sábado, 20 de outubro de 2007

É religião? 1 - A teologia achada na rua

Por Reinaldo Azevedo

Só existe uma coisa mais esfarrapada do que as explicações do padre Júlio Lancelotti: a sua teologia. Ontem, na Folha, ao tentar explicar por que, afinal, deixou-se “extorquir” por tanto tempo pelo seu correria de estimação, saiu-se com esta: “Se Jesus tivesse tomado muito cuidado, não teria morrido na cruz, né? Teria morrido idoso numa cama”.

Trata-se de uma tolice monumental, mesmo para quem não é cristão, e de uma heresia para quem é. Jesus sempre soube o seu destino, que estava, como poderia dizer Padre Vieira, decidido na “Mente Divinal”. Ou ele não seria “o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”. Cordeiro porque oferecido em sacrifício.

Dizer que Cristo não “tomou cuidado” — e, pior, comparar-se a ele numa história de vaudeville de cortiço — é motivo para levar na testa um silêncio obsequioso. É o mesmo que dizer que o Filho de Deus era um tonto fanfarrão, que não media as conseqüências de seus atos. Cadê a CNBB? Cadê dom Odilo Scherer? Até quando esse tipo de ignorância militante vai continuar a nos assombrar? A distorcer a religião ?

Num dos jornais de hoje, nem me lembro qual, Lancelotti, irritado, pergunta a um jornalista se queriam que ele ateasse fogo às vestes em frente à Catedral da Sé. Não seria má idéia, dado o ridículo a que submete a Igreja Católica no Brasil — e, vá lá, ela também se deixa submeter.

Até onde seus pecados são de consciência, ele que se vire. No que respeita à hierarquia católica, tudo caminha para um arranjo vergonhoso. Mais um. No que concerne à teologia, a sua frase sobre Cristo explica a sua atuação. Já tinha lido muita coisa duvidando da eficácia, digamos, política da atuação de Cristo. Mas nunca tinha lido nada que tratasse a figura como um cretino imprudente.

Insisto: Lancelotti ignora, com a sua frase torpe, a essência da religião de que ele é sacerdote. E aceito que ele tente me provar que estou errado. Mas a Igreja Católica silencia. Por isso perde fiéis e é, a cada dia, menos relevante.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O engano de alguns calvinistas...

Algumas pessoas se enganam quando se intitulam calvinistas. Crer nos cinco pontos do calvinismo não faz você um calvinista. A doutrina reformada é ampla e muito abrangente. Se você se diz um calvinista, o que o calvinismo pensa sobre a obra missionária? Sobre a política (tese da minha dissertação)? Sobre o dinheiro? Vida social? Casamento? Criação? Igreja? Mas quero discutir sobre um determinado ponto. O que o calvinismo pensa sobre a justiça (tese da minha dissertação)? Não digo somente sobre a justiça divina, mas aquela que foi instituída para os homens na terra com a aprovação de Deus.

Os nossos irmãos do passado – os Puritanos – tinham uma compreensão e uma ação que nos faltam hoje. Não toleravam a injustiça, e muito menos corrupção, abuso do poder e má administração governamental (Leia “Santos no Mundo”). Calvino nas suas obras trabalha muito bem sobre estes temas, é claro que a tradição puritana bebe de Calvino. O grande problema dos calvinistas modernos é a sua condição de pacifistas. Se levantam calúnias e difamações contra nós, devemos e podemos sim apelar para a justiça terrena e confiar que a divina também está em ação, isto é trabalhar com o ponto da teologia sistemática sobre a imanência de Deus. Ele usa os recursos que estão aqui presentes entre nós, para efetuar o seu querer e a sua justiça. Tenho aprendido com o meu mestre (não vou citar o nome) que a fé reformada nos leva a uma ação prática de usufruir os direitos constituídos por Deus entre os homens. Precisamos ler e lembrar aquilo que os nossos pais na fé produziram e fizeram.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Lula comemora ditadura ao lado de tirano africano e depois participa de colóquio sobre democracia...

