sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sugestões para 2012...



#1
Não assuma compromissos do tipo “vou iniciar uma dieta”, “vou começar alguma atividade física”, “vou terminar o curso de inglês”. Esse tipo de coisa serve apenas para acumular culpa e frustração sobre os seus ombros.

#2
Não acredite nesse pessoal que diz que “sem meta você não vai a lugar nenhum”. Pergunte a eles por que, afinal de contas, você tem que ir a algum lugar. Trate esses “lugares futuros imaginários” apenas como referência para a maneira como você vive hoje – faça valer a caminhada: se você chegar lá, chegou, se não chegar, não terá do que se arrepender. A felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai.

#3
Não pense que você vai conseguir dar uma guinada na vida apenas mudando o seu visual. É a alegria do coração que dá beleza ao rosto, e não a beleza do rosto que dá alegria ao coração.

#4
Não faça nada que vá levar você para longe das suas amizades verdadeiras. Amizades levam um tempão para se consolidar e um tempinho para esfriar, pois assim como a proximidade gera intimidade, a distância fragiliza os vínculos.

#5
Não fique arrumando desculpas nem explicações para as suas transgressões. Quando cometer um pecado, assuma, e simplesmente diga “fiz sim, me perdoe”. Comece falando com Deus e não pare de falar até que tenha encontrado a última pessoa afetada pelo que você fez.

#6
Não faça nada que cause danos à sua consciência. Ouça todo mundo que você confia, tome as suas decisões, e assuma as responsabilidades. Não se importe em contrariar pessoas que você ama, pois as que também amam você detestariam que você fosse falso com elas ou se anulasse por causa delas.

#7
Não guarde dinheiro sem saber exatamente para que o está guardando. Dinheiro parado apodrece e faz a gente dormir mal. Transforme suas riquezas em benefícios para o maior número de pessoas.
É melhor perder o dinheiro que ocupa seu coração, do que o coração que se ocupa do dinheiro.

#8
Não deixe de se olhar no espelho antes de dormir. Caso não goste do que vê, não hesite em perder a noite de sono para planejar o que vai fazer na manhã seguinte. Ao se olhar no espelho ao amanhecer, lembre que com o sol chega também a misericórdia de Deus: a oportunidade de começar tudo de novo.

#9
Não leve mágoas, ressentimentos e amarguras para o ano novo. Leve pessoas. Sendo necessário, perdoe ou peça perdão. Geralmente as duas coisas serão necessárias, pois ninguém está sempre e totalmente certo. Respeite as pessoas que não quiserem fazer a mesma viagem com você.

#10
Não deixe de se perguntar se existe um jeito diferente de viver. Não acredite facilmente que o jeito diferente de viver é necessariamente melhor do que o jeito como você está vivendo.
Concentre mais energia em aprender a desfrutar o que tem do que em desejar o que não tem.

#11
Não deixe o trabalho e a religião atrapalharem sua vida. Cante sozinho. Leia poesias em voz alta. Participe de rodas de piada. Não tenha pressa de deixar a mesa após as refeições. Pegue crianças no colo. Ande sem relógio. Fuja dos beatos.

#12
Não enterre seus talentos. Nem que seu único tempo para usá-los seja da meia noite às seis. Ninguém deve passar a vida fazendo o que não gosta, se o preço é deixar de fazer o que sabe. Útil não é quem faz o que os outros acham importante que seja feito, mas quem cumpre sua vocação.

#13
Não crie caso com a mulher ou com o marido. Nem com o pai nem com a mãe. Nem com o irmão nem com a irmã. Caso eles criem com você, faça amor, não faça a guerra.
O resto se resolve.

#14
Não jogue fora a utopia. Ninguém consegue viver sem acreditar que outro mundo é possível. Faça o possível e o impossível para que esse outro mundo possível se torne realidade.

#15
Não deixe a monotonia tomar conta do seu pedaço. Ninguém consegue viver sem adrenalina. Preste bastante atenção naquilo que faz você levantar da cama na segunda-feira: se for bom apenas para você, jogue fora ou livre-se disso agora mesmo. Caso não queira levantar da cama na segunda-feira, grite por socorro.

#16
Não deixe de dar bom dia para Deus. Nem boa noite. Mesmo quando o dia não tiver sido bom. Com o tempo você vai descobrir que quem anda com Deus não tem dias ruins, apenas dias difíceis.

#17
Não negligencie o quarto secreto onde você se encontra com seu eu verdadeiro e com Deus – ou vice-versa. Aquele quarto é o centro do mundo – o mundo todo cabe lá dentro, pois na presença de Deus tudo está e tudo é.

#18
Não perca Jesus de vista.
Não tente fazer trilhas novas, siga nos passos dEle. O caminho nem sempre será tão confortável e a vista tão agradável, mas os companheiros de viagem são inigualáveis.

#19
Não caia na minha conversa. Aliás, não caia na conversa de ninguém. Faça sua própria lista. Escolha bem seus mestres e suas referências. Examine tudo. Ouça seu coração – geralmente é ali que Deus fala. Misture tudo e leve ao forno.

#20
Não fique esperando que sua lista saia do papel. Coloque o pé na estrada.
Caso não saiba por onde começar, não tem problema. O sábio disse ao caminhante que “não há caminho, faz-se caminho ao andar”.




Fonte: http://www.edrenekivitz.com/blog

Exigências da Mudança...



Mudança...
   1. Exige determinação

Não viva esperando nada cair do céu. A sua vida é aquilo que você decide e faz.

Você precisa ser mais firme em algumas decisões da sua vida. Para que você tenha uma vida melhor tome atitudes.

Hoje você precisa analisar o seu coração. Veja se você é o tipo de pessoa que começa, mas não termina. Aí pode estar o problema e a solução de uma vida transformada.

Mudança...
   2. Exige renúncia

Nem tudo o que você tem é necessário. Carregamos coisas desnecessárias na vida. Tenha coragem de olhar para dentro e reconhecer o lixo e os entulhos que você acumulou no decorrer desse ano.

