segunda-feira, 31 de março de 2008

Falta de Amor?

Para aqueles que defendem um Jesus muito mole. Para aqueles que defendem um evangelho barato. Para aqueles que defendem um Cristo que não confronta. Para aqueles que acreditam na relativização do evangelho. Para aqueles que são covardes e não dizem a verdade, segue este maravilhoso artigo do Dr. Rev. Augustus. Leia e tenha uma ação.


Tornou-se comum evangélicos acusarem de falta de amor outros evangélicos que tomam posicionamentos firmes em questões éticas, doutrinárias e práticas. A discussão, o confronto e a exposição das posições de outros são consideradas como falta de amor.

Essa acusação reflete o sentimento pluralista e relativista que permeia a mentalidade evangélica de hoje e que considera todo confronto teológico como ofensivo. Nossa época perdeu a virilidade teológica. Vivemos dias de frouxidão, onde proliferam os que tremem em frêmito diante de uma peleja teológica de maior monta, e saem gritando histéricos, "linchamento, linchamento!”


Pergunto-me se a Reforma protestante teria acontecido se Lutero e os demais companheiros pensassem dessa forma.

É possível que no calor de uma argumentação, durante um debate, saiam palavras ou frases que poderiam ter sido ditas ou escritas de uma outra forma. Aprendi com meu mentor espiritual, Pr. Francisco Leonardo Schalkwijk, que a sabedoria reside em conhecer “o tempo e o modo” de dizer as coisas (Eclesiastes 8.5). Todos nós já experimentamos a frustração de descobrir que nem sempre conseguimos dizer as coisas da melhor maneira.

Todavia, não posso aceitar que seja falta de amor confrontar irmãos que entendemos não estarem andando na verdade, assim como Paulo confrontou Pedro, quando este deixou de andar de acordo com a verdade do Evangelho (Gálatas 2:11). Muitos vão dizer que essa atitude é arrogante e que ninguém é dono da verdade. Outros, contudo, entenderão que faz parte do chamamento bíblico examinar todas as coisas, reter o que é bom e rejeitar o que for falso, errado e injusto.

Considerar como falta de amor o discordar dos erros de alguém é desconhecer a natureza do amor bíblico. Amor e verdade andam juntos. Oséias reclamou que não havia nem amor nem verdade nos habitantes da terra em sua época (Oséias 4.1). Paulo pediu que os efésios seguissem a verdade em amor (Efésios 4.15) e aos tessalonicenses denunciou os que não recebiam o amor da verdade para serem salvos (2Tessalonicenses 2.10). Pedro afirma que a obediência à verdade purifica a alma e leva ao amor não fingido (1Pedro 1.22). João deseja que a verdade e o amor do Pai estejam com seus leitores (2João 3). Querer que a verdade predomine e lutar por isso não pode ser confundido com falta de amor para com os que ensinam o erro.

Apelar para o amor sempre encontra eco no coração dos evangélicos, mas falar de amor não é garantia de espiritualidade e de verdade. Tem quem se gabe de amar e que não leva uma vida reta diante de Deus. O profeta Ezequiel enfrentou um grupo desses. “... com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro” (Ezequiel 33.31). O que ocorre é que às vezes a ênfase ao amor é simplesmente uma capa para acobertar uma conduta imoral ou irregular diante de Deus. Paulo criticou isso nos crentes de Corinto, que se gabavam de ser uma igreja espiritual, amorosa, ao mesmo tempo em que toleravam imoralidades em seu meio. “... contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? Não é boa a vossa jactância...” (1Co 5.2,6). Tratava-se de um jovem “incluído” que dormia com sua madrasta. O discurso das igrejas que hoje toleram todo tipo de conduta irregular em seus membros é exatamente esse, de que são igrejas amorosas, que não condenam nem excluem ninguém.

Ninguém na Bíblia falou mais de amor do que o apóstolo João, conhecido por esse motivo como o “apóstolo do amor” (a figura ao lado é uma representação antiquíssima de João) Ele disse que amava os crentes “na verdade” (2João 1; 3João 1), isto é, porque eles andavam na verdade. "Verdade" nas cartas de João tem um componente teológico e doutrinário. É o Evangelho em sua plenitude. João ama seus leitores porque eles, junto com o apóstolo, conhecem a verdade e andam nela. A verdade é à base do verdadeiro amor cristão. Nós amamos os irmãos porque professamos a mesma verdade sobre Deus e Cristo. Todavia, eis o que o apóstolo do amor proferiu contra mestres e líderes evangélicos que haviam se desviado do caminho da verdade:

- “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1Jo 2.19).

- “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2.22).

- “Aquele que pratica o pecado procede do diabo” (1Jo 3.8).

- “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo” (1Jo 3.10).

- “todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo” (1Jo 4.3).

- “... muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo... Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus... Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2Jo 7-1).

Poderíamos acusar João de falta de amor pela firmeza com que ele resiste ao erro teológico?

O amor que é cobrado pelos evangélicos sentimentalistas acaba se tornando a postura de quem não tem convicções. O amor bíblico disciplina, corrige, repreende, diz a verdade. E quando se vê diante do erro seguido de arrependimento e da contrição, perdoa, esquece, tolera, suporta. O Senhor Jesus, ao perdoar a mulher adúltera, acrescentou “vai e não peques mais”. O amor perdoa, mas cobra retidão. O Senhor pediu ao Pai que perdoasse seus algozes, que não sabiam o que faziam; todavia, durante a semana que antecedeu seu martírio não deixou de censurá-los, chamando-os de hipócritas, raça de víboras e filhos do inferno. Essa separação entre amor e verdade feita por alguns evangélicos torna o amor num mero sentimentalismo vazio.


O amor, segundo Paulo, “é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Coríntios 13.4-7). Percebe-se que Paulo não está falando de um sentimento geral de inclusão e tolerância, mas de uma atitude decisiva em favor da verdade, do bem e da retidão. Não é de admirar que o autor desse "hino ao amor" pronunciou um anátema aos que pregam outro Evangelho (Gálatas 1). Destaco da descrição de Paulo a frase “O amor regozija-se com a verdade” (1Coríntios 13.6b). A idéia de “aprovar” está presente na frase. O amor aprova alegremente a verdade. Ele se regozija quando a verdade de Deus triunfa, quando Cristo está sendo glorificado e a igreja edificada.

Portanto, o amor cobrado pelos que se ofendem com a defesa da fé, a exposição do erro e o confronto da inverdade não é o amor bíblico. Falta de amor para com as pessoas seria deixar que elas continuassem a ser enganadas sem ao menos tentar mostrar o outro lado da questão.

Teólogos anencéfalos...

Estou cansado de ouvir pessoas que dizem que a teologia não tem razão de ser, enquanto instrumento de conhecimento e transformação. Então, qual é o motivo de estudarem teologia? Somente para ter o título de pastor?

Este tipo de mentalidade leva algumas pessoas a proferirem as piores palavras e pensamentos sobre igreja, vida cristã, ministério pastoral e sobre a própria vida. A piedosa arrogância destrói as pessoas. O simples fato de contarmos com a graça de Cristo, não pode nos levar a uma espiritualidade ignorante.

Eu recomendo uma excelente obra do teólogo e historiador Justo L. Gonzáles & Zaida M. Pérez. A obra se chama “Introdução à Teologia Cristã”. Esta obra poderá facilitar a sua mudança sobre a razão de ser da teologia.

Os teólogos modernos – eu tomo como exemplo àqueles que estão de saída dos seminários – eles sofrem de um esvaziamento teológico, e porque não dizer também de um certo conhecimento. Tive o desprazer de conversar com alguns “teólogos” que defendem a linha mais crítica e para minha surpresa eles não sabiam defender ou ter uma base daquilo que acreditam como método. Eu tive que ensinar para um liberal o que é ser liberal, vê se pode uma coisa dessas? Portanto, estou convencido do pueril intelecto que alguns estão desenvolvendo. Como disse num post anterior, falam de mais, mas não sabem do que estão falando. Para ficar por cima de outras pessoas, opinam e opinam e não sai nada de construtivo.

Tomando o exemplo de Aristóteles que ficou vinte anos aprendendo com Platão para depois ensinar, tem algumas pessoas que deveriam agir assim, outras que deveriam morrer com a boca fechada.

sábado, 29 de março de 2008

Felicidade em dobro...

Outra descoberta. Eu tenho dois livros fabulosos de um grande reformador chamado Theodore Beza. Relíquia encontrar as obras deste notável teólogo e erudito. Preciso rever a minha biblioteca.

Felicidade maior...

Tem um livro de John Miltom que se chama “O Paraíso Perdido”, ele é um clássico. Havia muito tempo que eu estava à procura deste livro em português. Revirando os meus livros descobri que eu tenho...hehehe... Eu recomendo esta obra. É um livro raro que influenciou toda democracia dos grandes países. John Miltom foi um puritano clássico e muito erudito, toda constituição americana recebeu influencia desta obra de Miltom. Vale a pena ler.

Felicidade...

Acabei de descobrir que tenho um opúsculo da obra de Schaeffer sobre “Neo-Modernismo ou Cristianismo? O Barthianismo à luz da Palavra de Deus”. É uma obra fantástica, e o melhor de tudo – eu tenho...hehehe...

Madruga intensa...

Essa madrugada foi braba. Passei a noite em claro terminando à revisão da obra de Calvino.

A correria tem sido imensa, devido o jubileu de Calvino que é no próximo ano, e será feita uma bela comemoração na Universidade Mackenzie. Creio que estarei por lá.

Hoje não devo postar muito, tenho que revisar outros materiais, mas havendo um tempo postarei.

Valeu.

Seja Justo com os Liberais: Como a visão de mundo afeta a comunhão

O texto é relativamente extenso, mas vale a pena ler.

Por David Mills *

Depois de alguns anos de combate eclesiástico (na trincheira episcopal), eu acho que sei por que muitos cristãos conservadores não respondem ao liberalismo com tanta força quanto era de se esperar. Eles acham que os liberais estão apenas fazendo de conta. Que eles sabem das regras, mas que, como crianças mimadas e voluntariosas decidiram jogar com as regras que melhor conhecem. Por estarem apenas fingido tudo de que precisam e ser exprobrados por seu comportamento, e se isso não funcionar, os conservadores podem tentar modificar as regras e as estruturas das suas igrejas para impedir que os liberais continuem a violar as regras.

Um amigo evangélico disse-me recentemente o que desejaria dizer ao bispo John Spong e seus aliados: “OK, tudo bem. Creia no que quiser, mas não se chame de cristão. Você não pode ser membro do clube sem ter que pagar algumas obrigações, e a obrigação básica é crer. Entre logo, ou caia fora, mas deixe de enlamear a água”. Registra-se que Fabian Bruskewitz, o bispo de Lincoln, em Nebraska, disse que a “diferença entre um católico dissidente e um protestante, é que o protestante possui integridade”.

Na verdade isso não seria justo para com a maioria dos liberais. Admito que seja irritante quando alguém que tem vivido da igreja numa boa declara a sua rejeição por mais uma das suas doutrinas, e louva a si mesmo por sua coragem profética diante do aplauso de repórteres irreligiosos e de editores que espalham aos seus pés contratos para a edição de livros. Ainda mais repugnante é quando teólogos bem de vida e paus-d’água escarnecem do Papa por sua suposta compreensão simplista dos problemas da sociedade moderna ou quando (como tem ocorrido na Igreja Episcopal) feministas vitalícias vêm a público tachar como “maligno” um bispo que em bases bíblicas hesita ordenar mulheres.

