Busque Amor novas artes, novo engenho
Para matar-me, e novas equivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Pois mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vêde que perigosas seguranças!
Pois não tenho contrastes, nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, com quanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê:
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.
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