domingo, 21 de outubro de 2012

UMA IGREJA RELEVANTE


A igreja é chamada do mundo, está no mundo, mas não é mundo, antes chama do mundo aqueles que devem pertencer à família de Deus.

A igreja só é relevante quando é totalmente diferente do mundo. A amizade da igreja com o mundo é um desastre.

Quando a igreja tenta imitar o mundo para atrair o mundo, ela perde sua capacidade transformadora.

A vida da igreja é sua primeira mensagem. É sua mensagem aos olhos. A igreja só tem uma mensagem, se ela tem vida. Sem testemunho não há proclamação.

A vida precede ao trabalho. O exemplo é mais importante do que a atividade.

Que instrumento nós temos nas mãos para fazer isso? O que não estamos fazendo que precisamos fazer? O que estamos precisando corrigir? O que precisamos deixar de fazer?

Sonho em influenciar nossa região multiplicando nossa mensagem. Sonho com os lares se transformando em agências de evangelização. Sonho com os nossos jovens sendo influenciadores nas faculdades e escolas. Sonho com os nossos empresários abrindo seus escritórios, fábricas, empresas para serem pólos de evangelização. Sonho com a influência do exemplo dos membros em suas frentes de trabalho.

UMA IGREJA RELEVANTE

Ao falarmos de igreja, precisamos falar na primeira pessoa do singular. A primeira do plural pode nos excluir pessoalmente.

Uma igreja relevante...
1.    Está fundamentada em Cristo Jesus

A essência da vida eterna é conhecer a Deus e a Jesus, o seu Filho eterno. Não há vida espiritual a parte de Jesus. Nossas cerimônias são vazias sem Jesus. Nossa religião é vã sem Jesus.

Jesus não é uma senda incerta, uma trilha insegura, um atalho duvidoso, uma estrada perdida, uma rota dentre outras, um caminho qualquer, mas o Caminho. Jesus é o caminho para o Pai. Fora dele ninguém pode chegar ao céu. Jesus é o único mediador entre Deus e os homens. 

Uma igreja relevante...
2.    Sofre com Jesus
      
Por que Jesus foi rejeitado? Porque ele cuidava dos rejeitados. Ele foi rejeitado porque a sua aparência era semelhante ao seu círculo de convívio. Qual era este círculo de convívio? Prostitutas, cegos, coxos, leprosos, pobres, marginalizados, analfabetos, beberrões, comilões, ladrões, etc. Quando a gente ama a Deus, ama ao próximo. Se converter a Deus é se converter ao próximo. É ter o olhar e as motivações mudadas para sempre.

Uma igreja relevante...
3.    Tem espaço para que todos exerçam seus dons
      
Isto significa que coletivamente a igreja tem um grupo de sacerdotes – ministros – para realizarem a obra de Deus. Todos os crentes verdadeiros são um sacerdócio santo; sagrado para Deus, serviçal para os demais, dotados de dons e graças. O mundo mede a grandeza pelo sucesso. Jesus a mede pelo serviço. Vida na comunidade cristã é vida de serviço aos outros. Jesus foi o Servo de Deus, Aquele que “não veio para ser servido, mas para servir” [Marcos 10.45]. Servi uns aos outros é, assim, um chamado a sair de si mesmo e dos seus problemas, e se dedicar aos outros.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Deus preserva a vida...


Como ser a favor da pena de morte se Deus é a favor da vida? Como defender o fim da vida se Deus preserva a vida? Somente uma morte foi o suficiente para apagar outras mortes - a morte de Jesus Cristo.

Se em Deus nos movemos, existimos e temos vida (Atos 17.28) e o pecado é uma ruptura deste princípio, pela lógica era para deixarmos de existir. A rebelião do ser humano contra Deus é uma afirmação de que não precisa de Deus para existir. Se usarmos o critério da racionalização Deus tinha que nos banir. Mas a graça de Deus contraria toda lógica. Em busca desta preservação Deus faz a manutenção do universo sustentando-o por seu perdão.

