sexta-feira, 31 de julho de 2009

Emil Brunner responde...

Em 1928 Emil Brunner ofereceu palestras no Seminário Reformado de Lancaster, Estados Unidos. É interessante lembrar como respondeu duas questões referidas a Jesus Cristo. A primeira foi: "Como você pode provar que Jesus é o Filho de Deus, a Palavra encarnada?". E respondeu Brunner: "Aqui você tem a questão do espectador, por excelente. Deixe-me em seu lugar fazer esta pergunta: 'Uma revelação que é possível de prova seria ainda uma revelação?'". A outra pergunta foi: "A afirmação da divindade de Jesus Cristo contradiz os resultados da pesquisa histórico-crítica". Resposta: "A questão então não deve ser decidida pela história. É uma questão de fé. [...] O Cristo real não é visível para o olho do historiador. Ver a revelação de Deus em Cristo é um privilegio gracioso da fé, do crente e não do historiador; ou metafisicamente falando, o órgão com o qual Cristo é aprendido não é o olho científico do historiador, mas o olho espiritual do crente".

A paixão de Deus por sua própria glória...

Em seu livro God’s Passion for His Glory: Living the Vision of Jonathan Edwards(com o texto completo de The End for Which God Created the World) (Wheaton, Ill.: Crossway Books, 1998), John Piper oferece quinze implicações das verdades citadas acima.

1. A paixão de Deus por sua própria glória e sua paixão por minha alegria, não se contradizem.

2. Deus está comprometido com minha crescente alegria em si mesmo, assim como está comprometido com sua própria glória.

3. O amor de Deus pelos pecadores, não é o de ter pensamentos elevados dos mesmos, mas de, graciosamente, os libertar e fortalecer para que se alegrem e o exaltarem.

4. Toda verdadeira virtude entre os seres humanos deve trazer os indivíduos a se regozijarem na glória de Deus.

5. Segue-se, ainda, que o pecado é a troca suicida da glória de Deus pelas cisternas rotas das coisas criadas.

6. O céu será um perpétuo e crescente descobrimento da glória de Deus, com um regozijo cada vez maior em Deus.

7. O Inferno é terrivelmente real, consciente, horrível e eterno – a experiência em que Deus justifica o valor de sua glória, em ira santa derramada sobre aqueles que não se deleitaram naquilo que é infinitamente glorioso.

8. Evangelização é a demonstração da beleza de Cristo e de sua obra salvífica, com um profundo sentimento de amor que trabalha a fim de ajudar as pessoas a encontrarem sua plena satisfação em Deus.

9. De igual maneira, a pregação cristã, como parte do culto corporativo da Igreja, é uma exultação expositiva sobre as glórias de Deus em seu mundo, com o propósito de atrair o povo de Deus dos prazeres fugazes do pecado, para o caminho sacrifical de obediência a Deus.

10. A essência da autêntica adoração corporativa é a experiência coletiva de sincera satisfação na glória de Deus, ou o temor por reconhecer que não possuímos, mas que profundamente almejamos a dita satisfação.

11. Missões mundiais é a declaração das glórias de Deus entre os povos ainda não alcançados, com vistas à reunião de adoradores que exaltem a Deus através da alegria manifesta, de vidas radicalmente obedientes.

12. Oração é clamar a Deus por ajuda, de maneira a demonstrar claramente que ele tem gloriosamente todos os recursos, e que nós somos, humilde e alegremente, necessitados de sua graça.

13. A tarefa a que o crente é incumbido em seu conhecimento acadêmico é a de estudar toda a realidade como manifestações da glória de Deus, falar sobre elas com exatidão, e, nestas coisas, saborear a beleza de Deus.

14. A maneira de glorificar Deus na morte é por encará-la como ganho.

15. “É um dever cristão, como você sabe, que cada pessoa seja feliz o quanto puder.” (C. S. Lewis)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Divórcio pode causar câncer e doenças crônicas...

O divórcio faz mais mal à saúde do que se poderia imaginar. Pelo menos é o que diz uma pesquisa feita nos Estados Unidos. O desgaste do fim de uma relação deixa as pessoas mais vulneráveis às doenças.


O divórcio mexe com o emocional, com o bolso... E com a saúde.
A pesquisa da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, ouviu cerca de oito mil pessoas, com idade entre 51 e 61 anos. E os divorciados tinham 20% mais problemas de saúde, como, por exemplo, câncer, do que os solteiros.
Mas a pesquisa mostrou também que parte da cura dos divorciados pode estar em um segundo casamento.
Aqueles que se separaram e depois arrumaram uma outra pessoa para dividir o teto passaram a ter uma saúde igual à de quem nunca se separou. Não significa o fim das doenças.
De acordo com a pesquisa, os casados têm 12% mais problemas de saúde do que os solteiros. Menos que os divorciados.
Diante dessa constatação teve pesquisador dizendo que o estudo é um sinal amarelo para quem pensa em desistir do casamento no primeiro sinal de crise. Só valeria a pena se separar quando a relação for mesmo muito destrutiva.


Fonte: www.g1.globo.com/jornalhoje/

Invasão Marxista nas Religiões...

"O que propomos não é teologia no marxismo, mas marxismo na teologia"

(Frei Leonardo Boff - JB, 6/4/80)

Ao elegermos como tema a ser inserido no Farol da Democracia Representativa a questão da invasão do marxismo nas religiões, moveu-nos o propósito de prevenir os nossos leitores e visitantes sobre a influência perversa de idéias marxistas que entram em choque com a pureza do pensamento cristão, cujos conceitos tradicionais de lei, moralidade, civilidade e ordem social teve origem na ética e nos princípios judaico-cristãos, posteriormente traduzidos em estilos de vida individuais e em tradições e costumes coletivos. Tais idéias, apregoadas no campo religioso sob a bandeira da Teologia da Libertação, não são mais do que armadilhas destinadas a substituir a fé cristã pela fé marxista. No universo religioso, esse empenho em eliminar tudo o que supera o homem tem o seu momento decisivo na insurgência de Lutero, como a seguir, de modo sucinto, expomos:

Em 1517, o monge Martinho Lutero, se insurgia contra a autoridade do Papa e denunciava a comercialização da fé por falsários de toda ordem. Nas suas 95 teses contestatórias, Lutero negava a autoridade papal e mantinha a santidade dos escritos bíblicos que entendia, deviam ser interpretados livremente, segundo a consciência de cada um. Aí se fracionava a Igreja Romana e surgia o Protestantismo, abrindo uma porta para variadas versões religiosas.

