terça-feira, 13 de abril de 2010

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Se você pudesse ler apenas uma revista durante o resto da sua vida, qual seria?

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Precisamos sinalizar o Reino de Deus...

Não existe ninguém que seja apolítico. Todo ser humano é social e ligado a um sistema. Sempre tomamos partido por algo. A ausência do cristão nos assuntos político demonstra a sua negligencia. Quando o cristão se omite em opinar ou até mesmo contribuir para a transformação de uma sociedade, ele está contra o seu próprio chamado.

Negligenciar questões políticas e legais é “absolutamente utópico num mundo caído”. É impossível a existência sem autoridades, normas, sanções, mecanismos de participação, formas de decisão. O teólogo Robinson Cavalcanti entende da seguinte forma:

O termo apolítico pode ser traduzido como apartidário, não-engajado, alienado. Ser apolítico não é deixar de tomar posição. Ser apolítico já é uma posição em si – uma opção para fora, uma opção pelo não ser, uma opção pela omissão. A omissão é um voto permanente e reiterado em favor ou contrário a medidas, governantes, partidos ou regimes. O voto por omissão é tão responsável, tão culpado, quanto o voto consciente. Com exceção do alienado mental, do indígena (que vive a política da tribo) e de alguns rurícolas (cultural e especialmente isolado), o apolítico (alienado político) é consciente e deliberado em sua opção pela omissão, sendo, por conseguinte, co-responsável pelos resultados para os quais concorre com sua postura.


O mecanismo de defesa que muitos cristãos usam é um escapismo. A fuga para a irresponsabilidade. O cristão que é alheio aos assuntos de uma sociedade, ele tem uma visão deturpada de uma espiritualidade vazia e sem impacto. A ignorância, o medo, o preconceito, o egoísmo e a não autenticidade seriam causas de tão lastimável e danosa escolha. Fuga da responsabilidade como cristão e como cidadão. Fuga da maturidade e do comportamento adulto. O apolítico não tem como deixar de ser político, só que o é pessimamente.

O estado está para beneficiar o povo. O governo é instituído para visar o bem-estar. Um governo que não atende as necessidades básicas do povo, não pode ser considerado um governo real.

É preciso destacar duas vertentes sobre a presença e a formação de um governo: 1) A sua razão de ser é, criar um ambiente aonde o indivíduo venha a crescer, viver em paz e progredir na sua vida como um todo; 2) O Estado deve fazer justiça contra os maus, aplicar corretamente a justiça, zelar pela segurança da nação e contribuir para o progresso de todo o povo. Este modelo é na verdade uma pequena tentativa de resgatar o que foi perdido na criação. O homem foi criado para a paz e uma vida boa, mas o pecado maculou o maravilhoso propósito de Deus. A idéia de um poder constituído é exatamente trazer a ordem da criação, porque a ordem era a seguinte:

Pela ordem da criação não haveria na terra desigualdades sociais, exploração, guerra, mas harmonia e justiça. Seria uma terra sem estratificação social e nem fronteiras nacionais. A terra de Deus era uma terra para os homens, com todos nela trabalhando e dele se beneficiando, sem egoísmos privativistas.

Se os cristãos permanecerem longe dos debates políticos e culturais, a civilização corre sérios riscos de desaparecer para sempre.

Viver o Reino de Deus não é se enclausurar num sistema de igreja. Não é simplesmente não transar antes do casamento. Deixar de mentir, etc. Você pode conseguir viver desta forma e mesmo assim não está no Reino de Deus.

Deus nos colocou numa posição diante desta realidade que nos cerca. Portanto, que o nosso projeto seja a formação de uma nova maioria, que tenha preocupações em relação ao que deve representar o Reino de Deus para esta sociedade, suas funções na regulação da economia, na saúde, na educação e na segurança pública. Lembremos que o triunfo de Cristo na cruz se aplica a todas as esferas da vida e do cosmos.

