sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Ubuntu

Ubuntu em Africano significa “ligado um ao outro”, na forma mais literal “se você sofre eu sofro com você”, isto é Ubuntu.

Romanos 12: 10a; 15-16a – “Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal(...)Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. Tenham uma mesma atitude uns para com os outros(...)

O nosso conceito está completamente defasado desta compreensão.

Maldita teologia liberal que de uma vez por todas abriu o portão do coração corrupto e depravado do homem e facilitou para desenvolver as mais cruéis atitudes que um ser humano pode ter – a indiferença e o individualismo.

Constantemente percebo esta extensão devastadora de uma mentalidade diabólica que corrompe e ofusca o brilho da glória de Deus na sua criatura.

Vejamos bem, toda criação tem dentro de si a impressão da essência de Deus, por mais incrédula que ela seja, ela é criada a imagem e semelhança do Criador. Pois bem, Deus é comunicativo e extremamente relacional, não estou afirmando que Ele seja carente, mas Deus gosta de se relacionar. Tanto é que nós não temos condições nenhuma de buscá-lo com as nossas próprias forças ou capacidade. Desde o início da nossa conversão é Deus que nos atraí para junto de si. Isto é uma marca do caráter de Deus – saber desenvolver um relacionamento.

Bom, mediante a tudo isto, Deus aplica na forma mais severa a sua profunda compaixão com o estado da natureza humana – totalmente depravada com o rumo cada vez maior para a perdição.

Deus então, provê uma salvação que é através de Cristo. Olha bem o que Deus fez Cristo passar, é o que retrata o evangelista João no seu evangelho no capítulo quatro no versículo seis, ele diz que Jesus estava cansado e tinha sede, e os discípulos tinham ido a cidade para comprar comida porque todos estavam famintos, inclusive Jesus. A Epístola aos Hebreus irá nos dizer no capítulo quatro no versículo quinze o seguinte – “pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado”.

O que encontramos é um servo sofredor e ao mesmo tempo Senhor que conhece e se compadece das nossas fraquezas, das nossas lutas, das nossas derrotas e das nossas dores, pois na prática ele vivenciou tudo isto e de uma maneira muita mais intensa do que passamos.

Quando o evangelista João nos diz no capítulo dezessete nos versículos vinte e um e o vinte e três – “para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste(...)eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste”. Isto é a maior evidência da identificação de nosso Senhor com as nossas dores.

Nós somos um nele, estamos ligado com ele, é como se fosse um ramo ligado a uma videira. Cristo é a videira e nós somos os ramos. Na forma mais contemporânea e popular possível, o nosso relacionamento é basicamente uma rede de computadores cujo computador central é Cristo, estamos conectados Nele. Se dermos algum problema imediatamente isto é sinalizado e Cristo se compadece e realiza o que é necessário para a nossa cura.

A nossa sociedade seja ela secular, aquela que está fora do arraial cristão, seja a sociedade protestante-evangélica, ambas estão sem nenhuma clareza deste relacionamento que se traduz quase que numa retórica da parte de Deus. O que dizer do individualismo que afeta as duas estruturas da sociedade? A indiferença com o pobre, a viúva e o órfão? Os olhos fechados para aqueles que dormem no seu próprio vômito nas calçadas da cidade? Infeliz são aqueles que não derrubam uma lágrima pela dor de ninguém, porque nunca poderão contemplar a restauração e a vitória desta mesma vida. Chorar com os que choram, hoje em dia somente Cristo faz isto, se alegrar com os que se alegram, somente Cristo faz isto, o nosso coração ciumento e invejoso não suportaria tamanha alegria ao ver outra pessoa que não seja eu vencer na vida.

A marca tão predominante na teologia liberal – o individualismo. Cada um desenvolva a sua razão e assim vá buscar as respostas e soluções para os problemas da vida. Tudo isto destruiu vidas e contínua a destruir. Infelizmente até mesmo dentro dos campos verdejantes do cristianismo.

Oh! Ansiedade que me consome o esperar da restauração em que de fato todos estarão ligados uns aos outros. Não seremos mais desconhecidos nesta cidade de pedra. A população na sua grande maioria vive enjaulada por detrás de suas cercas elétricas se resguardando de algum lunático invadir a sua mansão. Haverá e não tarda o dia em que seremos mais amorosos, e não buscaremos mais os nossos próprios interesses, mas o nosso próximo será o nosso alvo e nossa meta. Que faça soar as notas da ressurreição para lembrar-me que a minha vida deve deixar de ser vivida para o meu bel prazer, e toda minha busca como homem e como um ser transformado será para o bem estar do meu próximo e será unicamente para que ele tenha uma vida boa e agradável , porque o que eu quero para mim devo em primeiro lugar desejar e buscar que se concretize na vida do meu próximo.

I Coríntios 10: 24 – “Ninguém deve buscar o seu próprio bem, mas sim o dos outros

Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Com toda certeza...

"Indiferença no cristianismo é o primeiro passo rumo à apostasia do cristianismo"

William Secker

E o que dizer de hoje em dia...