Um dos primeiros precursores na disseminação da concepção "religiosa" de construção de uma nova sociedade foi o teólogo marxista, Karl Barth que via perfeita identidade do ensinamento cristão da construção do "Reino de Deus na Terra" com o marxismo que, segundo ele, pretendia realizar o que fora relegado a plano secundário pelos cristãos. Isto é, resolver todos os problemas da Humanidade, implantando no planeta Terra a “sociedade socialista”.

Essa cabeça-de-ponte, lançada na religiosidade cristã, em período anterior à II Guerra Mundial, evoluiria para, na década de 60, subsidiar intensa doutrinação pseudo-religiosa, porque materialista, para a transformação de princípios cristãos por dogmas marxistas, tanto no Protestantismo como na Igreja Católica.

Conceitos religiosos tradicionais foram desvirtuados, surgindo o Socialismo Cristão, a Teologia da Libertação, a Igreja Popular e o astutamente denominado "Progressismo" para entronizar a idéia de que tudo fora dessa cartilha seria retrógrado. A isso seguiram-se intensas atividades travestidas como "pastorais e evangelizadoras" em trabalho de massa, marxista.

Incrível, porém verdade, foi a nova interpretação do feitio da oração: quem praticasse ações concretas, materiais, consideradas, pela esquerda clerical, benéficas para a libertação do homem oprimido pelo jugo de uma sociedade injusta, estava na mais contrita oração. Qualquer ação "libertadora" substituiria, com vantagem, as tradicionais preces, calcadas no enlevo espiritual e dirigidas a Deus, a partir daí, considerado um ente místico e sobrenatural, criado como muleta para os incapazes e atrasados. Assim sendo, estavam "orando" para libertar a Humanidade oprimida: um Lamarca que, assassinou, roubou, traiu, quem assaltou Bancos para financiar a subversão, seqüestrou um diplomata, como Gabeira e outros que cometeram atrocidades, "in memoriam" de Marx, Lenine "et caterva", para libertar o "Povo de Deus" de um regime opressor. Quem invadisse propriedades privadas, por exemplo, praticava atos mais cristãos do que quem ia à missa ou ao culto, recebia sacramentos e se esforçava para cumprir os mandamentos da Lei de Deus.

Convém assinalar que no Brasil, principalmente no Governo Goulart, essa evangelização deletéria caminhava "pari passu" com outras subversões, desorganizando a economia, minando a autoridade e intranqüilizando a Nação, à beira de uma guerra civil. Vale lembrar que significativa parte dessa gente continua hoje muito ativa. Presentes nas Igrejas, infiltrados em todos os estamentos da sociedade brasileira, posam como paladinos dos Direitos Humanos, alardeando aos incautos, serem puras criaturas, só preocupadas com os problemas sociais da Nação, a qual tentam submeter a um regime incompatível com as raízes da formação da nacionalidade brasileira e com a inteligência racional que atesta, com firma mundialmente reconhecida, que fracassou onde foi adotado. Suas ações são planejadas nos porões da subversão onde sempre reinou recalcado ressentimento, por fragorosas derrotas. Agora agem de modo mais insidioso porque se escudam nas franquias democráticas que os protegem, graças aos "anos de pouco chumbo", se comparados aos genocídios praticados, por exemplo, contra os ucranianos, por Stalin, que lhes tomava as terras, obrigando- os a nelas plantar, confiscando as colheitas para submetê-los pela fome. Isto, esquecendo os milhões de assassinatos cometidos, por carrascos da Humanidade como Mao, Fidel, etc.



Fonte: www.faroldademocracia.org

Lugo tratou o Brasil como uma de suas fiéis...

por Reinaldo Azevedo


Como vocês viram, Fernando Lugo, presidente do Paraguai e, tudo indica, pai de muitos paraguaios, conseguiu: fez com o Brasil, também às escondidas, como pediu Lula, o que costumava fazer com algumas fiéis no escurinho da sacristia. O Brasil deixou que ele rasgasse o contrato - negando que o tenha feito - e vai pagar mais pela energia de Itaipu. A “conquista”, que virou um grito de nacionalismo bocó no Paraguai, deve ajudar a manter no poder o ex-bispo, como direi?, incontido. Ah, sim: não custa lembrar, à margem, que ele recebeu uma carta de solidariedade de dom Tomás Balduíno quando a filharada começou a aparecer. Segundo a Teologia Babuínica, tudo não passa de perseguição a um irmão progressista, ainda que o próprio Lugo tenha confessado que fez, sim, com as fiéis o que acaba de fazer com o Brasil no caso de Itaipu…

Mais uma vez, o Brasil cedeu. A Evo Morales, deu a Petrobras e também enfrentou a pistolagem do índio de araque no caso do gás. A Argentina vive aplicando sobretaxas a produtos brasileiros - como vocês sabem, o Mercosul é uma peça de ficção -, e o Brasil concorda. Agora, cede às pressões do Paraguai. E será sempre assim.

As oposições têm de formar já, agora, e não depois, uma comissão de estudos para saber quanto do nosso dinheiro Lula está DANDO a seus aliados políticos no continente; os brasileiros têm o direito de saber em quanto foram lesados. O caso da Petrobras é o mais emblemático. O governo acusa as oposições por causa da CPI da Petrobras. É uma piada e uma boçalidade afirmar que a investigação prejudica a empresa. Isso é coisa de quem teme ser investigado. Mas é um fato inconteste que o “meu querido Evo” (que é como Lula chama o irmão gêmeo do trapalhão Zacharias) nos tomou a Petrobras da Bolívia, que ocupou militarmente, em troca de alguns caraminguás.

Vamos lá, moçada! É preciso estampar no horário eleitoral quanto tem custado aos cofres brasileiros a generosidade de Lula. Vamos ver quem é que realmente gosta de entregar o patrimônio nacional a troco de banana.

Ah, sim: Lula pediu a Lugo que tudo entre os dois ficasse em sigilo, como se o ex-bispo estivesse negociando com uma fiel. “Em segredo” por quê? Era seu patrimônio pessoal que estava em causa?

Quero saber: quanto custam ao Brasil as generosidades de Lula?


Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Algumas constatações...

Certo amigo perguntou-me a razão de algumas pessoas desconhecerem a história da teologia e da fé cristã. A minha resposta surge a partir de algumas constatações:

Soberba da ignorância – Existem pessoas que sofrem disto. Acham que é bonito não saber. Pensam que é uma certa piedade ser ignorante. Crêem que tudo sobre Deus é simples demais. O pior de tudo é que sempre levantam discussões sem propósito.

A cegueira é um estado permanente – Certos indivíduos não conseguem ver um palmo a sua frente. Vivem numa escuridão sem fim. Tem medo de abrir os olhos e ver que nem tudo é como ele pensava ser. Descobrir que Deus mudou. Perceber que sua fé estava baseada em mitos, superstições, crendices e numa construção equivocada da sua própria leitura distorcida, isto pode gerar um desconforto. Por isso, o melhor é permanecer cego. Mas é difícil conversar com gente assim. Não existe um outro jeito de pensar e ler as coisas que não seja do jeito dela.

Não suporta admitir que exista alguém que conheça mais – Um outro fator é o sentimento de insubstituição. A pessoa acha que ninguém pode saber mais do que ela. Não aceita opiniões. Rejeita novos postulados. Ignora sugestões.

Não tem condições para receber novas informações – Penso que existe um grupo de pessoas que não tem condições cognitivas para receber novas informações. Há pessoas que entram numa crise terrível quando descobre que existe um outro mundo além daquele que foi criado por ela. Mexer com a estrutura de vida e fé pode causar transtornos emocionais para o resto da vida. Portanto, muitos morrerão na ignorância. Uma tentativa de cercear as informações surgirá por pessoas que assim foram analisadas acima.

São apenas constatações.

Entrevista concedida...

Entrevista que eu concedi juntamente com outros colegas para a equipe do Desiring God. Ministério fundado por John Piper. Este vídeo foi transmitido na igreja do John Piper - Bethlehem Baptist Church. Na ocasião de uma conferência teológica.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Ex-travesti cuiabano será destaque do Fantástico no próximo domingo...

O missionário cuiabano Joide Miranda, que reside em Cuiabá, concedeu entrevista ao programa Fantástico (Rede Globo) para falar sobre seu caso na matéria que tratará da polêmica envolvendo a psicóloga Rozângela Justino – acusada de tratar homossexuais.
Ele conta que iniciou sua vida sexual, como homossexual, aos 12 anos, aos 15 estava na prostituição como travesti e aos 16 mudou-se para São Paulo. De lá, para o Rio de Janeiro e, posteriormente, para a Europa, onde morou em vários países. Segundo o missionário, apesar da beleza, glamour e poder conquistados, a infelicidade sentida foi o ponto de partida para refletir sobre sua sexualidade.
Convertido à religião evangélica, Joide Miranda contou que a psicoterapia feita com uma profissional em Cuiabá durou cerca de 3 anos e foi fundamental na vida dele. “O homossexualismo não é uma doença, por isso não precisa ser tratado como doença. Ser homossexual é uma opção de vida e quando uma pessoa decide não ser mais homossexual pode precisar de um auxilio profissional para resolver conflitos e, no meu caso, traumas de infância,” defendeu.
A entrevista será veiculada no próximo domingo (26).

Fonte: O Documento

Evangélicos devem somar 50 milhões em dezembro...

BRASIL - Em dezembro de 2009 os evangélicos devem somar 49,8 milhões no Brasil, 25,4% de um total de 196,5 milhões de brasileiros e brasileiras. A persistir essa curva de crescimento, em 2020 os evangélicos serão 100 milhões no país.
A projeção é do Ministério de Apoio com Informação (Mai), liderada pela matemática Eunice Stutz Zillner, 51 anos, membro da Igreja Presbiteriana Independente do Ipiranga, de São Paulo. O Mai foi criado por Eunice e seu marido, o engenheiro eletrônico Marcos Zillner, em 2003.
Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Mai realiza projeções e análises, proporciona treinamentos e consultoria a igrejas. “Nosso desejo é que os números incomodem e gerem trabalho, evangelização”, declarou Eunice em entrevista para Andréa França, da Revista Graça.
O Mai quer mostrar onde é necessário investir em evangelismo. “Não estou interessada em sensacionalismo, em apresentar dados chocantes, mas, sim, em ‘fotografar a situação’ e ‘revelar a foto’ mais nítida possível”, explicou a matemática.
Segundo o Censo de 2000, o Norte do Brasil, com 19,8%, era a região com maior presença evangélica, e, conforme as projeções do Mai, continuará com essa posição e terá 32% em dezembro de 2009, seguidas das regiões Centro Oeste, com 31%, Sul, com 19,8%, e Nordeste com 19,2%.
Roraima é o Estado da federação que reúne o maior percentual de evangélicos (46,8%), com 226,3 mil, de um total de 483,6 mil habitantes, seguido do Amazonas, com 41,9%, Acre, com 39,9%, Rio de Janeiro, com 36,3%, Distrito Federal, com 35,9%, e Espírito Santo, com 35,2%.

Fonte: Portas Abertas

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Já faz um bom tempo. Mas nada mudou. As suas palavras ecoam até hoje...

Geração de ofendidos...

por Isaias Medeiros



Eu também quero reivindicar publicamente a minha condição de "ofendido". Como cristão que sou, venho me sentindo ameaçado em minha diversidade religiosa. Faço parte de uma comunidade em situação de risco social, que vêm sendo constantemente discriminada pelo movimento gay e pela grande mídia, que ameaçam censurar o meu livro de fé em todos os trechos que lhes convém. Em face disto, exijo a implementação de políticas públicas que assegurem a nossa liberdade de consciência e de culto judaico-cristão. Nossa pluralidade cultural (pois temos irmãos em praticamente todos os países e, portanto, representantes de inúmeras culturas) não está sendo valorizada enquanto manifestação multifacetada que reflete uma organização social composta por atores sociais ricos em diversidade de dons e participantes de uma graça multiforme.