Não podemos antecipar a vinda do Reino, mas podemos viver em abundancia as bênçãos deste Reino aqui e agora. O Reino de Deus invade a realidade humana e a liberta.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Goethe e a retidão...

Goethe conhecia muito bem a natureza humana. Difícil dizer se foi o gênio — esse “quase mito” tipicamente romântico-germânico — ou o contato com os homens eminentes do passado e do presente que lhe trouxeram esse conhecimento.

O fato é que os dois versos a seguir estão entre os mais densos, os mais ricos em sentido da sua obra:

Ein guter Mensch, in seinem dunklen Drange,
Ist sich des rechten Weges wohl bewußt (Faust I, 328-329).

“Um bom homem, por obscura que seja sua luta / Está ciente de que há apenas um caminho correto” (trad. livre).

Com isso Goethe revelava duas coisas: que o homem tem a sua liberdade limitada pelas circunstâncias e pela sua consciência (um duplo ‘obstáculo’, interior e exterior, mas sempre redutível à realidade); e que mesmo assim está dotado da prudência — ao menos sob a forma do dever — para decidir corretamente, mesmo que erre por algum motivo alheio ao seu controle.

Aí a tragédia e a esperança que rondam o coração do homem. Não à toa a sua obra da juventude, o “Werther”, traga já nas suas primeiras linhas a pergunta/afirmação: Bester Freund, was ist das Herz des Menschen!, que é o coração humano!


Fonte: http://www.dicta.com.br/categorias/filosofia/

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Encontro de Missão Integral no Rio de Janeiro...




TEMA DA CONSULTA

De Lausanne à cidade do Cabo – Caminhos, Descaminhos e Novos Desafios para a Missão Integral no Brasil

Fazer uma releitura da caminhada da Teologia da Missão Integral, visando construir e renovar caminhos para a reflexão teológica e ação pastoral.

CONTEÚDO E PROGRAMA

O programa consta de devocionais, conferências, mesas (painéis), apresentação de trabalhos, testemunhos (depoimentos), debates, festival de artes, celebração final com Ceia do Senhor.

LOCAL, DATA E HORÁRIO

A Consulta será realizada na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, conhecida como Catedral Presbiteriana. O endereço é Rua Silva Jardim, 23 – centro. Visite o site: www.catedralrio.org.br. Localização no mapa Google: Map

A Consulta inicia no dia 3/6 (quinta-feira, feriado Corpus Christi), às 14 horas e encerra no dia 5/6 (sábado), às 13 horas.

INSCRIÇÕES

O valor da inscrição é de R$ 50,00, se pago antecipadamente por depósito bancário, até 7/5/2010. Estudantes de Teologia, mediante declaração da faculdade ou seminário, têm 20% de desconto.

OBSERVAÇÕES

O evento terá música com qualidade e meditações na Palavra de Deus, com o pastor Ricardo Barbosa.

Constam também três testemunhos “Missão Integral na Prática”, de experiências em igrejas do Nordeste (Bultrins e Maceió), Distrito Federal e região metropolitana de Curitiba.

PARTICIPAÇÕES JÁ CONFIRMADAS

Carlinhos Veiga  Carlos Queiroz  Christian Gillis  Clemir Fernandes  Elben César  Harley Abrantes  Jorge Barro  Key Yuassa  Manoel Bernardino  Odja Barros  Orivaldo Júnior  Ricardo Barbosa  Robinson Cavalcante  Ronaldo Cavalcante  Samuel Scheffler  Valdir Steuernagel  Wilson Costa

quinta-feira, 1 de abril de 2010

House no raio-x...

Confesso o meu vício e fascínio pelo genial House. Este seriado cativou a minha família. É impossível não ser tocado pela irônica e racional forma de encarar a vida que House expressa. Estamos na
quinta temporada e a cada episódio me espanto com House na capacidade de ser tão frio e sentimental ao mesmo tempo. Ele é capaz de causar ódio e amor.