Hoje é um momento decisivo de você revisitar o seu coração e realizar uma belíssima faxina na sua alma.

Abra mão de coisas que levam você a andar para trás. Quebre pontes do seu passado. Fecha as portas para os traumas da vida. Tome uma atitude de começar do zero.

Mudança...
   3. Exige objetivo

Talvez a sua vida não vá para frente porque você ainda não sabe aonde quer chegar. Se você é o tipo de pessoa que atira para todos os lados, isto está errado. Tenho uma meta. Trace o caminho e vislumbre um sonho a ser vivido e alcançado.

O Gato de Botas disse para Alice no País das Maravilhas: “Se você não sabe qual caminho seguir, então todos os caminhos podem te servir”.

Mudança...
   4. Exige visão

Veja longe. Pessoas com possuem uma visão pequena são pessoas medíocres. Veja o que ninguém consegue ver. Mesmo que o chamem de louco acredite que você possa chegar. Muitas pessoas não possuem uma vida melhor, porque desistiram dos sonhos que Deus colocou um dia no seu coração. Muita gente deixou de acreditar que fosse possível viver algo extraordinário com Deus.

Necessitamos urgentemente pedir ao Senhor para que abra os nossos olhos e que nos leve a ver a vida com o olhar do Espírito Santo.

Mudança...
   5. Exige adeus

Tem muitas coisas que precisamos superar. Você não pode continuar a viver com fardos do passado que já foram resolvidos. Existem pessoas que sofrem por coisas vividas a 5, 10, 15 e 20 anos atrás.

É o momento de você dizer adeus. Jogue fora esta mala pesada. Adeus a velha vida, aos velhos hábitos, as velhas maneiras, os velhos costumes, aos velhos sentimentos. Permita que algo novo da parte de Deus nasça em seu coração. Desfrute da promessa de Deus que diz que todos os dias o Senhor tem uma novidade de vida para cada filha e filho seu. Adeus é a palavra do momento para começar uma nova história na sua vida.

Já se foi um capítulo. No ano de 2012 novas páginas surgirão na história da sua vida e que você permita que somente Deus seja o único autor.

O "MAS" de Deus...


Eu amo o jeito que Deus faz para nos atrair novamente a sua presença e ter uma vida transbordante da sua alegria. Sou completamente fascinado pelo “mas” de Deus. Éramos inimigos de Deus, mas Deus nos amou. Éramos pecadores, mas Deus nos salvou. Éramos rebeldes, mas Deus nos aceitou. Éramos injustos, mas Deus nos fez justos.

Aqui está a única esperança para nós. Este “mas” de Deus é a presença ativa, operante e transformadora da graça que muda a nossa história. É uma graça que se manifesta em compaixão, misericórdia e perdão.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Uma convocação para a diferença...


Mateus 5. 1-2

O Sermão do Monte exerce um fascínio sem par. Ele parece encerrar a essência do ensino de Jesus. Ele torna a justiça atrativa; envergonha o nosso fraco desempenho; gera sonhos de um mundo melhor.

O notável e expoente pregador do século 17, John Donne, expressou acerca do Sermão do Monte: “Todos os artigos de nossa religião, todos os cânones de nossa igreja, todas as injunções de nossos príncipes, todas as homilias de nossos pais, todo o corpo de doutrinas estão contidos nestes três capítulos, neste Sermão do Monte”.

Creio que Jesus desejou que o seu Sermão fosse obedecido e vivido. Se a Igreja tivesse aceitado realisticamente os seus padrões e valores, como aqui demonstrados, e tivesse vivido segundo eles, ela teria sido a sociedade alternativa que sempre tencionou ser e, poderia oferecer ao mundo uma autentica contracultura cristã.

De tudo o que ele disse, essas suas palavras são as que mais se aproximam de um manifesto, pois descrevem o que ele desejava que os seus seguidores fossem e fizessem. Penso que nenhuma outra expressão resume melhor a intenção de Jesus, ou indique mais claramente o seu desafio para o mundo atual.

Parece que atravessamos décadas de desilusão. Cada geração que se levanta odeia o mundo que herdou. Às vezes, a reação tem sido ingênua, embora não possamos dizer que tenha sido hipócrita. Os horrores das guerras não terminaram com aqueles que distribuíram flores e rabiscavam o seu lema: “Faça amor, não faça guerra”.

Muitas pessoas num sentimento de revolta contra o sistema capitalista e opressor no qual vivemos, exprimem a totalidade da sua rejeição vivendo com simplicidade, vestindo-se negligentemente, andando descalças e evitando o desperdício. Desprezam a superficialidade, tanto do materialismo descrente como do conformismo religioso, pois sentem que há uma realidade impressionante muito maior do que essas trivialidades, e buscam essa dimensão “transcendental” ilusória através da meditação, de drogas ou sexo. Tudo isso é sintoma da incapacidade da geração mais jovem de adaptar-se ao status quo ou de aclimatar-se a cultura prevalecente.

A juventude de hoje está à procura das coisas certas (significado, paz, amor, realidade), ela as tem procurado nos lugares errados. O primeiro lugar onde deveriam procurar é o lugar que normalmente ignoram – a igreja. A razão é que esta geração não vê a igreja na contramão, mas no conformismo. Não vê uma nova sociedade que concretiza seus ideais, mas uma versão da velha sociedade a que renunciaram. Nenhum comentário poderia ser mais prejudicial para o cristão do que as palavras: “Mas você não é diferente das outras pessoas”.

Os discípulos de Jesus têm de ser diferentes: tanto da igreja nominal, como do mundo secular; tanto dos religiosos, como dos irreligiosos. Em Jesus temos a proposta da contracultura cristã. É o verdadeiro sistema de valores cristãos, um padrão ético, uma devoção religiosa, uma atitude para com o dinheiro, uma ambição, um estilo de vida. Esta contracultura; esta contramão é a vida cristã do reino de Deus, uma vida humana realmente plena, mas vivida sob o governo divino.

