sábado, 29 de janeiro de 2011

Autoridade, Intelecto, Coração...



por Benjamin B. Warfield


A exata natureza da íntima relação entre religião e teologia nem sempre é percebida. Algumas vezes, a religião é produto direto da teologia; com maior freqüência, teologia é compreendida como sendo diretamente baseada na religião. A verdade é que apesar delas refletirem continuamente, uma sobre a outra, uma não é criação da outra. Elas são produtos paralelos do mesmo corpo de verdades, em diferentes esferas. Religião é o nome que nós damos à vida religiosa; teologia é o nome que damos ao corpo sistematizado do pensamento religioso. Uma não é produto da outra, mas ambas são produtos da verdade religiosa, operante nas duas esferas da vida e pensamento. Uma não pode existir sem a outra. Ninguém, exceto um homem religioso, pode ser um verdadeiro teólogo. Ninguém que é livre de toda concepção teológica pode viver de modo religioso. O homem é uma unidade e a verdade religiosa que o influencia deve afetá-lo em todas as suas atividades, ou em nenhuma delas. Mas é na origem da verdade religiosa que lhes é comum, que a religião e a teologia encontram suas mais profundas ligações. A verdade concernente a Deus, Sua natureza, Sua vontade, Seus propósitos, é o fato fundamental sobre o qual a religião e a teologia repousam. A verdade sobre Deus é, portanto, o que há de mais importante sobre a Terra. Sobre ela descansa nossa fé, nossa esperança e nosso amor. Através dela somos convertidos e santificados. Dela depende toda nossa religião, bem como toda nossa teologia.

Existem três meios ou canais pelos quais a verdade sobre Deus é trazida ao homem e feita sua possessão, para que possa afetar sua vida e assim fazê-lo religioso, ou para que possa ser sistematizado em seu pensamento resultando em teologia. Estes três meios ou canais de comunicação podem ser enumerados resumidamente como autoridade, o intelecto e o coração. Em qualquer religião sadia e em qualquer pensamento religioso verdadeiro, o qual é teologia, todos os três devem estar ligados e devem trabalhar harmoniosamente juntos como a causa imediata de nossa religião e nosso conhecimento. Dar mais importância a qualquer um deles, em detrimento dos outros, irá, então, frustrar nossa vida religiosa e nosso pensamento religioso, igualmente e fará ambos parciais e disformes. Não podemos ter uma vida religiosa simétrica, ou uma verdadeira teologia, a não ser através da perfeita interação de todas as três fontes de comunicação da verdade.

Entretanto, pode-se argumentar, plausivelmente, que os três se reduzem, no fim das contas, a um só; e que este único canal da verdade, por sua vez, pode, com quase igual plausibilidade, ser encontrado em cada um dos três. Deste modo, pode se concluir que nossa confiança no processo de nosso intelecto e na liberação de nossos sentimentos, baseia-se na fidelidade de Deus; assim, afinal, a autoridade é a única fonte do nosso conhecimento que concerne a Deus. Sabemos somente o que e quanto Deus nos revela.

Semelhantemente, pode ser argumentado que toda a máxima da autoridade é endereçada ao intelecto, que também é o único instrumento para apurar as implicações dos sentimentos; assim sendo, toda nossa fonte de conhecimento reduz se, pelo menos, a esta única fonte: o intelecto. Sabemos apenas aquilo que nosso intelecto compreende e formula para nós.

Uma vez mais, pode ser argumentado que não a razão lógica, mas os fatos da vida, nossos esforços supernos, nossos sentimentos de dependência e responsabilidade, suprem os pontos de contatos entre nós e Deus, sem os quais todos os trovões da autoridade e toda excursão do pensamento no reino das coisas divinas, poderiam ser tão incompreensíveis para nós e tão inoperante em nós, como uma conversa sobre cores seria para um homem cego.

Há verdade em cada uma destas considerações; mas elas não servem para mostrar que temos somente um meio de acesso às coisas divinas; antes enfatizam o fato que as três fontes estão tão entrelaçadas e interagindo, que uma não pode ser superestimada, em detrimento das outras, como único canal de conhecimento concernente a Deus e às coisas divinas.

A superestima do princípio da autoridade poderia nos lançar no tradicionalismo e por fim nos entregar, de pés e mãos amarradas, ao dogmatismo irresponsável de uma casta privilegiada. Este é o caminho que tem sido trilhado pela Igreja de Roma, e que resulta numa submissão desanimada à máxima, primeiro de uma igreja infalível, depois de urna classe infalível e por fim de uma pessoa infalível. Aqui, nem ao coração, nem ao intelecto, é permitido falar na presença da “soberana” autoridade; mas homens são dirigidos, obedientemente, a receber pela autoridade, mesmo o que contradiz suas mais primárias percepções (como na doutrina da transubstanciação), ou o que se aproveita dos seus mais íntimos sentimentos (como no uso das indulgências).

A superestima do princípio do intelecto poderia nos trazer ao racionalismo e nos deixar sem ajuda, de posse do mero entendimento lógico. Este caminho tem sido seguido pelos racionalistas, e nós temos, como resultado, alguma quantidade de sistemas a priori, construídos, unicamente, sobre o mérito da faculdade da razão. Aqui, nem à revelação, nem à consciência, é permitido promover um protesto contra o deprimente processo intelectual; mas, todas as coisas são restabelecidas a convite de preferências conhecidas anteriormente e requer-se dos homens que rejeitem, como falso, tudo que não tenha prova concludente à mão, mesmo que Deus tenha falado para asseverar sua verdade (como na doutrina da Trindade) ou o coração diz: “eu tenho experimentado” (como no pecado original).

A superestima do princípio do coração poderia nos lançar no misticismo e nos entregar ao engano da corrente de sentimento que flui para cima e para baixo em nossas almas. Este caminho tem sido experimentado pelos místicos, e nós temos como resultado o conflito de revelações antagônicas e a deificação das mais mórbidas imaginações humanas. Aqui, nem à verdade objetiva da palavra revelada, nem à lealdade ao pensamento racional, é permitido confrontar o sonho desvairado de uma alma que se imagina divina, ou a confusão de nossos mais fracos sentimentos, com a forte voz de Deus; e os homens são proibidos de elucidar suas fantasias rudes por justa razão (como na doutrina da absorção em Deus), ou crer no testemunho do próprio Deus sobre sua real natureza (como com referência a sua personalidade).

Portanto, autoridade quando imposta além do limite se tornando tradicionalismo, intelecto no racionalismo e o coração no misticismo, ilustra o perigo de uma edificação parcial.

Autoridade, intelecto e o coração são os três lados do triângulo da verdade. Como eles interagem é observado em qualquer estágio concreto de sua operação.

Autoridade nas Escrituras, provê a substância que é recebida no intelecto e opera no coração. As revelações das Escrituras não acabam no intelecto. Elas não foram dadas meramente para iluminar a mente. Elas foram transmitidas através do intelecto para embelezar a vida. Elas acabam no coração. Elas não deixam o intelecto intocado, se afetam o coração. Elas não podem ser totalmente entendidas pelo intelecto, agindo sozinho. O homem natural não pode receber as coisas do Espírito de Deus. Elas devem primeiro converter a alma antes de serem completamente compreendidas pelo intelecto. Somente quando são vividas, são entendidas. Por isso a frase: "Creia para que possa entender" é totalmente válida. Nenhum homem pode compreender, intelectualmente, todo o significado das revelações da autoridade, salvo como resultado de experimentá las na sua vida. Por isso, para que as verdades concernentes às coisas divinas possam ser compreendidas de tal forma, que se unam com um verdadeiro conjunto de verdade divina, elas devem ser: primeiro, reveladas em uma palavra autoritativa; segundo, experimentadas num coração santo; e terceira, formuladas por um intelecto santificado. Somente quando estes três se unem, então, podemos ter uma verdadeira teologia. E, igualmente, para que estas mesmas verdades possam ser recebidas de forma a produzir em nós uma religião viva, elas devem ser: primeiro, reveladas em uma palavra autoritativa; segundo, apreendidas por um intelecto sadio; e terceiro, experimentadas num coração instruído. Somente nesta união, portanto, podemos ter uma religião vital.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Será mesmo que é necessário?

Estive na Assembleia Anual da Convenção Batista Brasileira em Niterói. Encontrei vários colegas e amigos do tempo de seminário e da caminhada. No entanto, muitos perguntaram-me o que eu estava fazendo da vida. Na verdade alguns queriam saber se consegui alguma projeção. Na resposta que forneci percebi que tinha entrado no jogo. A impressão é que você somente tem valor e credibilidade se está em alguma posição elevada e num ministério bem sucedido. Tudo isto é balela.

Não quero mais colocar nada no meu blog, twitter e facebook sobre o que tenho realizado no sentido ministerial e acadêmico. Isto não diz o que sou de fato. Lamento profundamente por um dia ter agido e pensado assim. Hoje lamento por colegas que procedem da mesma forma.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A Importância da Auto-Análise...



por A. W. Tozer

Pouca coisa revela tão bem o medo e a incerteza dos homens quanto ao esforço que fazem para ocultar seu verdadeiro “eu” uns dos outros e até mesmo a seus próprios olhos.

Quase todos os homens vivem desde a infância até a morte por detrás de uma cortina semi-opaca, saindo dela apenas rapidamente quando forçados por algum choque emocional e depois voltando o mais depressa possível ao esconderijo. O resultado desta dissimulação constante é que as pessoas raramente conhecem seus próximos como realmente são e, pior ainda, o disfarce tem tanto êxito que elas nem sequer conhecem a si mesmas.