Para ser mais claro sobre a série segue abaixo um excelente artigo sobre o Dr. House. Para aqueles que não conhecem vai o incentivo para se tornar um adapto seguidor de House. O seriado é perfeito na descrição da vida e principalmente no que tange a realidade da fé cristã. Em House encontro a verdadeira dualidade da vida humana.

por Joel Pinheiro


Não há atualmente melhor série televisiva do que House (salvo um possível concorrente: The Good Wife). Personagens marcantes e um mistério envolvente a cada episódio levam-me à tela toda quinta à noite. E me entretém ainda mais a profundidade filosófica da série ao expor com honestidade sua concepção do ser humano e da relação entre razão e sentimentos, concepção aliás muito comum, cujos atrativos e fraquezas ficam explícitos, pois não se foge das possíveis contradições e dos becos sem-saída existenciais aos quais suas premissas básicas naturalmente levam.

Como é comum em tantas séries, House entrelaça duas narrativas: uma de curto e outra de longo prazo. A de curto prazo consiste em House e sua equipe desvendarem e curarem uma doença misteriosa a cada episódio, numa fórmula que pouco varia a cada semana. Isso permite ao espectador não-assíduo acompanhar qualquer episódio, tendo, ao fim dele, uma boa idéia do que é a série. Já a narrativa de longo prazo desenrola-se ao longo de vários episódios e até de temporadas. Nela, acompanhamos as mudanças na equipe do hospital e no relacionamento de seus membros, com o foco nos altos e baixos pessoais de House, que ora parece se afundar ainda mais em seus vícios, ora parece tornar-se, passo a passo, uma pessoa melhor. O que faz dessa série algo muito superior à média é que a narrativa de longo prazo mina e questiona as verdades tidas como evidentes na narrativa de curto prazo.

O curto prazo

O gancho que prende o espectador não é o enredo, mas os personagens, principalmente o protagonista, o médico Gregory House, que encarna à perfeição a idéia contemporânea de racionalidade: no âmbito do pensamento, a busca da verdade pelo método científico e, no da ação, a adequação de meios a fins. Nada que fuja disso é racional. A razão é entendida como oposta a sentimentos, a qualquer fé ou crença não-científica, e à moralidade (todos os três províncias das paixões). Sendo assim, a motivação de House enquanto médico não é salvar vidas (o que seria uma intromissão dos sentimentos, da empatia) mas pura e simplesmente descobrir a verdade, desvendar os enigmas apresentados pelos pacientes que lhe são encaminhados. Sua inteligência lhe permite, além disso, ser igualmente brilhante no diagnóstico das motivações humanas e dos relacionamentos alheios, que também o interessam sobretudo enquanto enigmas e objetos de manipulação. Como não poderia deixar de ser, racionalidade significa ateísmo convicto e uma visão cínica da humanidade (todo indivíduo é egoísta). O que o salva de ser insuportável é o senso de humor, que não se priva de nenhuma tirada espirituosa. Nem a paz de espírito e nem a ilusão de bondade devem vir antes da busca pela verdade que, por mais dura que seja, não nos impede de rir dela.

É até eufemismo chamar House de brilhante, pois o mesmo adjetivo se aplicaria a todos os médicos da série, verdadeiros manuais de medicina ambulantes, com casos excepcionais e notas de rodapé na ponta da língua. A racionalidade superdesenvolvida de House faz com que ele ascenda ao patamar da genialidade. Frequentemente, após tentar, sem sucesso, descobrir de todas as maneiras a doença que aflige um paciente, ele encontra a resposta numa situação não-relacionada ao caso. Uma conversa com seu colega Wilson, ou com a coordenadora do hospital, Cuddy, um comentário espirituoso ou um fato aleatório lhe leva ao insight inesperado que soluciona o caso. O trabalho de processamento e interpretação dos dados é automático e constante, de forma que a resposta apareça quando menos se espera. É essa genialidade do intelecto, essa faísca criativa e penetrante, que faz de House um médico superior aos demais; e é ela também que o torna mestre em decifrar pessoas.

