sábado, 1 de maio de 2010

Temos, em função das tradições religiosas um sentimento de pertença muito forte. Quando nos deparamos com outras reigião que nos fala, também, ao coração, ficamos com um leve setimento de dupla pertença. Mas João, Capítulo 4 derruba isso. Fale


Existe na cultura brasileira o sentimento de pertencer a algo. Isto faz parte de qualquer ser humano – ele precisa pertencer a um grupo. Sendo aqui a questão religiosa, detenho-me neste foco. Mas o sentimento de incompletude do sujeito não permiti que ele pertença somente a um grupo, ele precisa de outro.

Algumas pessoas por razões culturais e tradicionais não abandonam a sua religião de origem. É uma questão de não perder as origens. Ela precisa pertencer ao passado que foi construído por seus antepassados, mas ela não pode ficar fora do contemporâneo. As novas tendências religiosas fazem parte do seu processo de alcançar um sentido para a vida e de alguma forma de se relacionar com o sagrado. Desenvolve-se uma fusão religiosa. É possível dizer numa linguagem psicológica que o ser humano procura a aceitação. É um relacionamento diplomático religioso que se desenvolve.

Existe também o caso de que algumas pessoas que não passaram pela religião de origem familiar e deram um salto para outro segmento de fé, em um dado momento de sua vida ela quase que impelida a fazer uma experiência com as raízes tradicionais-familiares. Jung via a religião exatamente com a função de ligar o consciente a fatores inconscientes importantes. Para Jung, a libido que constrói imagens religiosas, representa o laço que nos liga à nossa origem. Para designar a vivência do contato com tais fatores e a forte emoção descrita pelos que a vivenciam, Jung apropriou-se do termo criado por R. Otto: numinoso. Via, então, a religião como uma observação conscienciosa e acurada do "numinoso", ou seja, um efeito dinâmico ou existência que domina o ser humano; é independente de sua vontade. Este homo religious é recolocado no curso vital de uma tradição que participou na constituição de seu substrato psíquico, uma vez que ele lhe restitui sua pertença espiritual e o faz descobrir as origens profundas de suas representações.

De fato, tudo isto não passa de uma visão da mentalidade que está presente no cenário brasileiro. Existem questões espirituais, teológicas, psicológicas, antropológicas e econômicas em tudo isso. Mas algo deve ser assumido: homem jamais será capaz de livrar-se do “problema Deus”, por isso, existe um profundo dinamismo que o impele para Deus. Na leitura da realidade brasileira isto acontece de diversas maneiras e formas.

Em João 4 Jesus quebra o paradigma da adoração, e não do sentimento de dupla pertença.



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