Seus padrões são atingíveis?

Algumas pessoas olham para vida humana na sua perversidade e chega à conclusão de que é impossível viver este o desafio de vida de Jesus. Dizem que os seus ideais são nobres, mas impraticáveis, atraentes a imaginação, mas impossíveis de se cumprir.

Gostaríamos de saber que tipo de pessoa deveria ser o crente? Gostaríamos de saber que caráter cristão deveria ser o nosso alvo? Gostaríamos de saber qual a conduta e os hábitos mentais que deveríamos cultivar como seguidores de Jesus? Nesse caso, estudemos com freqüência a vida de Jesus de Nazaré.

Como pode alguém ser manso? Conhecemos o poder da paixão humana, como pode alguém refrear o seu olhar e pensamento? Sabemos de nossas preocupações, como podemos controlar a apreensão e ansiedade? Presenciamos a inclinação do homem a vingança, como podemos esperar que alguém ame seus inimigos?

Analisemos a vida daqueles que se submetem a este puro e cristalino ensino, se as suas vidas não são honrosas e inspiram ao mesmo modelo de vida? Na vida de Jesus não temos lindos pensamento abstratos, que apresenta principalmente exigências exageradas e impossíveis, mas mandamentos simples, claros, práticos que, se fossem obedecidos, estabeleceriam uma ordem completamente nova na sociedade humana, onde a violência cessaria, e seriamos capazes de viver as bênçãos do céu na terra.

A felicidade não está num lugar específico, mas numa atitude definida. A palavra grega Macarios (bem-aventurado), significa feliz, muito feliz. Trata-se da felicidade plena, independente das circunstâncias. O problema do homem não é a busca da felicidade, mas contentar-se com uma felicidade limitada demais, terrena demais. 

Deus nos criou e nos salvou para a maior das felicidades. A felicidade verdadeira não está nas coisas, mas em Deus. É na presença de Deus que existe plenitude de alegria. O propósito principal da nossa vida é conhecer a Deus e fruir da sua intimidade. Aí reside a verdadeira felicidade! Nas bem-aventuranças Jesus nos fala sobre um correto relacionamento com Deus, com nós mesmos e com o próximo. Somos felizes quando nossas relações estão harmonizadas. 

Olhando para as multidões 

Jesus sempre parte da realidade humana, seja boa ou ruim. Jesus sabe que há pessoas humilhadas. Há pessoas que choram. Há pessoas cujas necessidades básicas não são atendidas. Há pessoas perseguidas. Jesus sabe que há também pessoas humildes. Há também pessoas misericordiosas. Há também pessoas puras de coração Há também pessoas que promovem a paz sempre. Jesus considera a vida como ela é.

Parte de nosso problema advém da recusa a considerar a vida como ela é. O fato de a vida ser como ela é não quer dizer que a aceitemos, mas que reconhecemos que a maldade e a crueldade existem, embora registremos nosso protesto e atuemos para que as coisas não sejam assim. 

Jesus nos mostra que há outra vida possível, aqui e agora, mesmo para aqueles que, até agora, só colheram fracassos (reais ou simbólicos). Vale a pena viver: 

1. Uma pessoa rejeitada tende a ser agressiva, mas há outra vida possível.
2. Uma pessoa criticada tende a ser insegura, mas há outra vida possível. 
3. Uma pessoa que coleciona fracassos tende a pensar que assim será até o resto da vida, mas há outra vida possível. 

André Choraqui traduz a expressão “bem-aventurados” ou “felizes” por “em marcha”, entendendo que a felicidade se faz na caminhada. Ser feliz é se por em marcha com Deus. Como na oração, a felicidade não está em receber a bênção solicitada; a felicidade está em orar. 

Conclusão 

Esses padrões são atingíveis, mas somente para aqueles que experimentaram o novo nascimento. Jesus proferiu este Sermão para aqueles que já eram seus discípulos e, portanto, também cidadãos do reino de Deus. Por isso, quando seguimos este padrão ou, pelo menos, quando nos aproximamos dele, damos prova de que a livre graça e o dom de Deus já operaram em nós.

Seja gentil. Seja feliz...

Mateus 5.5



A palavra manso que Jesus usa significa alguém gentil, humilde, atencioso ou cortês.

A mansidão é, em essência, a verdadeira visão que temos de nós mesmos, e que se expressa na atitude e na conduta para com os outros.

Jesus tinha em mente aqueles cujo espírito é paciente e satisfeito. Os que dispõem a serem com pouco honra neste mundo, capazes de sofrer injustiças sem guardar ressentimentos. Os que dificilmente se deixam irritar. Quem vive assim nunca será um perdedor. Chegará o momento que você possuirá todas as coisas se assim viver.

A auto-renúncia é o caminho para o domínio do mundo.

Todo crente, sem importar o seu temperamento natural ou a sua psicologia, deve ser possuidor dessa virtude.

Mas que espécie de gentileza é essa, para que seus possuidores sejam declarados bem-aventurados (felizes)?

Vamos aplicar isso ao nosso dia a dia. Você se sente feliz e aliviado quando reconhece diante de Deus os seus pecados, a sua maldade e sabe que é um ser miserável. Não há nenhum problema nisso. Você não fica incomodado. Mas se alguém vier a você depois do culto e chamá-lo de miserável, a sua vontade será de socar o nariz da pessoa. Em outras palavras, você não está preparado para permitir que outras pessoas pensem ou fale de você aquilo que acabou de reconhecer diante de Deus.

Esta benção de felicidade extrema e eterna é tão completa e inteiramente contrária a tudo quanto o homem natural pensa. A conquista mundial – o predomínio sobre o universo inteiro – será entregue aos mansos, dentre todas as pessoas deste mundo! A humanidade pensa em termos de força, de poderio, de habilidade, de autoconfiança e auto-segurança e de agressividade. Essa é a idéia que este mundo faz de conquista e predomínio. Quanto mais uma pessoa se impõe e se expressa, quanto mais se organiza e manifesta o seu poder e as suas habilidades, tanto mais perto se acha do sucesso e do progresso.