Sua segunda característica distintiva é consequência da aplicação consistente da racionalidade às ações: a total ausência de escrúpulos na adequação de meios a fins. Quebras de protocolo; transgressões da lei, de mandamentos religiosos e de absolutos morais; métodos heterodoxos; procedimentos arriscadíssimos (ex: matar temporariamente um paciente para logo depois trazê-lo de volta à vida); nada o detém. Sua genialidade justifica ações que, num médico inferior, seriam condenáveis. Nos casos mais extremos, está disposto a praticar o aborto e a eutanásia sem titubeios (felizmente, na imensa maioria dos episódios ele salva vidas). Apesar do grave problema moral envolvido aí, é impossível negar que, aceitas as premissas por trás da narrativa mestra, seria arbitrário impor limites éticos (ou seja, sentimentais) à conduta do gênio, o único capaz de chegar ao fim almejado.

O médico gênio é, no entanto, um fracasso pessoal. Divorciado, solitário, recluso, ressentido. A personalidade anti-social, a língua afiada, a ironia implacável e a facilidade psicológica com que engana e manipula aqueles à sua volta fazem com que seja quase impossível aguenta-lo por muito tempo.

O único amigo de House é Wilson, seu oposto humano (embora também ótimo médico). Wilson vive em contato com seus sentimentos e – mais importante – com os sentimentos dos outros; não para desmascará-los e desmistificar a bondade alheia, como faz House, mas para oferecer consolo a quem precise. Dar conforto emocional é sua razão de existir, e por isso ele não vê grandes problemas em deixar cada um com suas crenças (ao contrário da intransigência cientificista do amigo); a paz interior pode ter prioridade sobre a verdade – mesmo porque muitos dos seus pacientes (ele é oncologista) têm apenas a morte pela frente, enquanto os de House costumam padecer de doenças curáveis.

O longo prazo

O melhor da série é que ela não simplifica e não estereotipa as coisas; há uma honestidade e um realismo maior do que estamos acostumados na TV. A narrativa de curto prazo pinta o quadro do racionalista bem-resolvido que enxerga a realidade como ela é, embora pague um preço alto por isso. A narrativa de longo prazo indica que há mais coisas entre o céu e a terra do que ele sonha. House renega suas emoções e sua consciência, mas nem por isso elas deixam de existir. Diz que sua motivação é puramente intelectual, mas diversos episódios revelam que a empatia e o desejo de curar os pacientes também o movem.

A frieza irônica, por sua vez, é um mecanismo de defesa, fruto de uma personalidade profundamente ferida. Sua vida é marcada pelo arrependimento e pela falta de coragem de ir atrás do que realmente quer (por exemplo, o amor de sua vida). Além disso, uma dor crônica na perna (não se sabe até que ponto física ou psicológica) o deixa permanentemente manco e mal-humorado, e o humor cruel é uma forma de partilhar a frustração que sente. Fica confortável apenas naquela atividade em que exerce total controle e superioridade. O vício em analgésicos é um símbolo dos vícios de comportamento. Longe de transformar House num ser desprezível, contudo, esse lado mais humano torna-o digno da simpatia do espectador. Não se trata, afinal de um psicopata, desprovido de uma consciência que o guie. Por mais que, teoricamente, encare seu senso moral como um entrave emotivo a uma vida puramente racional, também não quer se livrar dele.

Já Wilson, muito mais confortável com seus sentimentos e relacionamentos, também tem uma vida pessoal em frangalhos. Três divórcios (e muitos casos que não levam a nada) e incontáveis arrependimentos. Embora seja uma boa pessoa sempre disposta a ajudar, seu caráter é ambíguo. Ser amigo de Wilson é enredar-se numa malha de culpas, sensibilidades e auto-piedade; é cair numa teia de tentáculos emocionais que constituem uma prisão da alma. Usando a expressão perspicaz de Nietzsche, o oncologista parece ser daqueles sempre a procura de vítimas para suas boas ações, e que termina por sufocar quem dele depende. Assim, se Wilson é o único com a paciência e a disposição para ser amigo de House, House é o único com o devido distanciamento, frieza e ironia para aguentar a amizade de Wilson. Tudo considerado, Wilson é um ser humano mais completo e maduro do que House, e na maior parte das vezes tem bons conselhos a oferecer; mesmo assim, fica claro que a vida dos sentimentos e relacionamentos não oferece uma saída e, assim como a suposta razão pura, ela também pode esconder fraquezas de caráter e desejos mais baixos.