O autoconhecimento tem tal importância em nossa busca de Deus e de sua justiça, que nos encontramos sob a obrigação de fazer imediatamente aquilo que for necessário para remover o disfarce e permitir que nosso “eu” real seja conhecido. Umas das supremas tragédias da religião é o fato de nos termos em tão alta conta, enquanto a evidência aponta justamente o contrário; e nossa auto-admiração bloqueia eficazmente qualquer esforço possível para descobrir uma cura para a nossa condição. Somente o indivíduo que sabe que está doente é que procura o médico.

Nosso verdadeiro estado moral e espiritual só podem ser revelados pelo Espírito e pela Palavra. A Deus pertence o juízo final do coração. Existe um sentido em que não ousamos julgar-nos uns aos outros [Mateus 7.1-5] e no qual não devemos sequer tentar julgar-nos [1Coríntios 4.3]. O julgamento final pertence àquele cujos olhos são chama de fogo e que vê através das obras e pensamentos dos homens. Agrada-me deixar com ele a última palavra.

Existe, porém, lugar para a auto-análise e uma necessidade real de que esta seja feita [1Coríntios 11.31-32]. Embora nossa autodescoberta não seja provavelmente completa e nossa auto-análise contenha elementos preconceituosos e imperfeitos, existem, porém, boas razões para que trabalhemos ao lado do Espírito em seu esforço positivo para situar-nos espiritualmente, a fim de podermos fazer as correções exigidas pelas circunstâncias. É certo que Deus já nos conhece totalmente [Salmo 139.1-6]. Resta-nos agora conhecer a nós mesmos o melhor possível. Por esta razão ofereço algumas regras para a autodescoberta; e se os resultados não forem tudo que possamos desejar, podem ser pelo menos melhores do que nada. Podemos ser conhecidos pelo seguinte:

1. O que mais desejamos. Basta ficarmos quietos, aguardando que a excitação dentro em nós se acalme, e a seguir prestar cuidadosa atenção ao tímido clamor do desejo. Pergunte ao seu coração: o que você mais desejaria ter no mundo? Rejeite a resposta convencional. Insista em obter a verdadeira, e quando a tiver ouvido saberá o tipo de pessoa que é.

2. O que mais pensamos. As necessidades da vida nos induzem a pensar em muitas coisas, mas o teste real é descobrir sobre o que pensamos voluntariamente. Nossos pensamentos irão com toda probabilidade agrupar-se ao redor do tesouro secreto do coração, e qual for ele revelará o que somos. “Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.

3. Como usamos nosso dinheiro. Devemos ignorar de novo aqueles assuntos sobre os quais não exercemos pleno controle. Devemos pagar impostos e prover as necessidades da vida para nós e nossa família, quando a temos. Isso não passa de rotina e diz pouco a nosso respeito. Mas o dinheiro que sobrar para ser usado no que nos agrada irá contar-nos sem dúvida muita coisa sobre nós.

4. O que fazemos com as nossas horas de lazer. Grande parte de nosso tempo é usado pelas exigências da vida civilizada, mas sempre temos algum tempo livre. O que fazemos com ele é vital. A maioria das pessoas gasta esse tempo vendo televisão, ouvindo o rádio, lendo os produtos baratos da imprensa ou envolvendo-se em conversas frívolas. O que eu faço com o meu tempo revela a espécie de homem que sou.

5. A companhia de que gostamos. Existe uma lei de atração moral que chama o homem a participar da sociedade que mais se assemelha a ele. O lugar para onde vamos quando temos liberdade para ir aonde quisermos é um índice quase infalível de nosso caráter.

6. Quem e o que admiramos. Suspeito desde há muito tempo que a grande maioria dos cristãos evangélicos, embora mantidos mais ou menos em linha pela pressão da opinião do grupo, sentem de todo modo uma admiração ilimitada, embora secreta, pelo mundo. Podemos conhecer o verdadeiro estado de nossas mentes, examinando nossas admirações não-expressas. Israel admirou e até invejou com freqüência as nações pagãs ao seu redor, esquecendo-se assim da adoção e da glória, das leis, das alianças e das promessas e dos pais. Em vez de culpar Israel, façamos uma auto-análise.

7. Sobre o que podemos rir. Pessoa alguma que tenha qualquer consideração pela sabedoria de Deus iria argumentar que exista algo errado com o riso, desde que o humor é um componente legítimo de nossa natureza complexa. Quando nos falta o senso de humor, falhamos também na mesma proporção em equiparar-nos à humanidade sadia.

Mas o teste que fazemos aqui não é sobre o fato de rirmos ou não, mas do que rimos. Algumas coisas ficam fora do campo do simples humor. Nenhum cristão reverente, por exemplo, acha a morte engraçada, nem o nascimento, nem o amor. Nenhum indivíduo cheio do Espírito pode rir das Escrituras, da igreja comprada por Cristo com o seu próprio sangue, da oração, da retidão, do sofrimento ou da dor da humanidade. E certamente ninguém que já esteve na presença de Deus jamais poderia rir de uma história que envolvesse a divindade.



Esses são alguns dos testes. O cristão sábio encontrará outros.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Um enigma para o mundo...



Romanos 8.28Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito




Introdução

Estamos repletos de manchetes que informam as mais variadas desgraças, tragédias e calamidades em todo Brasil.

Lemos, ouvimos e vemos o quanto que a dor humana nos atinge de forma penetrante. Não conseguimos ficar imunes as lágrimas de pessoas que não conhecemos, mas que são pessoas e estão sofrendo. Colocamo-nos no lugar delas e imaginamos o que seria de nós se estivéssemos na mesma situação.

Quantas pessoas que perderam cônjuges, filhos, pais, netos, avós e outros familiares e amigos, para eles rogo a Deus que, visitando-os, o Seu Espírito lhes conceda conforto e vigor. Enquanto a vida segue, os sinos (como aprendemos com o poeta inglês John Donne) dobram pelos que se foram, mas tocam mais forte por nós que ficamos. Essas mortes nos diminuem.

Vivemos momentos críticos na sociedade. Toda a criação geme, sofre e chora pela redenção, a bendita salvação que esperamos em Cristo. São acontecimentos naturais, mas não podemos ignorar que o homem cooperou com a destruição da natureza, solo, ar, etc. Somos responsáveis por nossas ações.

Como é possível reconhecer Deus diante de tanta miséria, destruição e morte? Será que Deus tem alguma participação nisto tudo? Deus de fato se importa com estas tragédias? Deus chora juntamente com aquelas pessoas que choram diante da morte? Sim, claro que sim. No entanto, tudo isto se torna um enigma. Deus é santo, poderoso, está numa realidade diferente da nossa e mesmo assim se envolve e age em nossa história. Deus não é indiferente aos acontecimentos da humanidade. Deus participa, sofre, chora e escreve a história humana.

No texto lido temos a âncora que tanto ansiamos para viver em paz. No grego a condição do amor a Deus vem primeiro. Desse modo, prefiro a seguinte tradução: “Sabemos que, para aqueles que amam a Deus, todas as coisas convergem para o bem” (American Standard Version).

No tempo presente o povo de Deus passa por sofrimentos e gemidos e é sustentado pela esperança da glória. Entretanto, neste versículo, Paulo nos mostra que esta esperança cristã está solidamente firmada no inabalável amor de Deus.

Como é possível com tantas doenças, crises financeiras, casamento difícil, perdas significativas, tragédias naturais e ainda assim pensar que Deus deseja a minha felicidade?

Deus quer definitivamente que você seja feliz. Isto pode ser a longo prazo. Independente das circunstâncias, você pode ser feliz agora em Deus.

Um enigma para o mundo é...
1. Saber que Deus age – “Sabemos que Deus age (...)

O ser humano conhece apenas os gemidos da criação e seus próprios gemidos [8.22-23], mas pode, pelo menos, tomar conhecimento da existência de Deus com tais fenômenos e causas naturais [1.19-20].

A Bíblia é maravilhosa e ela não esconde nada, por isso, temos instruções e experiências de homens e mulheres que amaram a Deus e mostram como terminam as lutas e dificuldades do agora: no nosso bem.

Se a sua memória anda obstruída, desobstrua-a com a Palavra de Deus. Traz à memória aquilo que pode lhe dar esperança.

Veja o que aconteceu com Ismael, abandonado pelo pai no deserto para morrer, mas cujo choro chegou aos ouvidos do Pai celestial que o salvou.

Veja o que aconteceu com Jacó, odiado pelo irmão, que o recebeu com festa por causa da oração.

Veja o que aconteceu com José, vendido pelos irmãos, mas se tornou primeiro-ministro do Egito.
Veja o que aconteceu com Elias, deprimido numa caverna, mas chamado para novos projetos proféticos.

Veja o que aconteceu com Ezequias, condenado à morte pelos médicos, mas cuja vida foi prolongada pelo médico dos médicos.

Leia a genealogia de Jesus, onde tudo se encaixa, até mesmo adultérios.

Veja o que aconteceu com Pedro, o discípulo-traidor se tornou o líder-criador.

Quando Paulo utiliza a palavra “sabemos” é para expressar o conhecimento da fé. Na verdade, podemos ler assim: “Sabemos que Deus faz com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que o amam”.