"O cristianismo de hoje não transforma as pessoas. Pelo contrário, está sendo transformado por elas. Não está elevando o nível moral da sociedade; está descendo ao nível da própria sociedade, congratulando-se com o fato de que conseguiu uma vitória, porque a sociedade está sorrindo enquanto o cristianismo aceita a sua prórpia rendição!"

A.W. Tozer

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Exigências para uma Intimidade

Final das Pastorais:

Provérbios 8:17 – “Eu amo os que me amam; os que me procuram me acham

O Espírito Santo é o poder de Deus em nós; porém, a oração é o canal pelo qual o Espírito transmite seu poder. A oração é parte integrante da profunda Intimidade
Christopher Marques

Um dos pontos mais vigentes aqui, é o amor. Quando converso com pessoas que estão buscando em Deus um relacionamento, mas sem resultado, fico a perguntar sobre o amor desta pessoa.

Deus não é homem para que minta, se ele em sua palavra permitiu que este texto fosse escrito e utilizado hoje, é porque isto é uma plena verdade.

A intimidade com Deus não ficou limitada a Abraão que foi chamado amigo de Deus, nem a Moisés que viu a sua glória, nem tão pouco a Isaías que também viu a sua glória.

Existe uma promessa de Jesus em Mateus 7:7-11, se pedimos, buscarmos, se batermos encontraremos o Senhor de braços abertos. A questão é: você o ama? Ele falou se você o ama, quando o buscar irá achá-lo.

Tornar-se uma igreja comprometida na busca pela intimidade implica despertar uma visão desta busca em todos os seus membros, inclusive nas crianças

Em Salmos 25:14 – “A intimidade do Senhor é para os que o temem,(...)” – Aqui está outra exigência de Deus, teme-lo. Você quer mergulhar no reservatório do poder e da unção de Deus? Você quer pular de cabeça nos rios de água viva do Espírito Santo e aprofundar suas raízes de intimidade e de comunhão com Deus?

Se pretendo experimentar maior medida do poder de Deus em minha vida, isso implicará passar pelo principio do amor e temor

Uma das minhas orações, é que não haja mais entre eu e Deus restrições, reservas e segredos. Deus já nos conhece perfeitamente, antes de pensarmos ou falarmos algo ele já sabe de tudo o que há em nosso coração, até o sentimento mais oculto, mas nos não sabemos o que Deus sente? Certa feita um homem chamado Bob Pierce disse: “Que o meu coração seja quebrantando pelas coisas que quebrantam o coração de Deus”. Isto é uma busca de ter em nossos corações os sentimentos de Deus.

A palavra intimidade está intimamente ligada ao verbo amar. A Bíblia demonstra que aí está um dos grandes problemas da igreja: Não saber amar

Jeremias 29:13 – “Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração

Que maravilha, eu posso procurar e com toda a certeza eu vou encontrá-lo...mas existe algo aí – tem que ser de todo o coração, não tem jeito, não pode ser um terço ou um oitavo do seu coração nesta busca pela intimidade, Deus quer todo o seu coração. Existe uma oração que Deus honra quando nos colocamos em secreto e pedimos que Ele se manifeste, que ele venha se revelar que não queremos sair daquele momento sem desfrutar da sua graça, do seu amor e do seu poder – Marcos 11:24 – “Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá”. Com toda a certeza Deus irá fazer coisas tremendas. Esta é sua oportunidade de você sair de uma superficialidade e possuir uma profunda intimidade. Oséias 10:12 – “(..)pois é hora de buscar o Senhor, até que ele venha e faça chover justiça sobre vocês”. Não existe receitas e nem métodos, é somente ama-lo, teme-lo e busca-lo com uma inteireza de coração.

Provérbios 8:35 – “Porque o que me acha acha a vida e alcança favor do Senhor

“Para alcançar o coração de Deus, é preciso um altar, joelho no chão e uma sincera oração”
Christopher Marques

As circunstâncias não são impedimentos de nos tornamos cooperadores no Reino

Pastorais:

2 Coríntios 8:1-9

Profunda pobreza;
Generosidade;
Voluntários;
Participaram;
Deram de si mesmos.

A história da nossa vida está aí para comprovar a fidelidade de Deus. Em todos estes anos de vida nunca faltou à graça de Deus.

No versículo 1, Paulo diz que a igreja da Macedônia vivia na graça de Deus, e ele dizia a igreja de Corinto para tomarem conhecimento desta graça. Já foi comprovado que os filhos herdam dos pais as suas características e algumas qualidades. Deus é generoso e doador, se você é filho dele, então você deve agir como tal. Abraão deu 10%. Zaqueu deu 50%. A viúva e Barnabé deram 100%.

A igreja da Macedônia transbordava em rica generosidade, sabe como? Na extrema pobreza [v. 2]. Paulo fala com autoridade de uma verdade que era vivida pela a igreja da Macedônia, ele dava testemunho deles.

Aplicação: Irmãos é uma falta de vergonha e ingratidão dizermos que não temos nada e que não estamos em condições de colaborar [v.3] – “(...)e deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam. Por iniciativa própria”. Ninguém os forçava a doarem, não sei como eles conseguiam, mas até o que não podiam dar eles davam um jeito para contribuir.