Há um certo pessimismo acerca do lado “humano” da vida. Se na ciência chegamos a verdades e certezas, na vida pessoal não há solução. Todos os casamentos e relacionamentos amorosos terminam em separação ou são vítimas da infidelidade, e todas as amizades e lealdades, quando não baseadas desde o início em alguma ilusão, estão sujeitas ao desapontamento e ao rompimento.

Um diagnóstico?

No final das contas, a série não se decide. É possível um ato não-egoísta? Qual é a postura mais de acordo com a realidade: a racionalista ou a sentimental? Oscila-se entre duas possíveis concepções de moral: uma positiva, segundo a qual a ética consiste em sentimentos que nos levam a ajudar os outros e nos sentir bem – paixões irracionais, é verdade, mas a constituição humana demanda uma certa irracionalidade e o resultado final é bom; e outra negativa, segundo a qual a ética é um resíduo de instintos e pressões sociais acumulados que nos torna infelizes e, pior ainda, serve de máscara para o egoísmo.

Felizmente, é a primeira visão que costuma prevalecer nos momentos mais importantes. É uma visão pobre, admito, mas é tão longe quanto a série pode ir sem abandonar sua concepção de mundo inicial: a idéia de que razão e sentimentos, verdade e moralidade, ciência e fé, vida profissional e pessoal ocupam esferas completamente separadas, quando não antagônicas. Na ciência, verdade objetiva; no trato com pessoas, na conduta ética e na religião, apenas subjetividade. A idéia antiga de uma ciência da felicidade (ou seja, a ética), de que as paixões humanas devem obedecer a um ordenamento racional e que a razão recebe delas dados importantes, em suma, que a objetividade seja possível tanto nas “humanas” quanto nas “exatas”, é totalmente alheia ao seriado.

Bem, quase totalmente, pois há duas exceções. A primeira delas, bem pouco explorada, é a arte, em particular a música, que funciona como a válvula criativa de House. A segunda é o sentimento de culpa, cujos efeitos devastadores sobre os personagens a série não tem pudores de mostrar. Isso indica a percepção de uma ordem objetiva nos atos humanos, passível de ser violada. Contudo, ninguém sabe o que fazer com ela. A confissão da falta é frequentemente vista como um ato egoísta, um alívio da consciência às custas de quem ouve a confissão. E o perdão, mesmo quando sincero, é incapaz de restabelecer a ordem moral e a paz de espírito ao pecador. Fica-se entre duas escolhas ruins: a verdade dolorosa e que nos torna solitários, ou a felicidade e o companheirismo numa vida de ilusões. E não poderia ser diferente num mundo onde o Cristianismo enquanto possibilidade real de salvação morreu mas em que seus juízos de valor e idéias da importância do perdão permanecem como um resíduo sentimental que exige uma resposta. Mas se tudo que não é científico é subjetivo, então a razão é incapaz de nos tirar desse impasse.

No final das contas, temos que concluir que a concepção de razão da série (que é, enfim, a concepção moderna) é incapaz de lidar satisfatoriamente com a realidade. House não é o homem racional, e sim o homem que baniu a razão de todas as esferas de sua vida exceto uma, ainda que nessa uma ela opere excepcionalmente. Não há equilíbrio e nem justa medida. A razão elenca meios para se chegar aos fins, mas é incapaz de mostrar quais os fins nobres e dignos de serem perseguidos. Será possível uma mudança em House nessa direção de uma razão mais completa, ou seja, uma mudança outra que a mera intrusão irracionalista dos sentimentos na conduta, que o tornaria um médico pior e, pior ainda, nos privaria das tiradas satíricas pelas quais ele é tão amado? Não sei. Sei que, se isso acontecesse, a série acabaria; mas não deixaria de ser um belo final.