A pessoa pode estar consciente da sua realidade. Ela sabe que há flechas que estão cravadas em seu corpo; do veneno que a sua alma tem de sorver; dos horrores que lhe são enviados. A criatura pode, realmente, saber que ela tem de viver em luta constante e que os seus dias são quais de um jornaleiro – cheio de notícias não muito agradáveis. Pode ser que o seu caminho lhe seja subitamente oculto e suas saídas estejam cercadas por todos os lados. Tudo isto pode ser tão forte, tão eficaz, tão real e, por isso, tão claramente vindo da mão de Deus que a criatura nada mais possa ver nem saber e querer, a não ser entender que nada mais lhe resta senão submeter-se ao senhorio de Cristo.

Deus age incessantemente, energicamente e propositadamente em favor do seu povo. Precisamos saber disto.

Um enigma para o mundo é...
2. O bem que Deus faz em favor do seu povo – “(...) para o bem daqueles que o amam (...)”

Deus faz os animais cooperarem para o bem do ser humano. Ele fez a jumenta falar para Balaão se arrepender.

Se tudo converge para o nosso bem, até o que fazemos de errado converge para o nosso bem? Podemos viver então sem pensar nas conseqüências dos nossos atos? Tudo o que Deus faz é bom em si mesmo, e, portanto, a sua ação visa a nossa salvação final. Vejamos como Deus faz isso:

• Por causa de sua soberania amorosa, Deus suaviza as consequências de nossos erros e mesmo dos nossos pecados.

Quando estava na terra do Faraó, Abraão mentiu, dizendo que Sara era sua irmã. Em lugar de matá-lo, como seria a regra, o Faraó o perdoou e mandou-o ir. Deus entrou em ação e suavizou as conseqüências do pecado de Abraão.

O bem, para ser mesmo bem, não pode ser visto apenas na perspectiva do resultado imediato. Nós sequer sabemos o que é bom para nós. É por isto que nem sempre pedimos como deveríamos pedir [Romanos 8.26].

• Por causa de sua soberania amorosa, Deus reverte situações, mesmo que não seja do modo que desejamos, mas sempre para melhor.

Moisés matou um homem e teve que fugir. Assim mesmo Moisés não perdeu a sua vida. Um dia Deus o encontrou e o chamou para libertar o seu povo, transformando-o em líder e no homem mais manso da terra.

Gostamos de dizer que a vida ensina. Não é verdade; é Deus quem ensina através da vida. Sem ele, não aprendemos nada com a vida. Por detrás da liberdade humana, está a soberania amorosa de Deus.

O que é bem e o que é mal deve ser visto na perspectiva de Deus, a perspectiva da eternidade.
Esse bem é a contemplação do Redentor e da Redenção. É o alcance da vida que está além da morte. É o princípio da expectativa que já não é mais expectativa. É o “não-conhecimento” de Deus que agora é o mais alto conhecimento de Deus.

Sendo Deus o grande Pai que ele é, ele faz o que todo bom pai faz – Sempre, e por toda parte, Deus, o próprio Deus Pai, se antepõe ao ser humano, neste mundo. Assim o livra e o abençoa.

Um enigma para o mundo é...
3. Ver que tudo está a serviço de Deus – “(...) Deus age em todas as coisas (...)

Todas as coisas incluem também os sofrimentos pelos quais temos de passar [8.17], os gemidos que expressam a nossa expectativa pelo momento final da nossa filiação [8.23], e tudo o mais que nos ocorre nesta vida, pois estas coisas fazem parte do plano eterno de Deus para nós.

Deus é Senhor de todas as situações que alcançam a nossa vida. Todas estas situações podem ser alteradas por Deus. Não há nada que ele não possa alterar.

Em seu relacionamento com a criatura humana Deus se revela inteiramente a favor dela e por força e graça desse favor nenhuma outra força ou poder, qualquer que seja sua forma, sua natureza, sua origem e seu sentido, poderá separar-nos do amor de Cristo.

O nosso juízo humano, limitado e carnal reclama que Deus definitivamente não parece ouvir nossas orações, visto que nossas aflições prosseguem incansavelmente a nos assolar. Parecem intermináveis. O apóstolo Paulo antecipa esta reclamação, e diz que, embora Deus não socorra prontamente o seu povo, contudo jamais o abandona, pois, por intermédio de um maravilhoso recurso, ele de tal forma converte as supostas perdas em meios que promovam a salvação, cura, livramento, crescimento e edificação da pessoa, família e igreja.

Tudo o que passamos de dor, sofrimento, tragédia e perdas estão a nosso favor. Estas coisas prestam um serviço para nós. Não é simplesmente uma sucessão de acontecimentos, mas sim meios pelos quais somos aperfeiçoados e nos tornamos melhores.

Todas essas lutas – cheias de lágrimas e dor – são suas servas. Deus opera por intermédio de todas elas para o seu bem. Agora, esse bem que ele opera nelas e através delas é o fundamento da sua alegria.

Não são as circunstâncias. Há uma abundância de lágrimas. Jesus foi um homem de dores e experimento no trabalho, suor e lágrimas.

Tanto o salvo e o não salvo por Cristo passam pelos mesmos males, todavia existe uma diferença entre eles, pois Deus instrui os crentes pela instrumentalidade das aflições e consolida, comprova e afirma sua salvação. A perseverança em Cristo diante das dores e aflições é a marca de que tal pessoa pertence a Deus.

Um enigma para o mundo é...
4. Saber que existem pessoas que amam a Deus – “(...) para o bem daqueles que o amam (...)

Essa ação de Deus em “todas as coisas” não indica uma salvação de caráter universal, ou melhor, não indica que todos serão salvos no final das contas. O texto diz que ele age para o bem daqueles que o amam, ou seja, ele age em favor dos seus filhos, daqueles que são o seu povo.

Deus nos ama de forma incondicional. A sua aliança conosco é unilateral. Ou seja, não depende de nós a sua duração. Não cabe a nós amar a Deus em primeiro para cativá-lo para que depois ele nos ame. Não, tudo tem iniciativa em Deus.

Por Deus nos amar ele então, nos capacita a amá-lo. O amor de Deus as suas criaturas humanas é o supremo bem de que ela desfruta e para o qual concorrem todas as coisas deste mundo.

Somente o amor de Deus é suficientemente capaz de chegar a mais profunda realidade do problema da existência humana. Viver é um absurdo. Viver é a coisa mais difícil que existe. Jesus Cristo sabe muito bem o que isto quer dizer.

Esta é a diferença. Quem não ama a Deus não sabe que é amado por ele, não pode ter certeza de que todas as coisas convergem para o seu bem, não sabe como vai terminar a história.

Quem ama a Deus já conhece o final do jogo da vida; sabe-se amado por Deus e isto lhe dá uma confiança extraordinária para enfrentar suas batalhas. É muito bom amar a Deus. Quem ama a Deus sabe que é amado por Deus.

Paulo sabia muito bem o que isto significava na prática. A recomendação de Paulo era que poderíamos estar abatidos por algo, mas sempre alegres. Paulo sempre chorava e se alegrava. Como ele não poderia chorar? Perdeu quase tudo. Foi espancado. Passou fome. Sofreu tempestades. Estas coisas não diminuíram o amor de Paulo por Cristo, pelo contrário, tudo isto contribuiu para que Paulo se apaixonasse loucamente por Cristo.

Deus certamente não está fazendo uma experiência com a sua fé nem com seu amor para provar sua qualidade. Ele já os conhece muito bem. Você é que não sabe. Nesse julgamento, ele nos faz ocupar o banco dos réus, o banco das testemunhas e o assento do juiz de uma só vez. Ele sempre soube que seu templo era um castelo de cartas. A única forma de fazer você compreender o fato foi colocá-lo abaixo. Passar por tudo isto é a comprovação do quanto você ama e deseja a Deus sobre todas as coisas. Seu amor por Deus não pode ser circunstancial e muito menos momentâneo. O fato de Deus mexer com a sua vida é para mostrar onde está o seu coração. Então, a pergunta nasce – onde está o seu coração?

Um enigma para o mundo é...
5. Reconhecer que existe um chamado em Deus – “(...) chamados de acordo com o seu propósito (...)

Deus tem um propósito bom e sábio em tudo o que faz. Deus sempre agirá para que este propósito seja estabelecido e cumprido. A nossa vida não é sem propósito, pois Deus está no comando dirigindo cada situação de acordo com o seu objetivo final.

Deus quer a sua felicidade. Mas ele não faz isso com a circunstância. Ele faz isso consigo mesmo. Ele faz isso com o evangelho. Ele faz isso dentro e através das circunstâncias.

Esse é o chamado a fé – uma enorme fé – em que Deus é bom, Deus é por nós, e Deus está usando todas as coisas para a sua profunda alegria agora e sua perfeita, imaculada felicidade para sempre na era por vir.

O propósito de Deus em criar o universo, é demonstrar a grandeza da glória de sua graça suprema no sofrimento de seu filho. Portanto, você deve se unir ao sofrimento de Cristo para demonstrar a suprema satisfação da glória da graça na via do calvário.

Não há outra maneira para que o mundo possa ver a suprema glória de Cristo hoje exceto que nos livremos de tudo aquilo que nos prende – bens, dinheiro, poder, fama, entretenimento, prazeres carnais – assim, começaremos a viver um estilo de vida de sacrifício missionário o qual mostrará ao mundo que o nosso tesouro está no céu. É a única maneira para provar que o evangelho falso da prosperidade não faz ninguém louvar a Jesus de verdade.

É claro que eu queria um Jesus que me desse um carro, saúde, um bom casamento. Eu queria esse Jesus se o pagamento fosse certo.

Você não vai ganhar a sua família, rua, seu trabalho e cidade vestindo a melhor roupa, dirigindo o melhor carro, digitando no melhor computador. Tudo isso não irá trazer nenhum louvor para o Cristo sofredor.