A terra é, em geral, propriedade dos valentes, dos arrogantes. Há nas pessoas uma forte tendência para provar aos outros que são fortes.

Você já percebeu a cena de guerra? Os que fazem a guerra, no final das contas, não herdam nada, somente destroços.

Mais sábio do que alguém que conquista impérios, palácios, cidades inteiras é aquele que tem o domínio de si mesmo, que sabe gerenciar e desfrutar bem de todas as suas potencialidades humanas.

Os valentes olham para o mundo como uma arena, um campo de concentração. Os mansos vêem o mundo como um espaço abundante – há lugar para todos.

Os valentes fazem guerra por medo de que ameacem seus espaços, ou por acreditarem que somente terão o reconhecimento de outros quando todos os espaços forem seus.

Já os mansos vivem de tal forma a sua condição de ser gente em Deus que não sentem necessidade de provar aos outros coisa alguma, nem de competir por aquilo que não “são”, pois para ser não precisam destruir pessoas. Não estamos falando de passividade. Os mansos são proativos, capazes de lutar, desde que o combate deles tenha como foco a preservação da vida.

Somente alguém com muita consciência daquilo que realmente é não sente necessidade de violentar, agredir, não sente necessidade nem mesmo de explicar-se, apresentar títulos, exibir prestígio.

Somos lembrados por Jesus que o crente é alguém inteiramente diferente deste mundo. O mundo não somente é diferente do crente; o mundo nem ao menos é capaz de entendê-lo. Para o mundo, o crente é um mistério.

Exemplo: Podemos verificar isso no caso de Davi. Especialmente no seu relacionamento com Saul. Davi sabia que ele seria o próximo rei de Israel. Mas quanta coisa ele não teve que suportar? Quanta acusação e perseguição Davi sofreu de Saul.

Pensemos num homem como o apóstolo Paulo, uma mente brilhante, uma personalidade extraordinária, um caráter fortíssimo; entretanto, observamos a humildade presente e a mansidão governando toda a sua vida. Isso é algo produzido pelo Espírito Santo.

Há pessoas que concordam com tudo que é feito ao seu redor, e as pessoas pensam que isso é ser manso. Há pessoas que parecem ter nascido com a gentileza no DNA. Não é isso que o Senhor Jesus quis dizer por ser manso. Nesse caso é algo puramente biológico. Até mesmo um cachorro pode ser mais pacifico do que o outro. Um gato pode ser mais quieto do que o outro. Mas isso não corresponde à mansidão de que nos fala a Bíblia.

Que Deus nos livre de confundir essa nobre qualidade, uma das mais nobres entre todas as virtudes, com algo meramente animal, físico ou natural.

Ser manso é usar a paciência, mesmo quando você sofre injustamente. John Bunyan expressou de forma certeira: “Aquele que já está caído, não precisa temer a queda”. Quando alguém vê verdadeiramente a si mesmo, sabe que ninguém pode dizer algo a seu respeito que seja exageradamente mau.

O indivíduo manso não se orgulha de si mesmo; não se vanglória a seu próprio respeito. Sempre sentirá que não existe nada em si que possa se orgulhar, pois sabe que é um pecador.

O manso nunca faz valer seu direito. Isso é contra a cultura popular de nossos dias que afirma que devemos nos impor sobre os outros.

O manso não considera todos os seus legítimos direitos como algo a ser exigido. Não faz exigência quanto a sua posição, aos seus privilégios, os seus bens.

Há outra questão sobre a mansidão. É a arte de saber ouvir e aprender. O manso sempre está disposto a aprender com outras pessoas.

Conclusão

Os discípulos são felizes porque herdarão a terra. A terra será um dia a comunidade exclusiva dos mansos e não dos desafortunados e desumanos.

Temos a obrigação de por um ponto final em nosso próprio “eu” exigente, o que é a causa de todas as nossas dificuldades, a fim de que Deus que nos comprou por um preço tão grande e caro posso vir e possuir a sua vida por inteiro.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O que é o evangelho?


É possível então afirmar que exista um grupo de cristãos que compreenderam a mensagem da cruz e se renderam totalmente a graça de Deus e pouco a pouco se desviarem e abraçaram um “outro evangelho”.

Não existe outro evangelho. Existe apenas uma forma de se conceber biblicamente e teologicamente o que aconteceu naquela cruz. Portanto, toda e qualquer variação é perversão. É corrupção.

O que temos hoje são falsos mestres que mexem no coração do evangelho. O coração do evangelho é a fé somente em Jesus Cristo, o crucificado. Como você concebe quem é Jesus e qual foi a sua missão, determina grandemente se você entendeu e compreendeu o evangelho de Deus – as boas novas de Deus. Porque as boas novas de Deus é a seguinte:

  1. Você e eu estávamos completamente desconectados da relação com Deus.
  2. A consciência da existência de Deus sempre houve em toda história e em toda cultura, no entanto, sempre houve o sentimento de separação de Deus.
  3. Deste conceito surge a religião. É uma tentativa do homem e da mulher de construir a ponte para religar a relação com o Deus criador. Entretanto, a religião é uma tentativa humana. A religião é uma tentativa de homens e mulheres serem suficientemente bons para agradar a Deus. É uma tentativa de serem suficientemente elevados para cativarem o amor de Deus. É uma tentativa de serem suficientemente cumpridores de todas as regras, afim de que Deus os aceite e os ame.
Isto não é o evangelho. Isto é a religião. O evangelho é a boa notícia de Deus em saber que somos incapazes de reconectarmos com ele, por mais que fosse a nossa determinação e desejo. Deus então na pessoa de Jesus entra na história e naquela cruz ele assume sobre si o seu e o meu pecado. A sua e a minha impotência. Portanto, o evangelho é a reconciliação de Deus com o homem, e não o contrário.

A boa notícia é que não existe mais dívida. Deus em Cristo pagou a nossa dívida. Não existe mais débito negativo com Deus.