Fonte: http://www.dicta.com.br/house-no-raio-x/

A opção preferencial pela loucura. A marca do nosso tempo...



por Martim Vasques da Cunha


Recentemente, foi publicado um texto na blogosfera que perguntava se Martin Scorsese não passava de uma farsa. Depois de ter visto Ilha do Medo (Shutter Island, 2010), creio que as suspeitas foram infundadas. É simplesmente um de seus melhores filmes, que fica anos à luz de Os infiltrados, O Aviador e Gangues de Nova York – e não deixa nada a dever ao seu cânone, composto por clássicos como Taxi Driver, Touro Indomável, Os bons companheiros e Cassino.

A obra de Scorsese peca por irregularidades. Ela não consegue, por exemplo, atingir a coesão de intensidade de um Kubrick, de um Bresson ou até mesmo de um John Ford. Existem altos e baixos – mas jamais um filme ruim ou até mesmo insuportável de assistir. Scorsese sempre quis fazer um cinema que atingisse o público no âmbito dos sentimentos e que também o completasse como autor, como um artista que usa o meio para expressar suas candentes obsessões.

Este método deu certo em Depois de Horas, Cabo do Medo (Cape Fear) e A Época da Inocência (talvez sua obra-prima e seu filme mais subestimado pela crítica), mas agora, com Ilha do Medo, ele realiza aquilo que era uma de suas intenções desde do início da carreira: o filme subversivo.

Scorsese discorre longamente sobre esse gênero perdido, que fica entre o filme B e o suspense psicológico, em seu documentário Uma viagem pessoal pelo cinema americano (1996). Para o cineasta nova-iorquino, o filme subversivo é capaz de transmitir ao público uma série de reflexões que jamais seriam compreendidas se fossem exprimidas de forma direta, justamente por seu caráter perturbador. Os temas são os mais desagradáveis possíveis: perversões sexuais, loucura, paranóia, drogas – um infinito etécetra que só precisa de uma oportunidade para que o ser humano mostre sua verdadeira natureza.

Esta é a pergunta que Scorsese lança ao espectador com Ilha do Medo: Qual é a verdadeira natureza humana? E, para isso, ele utiliza de todos os recursos cinematográficos de manipulação para que poucos percebam o que está em jogo. De cortes abruptos a uma fotografia estilizada, passando pelo uso de música clássica contemporânea, até intepretações que não têm medo de atingir o histriônico (e aqui temos de fazer justiça a Leonardo DiCaprio, que melhora a cada filme que faz – veja seu trabalho em Revolutionary Road, de Sam Mendes), Scorsese brinca com os sentidos da platéia e a faz também questionar sobre o que seria a realidade e como a apreendemos na nossa consciência.

Parece que estou a comentar um tratado filosófico – e não seria exagero fazer isso se Ilha do Medo não fosse um filme complexo que, mesmo com seu final surpresa, só pode ser apreciado após repetidas revisões. Mas, como se não bastasse, é também um tratado de história cinematográfica: Scorsese dialoga com Fritz Lang, Samuel Fuller, Alfred Hitchcock e, de quebra, ainda faz referências à sua própria obra, ao Silêncio dos Inocentes de Jonathan Demme (o que faz ali Ted Levine, o Buffalo Bill, como diretor de segurança do presídio – e sua estranha conversa a respeito de Deus e da violência?), além de não hesitar em experimentar com a forma narrativa se for necessário, jogando a platéia em um labirinto indigesto.