Deus não nos chamou para uma vida boa. O evangelho não é um mar de rosas [1Coríntios 15.18 – “Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão”]. Hoje os cristãos chegam a milhões. Como isto foi possível quando na verdade eram somente doze pessoas? O sofrimento. Nunca houve um avanço em qualquer sociedade sem o elemento do sofrimento. Se você é cristão e quer servir a Deus, então, marque isto: dor, a perda de um filho, doença, lutas no casamento, oposições demoníacas, morte, tudo isso virá, não estranhe quando vier. Jesus morreu para a nossa salvação. Isto mostrará quanta satisfação temos em Jesus.

Portanto, todo sofrimento, de qualquer tipo, que suportamos no caminho do nosso chamado cristão, é sofrimento “com Cristo” e “por Cristo”. Com ele no sentido de que o sofrimento vem ao nosso encontro enquanto andamos com ele pela fé, e no sentido de que é suportado na força de Cristo que supre nossas necessidades. Por ele no sentido de que o sofrimento testa e prova nossa lealdade a sua bondade e poder, e no sentido de que revela seu valor como todo-suficiente para nós.

Completamos as aflições de Cristo fornecendo o que este mundo atual não tem, ou seja, uma apresentação pessoal e viva aqueles que não viram Cristo sofrer em pessoa. Assim pensava o pastor romeno Joseph Tson: “Eu sou uma extensão de Jesus Cristo. Quando fui espancado na Romênia, ele sofreu em meu corpo. O sofrimento não é meu; eu apenas tive a honra de partilhar dos seus sofrimentos”.

Não estou de forma alguma convocando vocês para uma vida miserável, mas estou convocando para uma vida dolorosa. Você encontrará em toda a Bíblia que na dor os genuínos cristãos eram capazes de regozijarem-se na tribulação [Romanos 5.3 – “Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações (...)”].

Aplicações Finais:

1. O estilo de vida que você escolheu para viver como cristão seria totalmente estúpido e digno de pena se não houvesse ressurreição?

2. O chamado que você recebeu de Deus em Cristo é de sacrifício. Você já perdeu alguma coisa? Já sofreu por amor a Deus?

3. O sofrimento é uma dádiva, uma benção de Deus [Filipenses 1.29 – “pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele”]. Você é o tipo de pessoa que reclama da vida? Você questiona Deus quando passa por algo ruim? Você blasfema contra os céus?

4. Para quem você recorre no momento do desespero, dor e sofrimento? O sofrimento é um recurso pedagógico de Deus, para estarmos mais contentes com ele e menos satisfeitos conosco mesmo e com o mundo.

Conclusão

Concluo e afirmo que não existe cristianismo verdadeiro sem cruz para carregar e sem o morrer diariamente.

Deus usa o sofrimento e os reveses da vida para nos desmamar da autoconfiança e nos fazer depender exclusivamente dele.

O grande pastor batista da Inglaterra no século XIX, Charles Spurgeon, disse o seguinte num dos seus sermões sobre sofrimento: “Aqueles que mergulham no mar da aflição trazem pérolas raras para cima”.

Atos 14.22 – “fortalecendo os discípulos e encorajando-os a permanecer na fé, dizendo: É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus”.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O dedo de Deus...



por Luiz Caversan


Logo que fui morar no Rio, nos anos 90, quis muito conhecer a tão famosa região serrana, e bastou a chegada do primeiro verão de verdade, quando as temperaturas cariocas alcançam fácil os 40 graus, para que procurasse o frescor das montanhas. O conjunto de cidades incrustadas na serra distante pouco mais de duas horas da capital é a pedida quando se quer aliviar um pouco o forno em que se converte a Cidade Maravilhosa entre novembro e março.

O destino era Teresópolis (cujo nome homenageia dona Tereza Cristina, mulher de D. Pedro 2º), que já me encantava à distância: nos dias claros e límpidos, era possível ver desde o Rio o contorno recortado das montanhas, com o pico Dedo de Deus espetando o céu com seu desenho único, atingindo mais de 1.600 metros de altitude.

E assim foi que poucas horas depois de contornar a Baía de Guanabara, seguir pelo começo do interior do Estado do Rio, ali estava a Serra dos Órgãos (na verdade um trecho da Serra do Mar) com toda a sua majestade. A estrada que sobe a serra corre praticamente rente ao conjunto de pedras que formam o maciço em que reina a rocha pontuda como um indicador apontando o caminho que todos os crentes imaginam para si depois da morte. Ver aquela escultura natural gigantesca assim tão de pertinho foi absolutamente emocionante, é e será sempre inesquecível.

Assim como não se há de olvidar os caminhos sinuosos de vales e morros e sulcos profundos entre as rochas que compõem a geografia daquela região, ligando Teresópolis a Araras a Petrópolis e a outras localidades encantadoras, frescor garantido no verão, inverno "europeu" nos meses frios.

Arquitetura, vegetação, clima, tudo lembra mesmo certas regiões da Europa. Como a estradinha que sai de Teresópolis e vai por entre vales e morros até Itaipava e que ostenta durante um longo trecho milhares e milhares de hortênsias em flor. Cenário de filme, a estradinha estreita e calma e o desfile de flores brancas, azuis, lilases...

Não há como impedir que lembranças tão bucólicas, que remetem tanto a paz e harmonia, venham emotivamente à mente diante da tragédia, do caos, do horror desses dias.

A maior tragédia natural da história do país tinha que acontecer logo ali, naquela montanha encantada?
Por que o Dedo de Deus não empurrou as nuvens assassinas para outras plagas, mais planas, onde causariam menos dor? Por que o dedo do homem estava ali para garantir a desgraça?

Talvez. Ou certamente, e isso deve ser tema de muita discussão, sem duvida.
Mas, por hora e por respeito, fica aqui apenas a lembrança carinhosa daquelas terras, a oração aos que se foram e a solidariedade aos que sofreram perdas tão terríveis.



Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizcaversan/860651-o-dedo-de-deus.shtml

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Ainda chorando (e agindo) por nossas tragédias!



por Solano Portela

Estamos ainda em estado de choque pelos terríveis acontecimentos no Rio de Janeiro, onde as avalanches de terra e enchentes ceifaram mais de 400 vidas, testemunhando enchentes em São Paulo e Minas, também com perdas de vidas e de bens básicos, amealhados com grande sacrifício. Lembramos que, mais uma vez, as últimas viradas de anos têm sido marcada por tragédias. Em 2008/2009 foram inundações e deslizamentos assoladores em Santa Catarina. Na transição 2009/2010 tivemos também mortes e prejuízos causados pelas águas, no sudeste do Brasil. Naquela ocasião escrevíamos, também, sobre o terremoto no Haiti e choramos com o conseqüente sofrimento chocante e intenso daquele evento que dizimou cerca de 200 mil pessoas. Um ano depois, aquele povo ainda geme com a orfandade, dissolução social, promessas não cumpridas pela "comunidade internacional" e com a extrema e endêmica corrução arragaida naquela terra. Isso porque ainda não nos saiu da memória o Tsunami de 26.12.2004, no Oceano Índico, quando pereceram cerca de 220 mil pessoas.

Enquanto vemos as cenas de dor e tristeza, e avaliamos tudo isso, procurando aferir o que podemos e devemos fazer, somos levados às Escrituras para procurar alguma compreensão trazida pelo próprio Deus, para esses desastres. É no meio dessas circunstâncias que decidimos recolocar aqui alguns pensamentos que já foram expressos neste Blog, há um ano.

Na ocorrência de tragédias devemos resistir à tentação de procurar respostas que diminuem a bíblica soberania e majestade de Deus, e conseqüentemente não fazem justiça à sua pessoa. Tais “explicações”, “conclusões” e “construções” aparentam ser plausíveis, mas revelam-se meramente humanas, pois contrariam a revelação das Escrituras. Esse tipo de resposta sempre aparece, quando ocorrem desastres; quando diversas vidas são ceifadas e pessoas que estavam entre nós desaparecem, de uma hora para outra. Interpretações estranhas dessas circunstâncias não são novidade e nem têm surgido apenas em nossos dias.

Por exemplo, em novembro de 1755 a cidade de Lisboa foi praticamente arrasada por um grande terremoto. A conclusão emitida por padres jesuítas foi a de que: “Deus julgou e condenou Lisboa, como outrora fizera com Sodoma”. Voltaire (François Marie Arouet), que era um deísta, escreveu em 1756 “Poemas sobre o desastre em Lisboa”. Ali, ele culpa a natureza e a chama de malévola, deixando no ar questionamentos sobre a benevolência de Deus. Jean Jacques Rousseau, respondeu com “Carta sobre a providência”. Nela ele culpa “o homem” como responsável pela tragédia. Ele aponta que, em Lisboa, existiam “20 mil casas de seis ou sete andares” e que o homem “deveria ter construído elas menores e mais dispersas”. Ou seja, procurando “inocentar a Deus e a natureza” ele coloca a agência da tragédia no desatino dos homens, de maneira bem semelhante à que os especialistas contemporâneos e comentaristas da mídia adoram fazer.[1]

Quando do terremoto no Haiti, à semelhança do que ocorreu no Tsunami, alguns depoimentos de pastores, que li, falavam sobre a “mão pesada de Deus, em julgamento”; opinião semelhante à emitida quando do acidente com o avião que transportava o grupo “Mamonas Assassinas”, em 1996. Ninguém tem essa capacidade de julgamento, que reflete apenas orgulho e prepotência.

