoio no braço do meu amado.
crer que tu me fará andar com ele
pelos ribeiros de água no caminho reto,
no qual não tropeçarei.
Preserva-me solene, devoto, fiel,
descansando na livre graça por assistência,
aceitação, e paz de consciência.