Transformando corretamente a nossa visão...


Apocalipse 5. 5-6

Temos aqui a visão do Reino de Deus. Para nós protestantes temos na Oração do Pai Nosso uma belíssima descrição sobre o Reino de Deus. Nessa oração encontramos duas descrições sobre o Reino de Deus:

  • Venha teu Reino...
  • ...porque teu é o Reino...
    • Aqui nós temos a compreensão de Reino de tudo o que Deus sustenta. Por isso, que podemos encontrar essa compreensão em Apocalipse 5.
    • Não há no céu, na terra e nem debaixo da terra: Esses três elementos é tudo o que tem e existe. Se não encontramos ninguém digno em todos esses três, não há possibilidade alguma de encontrar alguém que seja digno ou que tenha credibilidade para abrir o selo e que tenha acesso irrestrito a todas essas esferas.
Aparente contradição: O ancião viu um leão e o apóstolo João um cordeiro. Três possibilidades:

  1. O ancião não sabe a diferença entre leão e cordeiro.
  2. João olhou para o lado errado.
  3. A mesma pessoa é as duas coisas juntas e ao mesmo tempo.
Nós sabemos que a visão está correta porque Jesus – leão e cordeiro – abriu o selo e todos os anciãos, os seres viventes e anjos o adoraram e prestaram culto.

Aqui se apresenta uma informação importante. Esse leão-cordeiro não é do céu, não é da terra e não é nem debaixo da terra. Quem é este ser? Ele tem que ser anterior ao céu, a terra e tudo mais quanto existe. Ele necessariamente precisar ser igual aquele que está assentado no trono. Tudo porque aquele que está no trono não é do céu. O céu está em Deus. Deus não está em lugar nenhum. Deus é todo lugar.

A Escritura retrata Jesus, metaforicamente, como um leão e como um cordeiro. Quando analisamos sua vida, podemos ver claramente as características de ambos. Ele morreu na cruz como um dócil cordeiro e, ao mesmo tempo, reina sobre todas as coisas como um leão soberano.

Isaías descreveu o cordeiro desta maneira: “Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca” (Isaías 53.7).

Tudo o que vem ou nasce de Jesus é cordeiro. João não viu um leão, ele viu um cordeiro. Os discípulos de Jesus não o enxergam como leão, mas como cordeiro.

Por isso, a nossa transformação passa por uma consciência de um determinado tipo de vida e de um determinado tipo de espiritualidade – é a espiritualidade do cordeiro. É a espiritualidade do sacrifício e não a espiritualidade do leão. Não é a espiritualidade do poder, mas a espiritualidade do serviço. Não é a espiritualidade do comando, mas a espiritualidade do compromisso. Não é a espiritualidade do controle, mas a espiritualidade da autoridade. Não é a espiritualidade de quem assume pela força, mas a espiritualidade de quem atrai pelo sacrifício.

No entanto, Jesus era o rei. Quando Pôncio Pilatos perguntou a Jesus: “Jesus foi posto diante do governador, e este lhe perguntou: Você é o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu o dizes” (Mateus 27.11). Basta apenas uma palavra de comando de Jesus que até mesmo o mar revolto lhe obedece. A morte deixa cair suas cadeias ao som de sua voz. Montanhas e rios curvam-se diante dele. Jesus domina sobre céus e terra, e é o Rei dos reis (Mateus 28.18: “Então, Jesus aproximou-se deles e disse: Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra).

Para algumas pessoas, parece haver uma contradição entre as características de um leão e de um cordeiro. Contudo, Jesus viveu como os dois, em completa harmonia. Embora sejamos diferentes de Jesus, Deus quer ver em nós essas mesmas características. Deus nos chama de cordeiros: “Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós” (Isaías 53.6).