Mas outros procuram uma teologia estranha às Escrituras, para “isolar” Deus da regência da história. São os mesmos que, quando da ocorrência do Tsunami e do acidente ocorrido com o Vôo 447 da Air France em junho de 2009, emitiram a seguinte conclusão: “Diante de uma tragédia dessa magnitude, precisamos repensar alguns conceitos teológicos” (veja as excelentes reflexões sobre esse último desastre, no post do Augustus Nicodemus, neste mesmo blog). No entanto, em vez de formularmos nossa teologia pelas experiências, voltemo-nos ao ensinamento do próprio Jesus.

Graças a Deus que temos, em Lucas 13.1-9, instrução pertinente sobre como refletir sobre desastres e tragédias. A primeira tragédia tratada é aquela gerada por homens (Vs 1-3). Certos galileus haviam sido mortos por soldados de Pilatos. A Bíblia diz que “alguns” colocaram-se como críticos e juízes (a resposta de Jesus infere isso); deduziram que aqueles que haviam sofrido violência humana, sangue derramado por armas (um paralelo às situações que vivemos nos nossos dias) seriam mais pecadores do que os demais. No entanto, o ensino ministrado pelas Escrituras é o seguinte: Não vamos nos colocar no lugar de Deus. Não vamos nos concentrar em um possível juízo ou julgamento sobre as vítimas. Jesus, em essência diz: cuidem de si mesmos! Constatem os seus pecados! Arrependam-se!

Mas ele nos traz, também, um segundo tipo de tragédias. Esta que é referida é semelhante, guardadas as proporções, a essas enchentes e deslizamentos, ou ao terremoto do Haiti. São tragédias classificadas como “fatalidades”. Jesus fala da Torre de Siloé. O texto (Vs 4-5) diz que ela desabou, deixando 18 mortos. Jesus sabia que mesmo quando, aos nossos olhos, mortes ocorrem como conseqüência de acidentes, isso não impede que rapidamente exerçamos julgamento; não impede que tentemos nos colocar no lugar de Deus. E Jesus pergunta, sobre os que pereceram: “Acham que eram mais culpados do que todos os demais habitantes da cidade”? O ensino é idêntico: Não se coloquem no lugar de Deus; não se concentrem em um possível juízo ou julgamento sobre as vítimas; cuidem de si mesmos! Constatem a sua culpa! Arrependam-se!

O surpreendente é que Jesus passa a ilustrar o seu ensino com uma parábola (Vs.6-9). Ele fala de uma figueira sem fruto. Aparentemente, a parábola não teria relação com as observações prévias, mas, na realidade, tem. Ela nos ensina que vivemos todos em “tempo emprestado” pela misericórdia divina. O texto nos ensina que:


• Figueiras existem para dar frutos - o homem vinha procurar frutos - essa era sua expectativa natural. Todos nós fomos criados para reconhecer a Deus e dar frutos. Esse é o nosso propósito original.

• Figueiras sem frutos “ocupam inutilmente a terra”. O corte é iminente, e justificado a qualquer momento.

• O escape: É feito um apelo para que se espere um pouco mais, na esperança de que, bem cuidada e adubada, a figueira venha a dar fruto e escape do corte.

• Lições para o vizinho? Jesus não apresenta a figueira como um paralelo para fazermos uma comparação com outras pessoas – cujas existências foram ceifadas como vítimas de violência ou fatalidades. Ele quer que nos concentremos em nós mesmos, em nossas próprias vidas, pecados e na necessidade de arrependimento.

• Tempo emprestado: O que ele está ensinando e ilustrando, aqui, é que nós, você e eu, como os habitantes das regiões serranas do Rio, de Franco da Rocha, em São Paulo, ou do Haiti, vivemos em tempo emprestado; vivemos pela misericórdia de Deus; vivemos com o propósito de frutificar, de agradar o nosso proprietário e criador.

Creio que a conclusão desse ensino, é que, conscientes da soberania de Deus e de que ele sabe o que deve ser feito, não devemos insistir em procurar grandes explicações para as tragédias e fatalidades. Jesus nos ensina que teremos aflições neste mundo (João 1.33) - essa é a norma de uma criação que geme na expectativa da redenção. 1 Pe 4.19 fala dos que sofrem segundo a vontade de Deus. Lemos que não devemos ousar penetrar nos propósitos insondáveis de Deus; não devemos “estranhar” até o “fogo ardente” (1 Pe 4.12).

Assim, as tragédias, desde as locais pessoais até as gigantescas, de características nacionais e internacionais, são lembretes da nossa fragilidade; de que a nossa vida é como vapor; de que devemos nos arrepender dos nossos pecados; de que devemos viver para dar frutos.

Também, não cometamos o erro de diminuir a pessoa de Deus, indicando que ele está ausente, isolado, impotente. Como tantas vezes já dissemos, “Deus continua no controle”. Lembremos-nos de Tiago 4.12: “um só é legislador e juiz - aquele que pode salvar e fazer perecer”. Não sigamos, portanto, nossas “intuições”, no nosso exame dos acontecimentos, mas a Palavra de Deus. Como nos instrui 1 Pe 4.11: “ se alguém falar, fale segundo os oráculos de Deus”.

Em adição a tudo isso, não podemos cometer o erro de ser insensíveis às tragédias - Pv 17.5 diz: “o que se alegra na calamidade, não ficará impune”; mesmo perplexos, sabendo que não somos juízes nem videntes. Devemos nos solidarizar com as vítimas, na medida do possível. E o que podemos fazer para auxiliar e agir a favor daqueles que foram severamente atingidos nesses desastres causados pelas águas, entre os quais estão vários dos nossos irmãos na fé? A Igreja Presbiteriana do Brasil possui um Conselho de Ação Social (CAS). Contatado, obtive a seguinte informação, sobre o que pode ser feito:


1. Um pastor da região, o Rev. Carlos Augusto, da Igreja Presbiteriana de Magé, presidente do Presbitério de Magé, está responsável pelos esforços de coleta e distribuição de auxílio aos sobreviventes, que se encontram em dificuldade. Eles esperam doações de roupas em perfeito estado, roupas íntimas novas; roupas de cama, mesa e banho; alimentos não perecíveis, velas, material de higiene pessoal, limpesa, etc. Esse tipo de material pode ser entregue ou remetido para o seguinte endereço: Avenida 02, No. 21, Jardim Novo Mundo, Magé.

2. Para doações em dinheiro - Presbitério de Magé (CNPJ 01.264.150-0001/75), Banco Bradesco, Agência 1546-6, conta corrente, 7806-9.


“Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade” ( 1 João 3.17-18).



[1] Folha de S. Paulo 28/12/2004; Jornal do Commércio - Recife - 2/1/2005, de onde foram extraídas as citações desse trecho.

Fonte: http://tempora-mores.blogspot.com

Predisposição genética para a religião se reproduz com rapidez, diz professor...


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um cálculo matemático demonstra que os supostos genes responsáveis pela orientação religiosa de um indivíduo se reproduzem com mais rapidez.

A base do estudo teve como ponto de partida análises demográficas, que indicam que grupos religiosos geram mais filhos do que os ateus.

Em média, uma mulher sem qualquer religião teria de um a dois bebês. Para termos de comparação, no caso de uma seguidora do judaísmo ortodoxo, esse número passaria a ser seis.

O resultado a longo prazo é que o "gene da religião" se tornaria mais comum a cada nova geração.

De acordo com Robert Rowthorn, professor emérito de economia do Kings College, em Cambridge (Reino Unido), que desenvolveu o cálculo, essa expansão teria aumentado em até 50% depois de dez gerações.

Rowthorn acrescenta que os genes seriam ainda mais perpetuados e distribuídos se os integrantes do segmento religioso passassem a se relacionar com a população secular.

"Este é puramente um exercício especulativo", diz o autor do estudo a ser publicado nesta quarta-feira no "Proceedings of the Royal Society B".

Ele enfatiza que, até 150 anos atrás, o contraste na taxa de natalidade entre famílias religiosas e não religiosas não existia. O número de nascimentos caiu globalmente e a transição afetou mais alguns grupos do que outros.

Segundo Rowthorn, a progressão matemática demonstrada em seu cálculo indica a hipótese de que a população pode ser mais propensa à religião a longo prazo, mas isso dependeria também da proporção entre fertilidade e "deserção" de membros no grupo religioso.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/859465-predisposicao-genetica-para-a-religiao-se-reproduz-com-rapidez-diz-professor.shtml

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ateísmo moderno...

Vivemos ainda a categoria estóica no fenômeno ideológico moderno, cuja base experiencial para compreender a realidade é o estado de alienação, e já não mais a tensão entre o humano e o divino. Algumas sistematizações de um estado de alienação são inevitáveis que culminem na morte de Deus, não porque Deus tenha morrido, mas porque houve uma rejeição da razão divina na revolta egofânica. Por isso, não é possível se revoltar contra Deus sem se revoltar contra a razão e vice-versa. Nenhuma verdade chega ao coração sem antes passar pela razão.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Comunidade Civil e Comunidade Cristã...

Esta obra de Karl Barth discute as relações entre a Igreja e o Estado. Não enquanto problema jurídico de relações institucionais, mas encontro dialético entre comunidades que se sobrepõem que têm um mesmo centro de autoridade. No texto sentimos como pano de fundo as reflexões do Agostinho de As Duas Cidades. Aqui, Barth apresenta seu pensamento social numa exposição teológica brilhante e faz um chamado à “presença da comunidade cristã no exercício de sua corresponsabilidade política”. Num século de guerras, o texto de Barth é altamente inspirativo.