Nada obstante, temos que ser justos com os liberais e tentar ver as coisas do seu ponto de vista, não apenas como uma cortesia devida a qualquer oponente, mas para saber o que fazer com eles. A maioria dos liberais não estão brincado. Eles estão jogando dentro das regras e jogando honestamente. Eles estão agindo com integridade. Isso é o problema.

O que crêem os liberais

Deixe-me explicar. Os liberais (a denominação usual, mas com certeza insatisfatória, para a obscura coletânea de céticos, relativistas, ideólogos e sentimentalistas ajuntados principalmente por se oporem às mesmas coisas) crêem que a verdade evolui, cresce e muda, ou que, pelo menos, a nossa compreensão da verdade evolui de modo tão radical que as certezas anteriores podem ser substituídas por novas e contraditórias verdades. Crêem que o que tem sido, mesmo o consolidado, pode não ser mais, ou que não se sustentará por muito tempo.

A maneira de explicarem essa evolução difere. Alguns crêem que estão resgatando as verdades da tradição cristã (a igualdade entre homens e mulheres, por exemplo) dos seus erros (a primazia dos homens). Alguns acreditam que estão resgatando as verdades existentes na tradição cristã dos erros que lhe foram impostos (aplica-se o mesmo exemplo). Outros crêem que a Bíblia e a tradição foram tentativas historicamente limitadas de falar das realidades religiosas fundamentais e desejam expressar essas realidades fundamentais de uma forma mais moderna e relevante. Outros crêem que não existe nenhuma verdade na ou sob a tradição cristã e que temos, portanto, de reinventar a Igreja na medida em que cooperamos com ou a serviço dos ideais e desejos que temos, quaisquer que sejam eles.

Há ainda os que acreditam ter recuperado a própria fé original, a religião do Jesus amoroso, inclusivo, que não julgava ninguém e aceitava todo mundo (com a exceção dos protocapitalistas e dos religiosos tradicionalistas da época), cuja mensagem de tolerância foi distorcida pelo farisaico Paulo e cuja história foi reescrita por líderes eclesiásticos misóginos, racistas e homofóbicos posteriores, de sorte que pudessem continuar a oprimir as mulheres, negros e homossexuais.

Não importa como expliquem a evolução, os liberais têm sempre que chegar à conclusão de que a tradição cristã tem pouca autoridade formativa e nenhuma autoridade para ser obedecida, e que as novas verdades que vislumbram têm de substituir aquelas ainda asseveradas pelos cristãos ortodoxos. A ortodoxia, na melhor das hipóteses, está fora de moda — mas é perigosa e não tão divertida. Não é pitoresca: é uma inimiga do bem, de Deus e da liberdade e liberação humana.

Se estiverem certos aqueles que não podem ou não querem explorar áreas anteriormente proibidas nem arriscar a perda de todas as certezas, que não se abrem aos novos movimentos do Espírito Santo, que querem se apegar ao sentido pleno de textos antigos, e que se estribam na tradição da igreja para que lhes diga o que disser, não têm o direito de definir a doutrina e a disciplina da igreja. Não se pode permitir aos que laboram em erro que limitem a crença aceitável àquilo que em dias menos complicados era chamado de “ortodoxia”. Certamente não se pode lhes permitir que expulsem os liberais nem mesmo que os restrinja ou iniba.

Conservadores confusos

Os conservadores cristãos às vezes ficam confusos porque todos os cinco tipos de liberais tendem a manter as formas tradicionais (verbais e estruturais) da religião. Os liberais estão sendo perfeitamente razoáveis ao utilizá-las no mesmo instante em que rejeitam o conteúdo que anteriormente possuíam.

O povo gosta de liturgia e sente a necessidade de elevar orações a algo que esteja acima de si; uma hierarquia é um bom modo de se administrar uma igreja, especialmente se você chegou no topo; aquelas velhas doutrinas são metáforas úteis; as histórias bíblicas dão boas ilustrações; doutrina e história fazem parte da herança e, portanto confortam os anciãos; os edifícios são belos, e é financeiramente compensador. Tal deferência para com a tradição, claro, é algumas vezes conveniente. Por exemplo, quando bispos que não dão a mínima para o que os pais da igreja disseram sobre a ordenação ou a moralidade defendem o intrometimento na vida de seus paroquianos ao apelarem para o conhecimento patrístico do bispo (ou àquilo que pensam ser o conhecimento patrístico).

Os liberais atuam geralmente a partir de um tipo de conservadorismo. Ao perceberem que a tradição é portadora da nossa memória comum e que assegura a nossa identidade como comunidade, eles acham que os cristãos modernos podem manter a liturgia patrística e a ordem hierárquica e até mesmo as afirmações doutrinais do Credo Niceno, ao mesmo tempo em que crêem que Jesus é apenas um caminho para o deus percebido vaga e incompletamente por todas as religiões, inclusive a nossa, ou enquanto ignoram o ensinamento moral específico da Bíblia em favor de um mandado generalizado para amar, ou rejeitam o ensinamento paulino da primazia pela leitura equivocada de Gálatas 3:23.

O liberal seria tolo se abrisse mão das grandes vantagens de ser membro de uma antiga, rica e respeitada denominação só porque ele sabe mais que os outros membros da sua igreja os quais, segundo a sua natureza, são normalmente complacentes, ignorantes ou reacionários. Afinal de contas à igreja é deles tanto quanto dele.

Para os cristãos liberais, a sua igreja é a instituição terrena que leva adiante esse processo de descoberta, evolução e crescimento, e que, portanto, devem permanecer nela com uma clara consciência. Do seu ponto de vista não precisam deixar a igreja só porque “seguem na frente” de uma compreensão mitológica da realidade codificada no seu passado, conhecida agora, como inadequada ou equivocada, por uma vanguarda iluminada de seus membros (eles mesmos). Na verdade, se estiverem certos, devem permanecer na igreja para usarem o seu status, riqueza e autoridade para trazerem mais membros à iluminação. Ao ajudarem a igreja a ver novas verdades crêem que estão ajudando-na a limpar as águas, não a enlameá-las. Ao aceitarem novas verdades, mesmo ao custo da perda de velhas certezas, eles estão agindo com integridade.

Isso agora faz sentido. É lógico e se encaixa nos fatos. Pode-se crer nisso. Aceite a premissa de que a verdade evolui e cresce e você poderá inovar e rejeitar o tanto que quiser sem a necessidade de modificar as suas lealdades institucionais. Você pode ser um Episcopal, Presbiteriano ou Católico-romano leal mesmo rejeitando parcial ou totalmente aquilo que os seus predecessores sustentaram, pois você tem um melhor conhecimento que o deles, ou vive em uma era diferente da que eles viveram. Os liberais estão sendo perfeitamente lógicos e agindo com completa integridade ao recusarem deixar as suas igrejas somente porque não aceitam alguns ou todos os seus ensinamentos tradicionais.

O problema

O liberalismo cético tem, portanto, uma integridade toda sua. Os liberais não estão fazendo de conta, estão pelejando por uma visão de mundo alternativa com as armas que têm à mão. É uma posição embasada num princípio. O problema — que muitos conservadores não vêem ou não querem ver — é que esse liberalismo de princípio existe dentro das mesmas igrejas onde igualmente existe uma ortodoxia de princípio diferente, e as igrejas não são meras coleções de pessoas diferentes, mas a comunhão de certas regras, deveres e objetivos comuns que não permitem diferenças tais e tão profundas entre regras, deveres e objetivos.

Uma igreja não é um clube no qual um barão ladravaz e um comunista podem conversar genialmente sobre baseball ou sobre o clima, tampouco um grande prado onde ovelhas e bodes pastam juntos sem perturbar um ao outro. Na figura liberal da igreja, que tantos conservadores têm aceitado, a comunidade é mais essencial do que a doutrina. A igreja se parece mais com um time que precisa vestir o mesmo uniforme, participar dos mesmos jogos e encestar na mesma cesta. Pode ser um time muito ruim, cujos jogadores quase sempre se esquecem das jogadas e detestam passar a bola, mas ela tem que ser um time.

Isso está expresso na imagem que o Novo Testamento faz da igreja como o Corpo de Cristo. Uma igreja é um corpo, não um monte de braços, pernas, tórax e cabeças espalhados pela sala. É um corpo projetado para se mover, e movimento exige que haja unidade e coordenação das partes. Tem de haver uma Cabeça á quem todos os membros obedecem em coordenação uns com os outros. A crença de que a igreja é uma coleção de pessoas que obedecem apenas a si mesmas assume que cada joelho pode fazer o que quiser, e o pé pode fazer o que quiser, e o corpo ainda assim caminha.

O sentido para os cristãos ortodoxos

A integridade do liberalismo significa que ao passo que os cristãos ortodoxos devem respeitar alguns liberais mais do que respeitavam antes, devem também apartar-se deles muito mais profundamente. Ou, mais exatamente, devem reconhecer a divisão que as suas diferenças de princípio criam. Eclesiásticos liberais não estão fingindo para poderem ser constrangidos em público e ignorados até que se arrependam, assim como crianças de maus modos. Antes, são soldados de um exército antagônico com ordens de tomar o terreno que nos foi dado junto com a ordem para que o defendamos.

É por isso que os cristãos ortodoxos têm de compreender a natureza da comunhão e saber aquilo que eles estão dizendo e fazendo ao permanecerem em comunhão com os que são tão fundamentalmente contrários à revelação cristã. Falando claro: como podem se assentar à mesa do Senhor com os que não crêem no Senhor, ou que dizem crer Nele, mas que não crêem naquilo que Ele ou Seus porta-vozes autorizados dizem? Quebrar a comunhão é simplesmente conceder aos cristãos liberais a grande gentileza de os levar a sério e de acreditar que o que intentam é mesmo aquilo que afirmam. (É uma gentileza que alguns deles, é claro, podem não desejar).

Os liberais não estão confusos, não são ignorantes, não estão enganados nem fazem de conta: estão comprometidos com o entendimento coerente e completo daquilo que significa ser um cristão. Tal fé não é ortodoxa. O problema não é que os liberais tiram conclusões equivocadas dos postulados e princípios que partilham com os que se mantêm fiéis à tradição cristã; o problema é que mantêm postulados e princípios diferentes e incompatíveis e agem e falam de acordo com isso.

Em sendo assim, os cristãos ortodoxos não podem simplesmente declarar que os liberais devem somente ser honestos sobre o seu ceticismo e deixar a igreja, e então (quando não a deixam) continuam a levar as suas vidas jungidas perversamente à deles na intimidade da comunhão. A única coisa a fazer com os liberais é respeitá-los por suas convicções, e, por essas mesmas convicções, excomungá-los.


* Diretor de publicação da Trinity Episcopal School for Ministry e editor da revista acadêmica Mission & Ministry do seminário. Editou uma coletânea de ensaios dobre C. S. Lewis, The Pilgrim’s Guide: C. S. Lewis and the Art of Witness (Eerdmasn, 1998) e está trabalhando num volume da série titulado Woth Doing Badly: G. K. Chesterton and the Art of Witness. É também o editor chefe da Touchstone e o correspondente americano da revista inglesa New Directions. “Seja justo com os liberais” (Be Fair to the Liberals) apareceu na edição de dezembro de 1988 da revista Chronicles: A Magazine of American Culture. Artigo traduzido por Marcos Vasconcelos.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Um reformado que viveu confuso...

Utilizo o pensamento de Heráclito que cunhou da seguinte forma o pensamento humano: “não se pode entrar no mesmo rio duas vezes”. Se você coloca o pé no rio, na hora em que você puser seu outro pé, o rio já terá fluído adiante.