Nós somos como cordeiros, exatamente como Isaías nos descreve. Cordeiros não sobrevivem sozinhos, são fracos e precisam de alguém que os guie. Eles precisam de pastores. Quando se desgarram do rebanho não conseguem voltar sozinhos. Nós seres humanos, também somos assim: nós nos perdemos, precisamos de orientação. Não conseguimos viver por nossa própria conta, sem Deus.

Jesus disse: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (João 15.5). Esta é a verdade: não podemos fazer nada sem ele e dependemos dele em tudo. Jesus é a corda em que nos agarramos na busca da sobrevivência. Tudo vem do Senhor. Portanto, todos nós somos como cordeiros. Mas o que significa tornar-se como um leão?

O leão é o rei da selva. Ele é quem manda no reino animal. A Bíblia diz que os cristãos estão destinados a governar a terra e a julgar até mesmo os anjos (1 Coríntios 6. 2-3: “Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância? Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas desta vida!). Pedro diz que nós somos “sacerdócio real” de Deus (1 Pedro 2.9: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz). Essas palavras nos lembram que em nossas veias corre sangue real.

Diante de Deus, precisamos ser como cordeiros. Em nossos relacionamentos, precisamos agir com amor sacrificial. Mas contra o pecado, temos que ser como bravos leões.

Deus deu poder a Jesus para governar o céu e terra. Em nossa vida, também compartilhamos dessa autoridade divina, que nosso Senhor derramou e conferiu aos seus discípulos e a nós. Lucas 9.1: “Reunindo os Doze, Jesus deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar doenças”.

Com essa mesma autoridade, precisamos aprender a governar neste mundo. Não precisamos apenas nos adaptar ao nosso ambiente, mas precisamos também reinar sobre ele. Somente assim, derrotaremos a influência maligna neste mundo. Não podemos ser escravos do pecado. Precisamos reina sobre ele. Para isso, Paulo escreve aos Romanos 5.17: “Se pela transgressão de um só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo”.

Diante de Deus, portanto, devemos ser mansos como cordeiros, mas contra esse mundo, precisamos ser sacerdotes reais, com a majestade dos leões.

As ilusões tecnológicas e do conhecimento humano...


Apocalipse 3. 14-22

Alguns preferem a independência. O brado de D. Pedro I ecoa até hoje nos lábios de muitos cristãos – “Independência ou Morte!”. Declaradamente muitos assumiram a independência de Deus.
O verbo depender é bem sugestivo. Depender do que? Esta é a pergunta crucial que deve ser feita. Do que você depende? Onde está a ancora da sua vida? O que mantêm você firme?

  1. Será que somos o que parecemos ser? – [v.17]
·      Vivemos de aparência – Deve haver uma preocupação com o coração cada vez mais distante, mais abstrato, mais centralizado naquilo que não é Deus, mais dependente das propagandas e estímulos religiosos, mais interessado no consumo espiritual do que numa relação pessoal com Deus [1 Samuel 16.17 – “O Senhor, contudo, disse a Samuel: “Não considere sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração”].
·      As pessoas aparentam ser felizes, mas são infelizes – O medo, a ansiedade e a solidão são os sentimentos mais comuns numa sociedade tecnológica, individualista e burocrática. São mais comuns porque substituímos a intimidade pela tecnologia, acreditamos mais na burocracia do que nas pessoas e vamos nos tornando mais individualistas e menos afetivos. Diante deste quadro, o medo de amar, de não ser amado, do abandono, da traição, da morte e do fracasso intensificam-se, a ansiedade cresce e a solidão torna-se nossa companheira.
·      Aparenta ser rico, mas é miserável – O ateu crente é o que mais que cresce entre nós. Ele vai à igreja, canta, ora e chega até a contribuir. É religioso e gosta de conversar sobre os temas da religião. Contudo, a relevância de Cristo, sua morte e ressurreição para a vida e a devoção pessoal é praticamente nula. O ateu moderno não é mais somente aquele que não crê, mas aquele para quem Deus não é relevante.
·      Aparenta ter uma boa visão, mas é cego – Hoje, o ateu não é mais aquele que não crê, mas aquele que não encontra relevância para Deus na sua rotina. O novo ateísmo não precisa negar a fé; apenas cria substitutos para ela. Mantém o crente na igreja, mas longe do seu Salvador.
·      Aparenta usar uma roupa fina e moderna, mas está nu

 Até que ponto a nossa vida é real?