A ousadia formal e temática de Ilha do Medo atinge o seu ápice quando se apresenta como uma tragédia – um gênero raro para nossos tempos pós-modernos. Não há alívio ou muito menos a possibilidade de redenção. E tudo isso por causa da escolha final do personagem de DiCaprio que não sabe se é melhor morrer como um animal ou viver como um homem bom. A pergunta trava a nossa garganta porque é a mesma que fazemos todos dias, ao acordarmos e, depois, ao dormirmos. No mundo atual, que tornou-se uma espécie de ilha do medo, a opção preferencial pela loucura é, em muitos casos, uma opção real. E quando uma obra de arte mostra esse dilema com tal presciência, a única coisa que podemos fazer é nos render e também nos perguntar se não tomaríamos a mesma decisão.


Fonte: http://www.dicta.com.br/

Arte e Fé Cristã na Lembrança de Rohmer...


Na minha limitação a tradução não saiu tão perfeita.



Eric Rohmer, diretor principal da Nouvelle Vague francesa, morreu em janeiro aos 89 anos. Durante uma carreira que durou cinqüenta anos, ele ganhou reconhecimento internacional e algum sucesso de bilheteria. Mas ele morreu de ter sido amado pelas razões erradas. Sua arte-house fãs descrito seus filmes, como "sexy". . . nonjudgmental e libertadora. "De fato, seus filmes profundamente católica eram modelos de dispositivos de retenção que elogiou a força. É hora de libertar Rohmer dos libertinos.

Entre os mais conhecidos dos filmes de Rohmer sua Seis Contos Morais, filmes impregnados com saudade delicado e afiado consciência moral em que personagens lutam para chegar a um acordo com os seus deveres e desejos. É fácil de ver, nesses filmes, porque alguns têm sugerido que o princípio central da vida pessoal Rohmer foi a fidelidade, a qualidade exibida tanto em sua pontualidade infalível como sua profunda fé católica.

É natural que a fé é moldada Rohmer seus filmes, o cinema desempenhou um importante papel no que o levou a crença. Rohmer experimentou uma "estrada de Damasco" momento enquanto assistia Stromboli, Um filme pelo diretor italiano Roberto Rossellini. Rohmer estava tão inspirado pela visão católica Rossellini que ele afastou-se da influência do existencialismo de Jean-Paul Sartre e adoptou uma perspectiva fundada na fé católica e animado com a realidade da encarnação e do ser.

Cristo não foi um tema de arte Rohmer, mas encontramos Cristo não há, no entanto: nas cenas de Massa Minha Noite em Mauá e na cruz Perceval. Nós encontramos Cristo inesperadamente no prólogo Love in the Afternoon, Quando o protagonista imagina que ele tem um dispositivo que lhe permite seduzir qualquer mulher que passa por ele na praça. Apenas uma menina é capaz de resistir ao poder do personagem: "Eu estou indo ver alguém", diz ela, como uma janela rosa aparece atrás dela. "Ele é o único que eu amo."

Qualquer escritor de legendas que torna a Ele na parte inferior caso não tenha de ouvir a ambigüidade de um pronome que chega para cima em direção ao transcendente. Aqui, como em toda a obra de Rohmer, a força vem de uma delicadeza e atenuação que estão em sério absoluta. Não há grande mérito no trabalho de Rohmer, mas nada maçante ou polêmicos.

No início da carreira de Rohmer, a sua reticência em matéria de religião e política foi-se carregada de significado político. Ele fazia parte de um grupo de jovens críticos que se reuniram na revista Cahiers du cinema e rejeitou a insistência marxista em ver a arte em primeiro lugar em termos políticos. Rohmer e outros salientaram, pelo contrário, a forma como alguns filmes, incluindo alguns filmes de Hollywood, devem ser considerados obras de arte que carrega a marca pessoal de seus criadores, ou auteurs.