[v.4] – “Eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos”.

Isso deve mexer como os nossos corações. Eles imploravam e diziam – “por favor, nos deixem fazer parte da história da igreja e do povo de Deus”. Eles consideravam um privilégio de serem ofertantes.

[v.7] – “(...)vocês se destacam em tudo: na fé, na palavra, no conhecimento, na dedicação completa e no amor (...) destacam-se também neste privilégio de contribuir”.

Que qualidades desta igreja pobre, que vivia em grandes tribulações. Que honra, que méritos e que destaques. Em quais destes poderíamos nos incluir? No ultimo destaque tenho minhas dúvidas. Não percam o privilégio de ofertarem. Insista para que você possua esses destaques na sua vida tendo em seu coração a disposição para ser um ofertante. O que é devido a Deus e não damos a Ele, somos considerados ladrões, e sabe o que Deus faz com quem rouba e menti dizendo que o que tem não é o suficiente para colaborar?

“Então perguntou Pedro: Ananias, como você permitiu que Satanás enchesse o seu coração, ao ponto de você mentir ao Espírito Santo e guardar para si uma parte do dinheiro que recebeu (...) Você não mentiu aos homens, mas sim a Deus (...) Ouvindo isso, Ananias caiu morto”. [Atos 5:3-5ª]

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Quando há um coração disposto, Deus abençoa seu povo

Pastorais:

Êxodo 35:21-29

Eu não sei quantos de vocês lembram da novela “Chocolate com Pimenta” que passou na Rede Globo. Ali existia um banqueiro que era conhecido por ser bastante econômico, mas o que ele realmente era? Era um avarento, pão-duro e não gostava de compartilhar nada. Quando uma visita chegava, ele mandava a empregada guardar todos os alimentos.

Esse homem é semelhante há muitas pessoas que estão dentro da igreja. Pessoas que não gostam de contribuir, compartilhar e de colaborar com obra do Senhor.

O povo de Israel tem muito a nos ensinar. Havia em seus corações disposição em contribuir, os seus corações foram movidos e impelidos pelo o Espírito de Deus, e esses homens e mulheres traziam o material para a tenda da congregação.

O que me chama atenção é que eles usavam de suas habilidades. Eles não foram obrigados por Moisés a doarem, mas foi algo voluntário em seus corações.

Toda a tenda da congregação foi levantada por ofertas voluntárias de todo o povo cujo os corações se dispuseram e se aplicaram em serem cooperadores.

Tiago no capítulo 5:1-5, ele nos dá uma clareza absoluta do que acontece com aquilo que você tem e não dá ao Senhor. V.2-3 – “As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comida de traça;(...)o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunhos contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias”.

Eu quero te dizer que Deus está interessado na forma que você aplica os seus bens.

Os avarentos não herdarão o Reino de Deus. Deus vai julgá-lo da forma que você administra seus bens. Tem sido você um ofertante na obra de Deus? Há disposição no seu coração para dar tudo o que tem? Mateus 6:21 – “porque, onde está o teu tesouro, ai estará também o teu coração”. Onde está aplicado o seu coração? Está no Reino de Deus ou na satisfação de seus próprios prazeres?

Voltando a Êxodo 36:6 – Moisés teve que proibir o povo de trazer oferta, pois já era mais do que o suficiente. Como está o seu coração? Está disposto a dar ou a recusar? “Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo” [Lucas 14:33].

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

A cultura carioca e a Bíblia

É de causar esponto dentro da realidade atual, que o cartão postal do Brasil, seja a cidade mais hospitaleira e receptiva do mundo, de acordo com as pesquisas.
A cultura carioca tem tudo de bom, como diz o dialeto popular. É impressionante o carisma, o bom humor, o sorriso e descontração do carioca. É quase que impossível um carioca não fazer piada da realidade que o cerca, aliás, ele faz piada de tudo que acontece na vida, tanto dele quanto de outros.

Quando Jorge Ben Jor diz que o Rio de Janeiro continua lindo, não é simplesmente da beleza que contém, mas sim do aprimoramento que o carioca concede a esta beleza.
Não somos conhecidos meramente pelo samba, mulatas, futebol e carnaval, mas pelo jeito descontraído de viver.

O turismo tão presente no Rio é pela alegria que os cariocas transmitem aos seus visitantes.
Passear no calçadão de Copacabana, Ipanema e Barra da Tijuca, coisas que já fiz e adorei, não é a satisfação de contemplar somente a criação deste Deus tão glorioso, mas de poder olhar para o carioca e verificar que independente das guerras nos morros, das balas perdidas e dos constantes assaltos, ele podem sorrir, entrar no mar e ao sair com a alma lavada, não digo no sentido de salvação, mas uso termo popular, ele renasce para enfrentar o corre-corre do dia a dia.

Mas o que tem haver esta cultura carioca com a Bíblia? A Bíblia nos chama em Filipenses para sempre nos alegrarmos no Senhor. Você pode sair na rua e encontrar um carioca mesmo o cara estando desempregado, o fato de mora em uma favela perigosíssima, você então pergunta – E aí como você está? Ele responde tudo bem graças a Deus, e vai ficar melhor por meio dele. Eu já cansei de ouvir isto.
Fui à casa de uma pessoa, que por sinal é carioca, enquanto ela não compartilhava tudo o que tinha comigo, ela não descansou. Queria que eu comesse tudo, e como um bom seminarista não recusei. É a proposta central de Atos – é o bem comum – assim como os reformados vivem.

E o que dizer quando o apóstolo Tiago não orienta a confessarmos os nossos pecados uns para os outros. Isso acontece quase que direto comigo. Eu não conheço a pessoa, nunca vi tão magro e nem tão gordo, a pessoa chega e começa a desabafar-se, ela conta a sua vida toda para uma pessoa que ela nunca viu na vida.

Os cariocas preservam tanto a comunhão, que o incrédulo aceita o convite de ir à igreja com o seu amigo, por medo de perder a amizade. Isso é cristianismo dentro da cultura carioca. Não percebemos isto, e muitos não aceitam, por ser uma cultura também muito promiscua, mas o conceito de criação, queda, restauração e redenção estão presentes na cultura carioca.

Um dos grandes problemas que as igreja cariocas enfrentam e este é motivo que elas não crescem, é de não aproveitarem o jeito de o carioca ser e implantar na igreja. Não estou afirmando para comungarmos dos conceitos pecaminosos desta cultura, mas aquilo que ela apresenta de valores cristãos.

Algo de interessante é que os cariocas estão muito longe de serem influenciados pela teologia liberal, por enquanto. Cada dia mais cresce igrejas evangélicas no estado do Rio, não quero entrar nos méritos de qualidade da igreja e nem a sua teologia, mas a cada dia cresce o número de pessoas que se filiam a uma igreja evangélica, não houve esta ruptura com o sagrado. Uma outra abordagem da teologia liberal que foi manifesta, é a visão pessimista da realidade. É por isto que percebo que esta teologia não ganhará força no solo carioca, porque digo isto? Como mencionei acima, os cariocas têm uma visão de futurística. Para o carioca o presente tanto quanto o futuro nos reservam uma melhora, uma tranqüilidade, uma reorganização do caos, o que podemos chamar de restauração com a implantação do reino de Cristo, ou os efeitos da vitória de Cristo na cruz que são derramados no coração daqueles que tem fé. Como dizia Lutero com respaldo bíblico, que a salvação é pela fé e a esperança está intrinsecamente ligada com a fé. Ora, isto é que está presente na vida do carioca. A banda Jota Quest expressou isto muito bem em uma canção que diz – “Vivemos esperando o dia em que seremos melhores... melhores no amor, melhores na dor...melhores em tudo”. Porque nós esperamos isto? Porque de alguma forma cremos que um dia não haverá mais lágrimas, mais dor, mais sofrimento, um dia tudo cessará. Estamos na espera deste dia, desde quando nascemos.

Preciso ressaltar aqui que somos completamente influenciados pela cultura portuguesa e africana, que embora esteja geograficamente no continente europeu, onde se desenvolveu toda a cultura e teologia liberal, os portugueses nem querem saber disto. Tanto é que outro fator que marca a Europa são as guerras – Alemães, Ingleses e Espanhóis são os que gostam de guerras, mas os portugueses preferem o comercio e as festas. Os africanos são felizes, embora com todas as guerras civis que enfrentam, eles conseguem cantar e viver alegres. E quando olhamos para o Rio de Janeiro, o que mais temos são a divulgação do comércio e as constantes festas.

O carioca como um bom brasileiro é da paz, que é outro princípio bíblico. A nossa cultura consegue trabalhar com pensamentos diferentes. Vamos pensar na funcionalidade desta cultura – Flamenguista senta tranquilamente com Vascaíno.

Um ponto importante é que no estado do Rio de Janeiro existe uma constante presença de outras culturas e raças, isto em outros ambientes de inter-relação de grupos distintos é uma relação de atritos e distanciamentos, mas aqui no Brasil e principalmente no Rio damos um jeito. Existe uma amálgama de inter-relacionamento no Brasil que não está presente em nenhum outro lugar. De fato, a nosso cultura é peculiar, não o simples fato de sermos da América Latina, nós somos diferentes. Por isto, o carioca é o cara mais gente boa da realidade brasileira, ele vive um relacionamento pessoal tranquilamente.

Precisamos de uma releitura da realidade. Se quisermos ganhar o povo carioca para Cristo, é preciso ver o que este povo já tem de Cristo. Se quisermos ver a igreja cheia, precisamos então, colocar em prática o jeitão carioca de ser, no bom sentido, para alcançá-los falando a mesma linguagem, não no método de Michael Focault que dizia que a linguagem não é um meio de comunicar informações, mas de ditá-las e de convencer quem nos ouve, mas de trocar informações e aprender com esta cultura tão rica e valiosa na qual estamos inseridos, e mostrar para os cariocas que eles têm e muito dos princípios bíblicos na sua cultura.