Comunidade Civil e Comunidade Cristã

A orientação da ação política cristã, de uma ação que se compõe de discernimento, juízo e eleição de uma vontade e de um compromisso, está relacionada com o caráter duplo do Estado, que possui ao mesmo tempo a possibilidade de oferecer e a necessidade de receber a imagem analógica do Reino de Deus que a igreja anuncia.

O Estado não pode ser uma réplica da igreja, nem uma antecipação do Reino de Deus. Em sua relação com a igreja tem realidade própria e necessária e em sua relação com Deus representa – da mesma maneira que a igreja - um fenômeno puramente humano, acompanhado de todas as características deste mundo temporal. Não se pode pensar em identificá-lo nem com a igreja, nem com o Reino de Deus. Mas, por outra parte, desde o momento em que está fundado sobre uma disposição particular da vontade divina, e porque pertence na realidade ao Reino de Cristo, não se pode dizer que seja autônomo. Não poderia existir independentemente da igreja e do Reino de Deus.

Por esta razão não se poderia falar de uma diferença absoluta entre a cidade e a igreja por um lado, e a cidade e o Reino, por outro. Logo, fica uma possibilidade: desde o ponto de vista cristão, o Estado e sua justiça são uma parábola, uma analogia, uma correspondência do Reino de Deus que é o objeto da fé e da prédica da igreja. Como a comunidade civil constitui o círculo exterior em cujo interior se inscreve a comunidade cristã, com o mistério da fé que ela confessa e proclama as duas, tanto uma como outra têm o mesmo centro do qual resulta a primeira, distinta pelo princípio no qual está fundada e pela tarefa que lhe corresponde, se encontra forçosamente na relação analógica com a verdade e realidade da segunda; analogia no sentido de que a cidade é capaz de refletir indiretamente, como por um espelho, a verdade e a realidade do Reino que a Igreja anuncia.

Mas como está condenado a continuar a ser o que é e a atuar dentro de seus próprios limites, o Estado, como reflexo da verdade e da realidade cristã não possui justiça e conseqüentemente não possui também existência intrínseca e definitiva. Ao contrário, sua justiça e sua existência estão sempre gravemente ameaçadas e sempre deve se perguntar se, e até que ponto, está cumprindo com suas tarefas de justiça.

Para preservar a comunidade civil da decadência e da ruína é necessário recordá-la de quais são as exigências desta justiça que deve representar. A comunidade civil, pois, precisa desta analogia tanto quanto é capaz de criá-la. Por esta razão necessita uma e outra vez um quadro histórico cujo fim e conteúdo possam ajudá-la a chegar a ser uma analogia, uma parábola do Reino de Deus, permitindo a ela cumprir as tarefas da justiça civil.

Mas, nesses assuntos, a iniciativa humana não pode orientar-se somente por si mesma. A comunidade civil, como tal, não conhece nem o mistério do Reino de Deus, nem o centro escondido do qual depende e diante do testemunho e mensagem da comunidade cristã é neutra. Por tanto, tem que se limitar a buscar sua água nas “cisternas rachadas” do chamado direito natural. Por si mesma não pode lembrar-se do critério verdadeiro de sua justiça, nem colocar-se em movimento para cumprir com as tarefas desta justiça. Justamente por esta razão é que precisa da presença às vezes incômoda e saudável da atividade que se desenvolve ao redor do centro comum dos dois domínios: a presença da comunidade cristã no exercício de sua co-responsabilidade política.

Sem ser o Reino de Deus, a comunidade cristã sabe algo dele, crê, espera e ora no nome de Jesus Cristo e anuncia a excelência deste nome sobre todos os outros. Nesse ponto não é nem neutra nem impotente. Quando passa ao plano político para tomar sua parte de responsabilidade não abandona sua atitude “comprometida”, esta atitude de fidelidade ao único Senhor.

Para a igreja, aceitar a parte de responsabilidade que lhe corresponde significa uma única coisa: tomar uma iniciativa humana que a comunidade civil por sua parte não pode tomar, dar a comunidade civil um impulso que ela não pode dar a si própria, fazê-la lembrar das coisas que a comunidade civil não sabe lembrar por si mesma. Discernir, julgar, eleger no plano político implica sempre para a igreja ter que aclarar as relações que existem entre a ordem política e a ordem da graça, para azar de todo aquele que possa obscurecer esta relação.

Entre as diversas possibilidades políticas do momento, os cristãos saberão discernir e eleger aquelas cuja realização leve a uma analogia, a um conteúdo de sua fé e de sua mensagem. Os cristãos se encontrarão ali onde a soberania de Jesus Cristo, acima de todas as coisas de ordem política ou de outras ordens, não é obscurecida, mas evidente. A comunidade cristã exige que a forma e substância do Estado, neste mundo caduco, orientem os homens em direção ao Reino de Deus e não os distanciem. Não pede que a política humana coincida com a de Deus, mas sim, que na imensa distância que a separa daquela, seja paralela. Pede que a graça de Deus, revelada de cima e atuando aqui em baixo, se reflita na totalidade das medidas exteriores, relativas e provisórias assumidas pela comunidade dentro dos limites das possibilidades que este mundo oferece.

É, pois, em primeiro e último lugar, diante de Deus – este Deus que em Jesus Cristo revelou sua misericórdia aos homens – que ela exerce sua responsabilidade política. Todas suas decisões políticas (discernir, eleger, julgar, querer) têm por isso valor como testemunho, que não é menos real por ser um testemunho implícito e indireto. Sua ação política é, pois, também, uma forma de confessar sua fé. Exorta à comunidade civil para que saia de sua atitude de neutralidade, de ignorância espiritual, de seu paganismo natural, para comprometer-se junto com ela, diante de Deus, em uma política de responsabilidade compartida. Desencadeia, além disso, o movimento histórico cujo fim e conteúdo são fazer da cidade terrestre uma parábola, um sinal analógico do Reino de Deus, permitindo a esta cumprir com as tarefas da justiça civil.

Como escolher um texto para pregar...




por John Stott

Freqüentemente torna-se um grande problema escolher um texto para pregar. A razão não é porque faltam textos, mas porque há muitos. Se estamos estudando a Bíblia diariamente, poderemos ter uma lista comprida de textos que estão à espera de serem pregados. Mas qual deles vamos escolher?

Há quatro fatores que podem influenciar a nossa escolha.

a) O Fator Litúrgico

Reconheço que a maioria de nós não vêm de igrejas litúrgicas. Quero recomendar a vocês o valor de um calendário eclesiástico. Todos nós observamos o Natal. Quando chega o dia de Natal, não pregamos sobre a ressurreição, pregamos sobre o nascimento de Jesus. Portanto, vamos começar com o Natal. Entre o Natal e a Páscoa há aproximadamente três meses. No dia de Natal, pensamos sobre o nascimento de Jesus; na Páscoa, sobre a ressurreição de Jesus. Deste modo, os três meses entre os dois eventos são o tempo natural para se pensar em pregar sobre a vida e o ministério de Jesus.

Há vários pastores que gostam de encaixar, nesse período, pregações sobre os evangelhos. Antes do Natal, por uns dois ou três meses, é uma boa idéia se deter no Velho Testamento, pensando na preparação divina para a vinda do Messias. Poderíamos começar com a Criação em meados de outubro e ter algumas mensagens na preparação que o Velho Testamento apresenta para a vinda de Jesus Cristo.

Então, do Natal até a Páscoa, concentrarmo-nos nos evangelhos. Depois da Páscoa e do dia de Pentecostes, concentrarmo-nos nas epístolas, porque assim estaremos pensando sobre a vida cristã como uma vida vivida no poder do Espírito Santo.

Este é um calendário eclesiástico bem simples. Espero ter deixado claro que há três fases principais nele: outubro a dezembro - Velho Testamento; Natal até a Páscoa ou Pentecostes - sobre a vida de Jesus; do dia de Pentecostes até o mês de outubro - a vida no Espírito, talvez terminando com o livro de Apocalipse.

Essas são as três divisões principais da Bíblia. Não estou sugerindo que sempre nos devemos deter a esse calendário, mas é uma fonte de referência bem valiosa para nós.

b) O Fator Externo

Muitas vezes há eventos no mundo lá fora como, talvez, a ocorrência de uma catástrofe, que exigem um sermão sobre eles.

Poucos anos atrás estive na Guatemala, depois daquele terrível terremoto. Estava falando para um grupo de pastores como vocês e perguntei-lhes quantos haviam pregado sobre o terremoto no domingo seguinte ao evento. E fiquei surpreso ao ver quão poucas pessoas levantaram suas mãos.

É de compreender o fato por que não o fizeram. Calamidades naturais são um grande problema. Não é fácil pregar sobre o problema da providência divina, ou o problema do sofrimento. Mas praticamente todas as pessoas naquele dia, na igreja, estavam pensando sobre o terremoto. Estavam fazendo perguntas em suas mentes. Por que Deus permite que aconteça um terremoto? Por que Ele permitiu que tantas igrejas fossem destruídas?

Muitos tinham perdido parentes e amigos e estavam de luto. Vieram à igreja naquele domingo se perguntando: Há alguma palavra do Senhor sobre isto? E muitos saíram de lá desapontados, porque o pastor não tinha nada a lhes dizer. Devemos ser sensíveis com o que acontece no mundo exterior.