Vivemos numa sociedade de pessoas "ofendidas". O negro, por exemplo, que nunca soube que ser chamado de tal forma fosse ofensivo, aprendeu a se ofender com o nome que sempre designou a sua etnia (não raça, pois raça existe somente uma, a humana, da qual todos igualmente fazemos parte). Dessa forma, o negro agora não quer ser chamado de "negro", pois alguns brancos lhe disseram que este termo é pejorativo, que significa algo ruim, inferior, e ele acreditou. Assim sendo, não existem mais os "negros", e sim os "afro-descendentes". O irônico (para não dizer perverso) é que este nome é bem mais "branco" do que qualquer outra coisa. É uma terminologia muito mais familiar ao mundo acadêmico (majoritariamente branco e elitista), do que à realidade daqueles que ela própria designa. Eu nunca vou ouvir um morador de alguma periferia (onde reside a maior parte dos negros) dizer com naturalidade que é um "afro-descendente", ou mesmo que mora numa "área em situação de risco social" (só mesmo em propaganda política do PT). Quem fala bobagens deste tipo normalmente é funcionário público, pertence à classe média, e só lembra-se dos companheiros proletários "menos favorecidos" (os antigos "pobres") na época das eleições.Estas são expressões típicas das esquerdas, criadas pela moderna "elite intelectual" stalinista, e elegantemente mugidas pelos seus subalternos. Os conhecidos criadores de casos, ratos de diretórios acadêmicos e fãs de pós-graduações, chegaram à brilhante conclusão de que é mais vantajoso para eles lutar para "resolverem" problemas que não existem, do que tentar melhorar as situações reais, que objetivamente necessitem de mudanças. A estratégia é a seguinte: Elege-se um "grupo em situação de risco social"; elencam-se "discriminações", "preconceitos" e outras "ofensas" que esse grupo nunca tomou conhecimento que sofria, e então se inicia um agressivo trabalho de "vitimização" dos seus integrantes, até que estes acreditem que realmente haviam sido injustiçados, "postos à margem da sociedade", "excluídos do sistema" e outras asneiras parecidas com essas.
A esquerda, além de até hoje não ter resolvido nenhum dos nossos problemas, ainda gasta o nosso dinheiro para gerar e promover novos distúrbios sociais. E nem estes ela consegue solucionar. Mas, isto não é de causar estranheza. Os revolucionários nunca apontam soluções ou as põem em prática, mesmo quando podem.
O que eles querem é: 1º - fragmentar a sociedade em grandes "minorias", assim as pessoas perdem a noção de sociedade como um todo e pensam que aqueles que supostamente as defendem irão fazê-lo especialmente ainda mais, caso estejam ou permaneçam no poder; 2º - colocar cada um desses fragmentos em alvoroço, num estado permanente de insatisfação, impulsionado por uma sensação artificialmente criada de estar sendo violado em seus direitos fundamentais o tempo todo; 3º - chegar ao poder; 4º - tomar o poder. O PT ainda não conseguiu tudo o que quer. É por isso que ele continua a fomentar a histeria coletiva de várias "minorias discriminadas": os homossexuais, as mulheres, os "afro-descendentes", os abortistas, os adoradores do diabo etc.
Aproveitando o ensejo, eu também quero reivindicar publicamente a minha condição de "ofendido". Como cristão que sou, venho me sentindo ameaçado em minha diversidade religiosa. Faço parte de uma comunidade em situação de risco social, que vêm sendo constantemente discriminada pelo movimento gay e pela grande mídia, que ameaçam censurar o meu livro de fé em todos os trechos que lhes convém. Em face disto, exijo a implementação de políticas públicas que assegurem a nossa liberdade de consciência e de culto judaico-cristão. Nossa pluralidade cultural (pois temos irmãos em praticamente todos os países e, portanto, representantes de inúmeras culturas) não está sendo valorizada enquanto manifestação multifacetada que reflete uma organização social composta por atores sociais ricos em diversidade de dons e participantes de uma graça multiforme. Também desejo expressar a minha indignação contra o preconceito que os evangélicos sofrem, ao serem rotulados de ignorantes por pessoas que nunca puseram os pés em uma igreja evangélica e, evidentemente, baseiam-se em idéias pré-concebidas sobre os crentes para formularem suas opiniões a respeito dos mesmos.
Para finalizar, como integrante de uma "maioria duramente discriminada", a das pessoas que não são perfeitas, mas tentam ao menos ser decentes, passo a expor a seguir, sete coisas que me ofendem profundamente:
1. O Brasil possuir um Presidente da República "altamente inflamável", "ligeiramente analfabeto", "quase corrupto" e que ainda defende o homossexualismo como "direito humano inalienável" na ONU;
2. Nós termos um Ministro de Estado (Carlos Minc) que participa da mui digna "Marcha da Maconha" e depois disso pensa que tem "um teco" de moral para criticar os evangélicos;
3. Num país de maioria cristã, um ministro do candomblé ter sido nomeado Ministro de Estado (adivinha de qual Gilberto Gil eu estou falando);
4. O Terrorismo de Estado que vem sendo praticado pelo governo do PT, através do programa "Brasil sem homofobia", usado para perseguir politicamente e criminalizar toda e qualquer manifestação contrária ao movimento gay e ao homossexualismo, desrespeitando assim os valores cristãos, a família e os direitos constitucionais da esmagadora maioria dos cidadãos brasileiros, que não concordam com o modo de vida gay (segundo pesquisas recentes deste mesmo governo);
5. Um indivíduo que declarou publicamente ter tido mais de 500 "parceiros sexuais", e que é acusado de cometer o crime de apologia à pedofilia, o "Professor-Doutor" Luiz Mott, "Decano-do-Movimento-Gay-no-Brasil", como ele mesmo gosta se intitular, receber a mais elevada condecoração do Ministério da Cultura, a "Medalha de Comendador da Ordem do Mérito Cultural", sem aparentes justificativas;
6. Certas religiões "afro-brasileiras" que fazem trabalhos para destruir a vida financeira, familiar e espiritual das pessoas; que sacrificam e estupram crianças em rituais de magia negra; que possuem entidades espirituais que só "incorporam" em indivíduos gays, deixando clara a relação entre o homossexualismo e essas crenças ("quimbanda" significa também "homem efeminado");
7. A absoluta falta de respeito dos nossos governantes pelos valores cristãos da imensa maioria do povo brasileiro, que têm a Bíblia como livro sagrado e norma de conduta moral e espiritual. Pesquisas recentes mostram que 99% dos brasileiros não consideram normal o homossexualismo, 92% crêem que Deus criou o homem e a mulher com sexos diferentes para que tenham filhos e 66% o consideram um pecado contra Deus. **Mas, ao invés de o governo respeitar a liberdade de consciência destas pessoas, ele as rotula preconceituosamente de "preconceituosas" e criminosamente de "homofóbicas", pois imputa a elas um "crime" que nem sequer existe.
Irmãos cristãos, não votem em esquerdistas nas próximas eleições. Nós somos maioria.
Nenhum assassino de crianças (abortista), anti-família, ou anticristão chegará ao poder se nós não permitirmos.
Basta você colocar a sua fé em Jesus e seus valores morais acima de qualquer simpatia pessoal por algum candidato ou mesmo por uma ideologia política.