A grande questão é – o que você vai fazer diante desta grande notícia? Você vai se render ou você vai desprezá-la?

Quando a pessoa entende e se rende ao evangelho de Deus a sua vida muda radicalmente. A pessoa se torna um melhor pai. Um melhor marido. Um melhor profissional. Essa pessoa se torna uma mulher mãe. Uma melhor filha. Uma melhor mulher. O verdadeiro evangelho de Deus tem poder para transformar a tudo e a todos.

Tudo isto é diferente da religião. Na religião você se transforma baseado nos seus méritos e esforços. Na religião nós tentamos nos transformar através de metodologias legalistas de fora para dentro. O evangelho de Deus quando nos alcança nos transforma de dentro para fora.

Deus nos ama suficiente para aceitar como somos, mas ele nos ama demais para permitir que nós continuemos os mesmos. Em outras palavras, Deus nos acolhe por seu amor, mas na medida em que nos rendemos e entendemos esse amor, este amor de Cristo nos constrange diariamente. A transformação efetiva de um cristão é decorrente do constrangimento gerado pelo amor de Cristo.

Fundador faz revelações sobre o polêmico culto religioso conhecido como “cair no espírito”...

Expostos a rituais perigosos, fiéis imitam cachorros e se comportam como bêbados


Conhecido como “cair no espírito”, o culto que atrai cada vez mais seguidores no Brasil e no mundo, chama a atenção por expor seus seguidores a rituais perigosos e intrigantes. Comandados por um líder religioso, os fiéis ficam imóveis, caem e se debatem, em transe, no chão; muitas vezes, todos ao mesmo tempo. 

Em conversa exclusiva com a repórter Heloísa Vilela, doDomingo Espetacular (Record), um dos fundadores do movimento, Paul Gold, arrependido, revela que as práticas vão contra às Escrituras Sagradas.

- Em dois anos, cerca de dois milhões de pessoas do mundo todo visitavam a Igreja do Aeroporto de Toronto, pra receber esse espírito, essas manifestações e essa “bênção”. Hoje eu diria que isso é uma coisa um tanto quanto macabra.

Paul conta com detalhes como surgiu o movimento. Ele comandava as orações e os rituais do ‘cai-cai’. Era um dos principais nomes da igreja, mas durante um culto, percebeu que existia algo de errado naquilo tudo. Ele conta que as pessoas imitavam cachorros e comportavam-se como bêbados.

- Hoje eu acredito que esse espírito é um espírito falso, um espírito enganador e não o espírito sagrado das Escrituras.

Gold diz que estava em transe quando veio um pensamento de que aquilo era errado.

- Na mesma hora, meu coração se convenceu e na mesma hora eu pedi ao Senhor Jesus para me perdoar, por ter sido tão tolo, tão ridículo.

Gold decidiu então se desligar da igreja e escreveu uma carta que afirma “o diabo usa o ‘cair no espírito’ para cegar as pessoas, o movimento viola as Escrituras Sagradas”. O pastor acabou ficando doente. Foi então que percebeu o quanto havia se enganado.

- O Espírito Santo, o próprio nome já diz, é santo. Ele nunca vai encorajar as pessoas a fazer algo que não seja sagrado. As pessoas, a humanidade foi feita à imagem de Deus, por que Deus depreciaria a humanidade fazendo as pessoas parecerem animais?

À repórter Heloisa Vilela, o fundador do movimento do ‘cai-cai’ mandou um recado aos brasileiros.

- Por favor, pastores, não adotem isso. Não pensem que é uma coisa boa. Isso não é de Deus. Isso é um esquema do diabo. E isso vai trazer destruição aos homens, mulheres e crianças que abraçarem isso. 

Para o neurologista Marcelo Sogabe, existe uma explicação médica para as quedas em série.

- Isso é dado o nome técnico de pareidolia, que por algum motivo o cérebro é condicionado a reagir, conforme todos vão reagir. O cérebro precisa procurar imagens e quando as busca e vê todos caindo, ele também condiciona a pessoa, a fazê-lo.

Pessoas arrependidas

Na cidade de Araraquara (SP), Cecília Moura, evangélica há mais de trinta anos, participou durante quatro anos de cultos que adotavam o “cair no espírito”, mas percebeu que, durante as realizações dos cultos, algo estranho acontecia.

- A gente caia, ficava rindo, rolando no chão, mas aquilo me trouxe um questionamento em termos de resultado. O que aquilo trazia para a minha vida? Nada.

Desiludida, Cecília decidiu que era hora de abandonar o movimento.

- Há algo que tenho que fazer e há algo que eu tenho que fazer por mim. E com certeza não era caindo no chão e rindo que minha vida ia mudar.

Hoje, ela e o marido abominam tal prática e se diz curada das enganações impostas pelos pregadores.

Clemilda da Conceição também costumava cair na igreja. Ela buscava conforto depois de uma separação traumática. Ela buscava conforto na igreja, mas não entendia e nem gostava da sensação.

- Eu não conseguia entender, porque o que eu buscava não era cair. Eu buscava o Espírito Santo, eu buscava mudanças. Eu caí, mas nada mudou. Eu não tinha os dons do Espírito que a Bíblia fala que você tem que ter. E perceber isso, foi importante para me libertar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Professor do Programa de Ciências da Religião fala sobre a nova configuração religiosa brasileira, divulgada pelo IBGE...

Em entrevista ao site do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo o sociólogo Paulo Barrera, professor do Programa em Ciências da Religião da Universidade Metodista e pesquisador do cenário religioso brasileiro, fala sobre os dados censitários mais recentes divulgados pelo IBGE. Leia a seguir:


Andar com fé

Por Elisa Marconi e Francisco Bicudo

02/09/2011


A edição 2008-2009 da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada há dez dias, traz informações socioeconômicas importantes e que chamam a atenção quando o assunto é especificamente a religiosidade dos brasileiros. Destacam-se à primeira vista, por exemplo, as mudanças de opções religiosas (fiéis que migram para outras crenças ou até mesmo para religião nenhuma). Ainda segundo o trabalho, pela primeira vez desde que levantamentos dessa natureza tiveram início, os católicos representam menos de 70% da população do Brasil (são cerca de 68%).

Outro número que merece um olhar mais atento está relacionado ao crescimento dos evangélicos (tradicionais e neopentecostais) e à ampliação do grupo que se intitula sem religião. Também recentemente, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) anunciou o novo “Mapa das Religiões no Brasil”, estudo coordenado pelo economista Marcelo Neri, professor da instituição. Os dados revelados pela pesquisa se assemelham em vários pontos ao que foi constatado pelo IBGE. Os dois levantamentos foram matérias de revistas semanais e chegaram às manchetes dos principais jornais do país, reforçando que o assunto religião segue como um importante tema da agenda pública de discussões nacionais.

Entrevistado com exclusividade pelo SINPRO-SP, o sociólogo Dario Rivera, professor da pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), defende logo de início que, embora os números da POF e do mapa da FGV sejam significativos, eles não representam exatamente grandes novidades. “A diminuição suave no número de católicos, o aumento discreto na quantidade de pentecostais, e o fortalecimento do grupo dos sem-religião já eram tendências detectadas no Censo de 2000 e na POF de 2003”. Na verdade, ainda de acordo com Rivera, as informações divulgadas são muito recentes, de forma que não é possível traçar diagnósticos mais aprofundados a respeito dessa migração. “A bem da verdade, é pouca gente mudando de um grupo para outro”, reforça.

“Experimentação religiosa”

Talvez mais importante que a chamada “experimentação religiosa” – quando um fiel vai beber na fonte de outras religiões e, eventualmente, acaba ficando na nova igreja – seja a compreensão dos significados da secularização. A palavra remete à perda de importância paulatina que a religião, ou as crenças e valores religiosos, têm na vida das pessoas. Ou, em outras palavras, crer num deus e acompanhar a instituição que se organiza em torno dessa entidade vem deixando de ser um fator que pesa no momento de tomar decisões, escolher caminhos, experimentar novas possibilidades. “Esse não é um fenômeno brasileiro, é mundial e reflete o tempo em que vivemos, a sociedade que somos, que dá menos valor às determinações religiosas”.

Agora, se a migração entre religiões é um fato – as pesquisas sugerem e o sociólogo da religião reconhece isso – a pergunta que se deve fazer é: por que tal movimentação acontece e como esse trânsito afeta a vida do país? A imprensa tende fortemente a atribuir essa migração à situação socioeconômica dos fieis. Grosso modo, essa narrativa defende que, quando as condições de vida vão bem, as pessoas buscam religiões – ou alas – mais liberais, menos radicais. Quando as coisas não vão muito bem, com crise econômica, falta de emprego, orçamentos apertados, a tendência é que os fiéis caminhem ao encontro daquelas igrejas que prometem resolver todas as mazelas terrenas, fortalecendo vínculos entre o crente e a entidade. Isso ajudaria a explicar o aumento dos frequentadores dos templos neopentecostais, como a Assembleia de Deus e a Igreja Universal do Reino de Deus, nos anos 1990, período de pequenino crescimento econômico – mais uma “década perdida”.

Esse argumento também explicaria o retorno à antiga igreja por parte de alguns fieis, que as pesquisas agora detectaram. “As análises que li sugerem que economia mais estável e melhores condições de vida estariam deixando os religiosos menos preocupados e, portanto, poderiam voltar às suas igrejas de origem, em geral, mais tradicionais e menos míticas”, comenta Rivera. Realmente os dados computados permitem essa interpretação, mas é aí que, avisa o professor, entra a tal análise em profundidade, para além dos números, que reflete sobre o que a estatística não pode medir. “Se o fiel mudou nos últimos 20 anos, a igreja também mudou, até para trazer de volta seu ex-fiel. Os cultos ficaram mais lúdicos, mais mágicos, mesmo nas igrejas evangélicas mais tradicionais e isso atende aos desejos do público”, completa o docente da Universidade Metodista.

Em direção ao conservadorismo?

Seria então tal movimento um reflexo de uma guinada em direção ao conservadorismo que se tem observado? A sociedade estava sentindo falta desse discurso mais antiquado e encontrou isso nas novas alas e formas de manifestação da religião? Rivera destrincha lentamente as questões. Primeiro, ele reconhece que a onda de conservadorismo existe mesmo, mas, para o pesquisador, não representa a maior parte dos fieis ou dos líderes religiosos. Depois, o trânsito entre religiões para encontrar essas proposições mais antigas se deve também a questões endógenas. Ou seja, à propaganda que as igrejas fazem, à concorrência entre as igrejas, às novidades nas liturgias e ao atendimento mais rápido das necessidades apresentadas pelos fieis. E, segundo o sociólogo da religião, essas palavras agradam a uma parcela da população. Mas existem ainda outras questões externas ao universo das igrejas. Rivera lembra que a imprensa escolhe suas pautas e agenda, e a religião, ou as religiões, sempre voltam à cena, são assuntos frequentes. O que, nesse grande cenário, será identificado, divulgado e até inflado midiaticamente é parte de uma estratégia maior, que vai da vontade de vender mais jornais até a necessidade de estar afinado com o discurso de alguns grupos de poder.

O pesquisador continua seu raciocínio e diz que, de tanto acompanhar na imprensa que o conservadorismo vem crescendo, ganhando espaço, que o catolicismo está em decadência (com exceção das alas mais conservadoras), que novos líderes tão radicais quanto reacionários estão em evidência, a sociedade realmente acredita e passa a levar o assunto mais a sério que deveria. A imprensa no Brasil e na América Latina (o professor é peruano e conhece essa realidade nos países vizinhos) faz muita força para não dar voz aos atores que defendem a relativização dos valores religiosos. Por isso a informação destacada nas pesquisas é a queda dos católicos e não o aumento dos sem-religião, que já vinha se apresentando desde 2000, no Censo. Mais: a mídia latino-americana defende que o mundo precisa urgentemente resgatar alguns valores do passado, que estão em falta na sociedade e garantiriam um mundo mais organizado. Ele reforça: não é que a onda conservadora não exista ou não mereça atenção, “mas ela não é hegemônica, como se pinta. Amplificar o valor dos conservadores atende a interesses da imprensa, mas há outros movimentos crescendo e se destacando”, garante Rivera.