Quando há um escândalo de proporções nacionais pode haver algum debate nos jornais. E toda a imprensa está envolvida neste debate. Talvez, trate-se de uma nova legislação sobre o divórcio ou qualquer outra coisa. E as pessoas vêm à igreja com perguntas. Qual deve ser nossa opinião sobre isso como crentes? Esse é o fator externo.

c) O Fator Pastoral

Os melhores pregadores são sempre aqueles bons pastores que conhecem a sua congregação. Eles conhecem a condição espiritual das suas ovelhas.

Espero que vocês trabalhem em equipe. Já falei sobre a pirâmide com o pastor encarapitado lá no púlpito. Sugeri que nós destruíssemos a pirâmide, porque toda igreja deveria ter uma equipe pastoral. A supervisão pastoral do rebanho não deveria estar toda nas mãos de um único homem. Não é bíblico.

Lembrem-se das primeiras viagens missionárias de Paulo, quando ele e Barnabé estavam retornando. Atos 14.23 diz que promoveram em cada cidade a eleição de presbíteros. Desde o princípio havia uma equipe pastoral. Encontramos este mesmo conceito nas cartas de Timóteo e Tito. Paulo lhes deu a ordem de ordenar presbíteros.

Em cada denominação, a aplicação disso é diferente. Alguns têm diáconos, outros presbíteros. Alguns são ordenados, outros não são ordenados.

Seja qual for a sua situação, entretanto, o princípio é o mesmo: deve haver essa pluralidade no cuidado do rebanho. Que a equipe de líderes compartilhe a responsabilidade pastoral!

Quero explicar porque estou enfatizando isso. Se há uma equipe, é a equipe que decide sobre a pregação. Vou contar-lhes o que acontece conosco em Londres. Deus, em sua infinita bondade nos concedeu uma equipe bem grande. Temos um retiro da equipe três ou quatro vezes por ano. E quando nos afastamos para esse retiro oramos juntos, lemos a Bíblia juntos, passamos tempo de descanso juntos, mas levamos conosco uma agenda de negócios para discutir.

Um dos assuntos que sempre tratamos é sobre o que vamos pregar. Planejamos as nossas pregações para cada trimestre. Discutimos como está a congregação. Quais são as suas necessidades; sobre o que descobrimos sobre eles nos últimos três meses; se ignoramos algo; se há desconhecimento de alguma doutrina, alguma falha na vida cristã.

E ao discutirmos e pensarmos juntos sobre isso, tomamos uma decisão perante Deus a respeito de nossa pregação. Decidimos sobre livros da Bíblia que vamos expor ou sobre tópicos que queremos tratar. É uma decisão de equipe e ela surge das necessidades que percebemos na congregação. Às vezes, quando nos preparamos para o retiro, dizemos à congregação o que vamos fazer. Dizemos a eles no domingo: "Na próxima quinta-feira a equipe pastoral vai ter um retiro. Por favor, orem por nós. Uma das coisas que vamos discutir é sobre a nossa pregação. Se vocês têm qualquer pedido a fazer, ou sugestões a dar, por favor coloquem na caixa ao fundo da igreja".

Agindo assim, damos à congregação a oportunidade de fazer pedidos a respeito dos nossos sermões. Descobrimos que isso é muito útil.

d) O Fator Pessoal

Devemos lançar mão de momentos inspirados. Não sei como a sua mente funciona, mas a minha mente normalmente está sempre nublada.

Ocasionalmente esse nevoeiro levanta e a luz do Espírito Santo transparece. Aí eu percebo algo com uma clareza que nunca havia visto antes. É um momento de inspiração. Paro o que estou fazendo e escrevo aquilo que pensei antes que o nevoeiro desça outra vez.

Eu recomendo essa prática a vocês. Às vezes, a nossa mente está bem lúcida. Estes momentos acontecem em intervalos diferentes: muitas vezes quando estamos estudando a Bíblia, às vezes, no meio da noite, ou, às vezes, quando estamos escutando uma palestra.

Na hora em que isso acontecer, agarre aquele momento, entregue-se a ele, anote os seus pensamentos antes que os esqueça. Sempre trago comigo papel e caneta, sempre tenho papel e caneta junto à minha cama, de modo a poder escrever também os pensamentos da meia-noite ou das primeiras horas da manhã. Os melhores sermões que pregamos a outros são aqueles que pregamos a nós mesmos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

50 Frases do House...




Sou muito fã do seriado Dr. House. Por isso, segue abaixo um post sobre as melhores frases dele. Grandes aforismos.

50 Frases do House

. “Everybody Lies!” – “Todo mundo mente!” – House
2. “It´s not Lupus. It’s never Lupus.” – “Não é Lupus. Nunca é Lupus.” – House

3. “Almost dying don’t change anything. Dying changes everything!” – “Quase morrer não muda nada. Morrer muda tudo!” – House

4. “We can live with dignity – we can’t die with it”. – “Podemos viver com dignidade. Não podemos morrer com ela.” – House

5. “Well, like the philosopher Jagger once said, ‘You can’t always get what you want.’” – “Como já disse o filósofo Jagger: “Você não pode ter sempre aquilo que quer.” – House

6. “Being miserable doesn’t make you better than anybody else, House. It just makes you miserable.” – “Ser infeliz não o torna melhor do que ninguém, House. Apenas o faz infeliz.” – Wilson

7. “No, if you talk to God you’re religious. If God talks to you, you’re psychotic.” – “Não, se você fala com Deus, você é religioso. Se Deus fala com você, você é um psicótico.” – House

8. “People don´t change” – “As pessoas não mudam” – House

9. “It’s a basic truth of the human condition that everybody lies. The only variable is about what.”- “É uma verdade da condição de ser humanos que todos mentem. A única variável é sobre o quê.” – House

10. “People lie for thousands of reasons. There’s always a reason.” – “As pessoas mentem por milhares de razões. Sempre existe uma razão.” – House

11. “I’m going in. Rambo stile.” – “Estou nessa. Estilo Rambo” – House

12. “Lies are like children. Hard work, but worth it because the future depends on it.” – “Mentiras são como as crianças: apesar de incovenientes, o futuro depende delas.” – House

13. “The treatments don’t always work. Symptoms never lie.” – “Os tratamentos nem sempre funcionam. Sintomas nunca mentem.” – House

14. “You need a lawyer.” – “Você precisa de um advogado.” – Cuddy

15. “Read less, more TV!” – “Leia menos, mais TV’ – House

16. “Is your yelling designed to scare me because I’m not sure what I’m supposed to be scared of. More yelling? That’s not scary. That you’re gonna hurt me? That’s scary, but I’m pretty sure I can out run you.” – “Você está gritando para me assustar? Porque eu não tenho certeza se isso é assustador. Mais gritos? Isso não é assustador. Você vai me machucar? Isso é assustador, mas eu tenho quase certeza que posso correr de você.” – Cuddy

17. “House doesn’t break rules, he ignores them!” – “House não quebra regras. Ele as ignora.” – Foreman

18. “I like you better now that you’re dying.” – “Eu gosto mais de você agora que está morrendo” – House

19. “I respect things that earn respect. This decision, on the other hand, is a dog wearing a cape.” – “Eu respeito coisas que merecem ser respeitadas. Essa decisão por outro lado, é como um cachorro usando uma capa.” – House

20. “You can’t control your emotions…just your actions.” – Você não pode controlar suas emoções…apenas suas ações.” – Cameron

21 – “The fact that I was wrong is NOT a proof of God.” – “O fato deu ter errado não prova que Deus existe” – House

22. “No lesions, no aneurysms. Ironically, the mind of a killer looks completely normal.” – “Sem lesões, sem aneurismas. Ironicamente, a mente de um assassino parece completamente normal.” – Chase

23. “This is Dr. House. He’s too brilliant for introductions.” – “Esse é o Dr. House. Ele é muito brilhante para apresentações.” – Thirteen

24 – “You gonna trust me? I lie about everything.” – “Você vai acreditar em mim? Eu minto sobre tudo.” – House

25 – “People act in their own self-interest. You’re all here because you’re all happy to be here. Or at least because this is your best option.” – “Pessoas agem em benefício próprio. Vocês estão todos aqui porque vocês todos estão felizes por estarem aqui. Ou, pelo menos, porque essa é a melhor opção de vocês.” – House

26 – “I went crazy, not stupid.” – “Eu fiquei maluco, não estúpido.” – House

27 – “Her lips say no, but her hormones say ‘Oh my God, yes, more.” – “Seus lábios dizem não, mas seus hormônios dizem ‘Oh meu Deus,sim, continua” – House

28 – “I’m incapable of acting like a human being.”- “Eu sou incapaz de agir como ser humano.” – House

29 – “I’m the last person you’d ever come to for ethical advice, which means you’ve already asked every other person. No one’s given you the answer you want.” – “Eu sou a última pessoa que você procuraria por um conselho sobre ética,o que seguinifica que você jáperguntou a todas as outras pessoas. Ninguém lhe deu a resposta que você queria.” – House

30 – “Another reason I don’t like meeting patients. If they don’t know what you look like, they can’t yell at you.”-”Uma outra razão para não gostar de conhecer os pacientes. Se eles não sabem quem você é, eles não podem gritar com você.”- House

31 – “You know how some doctors have the Messiah complex – they need to save the world? You’ve got the Rubik’s complex; you need to solve the puzzle.” – “Você sabia que alguns médicos tem o complexo de Messias – eles precisam salvar o mundo? Você tem o complexo de Rubik, precisa solucionar o quebra-cabeça.” – Wilson

32 – “We are who people think we are.” – “Nós somos o que as pessoas acham que nós somos” – House

33 – “Hey, I can be a jerk to people I haven’t slept with. I am that good.” – “Hey, eu posso ser um idiota com pessoas que ainda não dormi. Eu sou realmente bom.” – House