Lembre-se: VOCÊ NÃO PODE SERVIR A DOIS SENHORES. É a Palavra de Deus quem diz (Mateus 6:24).

Decida-se!

Nota:

*Isto se configura, inclusive, como um atentado ao Estado Democrático de Direito, pois viola os direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros (Art. 5º, inciso VI da CF), sendo esta conduta agravada pelo fato de o Estado ameaçar puni-los pela prática de suposto fato típico e antijurídico (crime) não previsto pela lei ("homofobia"), ao arrepio do Código Penal Brasileiro, que declara em seu art. 1º que não há crime sem lei anterior que o defina. Além disso, de acordo com o art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-lei nº 4.657, de 4/7/1942), "quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito". Para isso, ele lançará mão do recurso da analogia, dos costumes jurídicos e do conjunto de pressupostos consagrados que inspiram a legislação. Um desses princípios afirma que "quem exerce seu próprio direito não prejudica ninguém". Como pode então o mero exercício da liberdade de consciência, que é direito fundamental de cada brasileiro, previsto na CF do Brasil, prejudicar a outrem, ameaçando-lhe direito? Só mesmo na fantástica República das Bananas, que é dirigida por uma lula com cabeça de camarão.

Fonte: http://www.midiasemmascara.org/

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Conforto na hora da tentação (Mateus 4)...

por John Knox (1503-1572†)

A causa que me moveu a tratar desta passagem das Escrituras foi para que aqueles que, pela inescrutável providência de Deus, caem em diversas tentações, não se julguem, por causa disso, menos aceitáveis na presença de Deus; mas, pelo contrário, tendo o caminho preparado para vitória através de Cristo Jesus, não temam, acima da medida, as astutas investidas da ardilosa serpente, Satanás; mas, com alegria e coragem, tendo tal Guia, tal Campeão e tais armas, como as encontradas nesta passagem (se com obediência ouvirmos e crermos verdadeiramente), possam assegurar-se do presente favor de Deus e da vitória final, por meio de Cristo, que, para nossa segurança e livramento, entrou na batalha e triunfou sobre seu adversário e sobre toda sua fúria, e também, para que as subseqüências, sendo ouvidas e entendidas, possam ser melhor guardadas na memória.

O propósito pelo qual o Espírito Santo conduziu Jesus ao deserto para que Jesus fosse tentado, é nos fazer entender, através deste fato, que Satanás nunca cessa de se opor aos filhos de Deus, mas continuamente, por um meio ou outro, os conduz e os provoca a algum juízo pecaminoso sobre o Deus deles.

Desejar que pedras se transformem em pães ou que a fome seja satisfeita, nunca foi pecado, nem tão pouco uma opinião pecaminosa sobre Deus, mas, creio que esta tentação foi mais espiritual, mais sutil e mais perigosa. Satanás estava se referindo a voz de Deus que disse ser Cristo Seu Filho Amado.

Contra esta declaração ele luta, como lhe é intrínseco fazer, contra a indubitável e imutável palavra de Deus; pois sua malícia contra Deus e seus filhos escolhidos é tal, que para quem Deus declara amor e misericórdia, a estes ele ameaça com desprazeres e maldições; e onde Deus ameaça morte, lá ele é audacioso em declarar vida. Por causa disto Satanás é chamado de mentiroso desde o princípio (João 8:44).

Assim sendo, o objetivo de Satanás é levar Cristo à desesperança, para que Ele não creia na voz de Deus seu Pai; e este parece ser o significado desta tentação: “Tu ouviste”, Satanás diria, “uma voz dos céus dizer que Tu eras o amado Filho de Deus, no qual Ele se compraz (Mateus 3:17), mas não te julgarão louco ou um tolo sem juízo, se creres em tal promessa? Onde estão os sinais deste amor? Tu não estás sem o conforto de todas as criaturas? Tu estás pior do que as brutas feras, pois todo dia elas caçam para se alimentar e a terra produz grama e ervas para seu sustento, de forma que nenhuma delas definha ou é consumida pela fome. Mas tu jejuas há quarenta dias e quarenta noites, esperando sempre algum alívio e conforto dos céus, mas tua melhor provisão são pedras duras! Se Te glorias em teu Deus, e crês verdadeiramente na promessa que foi feita, ordena que estas pedras se transformem em pães. Mas, é evidente que Tu não o podes fazer, pois se pudesses, ou se teu Deus tivesse Te concedido tal privilégio, há muito terias matado tua fome e não necessitarias suportar este abatimento por falta de comida. Mas vendo que ainda continuas assim e que nenhum mantimento foi preparado para Ti, é presunção acreditar em tal promessa, e por isso, perca a esperança de qualquer socorro das mãos de Deus e proveja para Ti, por qualquer outro meio!”

Mas aqui devemos notar a base e o fundamento desta tentação. A conclusão de Satanás é esta: “Tu não és um eleito de Deus, muito menos seu Filho amado”. Sua razão é esta: “Tu estás em dificuldades e não achas alívio”. Logo, o fundamento da tentação era a pobreza de Cristo e a falta de comida, sem esperança de receber, da parte de Deus, o remédio. É a mesma tentação com a qual o diabo objetou a Cristo por meio dos principais sacerdotes, quando em seu tormento atroz na cruz; eles gritavam: “Se Ele é Filho de Deus, deixe que desça da cruz e creremos nele. Confiou em Deus; pois venha livrá-lO agora, se de fato Lhe quer bem” (Mt. 27:40,43). Como se dissessem: “Deus liberta os seus servos dos problemas. Ele nunca permite que os que O temem sejam envergonhados. Mas vemos este homem em angústia extrema. Se Ele é o Filho de Deus, ou ainda um verdadeiro adorador do Seu nome, Deus o livrará desta calamidade. Se não livrá-lO, mas permitir que pereça nesta angústia, então é um sinal seguro de que Deus O rejeitou, como hipócrita, que não terá porção de sua glória”. Assim, Satanás tem oportunidade para tentar e também para mover outros a julgar e condenar os eleitos de Deus e seus filhos escolhidos, em função de que lhes sobrevêm muitas angústias.