  1. Deus sendo substituído pelas coisas – [v.17 “não preciso de nada”]
·      Não será que vivemos numa era do determinismo tecnológico?

A tecnologia cria brinquedos que nos afastam da incoveniente presença de pessoas. É o lazer virtual. Não precisamos mais de um parceiro para jogar xadrez, tênis ou baralho: o computador faz isto com diferentes graus de dificuldade, permitindo até que você se irrite sem ofender alguém.
Jacques Ellul reconhece brilhantemente que a sociedade tecnológica vem substituindo a intimidade pela tecnologia. As máquinas, computadores, televisores e meios de comunicação vão substituindo as conversas de sala, o convívio da cozinha, o contato físico.

Não podemos ser tecnólotras e muito menos tecnofóbicos.

  1. Os riscos da independência de Deus – [vv.15-16]
·   Doença do século é a solidãoDeus nos criou, homem e mulher, à sua imagem e semelhança. Noutras palavras, fomos criados por Deus para, na semelhança com ele, nos relacionarmos, viver em comunhão. Intimidade é o nome que damos para esta forma de relacionamento.
·      O modo de viver é baseado no reflexo e não por reflexãoPara suprir a necessidade intrínseca da nossa humanidade na busca por intimidade, esta mesma sociedade que impõe sobre nós o medo, a ansiedade e a solidão usa os recursos da tecnologia, criando uma intimidade impessoal e ilusória. Os programas mais procurados na televisão são àqueles que expõem a intimidade de pessoas anônimas ou famosas. As revistas que mostram a intimidade da casa de uma personalidade, que descrevem os ambientes mais aconchegantes e mostram os cenários privados criam em nós a falsa sensação de intimidade.
·   Temos a nova “onda” de mais crentes e menos discípulosTornamo-nos mais dependentes de nós do que de Deus, acreditamos mais na eficiência do que na graça, buscamos mais a competência do que a unção, cremos mais na propaganda do que no poder do evangelho. Tenho ouvido falar de igrejas que são orientadas por profissionais de planejamento estratégico. Estudam o perfil da comunidade, planejam seu desenvolvimento, arquitetam seu crescimento e, de repente, descobrem que funcionam, crescem, são eficientes, e não dependem de Deus para nada do que foi planejado. Com ou sem oração a igreja vai crescer, vai funcionar. Deus tornou-se irrelevante. Tornamo-nos ateus crentes.
·     Os valores e decisões são estímulos externos e não internos – Como reação, tentamos criar alguma forma de intimidade, mas não sabemos fazer isto, a não ser através de novas técnicas. Precisamos de técnicas para um desempenho sexual mais satisfatório, de um manual que nos ensine os dez passos para conquistar uma pessoa, técnicas para uma boa amizade, para uma vida de oração, para um testemunho cristão eficaz, para ter um matrimônio perfeito, criar filhos felizes e obedientes, passos de como conseguir a plenitude do Espírito Santo e muitos outros “como fazer” que entopem as prateleiras das livrarias e o cardápio dos congressos. A sociedade moderna vem criando os métodos e as técnicas que reduzem nossa necessidade de Deus, a dependência dele e a relevância da comunhão com ele.

  1. Qual é a ilusão da tecnologia? – [v.17]
Presumimos que:

o   Se temos boa música, temos verdadeira adoração.
o   Se temos bons projetos, temos uma missão.
o   Se temos boa estrutura eclesiástica, temos uma boa igreja.
o   Se temos uma boa equipe de formação acadêmica e intelectual, temos uma boa funcionalidade e eficiência nos trabalhos da igreja.