Por Leonêncio Nossa no Estadão desta segunda:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia hoje sua sétima viagem à África sendo recebido às 8 horas da manhã (6 horas em Brasília), na capital de Burkina Faso, pelo capitão Blaise Campaoré. Vai participar das comemorações dos 20 anos da ditadura no país, iniciados em15 de outubro de 1987 - ano em que Campaoré comandou um golpe que resultou no assassinato do então presidente marxista, Thomas Sankara. Assessores e diplomatas do governo brasileiro tentaram desvincular a visita de Lula à festa promovida pelo ditador, mas a propaganda oficial do país africano foi bem ostensiva, ontem, nas ruas e hotéis da capital. A imagem de Campaoré, com a inscrição “20 anos de Justiça e Democracia”, estava nos vestidos de modelos contratadas pelo governo local e em cartazes gigantes espalhados pelas principais vias de acesso ao centro da cidade. Em muros da periferia, outros cartazes colados por opositores lembravam o assassinato de Sankara e convidavam para um seminário sobre o sistema político que o ex-presidente tentou implantar, de forte oposição ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial. O presidente brasileiro é o mais ilustre convidado da festa do golpe, que pôs fim à aventura marxista e sindical de Sankara num dos países mais pobres do continente. Hoje, Burkina Faso sobrevive da lavoura de algodão e tenta atrair investidores externos para suas minas de manganês, ouro e prata. Às 10 horas, Lula e Campaoré se reúnem com empresários dos dois países e em seguida participam do colóquio Democracia e Desenvolvimento na África. Campaoré se define como um líder “democrático” e “aberto ao diálogo”. Desde a independência da França em 1960, o país - conhecido no passado como Alto Volta - passou por cinco golpes de Estado, com uma série de assassinatos de líderes da oposição.

sábado, 13 de outubro de 2007

O posicionamento do bispo...

O bispo Edir Macedo concedeu uma entrevista ao colunista do jornal Folha de São Paulo, Daniel Castro. O bispo defendeu o aborto e disse que aceitaria tranqüilamente um filho homossexual – se existe o demônio da dor de cabeça, da insônia e da dor de barriga, será que o aborto e o homossexualismo também não há demônios para eles? – Bom, ele é muito demagogo na entrevista. Eu duvido de tudo o que ele disse. A questão é o posicionamento liberal, herético e contradizente de seus baluartes da fé e da teologia (quais?). A ruptura que ele faz entre as Escrituras e a vida prática é imensa. Mas o que esperar deste homem que não mede esforços para extorquir dinheiro de gente simples, pobre, oprimida e indefesa.

Todo discurso que é feito do púlpito da Igreja Universal, se é que aquilo pode ser chamado de púlpito, parece mais com o camarim do diabo ou um palanque político, não existe Bíblia. Não existe Cristo. Então, pronunciar que ele é a favor do aborto não me assusta. Sem ele saber, digo isto com ênfase – sem ele saber, escrevo desta maneira porque não o considero um intelectual para discernir a realidade teológica e filosófica que o cerca, ele pode ser malandro e político, mas intelectual não. Ele é um pra lá de um adepto do relativismo multicultural e do universalismo progressivo. Agora com seu poder de mídia – Record News, que durante os intervalos são lançadas propagandas que induzem o aborto, ele irá proliferar este pensamento que comunga com os “fascistóides” ou “comunistóides” como diz Diogo Mainardi, do partido de esquerda liberal do nosso país que está em decadência moral.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Conferência da Fiel...

Na primeira semana de outubro - 01 a 05 - minha esposa e eu participamos da 23a Conferência da Fiel para Pastores e Líderes. A Conferência tinha o seguinte tema: “Adoração Verdadeira”.

Foi uma semana muito rica e aproveitada da melhor maneira possível.