A principal astúcia de Satanás é atormentar aqueles que começaram a abandonar seu domínio e a declarar inimizade contra a iniqüidade, com diversos ataques, tendo como objetivo colocar em suas consciências, divergências entre eles e Deus, para que eles não descansem e repousem nas seguras promessas de Deus. E para conseguir isto, ele usa e inventa vários argumentos. Algumas vezes ele chama à lembrança deles, os pecados de sua juventude ou aqueles que cometeram no tempo de cegueira. Freqüentemente ele objeta a ingratidão deles em relação a Deus e suas presentes imperfeições. Através de doença, pobreza, tribulações nos seus lares, ou pela perseguição, ele pode alegar que Deus está zangado e não liga para eles. Ou pela cruz espiritual, que poucos sentem e menos ainda entendem sua utilidade e proveito, ele poderia levar os filhos de Deus ao desespero e, através de infinitos meios mais, ele anda ao redor como um leão que ruge, para minar e destruir nossa fé.

Mas é impossível para ele prevalecer contra nós, a menos que nós, obstinadamente, nos recusemos a usar a proteção e a arma que Deus tem oferecido.

Os eleitos de Deus não podem recusá-la, mas buscar pelo seu Defensor quando a batalha estiver mais acirrada, pois os soluços, gemidos e lamentações de tal luta (vencer o medo, as súplicas por persistência), são a busca incontestável e certa de Cristo nosso campeão. Não recusamos a arma, embora algumas vezes, por debilidade, não a usemos como devêssemos. É suficiente que seus corações sinceramente clamem por forca maior, por persistência e pelo livramento final de Cristo Jesus.

Os Milagres Seguem o Arado...

A. W. TOZER

Arai o campo virgem porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha e chova a justiça sobre vós” (Oséias 10:12)

Vemos aqui dois tipos de solo: o solo duro ou virgem e aquele que foi amaciado pelo arado.

O solo duro é convencido, complacente, protegido dos golpes do arado e da agitação pela grade. Um campo assim, abandonado ano após ano, acaba tornando-se a habitação do corvo e do gaio. Se tivesse inteligência, poderia ter em alta conta a sua reputação; possui estabilidade; a natureza adotou-o; pode ser tomado como certo que continuará sempre o mesmo, enquanto os campos que o rodeiam mudam de marrom para verde e de verde para marrom de novo. Seguro e tranqüilo, ele se espalha preguiçosamente ao sol, um verdadeiro retrato da satisfação sonolenta. Mas o preço que paga pela sua tranqüilidade é terrível: pois ele não vê o milagre do crescimento; não sente os movimentos da vida crescendo, nem aprecia os prodígios da semente brotando, ou a beleza do grão que amadurece. Jamais pode conhecer fruto porque teme o arado e a grade.

Em oposição direta a isto, o campo cultivado entregou-se à aventura de viver. A cerca protetora abriu-se para dar entrada ao arado, e este veio como todos eles vêm, prático, cruel, apressado. A paz foi quebrada pelos gritos do fazendeiro e o ruído das máquinas. O campo sentiu o labor da mudança: foi perturbado, revolvido, ferido e quebrado, mas suas recompensas valem o sofrimento a que se submeteu. A semente manifesta à luz do dia seu milagre de vida, curiosa, explorando o mundo à sua volta. Em todo o campo a mão de Deus está operando no serviço da criação, velho como o tempo e sempre renovado. Novas coisas nascem, crescem, amadurecem e realizam a grande profecia latente no grão quando foi colocado no solo. Os prodígios da natureza seguem o arado.

Há também duas espécies de vida: a dura e a arada. Para obter exemplos de uma vida endurecida, não precisamos ir longe. Existem muitas ao nosso redor.

O homem de vida endurecida está contente consigo mesmo e com o fruto que produziu no passado. Não quer que o incomodem. Sorri com superioridade quando houve falar de reavivamentos, jejuns, auto-análises, e todas as tarefas ligadas à produção de frutos e à angústia do crescimento. O espírito de aventura morreu nele. É estável, “fiel”, sempre em seu lugar costumeiro (como o velho campo), conservador e uma espécie de marco na pequena congregação. Mas é estéril. A maldição de uma vida assim é o fato de ser fixa, tanto em tamanho como em conteúdo. Ser tomou o lugar de tornar-se. O pior que pode ser dito de tal indivíduo é que é o que irá ser. Ele encerrou-se entre quatro paredes e, através desse mesmo ato, deixou Deus do lado de fora e também o milagre.

A vida arada é aquela que, no ato do arrependimento, derrubou as cercas protetoras e enviou o arado da confissão à alma. O estímulo do Espírito, a pressão das circunstâncias e a angústia por uma vida sem frutos, combinaram-se para humilhar o coração. Uma vida assim abaixou as suas defesas, e abandonou a segurança da morte pelo perigo da vida. O descontentamento, a ansiedade, a contrição, a obediência corajosa à vontade de Deus: feriram e quebraram o solo até que esteja novamente preparado para a sementeira. E, como sempre, o fruto segue o arado. A vida e o crescimento começam à medida que Deus faz “chover justiça”. Uma pessoa assim pode testemunhar: “... e a mão do Senhor estava sobre mim”.

Em correspondência a esses dois tipos de vida, a história religiosa mostra duas fases, a dinâmica e a estática.

Os períodos dinâmicos foram aqueles heróicos em que o povo de Deus atendia ao chamado do Senhor e saía para levar ousadamente seu testemunho ao mundo. Eles trocaram a segurança da inação pelos riscos do progresso inspirado por Deus. O poder de Deus seguia-se invariavelmente a tais atos. O milagre de Deus acompanhava seu povo aonde quer que ele fosse; parava quando seu povo parava.

Os períodos estáticos foram aqueles em que o povo de Deus se cansava de lutar e buscava uma vida de paz e segurança. Eles então se ocupavam tentando conservar os bens obtidos naqueles tempos mais ousados em que o poder de Deus se movia entre o povo.