Assim, a heresia política: Dizer que os filmes de Hollywood pode ser grande e duradoura obras de arte foi para dizer que o capitalismo, sob a forma de estúdios de cinema fins lucrativos, pode criar obras de beleza para rivalizar qualquer produto do estúdio renascentista ou medieval workshop .

rancores velhos morrem duramente, e alguns dos ressentimentos políticos Rohmer suscitou outlived seu objeto. apostasia política Rohmer foi provavelmente confundido por trás do pedido, no New York Times necrologia, Que os filmes de Rohmer radicalmente inovador, exibiu um "estilo" conservador visual. Enquanto isso, os trotskistas na ainda ativa do Comitê Internacional da Quarta Internacional respondeu à notícia de sua morte por meio da publicação um pedaço Rohmer que acusou de "eliminar as pressões dinheiro do tratamento artístico das relações de amor", uma forma de dizer que ideológica Rohmer recusou-se a afogar-se a realidade do amor em ideologias políticas doutrinárias. No mundo de Rohmer, de fato, a troca de dinheiro muitas vezes é um prelúdio para a macaquice de seus personagens românticos, precisamente porque estava ciente de todas as pressões exercidas sobre inúmeras vezes amor. Mas essas pressões são parte e parcela de nossa humanidade, não o sistema ".

A queixa mais comum sobre os filmes de Rohmer é que eles são chatos. A personagem interpretada por Gene Hackman no filme de Arthur Penn Night Moves diz: "Eu vi um filme uma vez Rohmer. Foi mais ou menos como ver tinta secar. "A forma mais sutil dessa crítica está presente no hábito, especialmente perceptível nos obituários de comparação Rohmer para grandes romancistas e pintores. Se a referência é a Sherwin-Williams ou Cézanne, a insinuação é que, enquanto Rohmer pode ter criado contos delicados e criou composições visual impressionante, ele não era um cineasta, ele nunca fez filmes. Rohmer fez discurso sobre o lugar do espetáculo, mas apenas de uma crença de que na vida real a ação ocorre em conversas. Em seu ensaio "Para uma Conversando Cinema", Rohmer notou que vinte anos após a introdução do som ao cinema, as palavras ainda eram vistos como secundários para a imagem. Rohmer chamado para o tipo de cinema que ele iria criar, no qual o discurso foi parte integrante da estrutura.

Rohmer também prossegue a inovação tecnológica e formal. A Inglesa eo Duque, De 2001, foi o primeiro filme totalmente digital, na França. No conto medieval Perceval, Os personagens narram suas próprias ações e conversas recontagem em vez de realmente conversar. (O ator que interpretou o personagem-título do filme chamado "um projeto acadêmico, tocado com a loucura.")

Mas os críticos que não vêem o cineasta em Rohmer é equivocada por um motivo mais importante: Nós vivemos em uma era alérgico a auto-disciplina e contenção. Para Rohmer, fazendo uso livre dos efeitos da técnica em si foi um efeito calculado cinematográfica. Um filme de Rohmer pode empregar apenas um prato único, por exemplo, durante a sua duração de duas horas, mas que pan é certo para refletir um momento de profunda importância, e seu efeito sobre o espectador receptivo será muito mais emocionante do que as travessuras cinematográficas diretores menos contido.

A melhor avaliação dos filmes de Rohmer pode ter sido a sua própria: "Nosso tempo é esse", escreveu ele, "que os casos mais profunda da originalidade e modernidade estão escondidos por trás da máscara do classicismo e discrição." Aqui, pelo menos, sua crítica é tão eloqüentes e exatas como seus filmes. Ambos expressam um compromisso com um profundo ascetismo criativa que serve como um testemunho da verdade da fé cristã, tão poderoso como muitas proclamações mais explícita.

Dada a intimidade dos filmes de Rohmer e suas críticas sutis da nossa auto-indulgente hábitos visuais (hábitos que refletem, talvez, o nosso cansaço espiritual global), talvez seja nenhuma surpresa que muitas lembranças do grande diretor tomaram um tom intensamente pessoal. Fama tem muitas faces, mas a fama concedida a Eric Rohmer parece muito com a condição normal da vida: ser amado por alguns, detestado por alguns e desconhecido para a maioria. Que ele descanse em paz.



Fonte: http://www.firstthings.com/onthesquare/2010/03/remembering-rohmer