Eu quero me deter a Conferência. Os divisores da Conferência foram Hermisten Maia e Franklin Ferreira. O Hermisten arrebenta, ele é muito bom. As sua piadas são sarcásticas com um teor de intelectualidade fora do comum – diga-se de passagem, piada boa é aquela que é feita com inteligência, por isso muitos pastores são péssimos em piadas. Mas enfim, vale a pena ouvi-lo. E o Franklin também foi muito feliz no seu assunto sobre avivamento. Criou polêmicas que é normal, principalmente quando ele bateu no Charles Finey. Os “fineyanos de plantão” tremiam nas cadeiras. Fazer o que, ninguém mandou ser pagão...kkk... O congresso foi bom porque estes homens falaram com muita propriedade e tornaram-se os divisores de águas de toda a Conferência.

A sua ausência me mata...

Eu não sei como alguém é capaz de viver só. Claro que existem pessoas que exercem o celibato, mas é muito complicado.

A minha esposa passou três dias na casa de seus pais. Foram dias difíceis. Dormir na cama sozinho é horrível. De fato tenho a certeza que o ser humano precisa de alguém ao seu lado. O casamento é muito bom. A ausência da minha esposa matou-me, torturou-me e criou um vazio profundo. Tudo isto aconteceu, porque ela é a minha metade – carne da minha carne, osso do meu osso.

Que bom que o período do “campo de concentração” está terminado, digo “campo de concentração” porque ficar sem a esposa é estar num estado de torturas múltiplas, mas amanhã ela chega com o seu sorriso que é um encanto.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Civilização, barbárie e relativismo: conteste seu professor petralha!

Por Reinaldo Azevedo

Sempre que se apontam os crimes da esquerda, passados e presentes, lá vêm os neo-relativistas (que nada têm de “neo”, uma vez que defendem algo bem antigo) com a sua ladainha:
- “E o que dizer da história da Igreja Católica?
- “E o que dizer do capitalismo?
- “E o que dizer da colonização da América” (como sabem, um neo-relativista pensa que é índio)?

Nas universidades brasileiras, jovens são verdadeiramente molestados por esse tipo de abordagem de seus professores petralhas. Os estudantes pressentem que o vagabundo está disposto a justificar os crimes da esquerda, mas, muitas vezes, por falta de experiência política, falta-lhes uma boa resposta. Afinal, estão lidando com especialistas em farsa. Vamos enfrentá-los.

Peguemos o caso da Igreja. Sua história sempre foi meritória? Ah, evidentemente não. O papa Bento 16 é o primeiro, em ordem de importância na fé que professa, a reconhecê-lo. A trajetória do capitalismo também não é uma coleção só de virtudes. Mas esperem: com que olhos se quer ver o passado? À luz do que sabemos hoje ou do que se sabia então? E os jesuítas? Só fizeram um bem à América? Quem está perguntando? Um herdeiro dos tupis ou um da cultura ocidental? No segundo caso, a resposta é “sim”.

Recomendo, com entusiasmo, que vocês comprem ou aluguem a série Roma, uma formidável reconstituição de época. Ganhei de presente todos os DVDs e os vi com grande interesse. Não chegam a ser uma alternativa a Edward Gibbon ou a Suetônio, mas contribuem para educar a percepção: vê-se a história segundo o seu tempo, não com os olhos judiciosos de quem emprega critérios contemporâneos para analisar o passado.

No caso dos jesuítas, então, o debate pode ser ainda mais interessante. É farta a bibliografia demonstrando que o alcance humanista (mesmo para a época) de sua pregação era superior àquele da colonização em sua dimensão puramente econômica. Basta ler Padre Vieira. Ainda assim, que se observe: ver um senhor do engenho do século 17 com os mesmos olhos de censura com que, justamente, vemos hoje um explorador de trabalho escravo não é humanismo, mas estupidez.