A história bíblica está repleta de exemplos. Abraão “partiu” em sua grande aventura de fé, e Deus o acompanhou. Revelações, teofanias, a dádiva da Palestina, alianças e promessas de ricas bênçãos foram o resultado. Israel seguiu então para o Egito, e os prodígios cessaram durante quatrocentos anos. No final desse período, Moisés ouviu o chamado de Deus e adiantou-se para enfrentar o opressor. Uma torrente de poder acompanhou esse desafio e Israel logo se pôs em marcha. Enquanto ousou marchar, Deus enviou seus milagres a fim de abrir-lhe o caminho. Toda vez que a nação parava como um campo endurecido, Ele retirava sua benção e aguardava que se levantasse de novo e pedisse pelo seu poder.

Ainda aprendendo a orar...

Ricardo Barbosa de Souza

Há um versículo na Bíblia que tem orientado a minha vida de oração. Na verdade, são muitos os versículos e passagens da Bíblia que me orientam, mas este, em particular, tem sido uma fonte inesgotável de meditação ou de motivação para minha experiência com a graça de Deus. É um versículo que procuro ter em mente todas as vezes que oro. Talvez, por sua profundidade teológica, ele sempre se apresente com formas e conteúdos desafiadores que me levam a considerar realidades e promessas ainda não exploradas. Bem, o versículo é a afirmação (e pergunta) do apóstolo Paulo, que diz: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?”

Para mim, Paulo traz a nós uma das mais extraordinárias revelações sobre o Evangelho da graça de Jesus. Somente alguém que mergulhou nas águas profundas do significado da cruz, na natureza do sofrimento e morte de Cristo, é que pode ter um discernimento como este. Por que este versículo me inspira tanto em minha vida de oração? Penso que um dos motivos é que sempre achei, e ainda acho, que preciso batalhar para ter o que preciso. Aprendi que nada cai do céu; tudo é conquistado com trabalho, dedicação, disciplina e perseverança – enfim, temos aquilo que merecemos ter.

Talvez, por ter sido criado assim, cresci com uma sensação de que não deveria esperar certas coisas de Deus; não deveria sequer expressá-las em oração. Não as merecia, achava-me indigno. Era como se alguma parte da ação divina dependesse do meu esforço e empenho, mas como nunca me considerei esforçado o suficiente para as demandas de Deus, não poderia também esperar dele algo maior. No entanto, Paulo me apresenta esta preciosidade. Se Deus me deu, sem que eu merecesse, seu Filho amado, assim o fez apenas porque me amava, importava-se comigo. Teve compaixão do meu estado, quis ver-me salvo, redimido da condenação, do pecado, da morte eterna. Deus o entregou para sofrer a minha pena e beber o cálice amargo do meu pecado, e fez tudo isto graciosamente, sem exigir nada em troca, nenhum esforço. Se ele não poupou seu próprio Filho, antes, o entregou por mim e por você; se a cruz nos revela que o amor de Deus é de tal natureza que o levou a nos oferecer o que tinha de mais precioso, o bem maior, seu próprio Filho, Paulo então, levanta a pergunta: “Porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?”

A oração é o lugar onde os nossos desejos mais íntimos são apresentados. Não, necessariamente, para serem atendidos irresponsavelmente, como quem atende os desejos voluntariosos de uma criança mimada, mas para serem transformados, reordenados e, por fim redimidos. É possível que, por não termos nossos desejos mais íntimos atendidos, relutemos em apresentá-los na oração. No entanto, Deus se preocupa conosco, com nossas necessidades mais pessoais, com nossos desejos secretos, e é isto que Paulo nos revela neste precioso versículo.

Este é o espírito com que devemos nos aproximar junto do trono da graça. É o amor revelado na cruz que motiva a nossa oração.

Deus, diante de quem nos prostramos, não é mesquinho, não nega bem algum aos seus filhos, não rejeita nenhuma de nossas orações. Seu interesse e amor por nós tem sido revelado desde a criação e manifestou-se de forma gloriosa e definitiva no Calvário. Ele sempre se empenhou por nós e por nossa redenção; fez tudo o que era necessário para nos libertar da culpa e condenação do pecado, olhou para mim e para você de forma única e singular. Contemplou-nos em nossa miséria, veio a nós com graça salvadora e nos deu seu Filho. Tendo feito tudo isto, o que poderia nos negar? Haveria alguma coisa que nos fosse necessária à salvação, ao cumprimento dos propósitos de Deus, à vida santificada, que ele nos negaria? Alguma bênção? Algum favor? Algum milagre? Se ele não nos negou seu Filho, nos negaria o quê?

Tenho orado por muitas coisas que não aconteceram. Tenho suplicado por milagres que não vi. Tenho intercedido por situações que não mudaram. No entanto, nada disto muda a convicção que esta afirmação de Paulo me dá. George McDonald está correto quando afirma: “As minhas orações fluem daquilo que eu não sou, mas as respostas de Deus fazem de mim o que de fato devo ser”. Minhas orações e desejos brotam dos meus medos, inseguranças, rejeição, mas as respostas de Deus me transformam e fazem de mim uma pessoa mais verdadeira e ordena os meus desejos confusos. Deus, ao me dar o seu unigênito Filho, tem me dado, graciosamente, junto com ele, todas as outras coisas.

Esta afirmação de Paulo me ajuda a viver pela fé e também a compreender o que ele diz quando afirma: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.” Ou seja, todas as coisas fazem parte da resposta de Deus às nossas orações e nos conduzem pelos caminhos verdadeiros, mesmo quando não desejamos andar por eles. Vivo entre o “já” e o “ainda não”, entre a consciência de um Deus eterno, bom, misericordioso, justo e santo e uma vida limitada, temporal, confusa, injusta e marcada pelo pecado. Carrego comigo desejos celestes e mundanos; busco a santidade, mas ainda o pecado me rodeia e me faz tropeçar; quero amar mas resisto ao amor. Entre o “já” e o “ainda não”, entre a vida que vivo hoje e a vida gloriosa que um dia receberei do meu Senhor, minhas orações continuarão sofrendo as mesmas lutas que eu sofro. Porém, com esta revelação com que Paulo me presenteia, posso seguir orando, clamando e suplicando, certo de que Deus, em sua enorme misericórdia, por causa do grande amor com que me tem amado em seu Filho Jesus Cristo, me dará sempre, graciosamente, junto com seu Filho amado, todas as coisas que me forem necessárias.

