O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia hoje sua sétima viagem à África sendo recebido às 8 horas da manhã (6 horas em Brasília), na capital de Burkina Faso, pelo capitão Blaise Campaoré. Vai participar das comemorações dos 20 anos da ditadura no país, iniciados em15 de outubro de 1987 - ano em que Campaoré comandou um golpe que resultou no assassinato do então presidente marxista, Thomas Sankara. Assessores e diplomatas do governo brasileiro tentaram desvincular a visita de Lula à festa promovida pelo ditador, mas a propaganda oficial do país africano foi bem ostensiva, ontem, nas ruas e hotéis da capital. A imagem de Campaoré, com a inscrição “20 anos de Justiça e Democracia”, estava nos vestidos de modelos contratadas pelo governo local e em cartazes gigantes espalhados pelas principais vias de acesso ao centro da cidade. Em muros da periferia, outros cartazes colados por opositores lembravam o assassinato de Sankara e convidavam para um seminário sobre o sistema político que o ex-presidente tentou implantar, de forte oposição ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial. O presidente brasileiro é o mais ilustre convidado da festa do golpe, que pôs fim à aventura marxista e sindical de Sankara num dos países mais pobres do continente. Hoje, Burkina Faso sobrevive da lavoura de algodão e tenta atrair investidores externos para suas minas de manganês, ouro e prata. Às 10 horas, Lula e Campaoré se reúnem com empresários dos dois países e em seguida participam do colóquio Democracia e Desenvolvimento na África. Campaoré se define como um líder “democrático” e “aberto ao diálogo”. Desde a independência da França em 1960, o país - conhecido no passado como Alto Volta - passou por cinco golpes de Estado, com uma série de assassinatos de líderes da oposição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário