sábado, 26 de junho de 2010

A Igreja Como Instituição e a Sua (Des)Valorização...

por Robinson Cavalcanti


Em minha recente visita aos Estados Unidos, vou de Amesbury para Boston em companhia de um dos Bispos da Igreja Episcopal Reformada (REC), ora em processo de integração à Igreja Anglicana na América do Norte (ACNA). Conversa vai, conversa vem, pedi que me esclarecesse um intrigante fato histórico: como foi que a então Igreja Protestante Episcopal nos Estados Unidos da América (PCUSA, depois ECUSA, hoje TEC), tendo uma absoluta maioria e hegemonia evangélica em torno de 1850, em 1990 tinha a presença evangélica praticamente desaparecido, restando algumas raríssimas e isoladas ilhas eclesiásticas remanescentes.

O Bispo me falou do impacto do Movimento de Oxford (anglo-catolicismo), iniciado na década de 1830, na Inglaterra, como revitalização da antiga Igreja Alta (“high and dry”), e que a fundação da REC tinha sido uma reação à sua avassaladora presença e influência nos Estados Unidos. Em um primeiro momento, um terço da PCUSA foi para REC, mas a maioria recuou satisfeita com a redação do “Quadrilátero de Chicago” (depois “Quadrilátero de Lambeth”): Escrituras, Credos, Sacramentos, Episcopados. A REC, depois de uma fase missionária, se fecha e passa por um longo período de estagnação.

Mas, e a PCUSA? Aí é que está o nó da questão: enquanto os evangélicos se dedicavam a abrir frentes missionárias, a evangelizar e criar obras sociais, não comparecendo aos Concílios e Sínodos, desinteressados e desvalorizando a instituição, os anglo-católicos iam ocupando as reitorias e as cátedras dos seminários, as presidências de juntas e comissões, e, por fim, o episcopado da maioria das Dioceses. Em apenas uma geração tomaram o poder e mudaram a cara da Igreja e o curso da história.

Outro fato semelhante vai ocorrer um século depois, a partir da década de 1960. Naquela época os evangélicos estavam se reorganizando, com a fundação da “Fundação Barnabé”, ligada a Fraternidade Evangélica da Comunhão Anglicana (EFAC) liderada por John Stott, tinha criado o Seminário Trinity, e já contavam com 5% dos episcopais norte-americanos; os anglo-católicos tinham também criado o seu seminário, o Nashota House, e, o Movimento Carismático ia deslanchar e conhecer o seu apogeu. Além de limitados contatos internacionais, e de falta de unidade entre essas três vertentes ortodoxas, outra vez, o institucional é desvalorizado: os anglo-católicos se contentavam com suas velas e incensos, os evangélicos com suas missões e os carismáticos com as suas aleluias. Aí os liberais-católicos fazem o mesmo movimento de ocupação institucional que os anglo-católicos haviam feito no século XIX. Entre 1960 e 1990 eles desbancam os anglo-católicos e ocupam o poder da então ECUSA.

Isso me faz lembrar o pensador leigo ortodoxo russo Nicolau Bediaeff, quando dizia que todas as revoluções malignas contemporâneas vieram como resultado da inação dos cristãos quando tinham oportunidade. Isso sem falar dos cristãos evangélicos e o apoio ao nazismo, ao racismo dos EUA e ao regime do apartheid na África do Sul.

O buraco está mais embaixo. Assim como sofremos com a dicotomia alma (boa) vs. corpo (mau) de origem platônica, temos a equivalência entre organismo (bom) vs. organização (má) na vida em sociedade, como se fosse possível uma vida sem instituições: família, trabalho, Estado, etc., que não é “má”, mas reflete as ambiguidades morais da natureza humana caída e a maior ou menor presença do “sal da terra e luz do mundo”.

Não se pode brincar de filiação institucional, com um vínculo tênue e mínimo nesse “mal necessário”, e depois se reclamar que os hereges ocuparam os cargos de mando. Os hereges não tomam o poder eclesiástico; os ortodoxos, por equívoco ou preguiça é que o entregam de mão beijada. Depois vão rachando, e criando instituições “puras” (até a próxima impureza), ou, o que vemos hoje, geram o absolutismo da “igreja sou eu” do caudilhismo eclesiástico de vários matizes.
Se não aprendermos com os erros da História – afirmou um pensador – somos condenados a repeti-la.

O problema passa por uma grave distorção eclesiológica. Mas, isso já seria assunto para outro texto...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Angústia, desespero e escolha...

A angústia consiste simplesmente na descoberta de que o homem, quando escolhe, não é apenas o legislador de si mesmo, mas alguém que, ao mesmo tempo, escolhe a si mesmo e a humanidade inteira. O homem que descobre isso não consegue escapar de sua total e absoluta responsabilidade, que gera o sentimento original de angústia. Por isso é o próprio homem quem determina o valor de sua escolha, pois ele tem o constante dever de se perguntar: "o que aconteceria se todo mundo fizesse como nós?"

Para refletir...

“Nenhuma criatura viva, exceto o homem, é capaz de assumir um risco, e até mesmo o risco de morte, por causa da verdade. Milhares de mártires que já viveram são um fenômeno único na história do nosso sistema solar”
[Aleksandr Menn]

Professor da UNICAMP defende Design Inteligente...

Para o Professor Marcos, cientista e titular da UNICAMP com Pós-Doutorado nos EUA, diz que acreditar no EVOLUCIONISMO é a mesma coisa que dizer que chegamos à Lua pedalando, e lançamos o primeiro astronauta dentro de um barril (e que ele sobreviveu para contar os problemas enfrentados).


O Dr. Marcos Eberlin é presidente da Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas e membro da Academia Brasileira de Ciências. Professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e autor de mais de 300 artigos científicos com mais de três mil citações. Realizou pós-doutorado na Purdue University, Estados Unidos, e orientou diversos mestres, doutores e pós-doutores. Nesta entrevista concedida ao jornalista Michelson Borges, o Dr. Eberlin procura desfazer alguns mal-entendidos sobre a Teoria do Design Inteligente, que ele defende:

O que é exatamente a teoria do design inteligente (TDI)?

A TDI é uma teoria científica, defendida por uma comunidade crescente de cientistas gabaritados do mundo todo e de várias áreas, e que procura estabelecer metodologia científica robusta capaz de detectar sinais de inteligência na vida e no universo. Através desses métodos, a TDI reinterpreta todo o arsenal de dados riquíssimos e com detalhamento altíssimo disponíveis hoje sobre o funcionamento da vida e do universo. E a partir dessa análise cuidadosa, sem pré-conceitos, desapaixonada e racional, feita dentro de todo o rigor da metodologia científica que rege as ciências históricas, a TDI conclui, procurando seguir os dados aonde quer que eles levem, que esses dados apontam com muita segurança para uma mente inteligente e consciente como a única causa conhecida, necessária e suficiente para a vida e o universo. Ou seja, o design detectado no universo e na vida não é aparente ou ilusório, mas real e inteligente.

Alguns dizem que a TDI é um tipo de criacionismo. O que o senhor diz?

O criacionismo tem várias vertentes, mas a principal é aquela que assume que um Ser todo-poderoso projetou e criou o universo e a vida. O criacionismo bíblico vai muito mais longe e dá nome e endereço ao Criador; descreve Sua intenção e Seus métodos, e faz muitas outras afirmações que estão muito além da capacidade da Ciência de investigá-las, devido às muitas limitações da metodologia científica. Ou seja, o criacionismo parte de pressuposições filosóficas e teológicas, fecha com essas pressuposições e confere a elas racionalidade quando encontra na natureza e, eventualmente, na Ciência suporte às suas teses.

A TDI, porém, não tem absolutamente nada a ver com teses criacionistas, de qualquer vertente. Nelas não se inspira e não se apoia. A TDI busca, pura e simplesmente, da forma mais honesta possível, escrutinar os dados científicos brutos e interpretá-los corretamente, sem absolutamente nenhum pressuposto, nenhuma predefinição de como ou qual seria a nossa conclusão. Concluímos por uma mente inteligente como causa primeira da vida e do universo pela obrigação que todos os cientistas têm de seguir sempre as evidencias, as informações fornecidas pelas caixas-pretas da vida e do universo, deixando ao máximo nossa subjetividade, naturalista ou teísta, de lado. “Escutamos” o que as moléculas que sustentam a vida têm a nos dizer, o que os “ecos moleculares” ecoam, e nada mais! Os dados, as evidências, as interpretações desapaixonadas, esses são os líderes da TDI, sua regra de prática, sem fé!

Os dados, felizmente para os criacionistas e infelizmente para os naturalistas, aqueles obtidos de forma independente e despreconceituosa, coincidem com o cerne da visão criacionista. Isso é inquestionável. Por causa dessa coincidência, casual, alguns desinformados e outros mal-intencionados, por não gostarem da consequência da conclusão da TDI, tentam “colar” na TDI o rótulo de religião, para assim poder classificá-la (e não refutá-la) como pseudociência, tentando tirar o mérito da TDI não pela força dos argumentos, mas pela semântica subjetiva e efêmera de uma pseudoclassificação. Mas contra fatos não há pseudoargumentação ou gosto que resista! E o reconhecimento da TDI como teoria científica sólida é hoje crescente e inevitável.

O biólogo Henrique Paprocki disse recentemente que “o principal problema do Design Inteligente é montar sua teoria em cima de falhas na Teoria da Evolução”. O que você acha dessa declaração?

O Henrique, eu sei, conhece pouco sobre as teses e fundamentos da TDI, e por isso fez essa afirmação equivocada. Mas estou certo de que o que ele viu e ouviu durante o 3º Simpósio Darwinismo Hoje, no Mackenzie, o fará rever sua afirmação. A TDI se baseia em argumentos que, independentemente da existência de teorias concorrentes, apontam para uma mente inteligente como a única causa conhecida, necessária e suficiente da vida e do universo. Ou seja, é pelo nosso conhecimento, hoje muitíssimo amplo, de como a vida e o universo funcionam, que concluímos que a TDI é a melhor teoria sobre nossas origens. Porém, como há uma teoria alternativa, a teoria da evolução, temos por obrigação, e não opção, de examinar a fundo suas teses. E quando essa análise obrigatória é feita, sem o filtro naturalista, vemos claramente não somente falhas, mas sim a absoluta impossibilidade de que a vida e o universo possam ter sido fruto de processos naturais não guiados. Não são lacunas, falhas, mas sim, na realidade, verdadeiros “abismos” nos quais não há explicação convincente. É como dizer que chegamos à Lua pedalando, que lançamos o primeiro astronauta dentro de um barril (e que ele sobreviveu para contar os problemas enfrentados).

Na evolução química, por exemplo, elo fundamental do modelo evolucionista, percebemos a absoluta impossibilidade, chance zero mesmo, do acaso, da pré-destinação, da pseudo-seleção natural pré-biótica, ou da necessidade, ou qualquer combinação desses fatores, de ter criado o L.U.C.A., a primeira forma de vida, com todos os requisitos necessários para a manutenção e reprodução desse “ser nada rudimentar”. Ou seja, na comparação de duas alternativas, vemos uma coleção enorme de dados seguros e inquestionáveis apontando para a ação de uma mente inteligente e consciente. Por outro lado, vemos uma coleção enorme e crescente de “abismos” de impossibilidades e de uma fé cega na geração espontânea e na elaboração de explicações futuras que simplesmente teimam em não aparecer, enquanto os abismos se avolumam e se expandem.

Há quem argumente que a seleção natural favorece certos organismos, pois, na presença de antibióticos, as bactérias resistentes tendem a ser favorecidas. O que dizer disso? Isso prova a evolução?

A resistência de bactérias e vírus às drogas tem sido propagada com muito alarde pelos evolucionistas como prova da evolução. “Evolution in action”, dizem, em alta voz! Mas será que o discurso tem correspondido aos fatos? Será que é mais propaganda do que produto? Gato por lebre? A vida tem, sim, a capacidade de se diversificar, ninguém nega isso, este é o ponto que nos une. Mas tudo indica que essa capacidade de diversificação já está programada em nossos genes e outros registros de informação. E quando isso acontece, informação é gasta, diminui. Ou seja, na vida também “não há lanche grátis”! Vírus ou bactérias, quando adquirem resistência às drogas, o fazem à custa de informação, à custa de perda de informação genética. Geralmente desativam proteínas ou os mecanismos pelos quais as drogas os estavam atacando. Estratégia de guerra, e guerra de trincheira! Nenhuma nova proteína, nenhuma síntese “de novo” é produzida. Nenhum novo ciclo, nenhuma nova máquina molecular. A vida é, sim, flexível, adaptável, mas como sabemos, há sempre um preço a ser pago, e a moeda da vida é a informação.

Paprocki também disse que “Design Inteligente é ter fé, é crer. Ciência é evidência”. É assim mesmo?

A TDI é racionalidade pura, e emana do conhecimento e de fatos, de argumentos lógicos, suportados pela matemática, pela física, química, bioquímica e biologia, pela cosmologia, pela Ciência como um todo. Conheço muito bem a TDI, e nunca encontrei na teoria sequer um único vestígio de fé. Nenhum postulado que assuma qualquer princípio que não sejam aqueles sustentados no que conhecemos, em causas necessárias e suficientes para a complexidade irredutível, para a informação aperiódica funcional e para a antevidência genial que observamos em milhares e milhares de exemplos fornecidos pela vida e pelo universo.

A Ciência é evidência, sim, e a TDI é Ciência em sua essência. Mas a ciência naturalista que apoia e defende a evolução cega e não guiada, produto do tempo e mutações refinadas pela seleção natural, e que defende essa tese dentro das amarras do naturalismo filosófico, e com seus pré-conceitos que dizem quais as conclusões a que devemos chegar, esta, sim, precisa ter fé, e muita. Fé no tempo, fé na geração espontânea do L.U.C.A., fé em “lanche grátis”; fé na infusão extraordinária e “repentina” de informação na Explosão Cambriana; fé em que um dia os elos perdidos serão encontrados; fé no “mundo do RNA”; fé que as suas próprias equações matemáticas que mostram a inviabilidade de seus processos estejam elas mesmas erradas; fé que um dia explicações possam surgir, mesmo quando elas simplesmente parecem não existir. Fé, e um tipo de fé muito ruim, do tipo que eu me nego a ter! Fé sem fundamentos firmes; fé sem provas nas explicações que estão por vir.

A química, sua área de estudos, revela o design inteligente?

Muitos usam comparações morfológicas, comparam bicos de passarinhos, ossos, embriões, cores de asas de mariposas. Mas é através da química, em nível molecular, que entendemos mesmo como a vida e o universo funcionam. É através da Química que aprendemos a “língua” das moléculas e podemos assim traduzir corretamente os ecos moleculares, os quais transmitem os segredos de nossa existência. É através da Química que percebemos que a vida não é coisa de amador, não! Vida é coisa de profissional! E profissional gabaritado, especializado! Que orquestrou os diversos códigos e a informação zipada, encriptada e compartimentalizada do DNA, tipo hard-disk. A arquitetura top-down algorítmica da vida, sua lógica estonteante e hiperotimizada. E elaborou o código de especialização celular das histonas, baseado em reações químicas ultrassincronizadas e ajustadas. E elaborou os planos corporais que nem sequer sabemos onde e como estão armazenados.

Li uma vez que a “evolução espera que não saibamos química”. Mas por quê? Porque as moléculas falam e não mentem! E as moléculas da vida transmitem uma informação clara que derruba qualquer discurso fundamentado em oratória ou comparações superficiais, em sínteses alfabéticas de letras mitológicas tipo C → B → A catalisadas por cat1 e cat2. É quando perguntamos quem seriam A e B e os tais cat1 e cat2, que a explicação se desvanece. Porque em nível molecular a evolução simplesmente não fecha as contas, se mostra inviável, e é ao nível molecular que observamos, ainda mais claramente, as assinaturas da mente inteligente e consciente que, como causa primeira, orquestrou a vida e o universo.


Fontes: Michelson Borges Entrevistas / PROF. GASPAR DE SOUZA

terça-feira, 1 de junho de 2010

Unção no bilau...



Se faltava essa, agora não falta mais. Uma missão super pentecostal aqui de Niterói promoveu uma campanha de abstinência sexual. Baseada na passagem em que Paulo fala que devemos “consagrar nossos corpos” a Deus, a liderança entendeu que deveria ungir a genitália da rapaziada. E sabe o que é pior? Os caras se submeteram a ser ungidos.

A unção consistia em uma fila devidamente organizada onde os homens abriam suas calças e discretamente o obreiro ia lá e “ungia” o bilau do camarada com óleo. O objetivo é como já disse consagrar o “dito cujo” para que ele não maltrate ninguém. No momento da unção, fazia-se a oração para deixar o moleque inerte (será que não dava efeito contrário).

Bem, de uma coisa eu sei, não seria obreiro dessa igreja nunca. Como se diz nas forças armadas “ordem descabida não se cumpre”. Não sei onde vamos parar, mas sei que para os que leram esse post e acharam que a intenção da liderança era boa, quero avisar que de boa intenção o inferno ta cheio.

E no mais... tudo na mais santa paz!


Fonte: http://www.marciodesouza.com/2009/12/uncao-no-bilau.html