Para Heráclito o homem está em cada milésimo de segundo em estado de mudança, isso é verdade.

Acreditem que esta introdução foi simplesmente para dizer que deixei de ser pré-milenista dispensacionalista. Por muito tempo levantei esta bandeira, não consigo imaginar agora como pude fazer isso sendo um reformado. Numa conversa com um amigo – que por sinal tem uma vida acadêmica maravilhosa e está ingressando no doutorado em física – mudou alguns posicionamentos que eu tinha. Para a minha aprimoração em escatologia além de ler vários livros, eu recomendo a Sistemática do Pr. Franklin, ele trabalha muito bem sobre cada questão.

Reflexões...

O pensamento fundamental desnuda todas as nossas pressuposições, para podermos descobrir quais são falsas e até letais. O pensamento fundamental está interessado na diferença entre verdade e falsidade porque se importa com o bem e o mal. A antiga máxima ainda vale: “Vida não avaliada não vale a pena ser vivida”. Para qualquer pensador sério, especialmente para o que diz ser cristão, uma vida não avaliada não é uma opção válida. O que não posso é não pensar. Não pensar é impensável.

Merece algum crédito?



Olha a foto do camarada. As aparências enganam.

Origens políticas...

Niveladores e Cavadores *

Foi na Inglaterra, na efervescência da Guerra Civil do século XVII, que encontramos entre os niveladores e os cavadores as manifestações mais sistemáticas do pensamento não-capitalista protestante. Os como liberais-sociais, e os últimos como socialistas.

O Partido Nivelador existiu entre 1647 e 1650, formando inicialmente por pequenos artesãos e agricultores, que compunham o grosso do exército de Cromwell, contando com o apoio dos elementos mais politizados das camadas populares. Do ponto de vista religioso, eram membros das igrejas independentes e se opunham à forma presbiteriana e episcopal. Liderados por John Liburne e Richard Overton, transformaram o movimento da ala esquerda do exército revolucionário em uma proposta política de um radicalismo democrático, uma democracia de classe média. Foram considerados os precursores do liberalismo revolucionário dos séculos XVIII e XIX.

Os niveladores defendiam uma reforma constitucional, o sufrágio universal da população masculina, a independência do parlamento e a redistribuição de cadeiras de modo a assegurar uma representação mais eqüitativa, bem como a decretação de direitos que protegessem os cidadãos de abusos do parlamento. Alguns republicanos estavam entre eles. Defendendo uma sociedade mais justa, atacavam os privilégios da nobreza e as vantagens econômicas obtidas por meio de monopólio de comércio e monopólios profissionais.

O seu compromisso com a democracia é assim resumido:

A menos que a lei fosse formulada com o consentimento do povo e a menos que o homem estivesse representando no órgão que a formulou, de que modo poderia ele ser corretamente obrigado a cumpri-la? E de que modo pode estar um homem representado a menos que tenha na escolha de seus pensamentos? (SABINE, 1964, vol II, p. 483).

Os cavadores, ou comunistas, foram uma dissidência minoritária do Partido Nivelador, considerados sua ala esquerda, que se denominavam “verdadeiros niveladores”. Em sua visão progressista, defendiam a proposta de uma igreja como instituição da educação popular.

O partido criou uma espécie de plataforma social – “uma plataforma de governo da comunidade” – uma sociedade utópica segundo os princípios da justiça, no qual afirmava: “Melhor para o homem não ter o corpo do que não poder alimentá-lo”.

Em seu utopismo proletário, procuravam mostrar a incompatibilidade entre a espoliação econômica e os ideais democráticos. Daí sua ênfase mais econômica do que política, sua insatisfação com o mero fortalecimento do parlamento. Coerentes com a defesa do princípio da propriedade comum como “estado natural” do homem, ocuparam, em 1649, terras devolutas para distribuí-las entre os pobres (embora um ano depois viessem a ser expulsos).

Considerados precursores dos socialistas utópicos, não há dúvidas quanto ao caráter comunista de sua proposta econômica.

O cavador inferia que a propriedade privada em si mesma constituía a principal causa do mal e de todas as formas de abusos e corrupção social. As causas de todo mal eram a inveja e a cobiça, a primeira das quais deu origem à propriedade privada, ao passo que a segunda engendrava a supremacia de um homem sobre os outros, todos os tipos de derramamento de sangue e a escravidão das massas, reduzidas à pobreza pelo sistema de salários e forças a sustentar, com seu próprio trabalho, o poder que as oprimia. Conseqüentemente, a maioria dos males sociais e vícios humanos poderia ser eliminada com a destruição da propriedade privada, especialmente a da terra. (SABINE, 1964, vol II, p. 487).

Somente quem conhece a história da esquerda-comunista-socialista saberá que todo argumento da esquerda é contraditório a sua própria ação.

Os comunistas foram os que mais se enriqueceram as custas do povo. Enquanto eles comem somente carne de peixe, de porco e galinha, os ditadores perversos têm tudo do bom e do melhor. A própria história das ações esquerdistas denunciam contra eles mesmos.

* Este assunto é aprofundado pelo teólogo e escritor Robinson Cavalcanti, na sua obra “Cristianismo & Política”.

O legado político de Francis Schaeffer


por Marvin Olasky

Resumo: Negligenciar questões políticas e legais é “absolutamente utópico num mundo caído”.

Quem é a figura mais importante por trás da eleição e reeleição de George W. Bush? Num nível, Karl Rove, um homem de profunda visão. Num nível mais profundo, um teólogo do qual a maioria dos americanos nunca ouviu falar: Francis Schaeffer, que 50 anos atrás fundou na Suíça um santuário evangelístico chamado L’Abri.

Durante os próximos 25 anos, Schaeffer mudou a vida de muitos jovens rebeldes e infelizes que paravam em L’Abri e encontravam um pastor intelectual que lidava com suas perguntas mais difíceis. Ele resumiu suas respostas em livros notáveis como “Deus Que Intervém” e “Morte da Razão”, e então se voltou para assuntos políticos em seu livro “Como Viveremos?”

Publicado em 1976 e então transformado numa série de filmes, o livro “Como Viveremos?” — juntamente com a ação do Supremo Tribunal dos EUA que decidiu legalizar o aborto em 1973 — impulsionou muitos evangélicos para o envolvimento em questões políticas e culturais. Schaeffer resumiu de modo brilhante a história da civilização ocidental e explicou problemas na filosofia, ciência e cultura. Ele concluiu que se os cristãos permanecessem longe dos debates políticos e culturais, a civilização ocidental desapareceria para sempre.

Num livro seguinte, “Manifesto Cristão” (1981), Schaeffer argumentou que:

“O povo dos Estados Unidos tem vivido sob o consenso judaico-cristão por tanto tempo que agora achamos que os valores judaico-cristãos são uma realidade que não dá para arrancar da sociedade… Esquecemos o motivo por que temos um equilíbrio positivo entre forma e liberdade no governo, e o fato de que temos tais tremendas liberdades sem que essas liberdades levem ao caos. A maioria de nós se esqueceu de que nenhuma dessas liberdades é natural no mundo”.

Continuando, Schaeffer descreveu dois caminhos, e não predisse qual predominaria mais adiante na estrada. Ele escreveu no começo da década de 1980:

“O primeiro caminho é o fato de que os conservadores começaram a se mobilizar durante a eleição presidencial de 1980 nos Estados Unidos [e ajudaram na vitória de Ronald Reagan]. Com essa eleição, há uma oportunidade exclusiva nos Estados Unidos… e precisamos aproveitá-la de todas as formas que pudermos como cidadãos, como cidadãos cristãos da democracia em que ainda temos liberdade”.

Ele deixou claro que: “Não estamos de modo algum falando sobre algum tipo de teocracia… No Antigo Testamento, havia uma teocracia por ordem de Deus”, mas agora “não devemos confundir o Reino de Deus com nosso país” Ele enfatizou que “os Estados Unidos foram fundados com base num consenso cristão”, e que “hoje devemos agir para que os princípios judaico-cristãos sejam representados no governo. Mas isso é bem diferente de uma teocracia nominal ou real”.

Ele enfatizou a importância de trabalhar politicamente para manter as oportunidades do primeiro caminho, pois do contrário acabaríamos no segundo caminho: seríamos levados a ter um governo autoritário dominado por uma elite legal e tecnológica. No segundo caminho, algumas pessoas se envolveriam em desobediência civil ou até mesmo pesada, e isso refrearia os próprios perigos desse caminho. Schaeffer disse:

“Falar de desobediência civil é de assustar, pois há tantos indivíduos estranhos e desequilibrados por aí… Esses indivíduos se inclinarão, em seu desequilíbrio, a fazer exatamente o contrário da atitude de considerar o melhor meio no melhor tempo e lugar”.

Schaeffer morreu em 1984, num momento em que alguns cristãos inflexíveis, que crêem que devemos viver separados da política, desprezavam envolvimento político como se isso fosse brincar com o diabo, e alguns românticos sentiam forte desejo do segundo caminho. No entanto, muitos evangélicos chegaram à idéia de que os líderes haviam absorvido os ensinos de Schaeffer, que então foram passados para milhões mais. O resultado foi que os evangélicos se organizaram politicamente e a exortação dos púlpitos impulsionou os evangélicos a ir às urnas, onde eles de modo esmagador votaram a favor de candidatos conservadores, inclusive George W. Bush. Karl Rove é um entre muitos que disseram que o voto evangélico fez a diferença.

Já que Schaeffer saudou a eleição de Ronald Reagan como presidente dos EUA, ele teria aplaudido os resultados da eleição presidencial de 2004, [em que Bush venceu]. Ele veria grandes perigos na manipulação genética e lamentaria a continuação do holocausto do aborto legal. Mas creio que ele nos aconselharia a trabalhar muito em favor do sucesso político do primeiro caminho, pois negligenciar questões políticas e legais é “absolutamente utópico num mundo caído”.

William F. Buckley Jr.


Hoje em dia homens como este estão em falta.

Infelizmente a ala conservadora tornou-se covarde.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Pastores x Lobos...

A incoerência é tamanha nos recém ordenados para o ministério. Passaram quatro anos no seminário negando a ressurreição de Cristo, Trindade, Divindade de Cristo e agora querem ser pastores. Hipócritas! Com medo de passarem fome, não terem outra perspectiva na vida viverão uma farsa que se Deus assim quiser logo virá a tona. Com apóstatas eu não dou nem bom dia, quanto mais chamar de irmão ou amigo de ministério. Os estragos que estes pastores tem feito no Rio de Janeiro tem sido alarmante. Estes pastores-lobos são tão artistas que conseguem disfarçar com os seus rostos angelicais. Como disse Paulo – até o Diabo se disfarça de anjo de luz.

Tudo o que for possível para não permitir que estes lobos assumam ministério deve ser feito. Denuncie. Vá ao concílio do cidadão. Desmascare os impostores. A Igreja precisa de gente séria. A Igreja precisa de gente que valoriza a obra de Cristo e não esses liberais que estão sorrateiramente entrando no ministério pastoral.

Precisamos estar atentos. Vamos ser mais criteriosos quando convidarmos alguém para pastorear uma igreja de Cristo.

Egoísmo versus altruísmo

por Percival Puggina em 24 de março de 2008

Resumo: Entre o céu e a terra, no coração dos homens e nos caminhos de Deus, existe muito, mas muito mais do que simples balcão de interesses. Não é apenas o egoísmo que move a humanidade. Felizmente.