34 – “People choose the paths that grant them the greatest rewards for the least amount of effort.” – “As pessoas escolhem os caminhos que as dão as maiores recompensas com o menor esforço.” – House

35 – “Religion is not the opiate of the masses; religion is the placebo of the masses.” – “Religião não é o ópio da massa, é o placebo dela.” – House

36 – “How come God gets credit whenever something good happens? Where was he when her heart stopped?” -”Como pode Deus levar os créditos quando algum coisa boa acontece? Onde ele estava quando o coração dela parou?” – House

37 – “I’m too handsome to do paperwork.” – “Eu sou muito bonito para cuidar da papelada” – House

38 – “The weird thing about telling someone they’re dying is it tends to focus their priorities. You find out what matters to them. What they’re willing to die for. What they’re willing to lie for.” – “A parte estranha de dizer a alguém que ela está morrendo, é que a ela tende a focar em suas prioridades. Você descobre o que realmente importa para elas. Pelo quê elas estão dispostas a morrer. Pelô que elas estão dispostas a mentir.” – House

39 – “Bizarre is good! Common has hundredsof explanations. Bizarre has hardly any.” – “Bizarro é algo bom. O comum tem milhares de explicações. O Bizarro dificilmente tem alguma.” – House

40 – “No, there is not a thin line between love and hate. There is, in fact, a Great Wall of China with armed sentries posted every twenty feet between love and hate.” – “Não,não existe umalinha tênue entre o amore oódio. Na verdade, existe uma Muralha da China armada com soldados armados a cada 6 metros, entre o amor e o ódio.” – House

41 – “I’m physically incapable of being polite.” -”Eu sou fisicamente incapaz de ser gentil/cortês.” – House

42 – “You can have all the faith you want in spirits, and the afterlife, and heaven and hell, but when it comes to this world, don’t be an idiot. Cause you can tell me you put your faith in God to put you through the day, but when it comes time to cross the road, I know you look both ways.” – “Você pode ter a fé quer quiser em espíritos, em vida após a morte, no paraíso e no inferno, mas se tratando desse mundo, não seja idiota. Porque você pode me dizer que deposita sua fé em Deus para passar pelo dia, mas quando chega a hora de atravessar a rua, eu sei que você olha para os dois lados.” – House

43 – “Anyone can hate humanity after being shot. It takes a big man to hate them beforehand.” – “Qualquer um pode odiar a humanidade depois de levar um tiro. É necessário um grande homem para odiar antes disso.” – House

44 – “Perseverance does not equal worthiness.”- “Perserverança não é igual a merecimento” – House

45 – “Are you … comparing me to God? I mean, that’s great, but just so you know, I’ve never made a tree.” – “Você está me comparando a Deus? Quero dizer, isso é bom, mas só para você saber, eu nunca criei uma árvore.” – House

46 – “If we were to care about every person suffering on this planet, life would shut down.” – “Se nós fossemos nos importar com todas as pessoas que estão sofrendo nesse planeta, a vida iria parar.” – House

47 – Patient: “Are there other ways I could get pregnant? Like…sitting on a toilet seat?”
House: “Absolutely. There would need to be a guy sitting between you and a toilet seat, but yes, absolutely. I was doing so well…” -

Paciente: “Existe outros meios de engravidar? Como sentar no toilet?”

House: “Certamente. Só seria necessário um cara entre você e o toilet, mas,sim, certamente. Eu estava indo tão bem…”

48 – Nun :”Sister Augustine believes in things that aren’t real.”
House: “I thought that was a job requirement for you people.”-

Freira: “Irmã Augustine acredita em coisas que não são reais”

House: “Eu achei que isso fosse pré-requisito para vocês.”

49 – “Because, in HouseLand, and the rest of the universe by the way, when a question presents itself, it calls for an answer.” – “Porque, na terra do House, e no resto do universo, quando aparece uma pergunta, ela pede por uma resposta.” – House

50 – “Foreteen’s right.” – “Catorze está certo”- House (se referindo a união de Thirteen e Foreman)



Fonte: http://solomon1.com/50-frases-do-house/#more-3496

sábado, 1 de janeiro de 2011

Para viver dias melhores...



O famoso rei da música brasileira, Roberto Carlos, sabiamente escreveu em parceria com Erasmo Carlos a linda música “É preciso saber viver”.

Saber viver é saber para onde quer ir. É se entregar ao aprendizado da vida. Estar atento aos detalhes, pois eles poderão ser imprescindíveis a uma profunda mudança.

Gosto muito de Fernando Pessoa, principalmente da sua obra “O Livro do Desassossego”. Certa vez ele disse: “Quando nós paramos de aprender, nós paramos de crescer; e quando nós paramos de crescer, nós paramos de viver”. Esta pode ser a razão de muitas pessoas não terem um rumo de vida – pararam no tempo. Pararam de crescer.

Tenho uma profunda admiração por Eric Voegelin. Ele foi um grande filósofo alemão que contribuiu de forma significativa para o resgate da moral, da fé cristã e de uma sociedade que valoriza a vida humana. Na sua autobiografia ele traçou uma meta. Ele projetou a sua vida durante vinte anos e a forma que gostaria de chegar lá. Livros para ler, lugares para conhecer, formação acadêmica, etc. Para a sua felicidade ele atingiu a sua meta e obteve realização.

Estudos indicam que 97% das pessoas em nossa sociedade não elaboram um programa organizado de metas e por isso não conseguem alcançá-las.

Há diversas razões pelas quais as pessoas não estabelecem metas nem planejam como alcançá-las: medo; auto-imagem negativa; indisciplina; comodismo; miopia situacional.

Precisamos de muitas e diferentes metas na vida. Tipos de metas: intelectuais; financeiras; familiares; sociais; culturais; emocionais; espirituais; profissionais; educacionais.

Sou membro e voluntário de um projeto social que lida diretamente com pessoas que padecem de algum vício e problema familiar. Cada encontro é delimitado uma meta que a pessoa terá que cumprir durante uma semana e levar para o resto da vida. No entanto, percebo nas pessoas e em mim, a imensa dificuldade do cumprimento das metas. As perguntas surgem sobre o motivo da desistência. As respostas variam: medo, indignidade humana, fuga, falta de forças, sem incentivo, etc. o grande problema é que as pessoas desejam impressionar terceiros. Isto não funciona. O estabelecimento da meta é para o próprio bem do indivíduo e seu sucesso. Conseqüentemente será de inspiração para outros, mas em primeiro lugar o indivíduo terá que pensar na sua situação.

Muitos iniciaram o ano com alvos a serem atingidos. Uma certeza cada um deve ter – não será nada fácil. As dificuldades surgirão. Circunstâncias aparecerão para desmotivar. Coisas acontecerão para esmorecer. Pessoas se colocaram como pedra no sapato. Doenças poderão vir à tona. Parece nada animador, mas é a realidade. Portanto, algumas sugestões práticas, mas não significa que seja receita de vida e funcionará. Apenas precauções. Por isso, aprenda:

1. Aceitar a situação – A negação do fato não ajudará em nada.


2. Lidar com a culpa – Culpar-se o tempo todo leva a estagnação. Assuma responsabilidade e veja o que é possível mudar.


3. Estreita os laços – Não encare os problemas na solidão. Divida o seu fardo. Sozinhos estamos perdidos; em comunidade encontramos força.


4. Resolução – Tenha convicções no coração. Determine o que você quer ser e aonde quer chegar.


5. Serenidade – Exerça paciência. Na vida não existe o instantâneo. Renuncie o apelo do nissin miojo. Para alcançar metas exige-se trabalho e espera.


6. Os seus limites – Não adianta ultrapassar a condição física, emocional, financeira para obtenção de algo. Isto simplesmente o destruirá. Uma regra para o alcance das metas é saber ir devagar e sempre. Nunca desistir!


7. Aproveitar as oportunidades – Cada pequeno detalhe da vida, até mesmo uma conversa inesperada, estas coisas podem contribuir para uma mudança de vida e o alcance do alvo desejado.



A importância da meta é dar direção ao que você quer. Ela permite que você verifique o tempo todo se o que está fazendo realmente está contribuindo para que você chegue ao seu objetivo.

É comum encontrar pessoas que, ao chegarem na reta final de suas vidas, verificam que poderiam ter tomado um rumo bem diferente. Mas, é possível mudar o curso da história bem antes do fim. Deixemos para os filmes a imagem do velho, à beira da morte, arrependido das coisas que fez e deixou de fazer. Você pode monitorar continuamente para onde está indo e, assim mudar sua vida. Basta, para tal, ter uma meta. O renomado escritor, padre e teólogo francês, François Rabelais, certa vez disse: “Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam”. O que você quer e poder fazer hoje? Pode e chegará o momento que você irá desejar algo e não poderá tê-lo.

Portanto, concluo com a fabulosa obra de Lewis Carroll – Alice no País das Maravilhas. A ficção sempre atinge a realidade humana e nos vemos em muitas obras literárias e cinematográficas. Nesta obra de Carroll acontece o famoso diálogo de Alice com o sábio Gato de Botas. Alice decide voltar para casa, mas se depara com uma bifurcação. Cheia de pensamentos e com muitas dúvidas sobre qual caminho seguir. Nessa hora aparece o Gato de Botas, que pergunta:


- Qual o problema Alice? Posso te ajudar?
- Estou em dúvida sobre qual caminho seguir.
- Aonde você quer chegar? – perguntou o gato.
- Eu não sei.
- Ora, se você não sabe aonde quer chegar, então qualquer caminho serve…