O sociólogo lembra da Jornada da Juventude, um mega-evento realizado pela Igreja Católica que, este ano, aconteceu em Madri, na Espanha. O discurso do papa Bento XVI diante dos dois milhões de jovens participantes foi bem duro e bem forte no sentido do conservadorismo. Por outro lado, “também acontecia o que podemos chamar de lado B da Jornada, que era a farra que os jovens promoviam nos acampamentos; e ainda o perdão coletivo às mulheres que abortaram, atitude impensável no âmbito do Catolicismo há dez anos”. Além disso, a não observância às determinações da igreja continua aumentando: o número de divórcios cresce, os casamentos religiosos diminuem, a opção pelo não planejamento familiar é muitas vezes ignorada, cada vez mais países permitem o aborto e o casamento entre homossexuais. Trocando em miúdos: na opinião do professor, portanto, embora as religiões tentem e a mídia encampe, “o conservadorismo não tem sido eficaz como se prega”.

Ainda sustentando essa discussão, as pesquisas oferecem informações importantes a respeito de posturas e escolhas dos jovens. Por um lado, foi entre os brasileiros de 10 a 19 anos que cresceu mais a opção “evangélico não praticante” ou “sem religião” (pessoas que crêem, mas não se vinculam a igreja alguma); por outro lado, um grupo importante de jovens vem optando pela castidade e por seguir os preceitos religiosos à risca. Rivera aponta um paradoxo aqui que, mais uma vez, apenas os levantamentos estatísticos não podem observar com precisão. “Esse menino ou essa menina que usa a camiseta ‘100% virgem’, em contraposição, ou resposta, àqueles que envergam a estampa ‘100% negro’, o faz por escolha. Por uma opção livre e não porque o pai, ou a mãe, ou a igreja assim ordenou”, provoca.

Rivera concorda plenamente com a afirmação feita pelo filósofo Vladimir Safatle também em entrevista recentemente publicada pelo site do SINPRO (“estamos vivendo um tempo em que se costuma atribuir à falta de valores morais as razões de certas situações que, na realidade, têm origem socioeconômica”). E completa a reflexão propondo que, idealmente, a mídia deveria se pautar não pelos valores religiosos, como se eles fossem parte da solução dos problemas do mundo, mas pelos “valores humanos, que podem até se afinar com princípios religiosos, mas sem que essa associação seja obrigatória ou automática. Matar um semelhante é um valor humano. A religião pode até abraçar essa premissa, mas ela é, por princípio, um valor humano, laico”.

O que fica evidente na fala do pesquisador é que as religiões não são senhoras do monopólio da moralidade. E a pergunta que deveria então nortear quem estuda religião, quem estuda sociedade e quem divulga as pesquisas que tocam essas duas esferas seria: a quem interessa não dissociar valores religiosos dos valores humanos? Segundo o professor da Universidade Metodista de São Paulo, quando a gente puder discutir isso abertamente, o receio de um conservadorismo pré-moderno e ou de uma sociedade sem valores entrará em viés de baixa.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Irmãos Vivendo em União (Salmo 133)

John Stott

A união do povo de Deus sempre foi Sua vontade, bem como objeto de seu desejo. Se este salmo é pós-exílico, ele pode expressar a alegria e solidariedade dos peregrinos reu-nidos para adoração em Jerusalém, com a separação do reino dividido finalmente curada.

O povo da aliança de Deus já é composto de irmãos; mas é bom e agradável se, além do seu relacionamento fraternal, eles viverem unidos (v.1). O prazer da união é agora ilustrado vividamente. Ele é como o óleo precioso o qual desce para a barba, a barba de Arão (de sua cabeça sobre a qual foi derramado) e desce para a gola de suas vestes, e como o orvalho do Hermom, uma expressão de orvalho abundante (v.2,3).

Nós não sabemos porque a união do povo de Deus é como o óleo precioso de Arão e o orvalho abundante de Hermom. Alguns escritores enfatizam que ambos descem, e que seu significado é a influência total do verdadeiro acordo fraternal, santificando todo o corpo. Ao mesmo tempo, já que o óleo aromático seria usado e o orvalho era essencial para a fertilidade da Palestina árida, essas comparações são certamente usadas também para ensinar que a união é tão cheirosa quanto o óleo e tão refrescante quanto o orvalho de Jerusalém. É ali que Jeová ordena a sua bênção, e a vida para sempre (v.3).

Miserável homem que sou...

Ricardo Barbosa


Recentemente, num retiro de nossa igreja, estava ouvindo o conselheiro Werner Haeuser, nosso convidado para aquele encontro, que naquela manhã trazia uma meditação sobre Elias e a grande crise pessoal que viveu depois de ter experimentado uma extraordinária vitória. A meditação de Werner enfocava o problema da vitimação, desta tendência comum do ser humano de fazer-se vítima, de sentir-se acuado pelo mundo, de achar que é o único que sofre, que todos estão conspirando contra ele.

No meio de sua fala, o conselheiro trouxe uma afirmação que me fez perder um pouco a concentração do seu discurso e ater-me mais a esta frase. Disse ele: "O crescimento pessoal começa quando o culpar o outro termina". Comecei a me lembrar das inúmeras justificativas que tenho criado para me justificar dos meus erros e absolver a mim mesmo das minhas responsabilidades. Lembrei das incontáveis vezes em que culpei o governo para justificar da minha apatia social; das muitas vezes que culpei minha esposa e filhos para me absolver do meu egoísmo e insensiblidade e das vezes que culpei irmãos e irmãs para me poupar do incômodo de reconhecer minha incapacidade de amar e perdoar.