É comum ouvirmos que o egoísmo representa forte estímulo à conduta produtiva, constituindo-se numa virtude social, ao passo que o altruísmo seria nocivo porque o desprendimento que lhe é inerente não gera impulsos à produção ou ao consumo. Na mesma linha, afirma-se (há livros escritos nesse sentido) que o egoísmo faz bem e o altruísmo seria uma perversão avessa à natureza humana.

Obviamente, o interesse particular, o zelo pelas próprias coisas, a provisão para o futuro e assim por diante, constituem fermentos indispensáveis à mobilização de energias individuais em cuja ausência a sociedade não prospera. Mas o egoísmo está sempre associado ao desinteresse pelos demais, e não se confunde com aquelas características dos indivíduos prudentes. Consultórios de psicólogos e terapeutas estão lotados de pessoas egoístas, inaptas para o amor, e de suas vítimas.

Trata-se, como se vê, de gravíssima confusão conceitual que torce e retorce o conceito de egoísmo para dele retirar umas poucas gotas de perfume e joga no lixo o vidro inteiro do altruísmo como se estivesse seco e inservível. Interesse próprio é bom e faz bem. Leão XIII, na profética Rerum Novarum (1891), deixa claro, ao condenar o comunismo, que a falta do interesse próprio levaria esse sistema ao fracasso por privar “o talento e a habilidade de seus estímulos” e, como conseqüência, “estancar as riquezas em sua fonte”. E aponta o inevitável resultado: “em lugar da igualdade tão sonhada, tem-se a igualdade na indigência e na miséria”. Isso foi escrito um quarto de século antes da Revolução Russa.

O ensino cristão recomenda "amar ao próximo como a si mesmo", o que já é difícil. E não exige amar ao próximo mais do que a si mesmo, coisa reservada a uns poucos seres extraordinários que alcançaram elevadíssimo estágio de desapego e generosidade. Se nos deixássemos empolgar apenas pelos benefícios do interesse próprio e rejeitássemos como antinatural a conduta oposta, como qualificaríamos o padre Maximiliano Kolbe que se ofereceu para morrer em lugar de um chefe de família, no campo de concentração onde ambos estavam prisioneiros? Aquilo foi altruísmo. E o fato de sermos incapazes de um gesto assim não nos autoriza a retirar dessa conduta seu elevadíssimo mérito. O padre Kolbe foi canonizado há uns dois anos.

Esse amor ao próximo não envolve um sentimento afetivo. Sua melhor expressão está na narrativa evangélica do Bom Samaritano, que socorre um viajante que fora assaltado, ferido e jogado à margem da estrada. Alguns passaram por ali e nada fizeram, mas o samaritano agiu efetivamente em seu favor. Isso é o sentido efetivo e não apenas afetivo do amor. O samaritano sequer conhecia a vítima do assalto. Com efeito, quem só cuida do seu próprio interesse e julga que nisso realiza a perfeição do próprio ser, numa situação desse tipo faz como o levita e o sacerdote que passaram pela pessoa ferida e seguiram adiante porque o problema não lhes dizia respeito.

Entre o céu e a terra, no coração dos homens e nos caminhos de Deus, existe muito, mas muito mais do que simples balcão de interesses. Não é apenas o egoísmo que move a humanidade. Felizmente.

Eu fui abortada!


por Gianna Jessen em 21 de março de 2008

Resumo: Depoimento de uma sobrevivente ao aborto.

Sabe-se que "um dos problemas" dos abortos é que às vezes o bebê nasce vivo e tem de ser morto fora do útero — muitas vezes sufocado na placenta ou, então, jogado ao lixo.

Contudo, há casos em que o bebê não só nasceu vivo, mas também sobreviveu. O texto a seguir é o testemunho de uma menina que sobreviveu ao aborto. Esse depoimento foi feito na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, em 22 de abril de 1996.

O meu nome é Gianna Jessen e tenho 19 anos. Nasci na Califórnia, mas atualmente vivo no Tennessee.

Fui adotada e tenho paralisia cerebral. A minha mãe verdadeira tinha 17 anos e estava grávida de sete meses e meio quando decidiu fazer um aborto por solução salina. Eu sou a pessoa que ela abortou. Mas em vez de morrer, sobrevivi.

Felizmente para mim, o médico aborteiro não estava na clínica quando nasci com vida, às 6h da madrugada de 6 de abril de 1977. Nasci prematura: a minha morte não estava prevista para antes das 9h, altura em que o aborteiro deveria começar a trabalhar. Tenho a certeza de que não estaria aqui hoje no caso de o aborteiro estar na clínica, pois o seu trabalho é matar — não é salvar. Algumas pessoas disseram que eu sou um aborto de carniceiro, um aborto falhado.

Houve muitas pessoas que presenciaram o meu nascimento: a minha mãe e outras moças novas que estavam na clínica à espera da morte de seus bebês. Disseram-me que isso foi um momento de histeria. Próximo estava uma enfermeira que aparentemente chamou a emergência médica e eles transferiram-me para um hospital.

Fiquei naquele hospital mais ou menos três meses. No princípio não havia muita esperança, pois eu pesava somente 900g. Hoje, já sobreviveram bebês menores que eu.

Certa vez um médico disse-me que eu tinha um grande desejo de viver e que eu lutava pela minha vida. Acabei por sobreviver e sair do hospital sendo entregue a uma babá. A minha paralisia cerebral foi atribuída ao aborto.

Disseram à minha babá que era muito duvidoso que eu chegasse a engatinhar ou andar. Nesse ponto, eu não me conseguia sentar sem ajuda. Graças às orações e à dedicação da minha babá e, mais tarde, de muitas outras pessoas, acabei aprendendo a sentar-me sozinha, a engatinhar e a ficar de pé. Comecei a andar com muletas pouco antes dos 4 anos. Fui legalmente adotada pela filha da minha babá, Diana De Paul, alguns meses depois de começar a andar. O serviço de assistência social não me permitia ser adotada antes disso.

Continuei a fisioterapia por causa da minha deficiência e, depois de quatro intervenções cirúrgicas, posso agora andar sem ajuda. Nem sempre é fácil. Algumas vezes caio, embora depois de cair durante 19 anos tenha aprendido a cair graciosamente.

Estou contente por estar viva. Quase morri. Todos os dias agradeço a Deus pela vida. Eu não me considero um subproduto da concepção, uma massa de tecidos, ou qualquer um dos títulos que dão às crianças em gestação. Eu não considero que as pessoas concebidas sejam alguma dessas coisas.

Conheci outras pessoas que sobreviveram a um aborto. Todas são gratas pelo dom da vida. Há alguns meses atrás, conheci outra menina que sobreviveu a um aborto por solução salina. Chama-se Sara. Tem dois anos e tem também paralisia cerebral. Ela é cega e tem muitas cicatrizes. O aborteiro, além de injetar a solução no útero da mãe, injeta também no bebê. A Sara foi injetada na cabeça. Eu pude ver em que parte da cabeça isso lhe foi feito. Quando falo, faço-o não somente por mim, mas por todos os outros sobreviventes, como a Sara, e por aqueles que ainda não podem falar…

Hoje, um bebê só é bebê quando vem na altura certa. Quando a altura não é certa, é um monte de tecidos ou outra coisa qualquer. Um bebê é um bebê quando um aborto espontâneo ocorre aos 2, 3 ou 4 meses. Um bebê é tecido ou massa de células quando o aborto é provocado aos 2, 3 ou 4 meses. Porque isso é assim? Eu não vejo diferença nenhuma. Que diferença vêem os senhores? Muitos fecham os olhos…

Para defender a vida a melhor coisa que eu lhes posso mostrar é a minha vida. É um grande dom. Matar não é a solução para nenhum problema ou situação. Mostrem-me que matar é solução.

Há uma citação na parte de cima de um dos edifícios do Capitólio que diz: "Aquilo que é moralmente errado não pode ser politicamente correto". O aborto é moralmente errado. O nosso país está derramando o sangue de inocentes. Os Estados Unidos estão matando o seu futuro.

Toda vida tem valor. Toda a vida é um dom do nosso Criador. Temos de receber e cuidar dos dons que nos foram dados. Temos de honrar o direito à vida.




Divulgação e adaptação ao português do Brasil: www.juliosevero.com

Fonte: Algarve pela Vida

Engenharia da confusão

Olavo de Carvalho

O psicólogo russo Ivan Pavlov ( 1849 - 1936 ) demonstrou que a estimulação contraditória é a maneira mais rápida e eficiente de quebrar as defesas psicológicas de um indivíduo (ou de um punhado deles), reduzindo-o a um estado de credulidade devota no qual ele aceitará como naturais e certos os comandos mais absurdos, as opiniões mais incongruentes.

Isso funciona de maneira quase infalível, mesmo que os estímulos sejam de ordem puramente cognitiva e sem grande alarde emocional (frases contraditórias ditas numa seqüência camuflada, de modo a criar uma confusão subconsciente). Mas é claro que funciona muito mais se o sujeito for submetido ao impacto de emoções contraditórias fortes o bastante para criar rapidamente um estado de desconforto psicológico intolerável. Esse mesmo desconforto serve de camuflagem, pois a vítima não tem tempo de averiguar que a contradição vem da fonte, e não do seu próprio interior, de modo que ao estado de aflição vêm somar-se a culpa e a vergonha. A reação automática que se segue é a busca desesperada de um novo padrão de equilíbrio, isto é, de um sentimento mais abrangente que pareça comportar em si, numa síntese dialética, as duas emoções inicialmente vivenciadas como contraditórias, e que ao mesmo tempo possa aliviar o sentimento de vergonha que o indivíduo sente perante a fonte estimuladora, que a esta altura ele toma como seu observador crítico e seu juiz.

Se o leitor examinar com certa atenção o discurso esquerdista, verá que ele procura inspirar no público, ao mesmo tempo, o medo e a compaixão. Esta dupla de sentimentos não é contraditória em si, quando cada um deles se coloca num plano distinto, como acontece na tragédia grega, onde os espectadores sentem compaixão pelo herói e medo da engrenagem cósmica que o oprime. Mas, se o objeto de temor e de compaixão é o mesmo, você simplesmente não sabe como reagir e entra num estado de “dissonância cognitiva” (termo do psicólogo Leon Festinger), a um passo da atonia mental que predispõe à subserviência passiva.

Digo medo e compaixão, mas nunca de trata de emoções simples e unívocas, e sim de duas tramas emocionais complexas que prendem a vítima ao mesmo tempo, tornando-a incapaz de expressar verbalmente a situação e sufocando-a numa atmosfera turva de confusão e impotência.

Na política revolucionária, a estimulação contraditória toma a forma de ataques terroristas destinados a intimidar a população, acompanhados, simultaneamente, de intensas campanhas de sensibilização que mostram os sofrimentos dos revolucionários e da população pobre que eles nominalmente representam. As destruições de fazendas pelo MST são um exemplo nítido: a classe atacada fica paralisada entre dois blocos de sentimentos contraditórios – de um lado, o medo, a raiva, o impulso de reagir, de fugir ou de buscar proteção; de outro, a compaixão extorquida, a culpa, o impulso de pedir perdão ao agressor.

Não é coincidência que a primeira descrição científica desse mecanismo tenha sido obra de um eminente psicólogo russo: o emprego da estimulação contraditória já era uma tradição no movimento revolucionário quando Ivan Pavlov começou a investigar o assunto justamente nos anos em que se preparava a Revolução Russa. Seus estudos foram imediatamente absorvidos pela liderança comunista, que passou a utilizá-los para elevar a manipulação revolucionária da psique às alturas de uma técnica de engenharia social muito precisa e eficiente, capacitada para operações de grande porte com notável controle de resultados.