Voltemos à esquerda. Dá para perdoar o comunismo trazendo para a arena do debate outras experiências históricas, de sorte que ou condenamos tudo ou absolvemos tudo? Fosse eu um comunista, recomendaria que não se fizesse isso. Porque aí seria pior. Para um comunista, melhor é ficar com Lênin, um imoralista muito pouco preocupado com o que a humanidade havia produzido na cultura até então. Melhor ser um intelectual bárbaro do que idiota.

A esquerda intelectual privatiza as palavras. É o caso de “reacionário”, sinônimo de tudo o que há de ruim, atrasado, passadista. A “direita” seria, assim, “reacionária”. Eu não ligo que me chamem de reacionário. Mas sei que não sou. Se olho a trajetória da história humana, entendo que seu aspecto mais virtuoso é a liberdade individual. Não é por acaso que a pedra de toque das democracias é o “habeas corpus”, o “seja dono do teu corpo”. Ele é o reconhecimento, no terreno jurídico, da existência do indivíduo. Observem: quando se instala uma ditadura, qual é a primeira providência dos gorilas? Justamente a suspensão do habeas corpus, que nunca valeu nos países comunistas. Afinal, o corpo individual não existe; só o do estado.

Por que o comunismo é nefasto, entre tantos outros defeitos? Porque despreza, ignora ou esmaga as conquistas da civilização. Ele, sim, é genuinamente reacionário. Faz a história humana caminhar para trás. Pegue-se o caso da União Soviética. Em três décadas de consolidação do socialismo, matou-se mais gente do que o que se conhecia da sangrenta história russa (para ficar na república mais importante) até ali. E por quê? Para se construir qual homem?

Para se construir homem nenhum, uma vez que o indivíduo não existia. O jesuitismo, acreditem, era um avanço no seu tempo: incorporava o humanismo judaico-cristã o, uma novidade para os povos que viviam sob o ditadura da natureza. E certamente colaborou para algumas tantas injustiças. Mas era “progressista” . Trata-se de uma visão canhestra, pobremente marxista, supor que ele era apenas a superestrutura ideológica da colonização. Não era. Os jesuítas foram até o limite do que a cultura cristã havia produzido até ali, inclusive opondo-se à escravidão — até o limite, claro, do que permitia o estado. Quando ultrapassaram esse limite, foram expulsos do Brasil.

A pergunta que vocês têm de fazer aos entusiastas da esquerda, aos amantes do relativismo, a seus professores esquerdopatas e a eventuais fãs da União Soviética é a que segue: o que foi que os comunistas fizeram do estoque que já conhecíamos de liberdades públicas, de liberdades individuas, de tolerância, de convivência com a diferença? Eu respondo: eles o massacraram; preferiram o totalitarismo, pressuposto da “ditadura do proletariado” . Nesse particular (e em muitos outros), não se distingue no nazifascismo.

Cretinos me escrevem, por exemplo, afirmando que Edir Macedo nada mais faz do que repetir o que a Igreja Católica fez no passado. Trata-se de mentira, de ignorância histórica, de falta de leitura. Mas nem vou me dedicar a isso agora. Prefiro fazer uma pergunta: ainda que fosse verdade, caberia reeditar supostas práticas superadas há séculos?

A verdade insofismável é que REACIONÁRIA é a esquerda. Em nome de um suposto futuro, ela despreza a maior de todas as conquistas do homem: a liberdade de consciência. Observem que esta história de que, no fundo, tudo é a mesma coisa nunca serve para elogiar a democracia e sempre é útil para fazer a apologia do comunismo, das esquerdas e do crime em nome de uma causa.

A tese, em suma, de que o crime é uma constante na história humana nunca serve aos inocentes e sempre busca aliviar as costas dos culpados. O comunismo jogou no lixo cinco séculos de cultura humanista e, ainda hoje, se manifesta em metástases. Pauta a ignorância engajada no Capão Redondo e nas redações. Prometeu uma nova civilização. Como deu com os burros n’água, contenta-se em glorificar a barbárie. Quem diria! Um relativista é sempre um absolutista: do crime!