Este é um novo quadro que começa a ser pintado nas igrejas cristãs. Saem de cena os grandes heróis e mártires da fé do passado e entram os apáticos e acomodados cristãos modernos. Aqueles cristãos que entregaram suas vidas à causa do Evangelho, que deixaram-se consumir de paixão e zelo pela Igreja de Cristo, que viveram com integridade e honraram o chamado e a vocação que receberam do Senhor, que sofreram e morreram por causa de sua fé, convicções e amor a Cristo, fazem parte de uma lembrança remota que às vezes chega a nos inspirar.

Jesus apresenta uma lista de conselhos para que sua igreja siga – [v.18 – “Dou-lhe este conselho”]

  1. Ouro refinado (puro) – Significa fé.
o   O que significa viver pela fé numa sociedade informatizada, tecnológica e globalizada?
o   As dinâmicas da vida tem as suas surpresas.
o   Sem fé não é impossível operar milagres. Sem fé é impossível agradar a Deus [Hebreus 11.1].
o   Agradar a Deus é viver como Cristo viveu.

  1. Roupas brancas – Significa santidade.
o   Santidade como separação e contraste.
o   A roupa revela uma nova identidade.
o   Uma nova roupa testifica que somos sal (preservação) e luz (revelação) do mundo.
o   Na troca da roupagem duas coisas estão em foco:
1.     A vida não é contida. Somos o reflexo daquilo que amamos.
2.     As convicções não são suficientes para confirmar o discipulado com Cristo.

  1. Colírio – Significa visão do Espírito Santo.
o   O Espírito Santo deve nos conduzir a verdade.
o   Os recursos desta sociedade produzem ilusão e maquia a realidade.
o   A visão do Espírito Santo é importante para nos tirar da Disneylândia da fé.
o   O “espírito deste século” produz uma visão deturpada do sucesso, segurança e prazer.
o   A visão do Espírito Santo nos leva a enxergar os acontecimentos à luz da eternidade.

A sutileza do novo ateísmo é que ele não precisa negar a fé, apenas cria substitutos para ela. Mantém o crente na igreja, mas longe do seu Salvador. Este ateu está muito mais presente entre nós do que imaginamos.

Ideologia: Eu quero uma pra viver


2 Crônicas 1. 7-12

Este texto de Salomão confirma que a fé não é apenas uma questão de uma crença interna e emotiva. O pedido de Salomão me leva a crer que acreditar em Deus, viver com Deus também é pensar.

O que é pensar? Pensar é um processo mental que acontece quando nos defrontamos com um problema que a vida nos propõe e que precisa se resolvido. Pensamos para resolver problemas. Sem o desafio dos problemas, o pensamento ficaria dormindo, inerte. O pensamento, assim, acontece quando um “não saber” nos desafia. Se alguém se julga possuidor da verdade, não pensa. Pensar, pra que?

Sobre o que pensamos? Estamos envolvidos por tantas coisas que já não sabemos mais no que pensar. Na verdade, os pensamentos já chegam prontos.

Se ideologia é um conjunto de crenças tidas como verdade. Ao invés de pensar, a ideologia repete as fórmulas.

Hoje temos a ideologia da propaganda comercial, eleitoral, relacional, etc. A vida acaba por ser formada por estas sugestões que recebemos diariamente.

Ciência e tecnologia, com toda sua soberba, imaginam trazer as variáveis da vida sob tutela. Infelizmente, as admiráveis conquistas médicas, meteorológicas ou cibernéticas permanecem longe, muito longe, de trazer significado e resposta para a razão da vida.

A idéia que passaram para nós não funcionou. As pessoas continuam mais vazias, mais frustradas, mais deprimidas e solitárias.

Chegamos acreditar que o mundo seria melhor com o crescimento da ciência e da capacidade criativa do ser humano. No entanto, percebemos que o ser humano continua no seu processo de autodestruição. Nós caímos numa mentira. A vida não se torna melhor com progresso humano. O mundo e o ser humano não estão no processo de evolução. Porque esta teoria afirma que o mundo se autodestruirá no final. Se é evolução precisa melhorar e não piorar.