Nas últimas quatro décadas, com a passagem do movimento revolucionário da antiga estrutura hierárquica para a organização flexível em “redes” informais com imenso suporte financeiro, o uso da estimulação contraditória deixou de ser uma exclusividade dos partidos comunistas e se disseminou por toda sorte de organizações auxiliares – ONGs, empresas de mídia, organismos internacionais, entidades culturais -- cuja índole revolucionária não é declarada ex professo , o que torna o rastreamento da estratrégia unificada por trás de tudo um problema muito complexo, transcendendo o horizonte de consciência das lideranças empresariais e políticas usuais e requerendo o concurso de estudiosos especializados. Em geral, os liberais e conservadores estão formidavelmente desaparelhados para enfrentar a situação: esforçam-se para conquistar o público mediante argumentos lógicos em favor da democracia e da economia de mercado, quando o verdadeiro campo de batalha está situado muito abaixo disso, numa zona obscura de paixões irracionais administradas pelo adversário com todos os requintes da racionalidade e da ciência.

Em artigos vindouros ilustrarei o emprego da estimulação contraditória por vários “movimentos sociais”: feminista, gayzista, abortista, ateísta, ecológico, etc.

Agora é tarde

Olavo de Carvalho

Muitas vezes um escritor, se é escritor genuíno e não apenas um vendedor de si mesmo, tem de escolher entre dizer a verdade e ser persuasivo. Isso acontece quando a verdade que ele encontra é tão inusitada e chocante que não pode amoldá-la nem aos hábitos mentais nem às preferências do público. Se ademais ela é também complexa e obscura, tudo o que ele pode fazer é tentar verbalizá-la o mais fielmente possível, sem buscar ser aprovado pela maioria ou compreendido por todos. Ele terá então de escrever só para as pessoas inteligentes e honestas, que não são abundantes em parte alguma do universo -- e as demais o considerarão, na mais branda das hipóteses, um pedante empenhado em humilhá-las.

Nas últimas décadas, creio ter sido o único escritor brasileiro que viveu essa experiência, pois os outros, repetindo mensagens previamente aprovadas pelo consenso do seu grêmio e da platéia, podiam esmerar-se em tornar esse alimento costumeiro cada vez mais fácil de absorver, ao ponto de derreter na boca sem ser preciso mastigá-lo.

A verdade que encontrei é dura, temível e repugnante: há uma revolução comunista em marcha no continente, prometendo reencenar aqui a tragédia do Leste europeu, e fazê-lo sob os mesmos pretextos edificantes usados lá. Na implementação desse projeto macabro colaboram centenas de partidos políticos, ONGs, quadrilhas de narcotraficantes, seqüestradores e assassinos, bem como vários governos da América Latina, incluindo o nosso. É a maior articulação revolucionária que já se observou no mundo, e a entidade que a promove, o Foro de São Paulo, permaneceu durante dezesseis anos sob o manto do segredo protetor, estendido sobre ele pelo cinismo da desconversa governamental e pela solicitude abjeta da mídia cúmplice.

A expressão “verdade inconveniente” foi tão prostituída pelo sr. Al Gore que reluto em usá-la, mas não há outra para explicar a tempestade de ódio que se abateu sobre mim por ter contado essas coisas. Se os políticos que lucraram com o silêncio, e os chefes de redação que tentaram calar a minha boca, e os leitores que me insultaram, e os presumidos experts em América Latina que usaram o peso da sua autoridade como tampão para impedir o vazamento dos fatos tiverem algum dia de me pagar reparações, sem dúvida me tornarei milionário um dia antes de ficar senil.

Mas o dano que sofri dessas criaturas é nada, rigorosamente nada, em comparação com o mal que fizeram ao seu país e a toda a América Latina. Agora, que a verdade rejeitada finalmente se impôs aos olhos de todos e os seus detalhes escabrosos começam a saltar incontrolavelmente como pulgas, o continente está em pé de guerra e o nosso governo já tomou posição, provando que é, como eu sempre disse que era, aliado incondicional das Farc, de Hugo Chávez, da ditadura cubana e, enfim, de tudo o que não presta.

Ao longo desses anos, dezenas de milhares de pessoas morreram sob o impacto da criminalidade crescente, do narcotráfico, das guerrilhas -- e a maré montante da violência revolucionária, longe de arrefecer, ameaça agora subir mais alto ainda, com a eclosão da guerra longamente preparada pelo sr. Hugo Chávez e pelas Farc, tramada nos encontros do Foro de São Paulo sob o sorridente patrocínio do nosso presidente da República.

Tudo isso poderia ter sido evitado, bastando que os formadores de opinião cumprissem o seu dever em vez de xingar e boicotar quem o cumpria. Agora é tarde. Tudo o que eles podem é elevar a farsa à segunda potência, passando a falar do assunto com ares de quem o viesse fazendo há séculos.

A negação da existência e das atividades do Foro de São Paulo foi um crime comparável à negação do Holocausto, guardadas, é claro, as proporções, mas ressalvado também o fato de que uma buscou encobrir os horrores do passado, a outra os horrores presentes e futuros.

Incompetência homicida - No ano passado, dengue já havia matado mais do que acidente da Gol

Por Reinaldo Azevedo

O ministro José Gomes Temporão está fazendo de conta que a dengue é um problema que se agravou drasticamente em 2008, como se tivéssemos experimentado, em 2007, o paraíso. Será? Só se for para o mosquito. O Jornal Nacional informou nesta terça — e são dados oficiais do próprio Ministério da Saúde: morreram no ano passado, de dengue, em todo o país, 158 pessoas. Isto mesmo: 158! Nada menos de 61 das vítimas fatais eram crianças. Quatro pessoas a mais do que matou o acidente da Gol, que, por justos motivos, tanto constrangeu e chocou o país.

O que uma coisa tem a ver com a outra? Gosto pelo escândalo? Não! Apenas chamo a atenção para uma tragédia pela qual só choraram os familiares das vítimas, que não consternou o país. Os dados estavam mais ou menos difusos. O ministro José Gomes Temporão e seus cabelos mais negros do que as asas da graúna apareciam tão serelepes querendo fazer plebiscito sobre o aborto e demonizando a Igreja Católica, que todos chegamos a pensar que ele já havia matado os mosquitos. Mas não. Pessoas é que haviam morrido.

Se eu fosse um desses petralhas vagabundos, diria qualquer coisa como: “É que só choramos as mortes de quem anda de avião; esquecemos o povo”. Mas eu não sou. A morte decorrente da incompetência oficial, no ar, na terra ou mar, deve ser sempre lastimada, sejam as vítimas pobres ou ricas.

Assim, a situação do Rio é, nada menos, do que uma tragédia anunciada. Ninguém podia alegar ignorância, muito menos o ministro Temporão. Fora de controle a doença já estava. Agora, a situação se extremou.

É claro que os casos ocorridos no Rio acabam tendo mais visibilidade. Por razões óbvias, a mídia também está mais presente, não é? E então assistimos à mobilização de emergência — necessária, sim, mas também prova de um desempenho melancólico do Ministério da Saúde. Prefeitura e governo do Estado têm a sua cota de responsabilidade. Mas a coordenação desse trabalho sempre foi da Saúde. A causa das mortes, como quase sempre quando as vítimas se contam em várias dezenas, é a omissão do poder público. Incompetência mata.

O resto é firula para tentar transferir o ônus da tragédia.

Susto...

Como disse num post abaixo, fiz uma viagem para Brasília – lugar este que teve um surto de febre amarela. Quando cheguei no Rio – lugar este com surto de dengue – comecei a ter uma indisposição. Dores no corpo, ânsia de vomito, e outras coisas mais. Fiquei com medo. Passei o dia de repouso e todas as pessoas com que falava pedia oração. Por isso, quero agradecer as pessoas que intercederam por mim, tudo não passou de um susto, assim espero. O meu quadro agora é estável e me sinto bem melhor em comparação ao dia anterior. Valeu meu povo.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Comentário...

Se você tem alguma dúvida sobre os estudos, me diga.

Se caso você encontrar dificuldades para postar o comentário diretamente pelo blog, você pode me mandar um e-mail que é: christopheremirely@yahoo.com.br.

O orkut da minha esposa é: Mirely é só procurar e você encontrará.

Você é quem diz...

Se você tem alguma sugestão, crítica ou acréscimo para este blog, pode dizer. Quero saber o que você pensa, e isso me ajudará no aperfeiçoamento deste blog. Manda os comentários.

Congresso de avivamento – “Aviva – Igreja”

Nesse feriado participei de um excelente congresso com os jovens da Terceira Igreja Batista do Plano Piloto em Brasília.

O tema do congresso foi “Avivamento”, muito bem escolhido diante dos maléficos movimentos que abordam este assunto. Foram momentos maravilhosos. Os jovens se apresentaram diante de Deus, numa busca sincera e verdadeira para que Deus realizasse as mudanças necessárias em cada vida. Muitos me procuraram demonstrando o quanto Deus tinha operado nos seus corações. Muitos sentiram Deus os chamando para o ministério pastoral e missões. Deus fez algo especial no meio daqueles jovens.

O meu coração está marcado pela vida de cada um e principalmente por tudo que vi e ouvi da parte Deus no congresso.

Externo a alegria do meu coração pela juventude da Terceira Igreja Batista do Plano Piloto em Brasília.

Vocês são maravilhosos e merecem a nota mil.

Na providencia de Deus espero um novo encontro.

Abraços,

Christopher Marques
Os estudos seguem em ordem cronológica de acordo com as ministrações.

O efeito da ação graciosa de Deus em nosso favor

Este sermão foi preparado para o congresso, mas não preguei. Portanto, deixo a disposição para o estudo dos congressistas.


Efésios 2:4-6


A maneira de Deus se relacionar conosco é maravilhosa. Ele sem dúvida alguma sabe cativar e quebrar barreiras. Numa posição tão elevada de Santo, Soberano, Rei, Glorioso, Ele se importa conosco. Estes atributos não são empecilhos para Ele se manifestar como Deus gracioso. Independente de toda sua majestade, Ele nos atrai para junto de Si.

A ação de Deus é digna de nota. A riqueza de sua misericórdia cobre todas as nossas imperfeições. Ele nos olha através da sua graça e misericórdia em Cristo.

A forma enfática de Paulo em dizer “Mas Deus [...]” estas palavras são a única esperança de todos os pecadores deste mundo! Este Mas Deus introduz o amor e misericórdia de Deus frente ao homem perdido.

Vejamos como esse amor se manifesta em compaixão misericordiosa, perdoadora e ativa. Ele atua de três formas; e lembremo-nos de que essas formas descrevem o poder supremo de Deus demonstrado na ressurreição de Cristo. Porque o mesmo poder que se opôs às forças da morte, no túmulo de José de Arimatéia, e ressuscitou Jesus dentre aqueles mortos, é a mesma força, diz Paulo aos Efésios, que transformará a situação do homem morto em delitos e pecados, escravizado às forças satânicas e condenado à ira eterna. Essas três formas são expressas por três palavras, ou três frases que marcam toda esta passagem.

Se a cruz fosse entendida, muitas queixas que se levantam contra a providência de Deus seriam silenciadas. Muitas sessões de aconselhamento no gabinete pastoral seriam interrompidas pela aplicação do significado da cruz.

O efeito desta graça é...