Todas as vezes que fiz isso, perdi a oportunidade de crescer, amadurecer e dar um passo a mais na formação do meu caráter. Era apenas mais uma vítima dos erros e pecados dos outros. É uma fórmula comum, bastante usada e que tem lá a sua eficiência. Mas esconde um grande perigo: A paralisia moral.

O que está em questão não é esconder a realidade nem fechar os olhos para os problemas políticos, sociais, familiares ou eclesiásticos. O que se propõe é a necessidade de olharmos com mais coragem e honestidade para nós mesmos, de sermos capazes de assumir os próprios erros e enfrentarmos o pecado com humildade e transparência. É aqui que começamos a dar os primeiros passos em direção a uma maturidade saudável.

O apóstolo Paulo foi uma destas pessoas que resistiu à tentação da vitimação ao afirmar: "Miserável homem que sou." Ele não culpa os outros pela sua incapacidade de não fazer o bem que sabe que deveria fazer. Ele sabe o que é certo, consegue discernir o bem do mal, sabe o que é melhor para ele e os outros, mas mesmo assim, nem sempre consegue optar por aquilo que é verdadeiro, justo e bom. No entanto, mesmo vivendo este dilema, ele não coloca a culpa dos seus erros e pecados no governo, na igreja, na família ou nos outros. Corajosamente - e responsavelmente -, olha para si e reconhece que o problema está nele, no seu pecado, na sua desobediência. Esta postura abre as portas para um processo de crescimento e transformação.

Ao fazer tal afirmação, Paulo não se torna vítima, mas protagonista. A responsabilidade é dele, não dos outros. Esta é a diferença. Paulo não responsabiliza os outros pelas escolhas erradas que fez, pelas oportunidades que deixou escapar, pela formação que deixou de obter, pela influência nociva que sofreu. O cenário principal do seu conflito não era externo, mas interno. A luta entre fazer o bem que conhecia e desejava e se deixar levar pelo mal que não desejava era uma luta da sua alma e Paulo a enfrentou com honestidade e coragem.

Conheço muitas pessoas que gostariam de ver menos televisão e dedicar-se mais à leitura, meditação e oração, mas não conseguem; de trabalhar menos e dispor de mais tempo para a família, amigos e lazer, mas sempre sobra mais trabalho do que tempo; de convidar mais os amigos para sair ou jantar em casa, conversar, mas sempre surge algo mais importante e inadiável para fazer. Sabemos que há mais prazer em cultivar relacionamentos honestos e verdadeiros, em conversar antes de julgar, ouvir antes de falar, servir antes de ser servido, ajudar ao invés de reclamar; mas normalmente nossos relacionamentos não são honestos, julgamos o que não conhecemos, buscamos ser servidos e não servir e, freqüentemente, reclamamos e não ajudamos. Sabemos o quanto é bom lembrar do aniversário de algum amigo, mas não lembramos; que devemos ser mais tolerantes com os erros dos outros, mas não somos; que é bom doar algo que nos é caro, mas não doamos. Diante da inércia e dificuldades internas, da própria alma, responsabilizamos o chefe pela falta de tempo, a correria da vida moderna pela aridez da oração, os inúmeros compromissos pela falta de amizade, e por aí vai. Afinal, não somos nós - são os outros.

O problema que nos difere de Paulo é que não sabemos reconhecer este grande e grave pecado que nos acompanha sempre. Pessoalmente, nunca ouvi ninguém reconhecer o quanto é miserável e concluir dizendo: "Quem me livrará desta morte?" Achamos mais fácil nos justificar nos erros dos outros do que assumir nosso próprio pecado. C. S. Lewis dizia que as pessoas mais ocupadas são na verdade as mais preguiçosas, porque sempre deixam que outros decidam o que devem fazer. É mais fácil viver assim porque também responsabilizamos os outros por tudo o que deixamos de fazer.

Penso que se todos nós, de forma corajosa e honesta, fizéssemos uma declaração como esta de Paulo e reconhecêssemos que somos nós que não fazemos o bem que conhecemos, que optamos pelo mal que não queremos, que o problema está em nós e não nos outros, que precisamos começar por nós um longo caminho de arrependimento e confissão e que necessitamos, desesperadamente, da graça de Deus para libertar nosso corpo deste processo fatal, que vem aniquilando nossos relacionamentos mais íntimos, minando nossas esperanças mais sadias e corrompendo as experiências mais santas e verdadeiras, certamente viveríamos melhor, teríamos famílias mais saudáveis e uma igreja mais madura e acolhedora.

"Miserável homem que sou." É duro reconhecer isto, mas este é o ponto de partida para a vida e a comunhão. É o princípio onde aprendemos que a vida começa em Deus e a comunhão é construída numa dependência constante e sincera dele. Fazendo isto, olharemos para nós antes de olhar para os outros. Estenderemos nossas mãos antes de exigir que alguém estenda as suas para nós. Nos doaremos aos outros antes mesmo que se doem a nós. Cresceremos porque evitaremos culpar os outros pelos nossos erros e pecados.

Que Deus tenha misericórdia de nós.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Apenas uma leitura de Apocalipse 5...

O texto de apocalipse diz que ninguém no céu, na terra e nem debaixo da terra tinha condições para abrir o livro selado. Eis que surge um ser que é digno de abrir. Na descrição do texto este ser é Jesus, o Cordeiro. Podemos entender que Jesus não é do céu, nem terra e nem debaixo da terra. Jesus não está no céu. O céu está em Jesus.

O ancião viu um leão. João viu um cordeiro. O leão é a visão do céu. João tem a visão da terra. João era pastor e precisava ter a visão de um cordeiro. O cordeiro significa serviço, humilhação, cuidado, entrega e renúncia. É o abrir mão dos direitos. Ao invés de ver algo cheio de autoridade, João precisava ver um cordeiro morto, com as vísceras de fora e todo degolado para entender o significado de forma prática o que é a missão da igreja e o serviço pastoral.