Muitas pessoas estão desiludidas. Muitos estão desistindo da vida porque depositaram a sua esperança e a transformação da sua vida em mãos humanas falíveis.

Ideologia de vida é algo que todos deveriam ter, porque se você não tiver a sua alguém impõe uma pra você.

Mediante estas coisas, o que lhe faz viver? Qual é o seu sentido de vida? O que lhe dá significado para viver?

Nossa batalha é no campo das idéias, a verdade de Deus vencendo as mentiras dos homens, consequentemente do diabo.

Conhecer o evangelho é prioridade na vida cristã. Somos e devemos estar preparados para contestar qualquer indagação, pois muitos céticos, ateus e até irmãos nos perguntarão a razão de nossa fé.

É urgente a troca do verbo “converter” para “servir”. Os cristãos não foram chamados a convencer pessoas a respeito da vida e obra de Jesus através de argumentos persuasivos, mas demonstrar Jesus com nosso estilo de vida. O Cristianismo não é um conjunto de idéias – uma ideologia que se espalha pelo discurso, mas uma pessoa, que se expressa através do amor e do serviço dos seus seguidores.

Jesus não frusta seus planos e não o leva a desilusão. Em Jesus você pode ser o garoto que pode mudar o mundo. Servir a Cristo e viver a missão de Jesus neste mundo é revolução da melhor qualidade.

Utopias são possíveis. Por exemplo, eu espero por uma aurora em que os rios não infeccionem os oceanos. Que os peixes não morram asfixiados. Que o raiar do sol seja menos abrasador. Espero o despontar de uma era em que se acabem as fronteiras, os muros, as cancelas, os preconceitos, discriminação e o racismo. Em que o pobre seja tratado como gente e tenha saúde de primeira classe. Espero que surjam centenas de milhões de jovens que vivam através da paz a proclamação de um mundo possível de se viver com tolerância, respeito e dignidade. Que os instrumentos de tortura sejam destruídos para que não reste qualquer registro da maldade cometida em nome de ideologias, religiões ou regimes políticos. Espero que orfanatos não precisem manter uma criança por mais de um mês porque só existe fila de adoção. Que os idosos não experimentem solidão. Espero que o turismo sexual seja banido. Que se desarticulem os cartéis de droga porque a demanda acabou. Que pouquíssimos necessitem alterar o estado de consciência para tolerar a vida. E que os êxtases venham da grandeza da beleza, da bondade e da solidariedade.

Portanto, não seja um robô da ideologia mentirosa e cheia de ilusões que estão a sua volta. Veja a sua vida à luz da presença de Deus.

A história poderia ter sido diferente? Eis uma pergunta dificílima de ser respondida. Penso que você pode encontrar essa resposta em Deus.

Se a razão da minha vida não puder ser a razão da minha morte, então chegou à hora de rever minhas motivações.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Discernindo o tempo de Deus...



Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus (Filipenses 1.6)

A Bíblia fala claramente sobre essa habilidade, que é um dos frutos da educação no deserto. Em Issacar, uma das doze tribos de Israel, havia homens “conhecedores dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer, e todos os seus parentes sob suas ordens” (1 Crônicas 12.32). O que a Bíblia quer nos ensinar que é fundamental para seguir o caminho certo e fazer a coisa certa saber discernir o tempo da sua própria época e cultura.

Para que não soframos antecipadamente cabe compreender que Deus segue o seu próprio cronograma, não o nosso.

Toda vez em que não nos submetemos ao tempo de Deus, cometeremos erros gravíssimos. Exemplo, Abraão e Sara. Na tentativa de ajudar a Deus no cumprimento da sua promessa, eles optaram pelo atalho. Durante os trezes anos que se seguiram após o acontecido Deus não falou com Abraão. O filho que Abraão teve um filho com Hagar criou uma situação de conflito que dura até hoje.