1) A manifestação do amor de Deus – [v.4]

Nada menos do que a intervenção de Deus pode trazer-nos à vida espiritualJoe Nesom

É impossível superestimar a importância da cruz de Cristo. Pois se pensarmos a respeito da necessidade da cruz, do significado da cruz, da pregação da cruz, da ofensa da cruz ou do caminho da cruz – apesar de podermos pensar a respeito disto – em todo caso o que estamos dizendo, e devemos dizer, é que a cruz é central para o Cristianismo. Na verdade, dizemos mais. Dizemos que sem a cruz de Jesus Cristo não há um verdadeiro Cristianismo. Quem consegue entender a cruz corretamente, entende a Bíblia e entende Jesus Cristo.

O estado que amor nos alcançou – Esta era a má condição de toda a humanidade. Mas Deus a interrompeu. Em forte contraste com a necessidade e pecaminosidade do homem, e indo de encontro a tal necessidade e pecaminosidade, surge o amor de Deus, e a ação que procede de Sua compaixão. Ele, não é só misericordioso, ao mostrar Sua compaixão para com aqueles que são totalmente indignos e imerecedores; como também é rico em misericórdia. E essa misericórdia procede do amor, Seu grande amor com que nos amou. Há um desejo profundo do coração de Deus pelos homens – o pronome “nos significa tanto judeu como gentio – para que sejam restaurados para o mais alto e para o melhor plano de vida, conforme o que antes Ele planejou para os homens; e assim mostrou-se cheio de misericórdia, e agiu em graça para com eles.

Deus não nos abandonou no lugar em que naturalmente nos encontramos, incapacitados pelo pecado e incapazes de nos salvar, mas concede-nos a graça para que possamos ser curados, perdoados e restaurados.

A graça é um favor generoso e totalmente imerecido que Deus concede à humanidade, por meio do qual esse processo de restauração pode ser iniciado. A natureza humana necessita ser transformada pela graça de Deus, tão generosamente concedida.

Reflita sobre isso. Foi no momento quando os homens desta terra não davam importância para a pessoa santa de Deus, Deus decidiu entregar o seu precioso filho nas mãos de homens maus.

Ele foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” [Rm 4:25].

A morte de Jesus não foi em vão. Ela foi para nos salvar, nos justificar de nossos pecados, de nossos atos de desobediência, de afronta contra a pessoa de Deus. Quero que você saiba, por mais que você possa fugir de Deus ela está na sua captura, Deus é caçador de homens, sabe porque ele faz isso? É porque somos preciosos para ele, somos o seu maior investimento, em toda criação de Deus não houve nada mais que trouxesse tanta alegria ao seu coração, quando ele fez a mim e a você.

Mas agora, em Cristo Jesus, vocês que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo” [Ef 2:13].

Não existe nenhum Deus que age desta forma, você não vai encontrar em nenhum nome alguém que é capaz de te salvar. Deus exerceu na carne de seu filho esta pena de morte que deveríamos sofrer – “Porque, aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne, Deus o fez, enviando seu próprio filho, à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne” [Rm 8:3].

Foi isso que Deus permitiu que Jesus passasse para acabar de uma vez por toda com o pecado na carne.

O efeito desta graça é...

2) A vida que Cristo compartilha conosco – [v.5]

Nos deu vida juntamente com Cristo

A palavra juntamente é utilizada para exprimir uma união com Cristo. A idéia é de que, seja qual for a origem racial ou nacional dos homens que se chegam a Cristo, eles são trazidos a essa nova vida de comunhão com todos em Cristo.

Quero trazer a etimologia do grego para esta palavra no seu sentido original. O que esta frase diz é, que somos co-vitalizados e vitalizados com Cristo. Se nós em nossa morte nos reconhecermos como mortos, podemos nos aliar com o corpo inerte de Jesus no túmulo de José para sentirmos a mesma força que levantou Jesus para a novidade de vida. A nossa morte em pecado é cancelada pela mesma força que cancelou o poder que deteve Jesus na pedra daquele túmulo que abrigou o nosso Senhor crucificado.

O amor eterno ou a boa vontade de Deus para com as suas criaturas é a fonte de onde fluem todas as suas misericórdias para nós; este amor de Deus é um grande amor, e a sua misericórdia é uma misericórdia rica.

Cristo não ressuscitou como um ser isolado. Portanto, assim como por meio de Adão a morte e o pecado não ficaram somente para ele, sendo que atingiu toda a humanidade. Assim, segue-se que Cristo, que é o antítipo, não ressuscitou simplesmente visando a si próprio. Porque Ele veio restaurar tudo quanto foi danificado em Adão.

Cristo não morreu nem ressuscitou por causa de si próprio, mas por nossa causa. Portanto, sua ressurreição é a substância da nossa. E o que foi efetuado Nele deve ser levado à conclusão em nós também.

A proposta de Paulo é que a sua vida não é mais direcionada por você e nem pela sua vontade depravada. A sua vida ganha um novo valor na ótica de Cristo, ou seja, você é alguém em Cristo. A sua vida tem valor e sentido em Cristo. Toda beleza e preciosidade da sua vida residem em Cristo e ganha um valor incomparável por causa da glória de Cristo que irradia em você.

A graça na alma significa vida nova na alma. Um pecador regenerado chega a ser uma alma vivente; vive uma vida de santidade, sendo nascido de Deus. Vive, sendo livre da culpa do pecado pela graça que perdoa e justifica. Os pecadores revolvem-se no pó; as almas santificadas sentam-se nos lugares celestiais, elevadas acima deste mundo pela graça de Cristo.

John Wesley, que talvez tenha sentido bem mais do que nós o poder do pecado em sua vida, a força da morte no seu ser, procurou por todos os meios encontrar a saída, mesmo depois de ser missionário na Geórgia; mas não encontrava a resposta: “Como posso compartilhar dessa vitória? Como posso sentir a força da ressurreição em minha vida? Como posso ter vida juntamente com Cristo?” E ninguém conseguia explicar-lhe. Ele perambulava cada vez mais desesperado, sentindo que teria de deixar o ministério (ele já era ordenado, servia e pregava, mas não sentia essa vitória). E um dia, num pequeno recinto na rua Aldersgate, em Londres, ouviu umas palavras da introdução aos Romanos, escritas por Lutero, que diziam que a fé é a operação de Deus em nós. E ele sentiu, naquele instante: “Fé é Deus falando em mim, é Deus apelando para si mesmo, através de mim. É Deus levantando a minha mão para receber aquilo que Ele quer me dar”. E naquele instante ele caiu de joelhos e empolgou toda aquela reunião com a declaração de que, agora sim, ele entendia o que era fé!

Aqueles que nutrem sua esperança na história da graça viverão sua vida para a glória de Deus. A fidelidade de Deus supera todas as imperfeições do homem.

O que deve ser proclamado, é que a essência do cristianismo prático é o triunfo da graça sobre a impotência decaída do homem.

O efeito desta graça é...

3) A esperança eterna – [v.6]

Juntamente com ele nos ressuscitou

Crer na ressurreição do Senhor dentre os mortos e na sua ascensão ao céu fortalece a nossa fé com uma grande esperança ” [Santo Agostinho]

Este poder da ressurreição é uma força que transforma, do interior para fora, todo o nosso ser. Eu sou a mesma pessoa que era antes desta força se aplicar na minha vida, mas também não sou a mesma pessoa. Quando Agostinho, depois de lutas difíceis para vencer as forças e paixões da sua carne, estava sendo chamado por sua amante, do outro lado da rua, depois da sua conversão: “Vem Agostinho! Agostinho, aqui estou”; ele disse: “Mas eu não estou aqui!” A força da ressurreição é tão transformadora, que mudou até a própria aparência de Jesus. Muitos não reconheceram Jesus. O poder da transformação da ressurreição é imenso, ele opera no velho corpo, escravo, miserável, filho da ira.

A ressurreição é a força que conquista o pecado, a morte a força satânica, e a ira de Deus. Este poder está todo aí a nosso alcance porque Cristo venceu todas estas forças escravizadoras. Ele foi identificado com o nosso pecado, sendo que Deus o fez pecado por nós [2 Co. 5:21]. Deus, para não nos imputar os nossos pecados, imputou-os a Cristo, e seu Filho, por não conhecer o pecado, foi feito pecado por nossa causa. Deus fez que Cristo se tornasse pecado com os nosso pecados, para que pudéssemos nos tornar justos com a justiça de Cristo.

Somos totalmente dependentes de Deus para a nossa salvação, desde o começo até o fim de nossas vidas.

Não devemos ver a cruz como derrota, e a ressurreição como vitória. Antes, a cruz foi à vitória ganha, e a ressurreição, a vitória endossada, proclamada e demonstrada.

Toda a visão pessimista da vida após a morte foi anulada pelo triunfo de Cristo. Não há mais temor. Não há mais insegurança do mundo porvir. Nada pode nos dar tanta esperança do que a ressurreição de Cristo que é o nosso passaporte para uma vida completamente satisfeita na presença do nosso eterno Senhor que decretou a morte da morte.

I Coríntios 6:14 – “Por seu poder, Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará

Conclusão

Não precisamos esconder tudo o que é feio e repulsivo em nós. Jesus não veio para o superespiritual, mas para o vacilante e o enfraquecido que sabem que não tem nada a oferecer, e que não são orgulhosos demais para aceitar a esmola da graça admirável. A demonstração prática da lei da graça – é uma nova chance na vida. A graça é um favor generoso e totalmente imerecido que Deus concede à humanidade. É a cura para sanar a doença da nossa alma que pode nos lançar no inferno. A graça é a verdadeira forma redentora da presença divina de Cristo que atua dentro de nós, transformando-nos, portanto, é uma ação interna e ativa. O que deve ser entendido é que a graça é a força libertadora que livra a natureza humana da escravidão do pecado a que está sujeita. Calvino dizia que a graça é um antídoto contra a corrupção de nossa natureza. Nossa salvação é decorrente do pacto da graça, através do qual Deus confiou seu povo ao seu Filho.

Deus não nos ama porque somos bons, mas porque somos seus filhos

Graça Ativa

Uma Oração Puritana

SENHOR JESUS, EXCELENTE SUMO SACERDOTE,
Abriste um novo e vivo caminho,

pelo qual uma criatura caída pode achegar-se a ti e ser aceita.
Ajuda-me a contemplar a dignidade da tua Pessoa,

a perfeição do teu sacrifício,

a eficácia da tua intercessão.

Oh, que bênção se segue à devoção,

quando em meio a todas as provações que me exaurem,

os cuidados que me corroem,
os temores que me perturbam,
as enfermidades que me oprimem,

Posso vir a ti em minha necessidade

e experimentar paz que ultrapassa o entendimento!
A graça que restaura é vital para preservar-me,

guiar-me, guardar-me, suprir-me, ajudar-me.
E aqui teus santos fomentam minha esperança;

foram um dia pobres e agora são ricos,

presos e agora estão livres,

provados e agora, vitoriosos.

Cada nova obrigação exige mais graça do que a que agora possuo,

mas não mais do que se possa achar em ti, o tesouro divino

em que habita toda a plenitude.
A ti corro para receber graça sobre graça,

até que se preencha cada vácuo deixado pelo pecado

e eu esteja cheio de toda a tua plenitude.
Sejam meus desejos ampliados e minhas esperanças alimentadas,

para que eu te honre pela minha total dependência

e pela excelência da minha expectativa.
Sê comigo e prepara-me para todos

os sorrisos da prosperidade, as carrancas da adversidade,

as perdas de coisas importantes, a morte de amigos,

os dias de trevas, as transformações da vida

e a última e maior de todas as transformações.
Que eu ache tua graça suficiente para todas as minhas necessidades.