A marca da esperança é presente no brasileiro-carioca, enquanto que em outros países, o cara consegue abandonar toda esperança de vida e se senta em uma praça e começa a usar drogas, como no caso da Suíça e Holanda, enquanto que no Brasil temos um grande slogan que é digno de nota dez – “Sou brasileiro, não desisto nunca”. Isto é marca da perseverança dos santos permeando a nossa cultura. Vejamos bem, o cara ganha pouco, vive numa pindaíba imensa, pega ônibus lotado e às vezes o mesmo ônibus é assaltado, cheio de dificuldades, o país cheio de problemas na política, e aí você chega e diz – e aí leque, qual é? E ele diz - tranqüilidade brother. Somente um maluco diz isto. É a nossa perspectiva bíblica que não queremos assumir, é que nos faz dizer – não fica triste não, tudo vai melhorar, tudo vai dar certo. A bela canção diz – “A vida vai melhorar, a vida vai melhorar”. É a injeção escatológico do primeiro século aplicada na cultura carioca-brasileira, que independente de tudo de ruim que estava acontecendo, a fé era o que fazia a igreja acreditar que tudo iria melhorar.

Portanto, devemos reconsiderar a nossa cultura e olharmos para ela com o prisma bíblico e cristalino do cristianismo que não é etnocêntrico, mas que valoriza e retira o que tem de bom na cultura.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Dez Efeitos de Se Crer nos Cinco Pontos do Calvinismo

por
John Piper

Estes dez pontos são meu testemunho pessoal dos efeitos de se crer nos cinco pontos do Calvinismo. Eu tinha acabado de completar o ensino num seminário sobre este assunto, quando fui solicitado pelos membros da classe para que publicasse essas reflexões, de forma que eles pudessem ter acesso a elas. Estou muito feliz de assim o fazer. Apesar do conteúdo dessas reflexões estar disponível numa fita do Desiring God Ministries, eu o coloquei aqui para um aproveitamento mais amplo, na esperança de que elas possam motivar outros a investigar, como os Bereanos, para ver se a Bíblia ensina o que eu chamo de “Calvinismo”.

1. Estas verdades me fazem permanecer no temor de Deus e me guiam à profundidade da adoração centrada em Deus.

Eu me recordo o tempo quando eu primeiramente observei, enquanto ensinava Efésios no Colégio Betel no final da década de 70, a tripla declaração do objetivo de toda obra de Deus, a saber, “para o louvor da glória de Sua graça” (Efésios 1:6,12,14).

Isto me leva a ver que não podemos enriquecer a Deus e que, portanto, Sua glória brilha mais claramente, não quando tentamos satisfazer Suas necessidades, mas quando estamos satisfeitos Nele, como a essência de nossos feitos. “Porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória pois a Ele eternamente” (Romanos 11:36). A adoração se torna um fim em si mesma.

Isto tem me feito sentir quão fracas e inadequadas são minhas afeições, de forma que os Salmos de desejos tornam-se vivos e fazem à adoração intensa.

2. Essas verdades ajudam a me proteger de brincar com as coisas divinas.

Uma das maldições de nossa cultura é a banalidade, atração, inteligência. A televisão é o principal sustentador de nosso vício à superficialidade e trivialidade.

Deus é varrido nisto. Por conseguinte, a brincadeira com as coisas divinas.

Seriedade não é excessiva em nossos dias. Ela pode alguma vez ter sido. E, sim, há desequilíbrios em certas pessoas hoje, que parecem não ser capazes de relaxar e falar sobre o tempo.

Robertson Nicole disse de Spurgeon, "O evangelismo do tipo humorístico [poderíamos dizer crescimento de igreja do tipo marketing] pode atrair multidões, mas ele reduz a alma a cinzas e destrói os genuínos germes da religião. O Sr. Spurgeon é freqüentemente considerado por aqueles que não conhecem seus sermões, como tendo sido um pregador humorista. Para dizer a verdade, não houve nenhum pregador cujo tom fosse mais informalmente sério, reverente e solene” (Citado na Supremacia de Deus na Pregação, p. 57).

3. Estas verdades fazem com que me maravilhe com minha própria salvação.

Após expor a grande obra de salvação de Deus em Efésios 1, Paulo ora, na última parte deste capítulo, para que o efeito desta teologia seja a iluminação de nossos corações, para que nos maravilhemos na nossa esperança, e nas riquezas da glória de nossa herança, e no poder de Deus que opera em nós – isto é, o poder para ressuscitar os mortos.

Todo motivo de vanglória é removido. Alegria e gratidão de um coração quebrantado abundam.

A piedade de Jonathan Edwards começa a crescer. Deus nos dá uma prova de Sua própria majestade e nossa própria perversidade e então, a vida Cristã se torna uma coisa muito diferente da piedade convencional. Edwards a descreve belamente quando ele diz,
“Os desejos dos santos”, embora sérios, são desejos humildes: sua esperança é uma esperança humilde, e sua alegria, mesmo quando ela é indizível, e cheia de glória, é humilde, uma alegria de um coração quebrantado, e deixa o Cristão mais pobre em espírito, e mais semelhante a uma pequena criança, e mais disposto a uma submissão universal de comportamento (Religious Affections, New Haven: Yale University Press, 1959, pp. 339s).

4. Estas verdades me fazem alerta para os substitutos antropocêntricos que se apresentam como boas novas.

Em meu livro, Os Prazeres de Deus (2000), pp. 144-145, eu mostro que no século XVIII, na Nova Inglaterra, o declínio da crença na soberania de Deus levou ao Arminianismo, e então ao universalismo, e então ao Unitarismo. A mesma coisa aconteceu na Inglaterra no século XIX, após Spurgeon.

O livro de Iain Murray, Jonathan Edwards: Uma Nova Biografia (Edinburgh: Banner of Truth, 1987), p. 454, documenta a mesma coisa: “As convicções calvinistas diminuíram na América do Norte. No progresso do declínio que Edwards tinha com razão alertado de antemão, aquelas igrejas Congregacionais da Nova Inglaterra que tinham abraçado o Arminianismo após o Grande Despertamento, gradualmente se moveram para o Unitarismo e universalismo, guiados por Charles Chauncy”.

Você pode ler também no livro de J.I. Packer, Quest for Godliness [1] (Wheaton, IL: Crossway Books, 1990), p. 160, como Richard Baxter abandonou estes ensinamentos e como as gerações seguintes colheram uma colheita amarga na igreja de Baxter, em Kidderminster.

Estas doutrinas são um baluarte contra os ensinamentos antropocêntricos em muitas formas, que gradualmente corrompem a igreja e a fazem fraca internamente, enquanto tudo parece forte ou popular.

1 Timóteo 3:15, "A igreja do Deus vivo [é] o pilar e o baluarte da verdade”.

5. Estas verdades me fazem gemer diante da indescritível doença de nosso século: uma cultura que faz pouco caso de Deus.

Eu dificilmente posso ler o jornal ou ver um anúncio na TV ou na billboard [2] sem sentir o peso de que Deus está ausente.

Quando Deus é a principal realidade no universo e é tratado como uma não-realidade, eu tremo diante da ira que está sendo entesourada. Eu sou capaz de ficar chocado. Muitos cristãos estão sedados com a mesma droga que o mundo está. Mas estes ensinos são um grande antídoto.
E eu oro por despertamento e avivamento.

E tento pregar para criar um povo que são tão saturados de Deus, que eles mostrarão e falaram sobre Deus em tudo lugar, e em todo tempo.

Nós existimos para reafirmar a realidade de Deus e a supremacia de Deus em tudo da vida.
6. Estas verdades me fazem confiar que a obra que Deus planejou e começou, Ele terminará – tanto globalmente como pessoalmente.

Este é o ponto de Romanos 8:28-39 - "E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica; Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes, quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós; quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor".

7. Estas verdades me fazem ver tudo à luz dos propósitos soberanos de Deus – Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente.

Tudo da vida se relaciona com Deus. Não há compartimento onde Ele não seja todo-importante e Aquele que dá significado a todas as coisas.

1 Coríntios 10:31.

Vendo o soberano propósito de Deus se desenvolvendo na Escritura, e ouvindo Paulo dizer que
“Ele faz todas as coisas segundo o conselho de Sua vontade” (Efésios 1:11) me faz ver o mundo desta maneira.

8. Estas verdades me fazem esperançoso de que Deus tem a vontade, o direito e o poder de responder orações para que as pessoas sejam transformadas.

A garantia de oração é que Deus pode interromper e mudar as coisas – incluindo o coração humano. Ele pode mudar a vontade ao redor. “Santificado seja Teu nome” significa: faça com que as pessoas santifiquem Seu nome.

“Possa Sua palavra correr e ser glorificada” significa: faça com que os corações sejam abertos para o evangelho.

Devemos tomar as promessas do Novo Concerto e implorar a Deus para que as cumpra em nossas crianças e em nossos vizinhos, e entre todas os campos missionários do mundo.

“Deus, tire o coração de pedra deles e lhes dê um coração de carne” (Ezequiel 11:19).

“Senhor, circuncide os seus corações, para que eles Te amem” (Deuteronômio 30:6).

“Pai, coloque Teu Espírito dentro deles e faça com que eles andem em Teus estatutos” (Ezequiel 36:27).

“Senhor, conceda-lhes arrependimento e o conhecimento da verdade, para que eles possam espaçar das ciladas do diabo” (2 Timóteo 2:25-26).

“Pai, abras os seus corações, para que eles creiam no evangelho” (Atos 16:14).

9. Estas verdades me fazem lembrar que o evangelismo é absolutamente essencial para que as pessoas venham a Cristo e sejam salvas, e que há grande esperança para o sucesso no conduzir as pessoas à fé, mas que a conversão não é, no final das contas, dependente de mim ou limitada pela dureza do incrédulo.

Assim, isto dá esperança ao evangelismo, especialmente nos lugares difíceis e entre povos duros.

João 10:16, “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz”

Isto é obra de Deus. Se arremesse nela com abnegação.