Somos fascinados pelos caminhos mais curtos, seja para a solução de um problema econômico ou de um conflito relacional. Trilhar o longo caminho da obediência, da dignidade, do trabalho, da honra, do respeito, da formação do caráter, acaba, em um ou outro momento, esbarrando na pressa e na sedução dos atalhos.

Deus precisa nos domar. Ninguém nasce com essa virtude. Ela aparece como obra do Espírito Santo. Por qual razão a Bíblia diz em Números 12.3: “Ora, Moisés era um homem muito paciente, mais do que qualquer outro que havia na terra? Ele ficou simplesmente oitenta anos debaixo de um tratamento de Deus.

Não podemos nos mover enquanto Deus não dizer prossiga. Concordo que não é fácil. Até Jesus Cristo submeteu-se ao tempo de Deus Pai – João 2.4: “Respondeu Jesus: Que temos nós em comum, mulher? A minha hora ainda não chegou”.

Uma característica marcante das pessoas que são treinadas espiritualmente no deserto é a sua disposição de somente se moverem no tempo de Deus, de somente responderem a voz de Deus.

Um adesivo no vidro traseiro de um carro continha a seguinte frase: “Paciência, Deus ainda não terminou sua obra em mim”. Isto nos faz pensar sobre o processo lento e paciente com que Deus lida com nossas limitações e ambigüidades.

Deus, pacientemente, nos salva, redime e transforma. É um processo lento. Envolve nossas resistências, defesas, medos e incertezas. Queremos crescer, amadurecer, mas temos medo de dar um passo em direção àquilo que não conhecemos, de nos entregarmos nas mãos de Deus sem saber exatamente o que pretende fazer de nós. Tememos renunciar àquilo que nos parece tão seguro e confortável - como os hebreus que, diante dos riscos do novo, desejaram voltar para o Egito. A escravidão é mais segura do que a liberdade. No entanto, Deus segue pacientemente nos conduzindo para a terra da promessa, nos levantando quando caímos, dando força quando nosso vigor acaba, nos corrigindo quando erramos e tratando de nossas feridas quando nos machucamos.

Mas nós somos impacientes. Não suportamos as falhas, cobramos eficiência, criticamos a incompetência e condenamos o erro. Precisamos da paciência de Deus e dos outros, mas somos intolerantes. Este descompasso entre a paciência divina e nossa impaciência nos torna pessoas desatenciosas para com aquilo que a graça de Deus está construindo na vida do próximo e na nossa. A vida não é constituída de saltos, mas de passos, na maioria das vezes vagarosos.

Paciência é uma virtude divina, um fruto do Espírito absolutamente indispensável na experiência espiritual pessoal e comunitária. É ela que nos possibilita caminhar sem sobressaltos, provar a graça de Deus sem o medo tão comum da rejeição e exclusão. Precisamos dela em nossas famílias e igrejas, principalmente num tempo em que a pressa, a impessoalidade e a cultura do descartável são tão intensas e desumanas. É por isso que Paulo, escrevendo aos filipenses, afirma: “Aquele que começou a boa obra em vós, há de completá-la até o dia de Cristo Jesus”. A ação de Deus sobre nossas vidas é pessoal e tem um percurso próprio. Cabe a nós, corpo de Cristo, acolher com paciência uns aos outros e deixar Deus completar a sua obra.

Paciência! Deus ainda não terminou sua obra em mim”. Talvez seria bom colocarmos um adesivo destes em cada um de nós. Seria bom que os pais fossem lembrados disto toda vez que a atitude e reação dos seus filhos não corresponderem àquilo que esperam deles. Que os cônjuges também reconhecessem isto toda vez que o marido ou esposa não correspondessem à expectativa . Que a igreja levasse isto bem a sério, toda vez que olhasse para o lado e visse no outro uma obra inacabada. Que considerasse esta realidade na vida dos seus líderes e pastores. Sejamos pacientes: Deus, com sua infinita misericórdia, continua trabalhando em nós.