O tempo presente e as suas correntes de pensamentos

Lucas 12: 54-56 – “Dizia também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede; e quando vedes soprar o vento sul dizeis; Haverá calor; e assim sucede. Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?

Redescobrindo a união entre a doutrina e o fevor espiritual

Sempre que alguém pretende passar algum tempo no exterior, esperamos que essa pessoa aprenda a língua do país de destino. Mais ainda, isso se faz necessário se quiser comunicar-se de fato com as pessoas com as quais estará convivendo. Teria de aprender ainda outra linguagem – as formas de pensamento das pessoas daquele país. Somente assim ele terá real comunicação com elas.

Assim é com a Igreja Cristã. Sua responsabilidade não se limita aos princípios básicos da fé cristã, pautados pelas Escrituras, cabe-lhes ainda a comunicação destas imutáveis verdades “dentro” da geração na qual ela vive. Se quisermos comunicar a fé cristã de forma eficiente, precisamos conhecer e compreender os modos de pensar da nossa própria geração.

Sem dúvida, as crises e os confrontos nos levam para uma atitude de defesa e ataque. Ora, somente quem é cego não consegue enxergar os ferozes ataques que sofremos desta sociedade atolada no pecado nas áreas da intelectualidade, da emoção, espiritual e moral.

Panorama histórico

Tenho que fazer um corte histórico bem sintetizado.

Eu quero focar alguns acontecimentos que desencadearam a postura da nossa era. Porque a nossa sociedade tem um baixo padrão moral? Ético? Social? Espiritual? Intelectual? Porque a nossa sociedade parou de pensar? E onde a igreja entra nesta história? Porque a nossa sociedade é robotizada, ou seja, ela precisa que alguém dê a voz de comando e dite o que ela precisa fazer?

Uma breve passagem no período do Iluminismo – Este período ficou marcado por sua bandeira – “Iluminação para todas as mentes”. Era o momento da humanidade despertar do seu sono profundo. Era o momento para mente, ou melhor, a razão tomar o lugar. Quando digo tomar o lugar, deve ficar claro que este período é posterior a Idade Média. Do século VI até o século XV ficou marcado pela influencia de pensadores da Idade Média ou período da “Idade das Trevas”. Homens como Atanásio de Alexandria e Santo Agostinho influenciaram todo este período. Logo depois temos o famoso Santo Anselmo que nasceu na cidade italiana de Aosta, em 1033. De família nobre, fora destinado pelo pai à carreira política, mas escolheu a vida monástica. Recebeu excelente educação e foi considerado um dos melhores latinistas de seu tempo. Depois em 1225 nasce Tomás de Aquino em Campânia (Itália). Homem fabuloso que publicou verdadeiros tratados teológicos. Citado e recomendado pelo antigo Papa João Paulo II. Outros homens como Tomás de Kempis e Bernardo de Claraval foram considerados os mais ilustres pensadores deste período. Agora fica uma pergunta – porque Idade das Trevas? Este nome foi dado pelos filósofos racionalistas do século XVII e XVIII. Para tais filósofos era impossível ser racionalista, ou seja, ser alguém que de fato usa o cérebro e pensa em Deus ao mesmo tempo. Os teólogos e filósofos da Idade Média coadunaram todos os seus conhecimentos filosóficos, astrônomos, e estudos formidáveis sobre o cosmos, e, diga-se de passagem, que não deixaram a desejar em nada para os pensadores posteriores, mas eles não deixavam Deus de fora dos seus pensamentos.

O Cristianismo e a Ciência

O interessante é que ciência moderna, em seus primórdios, foi iniciada pelos que viviam no consenso e de acordo com o Cristianismo. Homens como J. Robert Oppenheimer (1904-1967), por exemplo, mesmo não sendo cristão, contudo percebeu isto. Ele disse que o Cristianismo foi necessário para o surgimento da ciência moderna. É digno de nota que o Cristianismo foi necessário para o surgimento da ciência moderna, pelo simples fato de ter criado um clima de pensamento que colocou o homem em uma posição propícia para investigar a forma do universo.

Jean-Paul-Sartre (1909-1980) afirmou que a questão central da filosofia é que algo existe e não que nada existe. Não importa o que o homem pense, terá que lidar com o fato e o problema de que alguma coisa está aí. E de fato, existe algo aí sobre o que pensar, com que lidar e para investigar, o qual tem realidade objetiva. O Cristianismo dá a certeza da realidade objetiva e das relações de causa e efeito, uma certeza suficientemente sólida para construir-se nela. Tanto o objetivo quanto à história, a causa e o efeito, existem de fato.

Fé e Ciência

Os primeiros cientistas compartilhavam da perspectiva do Cristianismo, que crê na existência de um Deus inteligível, que criou um universo inteligível; e assim, o homem através do uso da sua razão, pode descobrir a forma do universo. Homens como Francis Bacon (1561-1626), Copérnico (1475-1543), Galileu (1564-1642), Kepler (1571-1630), Faraday (1791-1867) e Maxwell (1831-1879). É uma questão muito própria perguntar se os cientistas de hoje, que operam sem nenhuma destas garantias e motivações, iriam, ou poderiam, dar à luz a ciência moderna. Os primeiros cientistas modernos alimentavam a convicção, em primeiro lugar, de que Deus proporcionou o conhecimento ao homem através da Bíblia – conhecimentos acerca do próprio Criador e também acerca do universo e da história – e, em segundo lugar, que Deus e o homem não eram parte de uma engrenagem, e que poderiam afetar o trabalho da maquinaria de causa e efeito. Portanto, a origem da ciência moderna foi à mentalidade bíblica que norteou a mente dos pensadores da teologia, da filosofia e da astronomia daquela época.

Jonathan Edwards um homem fora do comum. Criado em um lar evangélico, isto o estimulou sobremaneira desde o início de sua vida a um grande fervor espiritual, tendo já desde a meninice grande preocupação com a obra de Deus e com a salvação de almas.

Ele começou a estudar o latim aos seis anos de idade e aos treze já era fluente também em grego e hebraico. Com dez anos, escreveu um ensaio sobre a imortalidade da alma e aos doze, escreveu um excelente texto sobre aranhas voadoras. Em 1720 com dezessete anos obteve o bacharelado na Universidade Yale, de fundação dos Puritanos em New Haven, iniciando em seguida os seus estudos teológicos nesta mesma instituição, obtendo o mestrado em 1722 com dezenove anos. Em seguida, assumiu uma cadeira de professor assistente em Yale, cargo que ocupou por dois anos. Em 1726, então aos 23 anos, assumiu o posto de segundo pastor na Igreja Congregacional de Northampton, Massachussetts; igreja esta que era pastoreada por seu avô Solomon Stoddard (1643-1729), a segunda maior da região, com mais de seiscentos membros, o que era praticamente toda a população adulta daquela localidade. Ele foi considerado um dos maiores filósofos norte-americanos. Ele não ocupou o lugar de Kant e outros filósofos simplesmente porque enveredou para a teologia, mas não deixou a desejar em nada.

O pastor Abraham Kuyper foi teólogo, professor e jornalista. Foi um dos maiores nomes da Igreja no século XIX. A suas mensagens causavam grandes impactos na sociedade. Ele enveredou para o caminho da política. Ele se tornou o primeiro ministro da Holanda. A sua política visava: a extensão do voto, o reconhecimento do Estado sobre o direito dos cristãos de conduzirem suas próprias escolas e uma legislação social que ajudasse a proteger o povo trabalhador. Sua teoria social e política da soberania de Deus sobre todas as esferas da vida humana é uma tentativa de limitar o poder de um Estado totalitário. Em seu pensamento, cada esfera da vida humana – família, igreja, Estado, trabalho, economia – tem sua própria área de responsabilidade, que é devida diretamente de Deus. Para ele, o cristianismo verdadeiro é mais do que um relacionamento com Jesus, que se expressa em piedade pessoal, freqüência à igreja, estudo da Bíblia e obras de caridade. É mais do que acreditar num sistema de doutrinas. O cristianismo genuíno é uma maneira de ver e compreender toda a realidade. É um sistema de vida, uma cosmovisão. Baseada na Escritura, a cosmovisão cristã pode ser resumida em quatro conceitos: a criação do universo e da vida; a queda no pecado, arruinando a boa criação de Deus; a obra de Deus para a redenção de pecadores e nosso chamado para aplicar esses princípios a todas as áreas da vida, criando uma nova cultura, antecipando a restauração de toda a criação. A cosmovisão cristã provê uma maneira coerente de viver no mundo, abarcando todas as esferas da Criação: da política à educação, passando pelo culto, vida em família, artes e ciência. Esta mentalidade é o resultado de uma vida dedicada à leitura bíblica, oração e o resgate da história.

Resumo do pensamento Iluminista

No início do século XVII temos o Iluminismo, que ficou conhecido por este clarão no pensamento da humanidade, e que teve também no seu discurso a liberdade e autonomia do homem. O grito do suposto triunfo era – “Não precisamos mais de Deus”. Toda esta crença num ser superior deve ser descartada. O homem é o próprio “deus”. Neste período estavam sendo feitas várias descobertas no campo da ciência, de humanas, da astronomia e da arte. Tudo isto era o fruto dominante do racionalismo. Para muitos o racionalismo era a cura da humanidade. Todas as calamidades, desgraças e vida fútil seriam preenchidas por uma nova raça de seres humanos superiores. Não é de espantar que Adolf Hitler baseou muito dos seus discursos no pensamento filosófico de Friedrich Nietzsche que tinha como um dos seus pensamentos a superioridade da raça. Hitler quis chamar esta raça de ariana, que na compreensão de Hitler diante de vários significados, ele optou pelo significado da raça branca. Diante disso tudo o que temos em 1939 é a explosão da segunda guerra mundial. O que ficou comprovado é que o racionalismo não era capaz de salvar e muito menos de curar a humanidade.

Um homem chamado Aldous Huxley complementou este pensamento de forma gigantesca. Foi ele que cunhou o termo “experiência de primeira ordem”. Para adquirir uma experiência de primeira ordem como esta, ele recomendava o uso de drogas. O ponto é que, no “inferior” – natureza – a vida não faz sentido, é vazia. Nos anos 60, as drogas eram injetadas para se obter uma experiência mística direta, que não tivesse relação com o mundo racional. Huxley defendia a esperança de que você pode induzir isso, por meio de drogas.

Pós-modernidade

Entramos num período depois destes acontecimentos, que é conhecido como pós-modernidade. De fato, este momento é bom e ao mesmo tempo mau. Bom porque temos a oportunidade de influenciar e despertar as pessoas. A humanidade está faminta e sofre nesta busca da salvação, e aqui quero aplicar o texto de Efésios 5:16 – “usando bem cada oportunidade, porquanto os dias são maus”. Mas o lado maléfico está na desconstrução de toda a história e tradição. A nossa geração desvaloriza o passado. Não há um retorno para aquilo que foi construído. Precisamos entender que tudo o que temos hoje não caiu do céu. Não somente os jovens, mas de um modo geral as pessoas não possuem um passado. Hoje é ser quadrado pensar em conhecer os nossos pais na fé.