10. Estas verdades me asseguram de que Deus triunfará no fim.
I
saías 46:9-10: “Eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antigüidade às coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade”;

Resumindo todos estes pontos: Deus recebe a glória e nós a alegria,
20 de Abril de 2002John Piper

Uma Teologia Relevante

Se a teologia se interessa somente pela natureza de Deus, possivelmente poderia desentender-se das ciências sociais. Mas se a teologia relaciona-se com a vida e com a proclamação da Igreja, e se essa tem que levar, afinal, sua proclamação em um contexto no qual a Igreja vive e proclama a sua mensagem, assim como para entender a própria Igreja, as ciências sociais e humanas são imprescindíveis.

Na Bíblia, por exemplo, ordena-se repetidas vezes, ao povo de Deus que se ocupe das pessoas desamparadas tais como as viúvas, os órfãos, os estrangeiros e os pobres. Além disso, isso não é unicamente uma questão de ética, mas também um reflexo do caráter do próprio Deus, que se ocupa dos desamparados.

Tudo isso tem profundas implicações. Os teólogos não podem mais viver como espíritos desencarnados, que estão alienados a sua realidade. Uma teologia contextualizada é tudo que uma sociedade precisa. A igreja tem a sua proclamação, mas não considera as circunstâncias sócias as sua volta. Penso que a teologia deve andar de mãos dadas com outras ciências, pois facilita muito o trabalho de um teólogo que sabe se relacionar, por exemplo, com antropologia, sociologia, pedagogia e ciências sócias. É preciso acabar com a idéia que a Idade Média tinha sobre a teologia, que era conhecida como a “rainha das ciências”.

O que parece, é que os teólogos desconsideram métodos importantíssimos na leitura da realidade humana.

A teologia que tem como uma das suas funções explicar a realidade. A afirmação então da teologia, é dizer que tudo quanto existe é criação de Deus. Mas como estas coisas funcionam é assunto da incumbência de outras disciplinas, e não da teologia. Percebo que é uma obrigação da Igreja e dos teólogos responderem dentro do possível as questões da realidade, tudo aquilo que a humanidade anseia conhecer e que está vedado para seu o conhecimento.

Infelizmente o nosso meio acadêmico tem discutido pensamentos e reflexões que estão além da realidade. O meio acadêmico tem que produzir uma teologia, ou uma forma de se pensar que realmente transforme a humanidade. De que vale tantos momentos de reflexões, tantos debates e tantas discussões se nada muda, se a igreja não se torna relevante, então, de que adianta? Não introduzimos na nossa teologia a justiça de Deus, algo que realmente expressa o quanto esta humanidade, que é criação de Deus, tem de valor e precisa de cuidados e carece de uma teologia de impacto e prática.

O grande reformador João Calvino, que era teólogo e um homem da igreja. A sua teologia teve grande impacto na vida social. O seu senso de responsabilidade com o outro, refletia a pura compreensão que o reformador tinha acerca da criação. Bom, para Calvino a compreensão de todo caos estava na queda do homem – no Jardim do Éden.

Calvino se levanta como uma voz profética e denunciadora de toda sorte de maldade que se instalava em Genebra. Foi quando ele deu inicio a todo desenvolvimento teológico da sua carreira, principalmente na área social. Calvino cumpriu a risca o que diz Provérbios 31:8-9 – “Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados. Erga a voz e julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos necessitados”. Calvino defendia os direitos de todos que eram lesados com a falta de equidade na aplicação da justiça, das distribuições de alimentos e todo monopólio financeiro.

Uma jogada que Calvino fez que realmente foi formidável é: A obra de restauração realizada por Cristo não se limita apenas à nova vida dada ao indivíduo, mas abrange a restauração de todo o universo – o que inclui a ordem social e econômica. Para Calvino a questão do indivíduo não era meramente espiritual. Se Cristo era o Senhor de toda a existência humana, era dever da igreja dar atenção às questões sociais e políticas.
Percebe-se que Calvino já tinha uma reflexão do que hoje é muito discutido, sbre a “missão integral”, que é cuidar do homem como um todo. Ter a consciência que ninguém é simplesmente espiritual que existem outras carências que devem ser preenchidas, e que a igreja juntamente com a sua teologia fundamentada em toda criação de Deus deve preencher.

Pensamos constantemente que se o país for governado somente por cristãos tudo mudará. Quando fazemos uma retrospectiva e analisamos os atos daqueles que se diziam cristãos, e que estavam no poder e que exerciam fortes influências na câmara e no senado, as suas trajetórias são marcadas por corrupções e escândalos. É muito difícil chegarmos ao um estado semelhante ao século XVI em Genebra quando Calvino com Guilherme Farel fizeram de todo o poder político uma submissão aos valores e princípios cristãos, passando então, a assumir todo o controle político-social os líderes protestantes. Onde a corrupção, desigualdade e escândalos aos poucos foram sumindo do cenário político-econômico-social de Genebra. O interessante é que Genebra passou por um grande despertamento e um profundo avivamento espiritual, em que todo país era praticamente protestante e isso influenciou e muito na diminuição dos problemas sociais. Enquanto que no Brasil, o aumento do número dos cristãos não tem diminuído o número dos nossos problemas.