Eu quero ler duas passagens bíblicas para entendermos melhor este significado, se quisermos um despertamento espiritual e uma transformação em todas as áreas da nossa vida, teremos que conhecer o que já foi feito na história. As passagens são as seguintes:

1) Josué 4: 1-7 – “Quando todo o povo acabara de passar o Jordão, falou o Senhor a Josué, dizendo: Tomai dentre o povo doze homens, de cada tribo um homem; e mandai-lhes, dizendo: Tirai daqui, do meio do Jordão, do lugar em que estiveram parados os pés dos sacerdotes, doze pedras, levai-as convosco para a outra banda e depositai-as no lugar em que haveis de passar esta noite. Chamou, pois, Josué os doze homens que escolhera dos filhos de Israel, de cada tribo um homem; e disse-lhes: Passai adiante da arca do Senhor vosso Deus, ao meio do Jordão, e cada um levante uma pedra sobre o ombro, segundo o número das tribos dos filhos de Israel; para que isto seja por sinal entre vós; e quando vossos filhos no futuro perguntarem: Que significam estas pedras? direis a eles que as águas do Jordão foram cortadas diante da arca do pacto do Senhor; quando ela passou pelo Jordão, as águas foram cortadas; e estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel”.

Fica clara a importância que há para Deus em ser transmitido os seus atos de salvação na história. Não há possibilidade para uma futura geração crescer sem esta divulgação dos marcos espirituais que Deus fez. Uma geração que não guarda a sua história, ela está fadada a ser esquecida. Os japoneses no século VIII d.C. foram os primeiros a elaborarem o livro. Toda sua forma e até mesmo o conceito de capa. Para esta cultura era de vital importância que fosse preservada e transmitida toda sua forma de existência para que as gerações posteriores soubessem da onde eles vieram e como chegaram até o exato momento.

2) Êxodo 20:12 – “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá”.

O texto não se prende somente a pai e mãe no sentido de paternidade e maternidade. O texto pode e deve ser entendido como pai espiritual e mãe espiritual. Aqui surge um grande problema. De fato, nós não temos honrado os nossos pais espirituais. Muitas pessoas não perduram tanto na vida propriamente dita como também na vida espiritual, por não reconhecerem todos os esforços que os nossos pais na fé fizeram. Um exemplo clássico aqui é o ministério pastoral. Quando o pastor deixa de pregar o evangelho, de ler e se aplicar naquilo que já foi produzido, e passa a interpretar a Bíblia particularmente, pois não há interpretação individual e particular, e este pastor deturpa a interpretação bíblica utilizando psicologia. Ele está simplesmente descartando mais de 2500 anos de história. E o pior de tudo, ele terá no banco da igreja teólogos e psicólogos melhores do que ele. Existe também uma classe de pessoas que sofrem de uma piedosa arrogância. Não sabem nada da Bíblia. Não sabem nada de teologia e todas as outras fontes do saber, porque para ela a Bíblia basta. Sim a Bíblia basta, mas quando este tipo de pessoa tem que lecionar na EBD ou num grupo qualquer da igreja, que tipo de material esta pessoa irá recorrer? De qualquer forma ela precisará de instruções, mas será que as fontes que ela irá utilizar merecem créditos? De qualquer forma ela deixará de honrar os seus pais espirituais, e o pior de tudo, o seu estudo ficará no esquecimento e não produzirá nenhum crescimento.

II Tessalonicenses 2:15 – “Portanto, irmãos, permaneçam firmes e apeguem-se às tradições que lhes foram ensinadas, quer de viva voz, quer por carta nossa

Um outro fator, é que as Sagradas Escrituras sempre estará contra o pensamento secular. A nossa sociedade descarta o ancião. Mas no texto de Êxodo e tanto no Novo Testamento na questão dos bispos e presbíteros, eles eram homens maduros na fé e na vida como um todo. A Bíblia resgata o valor do idoso. Daquele que tem mais experiência. A nossa geração não é grata a geração passada.

O pensamento que rege a nossa humanidade

Necessitamos hoje de ordem e paz no mundo, sendo estes uns dos problemas cruciais da atualidade. Nesse sentido, quero chamar a atenção para o fato de que a quebra dessa ordem e paz nos legou, só no último século, cerca de 300 milhões de pessoas mortas: 1/3 em guerras declaradas; 1/3 em repressões políticas e 1/3 em função de violência étnica e religiosa. Assim, essa questão estaria acima até de outros problemas modernos, tais como a disseminação do HIV e a criminalidade desenfreada em nossas metrópoles.

A busca de uma sociedade harmônica – ou a resposta à pergunta: “Como conviver com nossas profundas diferenças?” – têm se alinhado em duas vertentes ou visões principais, que são:

  • O Universalismo ProgressivoO Universalismo Progressivo seria o caminho advogado por aqueles que, partidários de forte ideologia ou crenças, procuram progressivamente universalizar o pensamento comum dos cidadãos. Essa busca pela universalização superaria até considerações éticas; os valores devem ser impostos; os métodos a serem aplicados seriam aqueles que funcionam.

Muitos procuram incluir o cristianismo nesta vertente, mas isso é um erro, pois o cristianismo verdadeiro não se alicerça, não se espalha ou se amplia por coação ou força externa, e sim por persuasão interna. A “espada” brandida por Jesus e seus seguidores é poder persuasivo da Palavra (Ef. 6.12 e Ap. 2.16) e não uma luta militar “contra carne e sangue”. Por exemplo, o cristianismo de Constantino – que decretou pela espada a conversão de todos os habitantes do império, não é a expressão real dos proclamadores das boas novas, mas uma distorção.

Nessa categoria, do universalismo progressivo, na realidade, se incluiriam o comunismo, o islamismo, os movimentos étnicos e tribais geradores de genocídios na África (como o massacre em Ruanda, que resultou na morte de 500 mil pessoas; e o massacre dos Zurgas, em Dafur, no Sudão, que resultou em um milhão de mortos, já neste século 21), e outros semelhantes. Certamente tal universalização por coação não é a resposta. A suposta “harmonia” gerada vem à custa da liberdade de consciência e da liberdade individual. As pessoas são reduzidas a meras peças de um jogo de xadrez no qual se busca a supremacia pela aniquilação do contraditório.

  • O Relativismo MulticulturalSe apresenta como sendo um caminho muito atraente. Parte da observação correta da existência de muitas culturas e especifica uma tolerância abrangente e eclética. Todos devem demonstrar tolerância às expressões da multiculturalidade, ou seja, aos valores e práticas específicas das diversas culturas, em suas áreas de manifestação, presença e influência.

O forçado “respeito cultural” e a tolerância multicultural que gera a tão solicitada harmonia, para que possamos conviver com as diferenças, vem a custo, mais uma vez, a dignidade do ser humano. Ela acolhe situações e ações que, por serem “culturais” devem permanecer ocorrendo, mesmo quando são inequivocamente condenáveis e erradas. Um exemplo disso seria a aceitação acrítica da mutilação genital feminina (a Anistia Internacional apresenta uma lista de 28 países africanos onde ela é normalmente praticada). Sendo que essas “manifestações culturais” não devem ser questionadas, como, por vezes, devem até ser “protegidas”. Ou seja, mesmo as pessoas de “outra cultura” que não possuem tais práticas, em prol da harmonia, devem se empenhar em defender a “liberdade” de quem as praticam. Tal harmonia sacrifica a ética inerente à própria humanidade.

A doença do século XXI

A crença prevalecente na segunda metade do século XX é que o homem está morto – e o próprio Deus também morreu. A vida se tornou uma existência sem significado, e o homem não passa de uma roda na engrenagem cósmica. O único escape para um mundo de vazio existencial são: drogas, absurdo, pornografia e loucura.

Este período tem como força motivadora o luto da razão. É uma era que pensar não faz muito bem. Surge a necessidade de utensílios que possam pensar em nosso lugar. Aí nós temos o desenvolvimento das máquinas – computador, robôs e outros aparelhos que minimizam o esforço do homem na área intelectual e principalmente na fé. Todas as inovações das igrejas no campo da fé e o grande aumento das seitas místicas, se deve a esta procura de ter algum contato com o superior, mas sem causar no homem uma responsabilidade com o aprendizado. Então, é muito mais conveniente ter utensílios do tipo – ferradura, sal grosso, Bíblia aberta em uma determinada passagem – que tudo isto irá livrar o ser humano do mal e garantir uma experiência com o sagrado, ou o divino. Para termos uma idéia melhor de como as coisas funcionam, somente na década de noventa nós temos praticamente em cada ano uma inovação teológica:

a) 90 – Ênfase em avivamento;

b) 91 – Dente de ouro;

c) 92 – Sopro do Espírito;

d) 93 – Guerra espiritual;

e) 94 – Teologia da prosperidade;

f) 95 – Riso santo;

g) 96 – Ganido santo;

h) 97 – Vômito santo;

i) 98 – G12;

j) 99 – Células;

k) 2000 – Igreja com propósito.

Por enquanto, sem fazer juízo de valores, mas qual é a razão de tantas novidades? Este mercado que a fé se tornou tem causado danos que às vezes são irreversíveis.

Vejam bem, que tudo isto são mecanismos para deixar o homem mais parasita, mais adormecido e muito mais longe da verdade que pode libertá-lo, sendo que, para chegar a este ponto de ser impactado pela verdade o homem precisa redescobrir o caminho de volta para a razão, mas para a razão bíblica. Porque a fé não é um mito. A vida cristã não está baseada numa espécie do nada. A Bíblia não é sem sentido. Tanto a fé, a vida cristã e as Sagradas Escrituras tudo isto tem lógica, e lógica racional das melhores. É um sistema interligado que faz o homem se despertar para a vida como um todo.

Conclusão

Precisamos redirecionar a nossa visão. Abrir a nossa mente. Clamar ao Senhor da glória que a sua presença em nós faça a devida diferença. A nossa presença neste mundo deve ser relevante e causar alguma transformação. Hoje foi apontada a calamidade humana. Todos os desvios e deturpações que fizeram e estão fazendo com o Evangelho. Cabe a nós a priorização de Deus e da sua Palavra em todos os âmbitos possíveis em que o homem esteja inserido. Deus tem que tomar o lugar de destaque e de prioridade na vida do homem.

Apostasia

Uma Oração Puritana

Ó SENHOR,

Quando os incrédulos mundanos te rejeitam,

e são abandonados por ti de tal modo que tu não mais os chama,

está nas tuas mãos os fazer voltar,

pois em tais períodos de apostasia geral

eles em alguma medida apostataram com o mundo.

Ó, quão livre é a tua graça

que os redime do perigo que os assedia

e os urge a perseverarem agarrando-se a ti!

Bendigo-te porque aqueles que se desviaram

podem retornar a ti imediatamente,

e serem bem-vindos sem que se lhes passe em rosto

toda a apostasia em que incorreram.

Confesso que este é exatamente o meu caso, pois ultimamente

tenho encontrado grande necessidade,

e estou privado de sentir a graça divina;

tenho estado grandemente angustiado de alma

porque não recorri adequadamente à fonte

que purifica de todos os pecados;

tenho trabalhado por vida espiritual,

paz de consciência, progresso na santidade,

muito mais por minha própria força.

Imploro-te, mostra-me a mão do todo-poderoso;

Dá-me crer

que tu podes fazer por mim muito mais do que peço ou penso,

e que, embora eu apostate, teu amor nunca irá me deixar,

mas irá me trazer de volta para ti com laços eternos;

dá-me crer que tu provê graça em meio a esta selva,

e não me lanças fora, enquanto me apoio no braço do meu amado.

crer que tu me fará andar com ele

pelos ribeiros de água no caminho reto,

no qual não tropeçarei.

Preserva-me solene, devoto, fiel,

descansando na livre graça por assistência,

aceitação, e paz de consciência.