Hoje quando olhamos para a América Latina e principalmente para o Brasil, notamos que vários cristãos espalhados pelas várias classes sociais vão reproduzindo a ideologia, os interesses e os discursos das suas respectivas classes. Não percebem que o compromisso com o reino de Deus – que condena a tudo isso com sinais e manifestações do pecado – nos chama para a denúncia, a pronúncia, a proposta e a ação.

Vamos analisar alguns detalhes do nosso Brasil: Existem corrupções morais e governamentais em nosso sistema de governo. Existe um problema seriíssimo da distribuição de renda em nosso país. Existe uma dívida enorme que o Brasil tem com o exterior. Existe a grande possibilidade de perdemos uma riqueza inigualável, que é a Amazonas. Existe um problema com a agricultura. Os agricultores não são assistidos como merecem. Os negros, os índios, os mestiços e as mulheres lutam, há cinco séculos, pela aquisição de uma cidadania plena, excluídos legalmente e discriminados socialmente e sofrem grandes dificuldades no acesso a faculdades. Há escravidão em nosso país ainda. Existem várias crianças que são exploradas no trabalho. E o que dizer dos atrasos na Reforma Tributária e na Reforma Agrária. E a nossa justiça que é lenta e injusta. Inocentes são julgados como culpados e culpados são inocentados. Quem não tem dinheiro e escolaridade é tratado diferente perante a justiça do nosso país. Infelizmente a nossa justiça brasileira não expressa nenhum indício da justiça divina. O que dizer do desemprego que é assustador. É interessante que Calvino desenvolve um pensamento muito adequado sobre este tema. Para Calvino, privar um homem do seu trabalho é pecado contra Deus – pois o trabalho é dom de Deus, e o dever que ordenou ao homem. É tirar-lhe a vida – pois os trabalhadores pobres dependem dia a dia do seu labor para o pão com que se sustentam e às suas famílias – ao contrário dos ricos, que tem propriedades. Assim promover o desemprego, na opinião de Calvino, seria um atentado à vida do pobre, e, portanto, um pecado contra o mandamento de Deus “Não matarás”. E a última do momento, os deputados e senadores queriam um aumento de 91% no salário, que seria mais de vinte e quatro mil reais. Enquanto isto é discutido sobre o aumento do salário mínimo de trezentos e cinqüenta para trezentos e oitenta reais. Onde está a igreja e a teologia nesta hora? Por isso, não se pode fazer teologia àquele que não tem os valores de Deus impressos na sua alma. Aquele que não tem nenhuma compreensão da criação e restauração. Tais teólogos são de mentira. A verdadeira teologia se faz no meio da povo, conhecendo as suas dores e labutas. Uma teologia que se fecha para a realidade que a cerca, não tem condições de produzir nada de relevante, com o tempo será esquecida, porque não marcou época e não transformou a sua geração que lia suas reflexões e não via nada de útil para mudar a situação que se fazia presente.

O que temos hoje é a presença das ong’s, que fazem um maravilhoso papel – é como diz Bill Clinton “O mundo é das ong’s”. Ao lembrar-me das passagens das Escrituras, quando Jesus curou o cego e o paralítico e disse, vai te apresentar as autoridades, isto daqui a pouco serão as palavras que as ong’s dirão as pessoas – para elas se apresentarem às igrejas.

É muito difícil encontrarmos cristãos envolvidos com programas de preservação a baleias, a vegetação e ao próprio ser humano. Tudo isso se deve à defasagem do conceito bíblico no meio cristão. Deixamos uma responsabilidade para outros que na verdade é toda nossa, prover os recursos para o bem estar da criação como um todo.

Enfim, vejo perda de tempo em tantos encontros de reflexões teológicas, em tantos materiais sobre a existência de Deus, se a Bíblia é ou não é a palavra de Deus. A humanidade não quer saber disto. Nós teólogos somos conhecidos como aqueles que pensam sobre Deus e que tem conhecimento do que deve ser feito, mas infelizmente a humanidade perece em inutilidades que nós teólogos estamos produzindo. Não preenche, não alimenta, não cura, não restaura, não transforma e não acrescenta nada a nossa teologia, que muita das vezes é sofista é tão humanista que acaba por ser individualista.

Não somente o Brasil, mas toda a humanidade espera uma resposta e cabe a nós pensadores, teólogos e pastores tomarmos uma atitude e refazermos a nossa teologia.

Todo este envolvimento social deve acontecer sem perder de vista que a missão primordial da Igreja é promover a reforma (parcial e provisória) da sociedade através da proclamação do evangelho de Jesus Cristo, aguardando os novos céus e a nova terra onde habita a justiça de Deus.

Para tanto, precisaremos de uma teologia, de uma pastoral e de uma práxis que são capazes de se reciclarem, de se abrirem e concorrerem para a construção de uma nova etapa do cristianismo.
Se o profeta é como o poeta, façamos nossas as palavras dos autores de Corações Civil:

...Se o poeta é o que sonha o que vai ser real
bom sonhar coisas boas que o homem faz e esperar pelos frutos...
...Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida, eu vou viver bem melhor
doido para ver o meu sonho teimoso um dia se realizar. Amém!