Se aqui no mundo precisamos nos esforçar e batalhar para termos o que precisamos; diante de Deus, a batalha, o esforço, o empenho foi feito pelo Filho eterno que, por causa de seu amor, deu-se por nós e, juntamente com a dádiva de sua vida, nos deu também de graça todas as outras coisas. Agora dá para compreender porque Jesus, ao ensinar seus discípulos a orar, disse: “Vosso Pai sabe do que necessitais antes que lho peçais.” Como é bom orar sabendo destas coisas.

sábado, 11 de julho de 2009

Para os conservadores ele é irreverente (Mark Driscoll)...

Supremacia de Cristo...

A nossa verdadeira dignidade...

Introdução à Meditação Diária...

Dietrich Bonhoeffer

Dietrich Bonhoeffer, The Way to Freedom: Letters and Notes, 1935-1939. Ed. Edwin H. Robertson. Trans. Edwin H. Robertson & John Bowden (New York: Harper and Row, 1966), pp. 57-61.

I. Por que meditar?
Porque sou um cristão, e porque cada dia em que não passeio mais profundamente no conhecimento da Palavra de Deus na Sagrada Escritura é desperdiçado. Eu só posso continuar na certeza do firme fundamento da Palavra de Deus. E como cristão, eu aprendo a conhecer a Sagrada Escritura apenas por ouvir sermões e por meditar em oração.

Porque eu sou um pregador da Palavra, eu não posso expor a Escritura a menos que eu deixe que ela fale a mim diariamente. Eu estarei utilizando mal a Palavra em meu trabalho se eu não meditar nela continuamente em oração. Se a Palavra parece muitas vezes vazia para mim, se eu não a tenha experimentado, tudo isto é um sinal inconfundível que eu, a muito tempo, não mais tenho deixado que ela fale ao meu coração. Eu erro quando, a cada dia, eu deixo de procurar a Palavra que o Senhor tem para mim naquele dia. Atos 6.4 fala particularmente sobre o ministério da oração para aqueles que tem o compromisso de pregar a Palavra. O pastor deve orar mais do que os outros, e ele tem mais motivos para orar.

Porque eu preciso de uma firme disciplina de oração. Nós temos paixão por orar como nossa fantasia nos leva, por pouco tempo, por muito tempo, ou até mesmo totalmente. Isso é teimosia. Oração não é uma oferta livre que apresentamos a Deus. Nós não somos livres para continuar como nós desejamos. Oração é o primeiro serviço do dia que prestamos a Deus (Sl 119.147, ss., 164). Deus requer nosso tempo para este serviço. Deus precisou de tempo antes de enviar Cristo para nossa salvação. Ele precisa de tempo para vir ao meu coração, para minha salvação.

Porque eu preciso de ajuda contra minha pressa que não é adequada, e também da inquietação que põe em perigo meu trabalho como pastor. Um serviço verdadeiramente dedicado todo dia só vem da paz [que procede] da Palavra de Deus.

II. O que eu espero da meditação cristã?
Em todo caso, nós queremos nos erguer da meditação diferente do que nós éramos quando nós nos prostramos desanimados. Nós queremos encontrar Cristo em sua Palavra. Vamos ao texto curiosos para ouvir o que dele precisamos saber, e o que nos diz através de sua Palavra. A cada dia, encontro-o primeiro antes de encontrar as outras pessoas. Toda manhã nEle descansamos tudo o que nos ocupa, concernente a dificuldades, para que toda apreensão que nós temos seja aquietada. Pergunte a si mesmo o que ainda está lhe impedindo de O seguir completamente, e deixe-O ser o Senhor sobre isto, antes que novos impedimentos surjam.

Sua proximidade, sua ajuda e sua direção para o dia pela Sua Palavra, este é o seu objetivo. Desta forma começamos o dia fortalecendo a nossa fé.

III. Como devemos meditar?
Há meditação tanto livre quanto bíblica. Nós recomendamos a meditação bíblica para moldar nossas orações e, ao mesmo tempo, pelo disciplinar de nossos pensamentos. Finalmente, nós preferimos a meditação bíblica porque nos faz consciente de nosso companheirismo com outros [irmãos] que estão meditando no mesmo texto.

A Palavra da Escritura nunca deve parar de soar em nossos ouvidos, e trabalhar em nós ao longo do dia, como as palavras de alguém que você ama. E assim como você não analisa as palavras de alguém que você ama, mas aceita o que ele diz a você, aceite a Palavra da Escritura e medite-a em seu coração, como Maria fez. Isto é tudo. Isto é tudo. Isto é meditação. Não olhe para novas reflexões e conexões no texto, como se você estivesse preparando uma pregação. Não questione: “como passar isto para alguém”, mas “o que ele tem a dizer para mim?” Pondere na Palavra longamente em seu coração e deixe que ela te dirija e te possua.

Não é importante consumir o texto integral proposto para cada dia. Nós ficaremos, freqüentemente, esperando um inteiro o que ele tem a dizer. Deixe passagens incompreensíveis sossegadamente de lado, e não se apresse a ir à filologia. Não há nenhum lugar aqui para o uso do Novo Testamento grego; use o familiar texto de Lutero.

Se os seus pensamentos te distraírem ore pelas pessoas e situações que te preocupam. Este é o lugar certo para intercessão. Neste caso, não ore em termos gerais, mas ore de forma objetiva, por aquilo que te preocupa. Deixe a Palavra da Escritura te conduzir. Pode ser de ajuda você escrever calmamente o nome das pessoas com quem conversamos e pensamos todos os dias. Intercessão precisa de tempo se for levada a sério. Mas cuidado ao fixar um tempo designado para intercessão, para que este não se torne uma fuga daquilo que é mais importante, a busca pela salvação de sua própria alma.

Iniciamos a meditação com uma oração pelo Espírito Santo. Que ele clareie o nosso coração e prepare a nossa mente para a meditação e de todos aqueles que estarão meditando também. Então nos voltamos ao texto. Ao término da meditação nós estaremos em posição de proferir uma oração de ação de graças com um coração satisfeito.

À respeito do texto, como deve ser feito? Deve ser meditado durante toda semana, um texto com aproximadamente dez a quinze versos. Não é bom meditarmos um texto diferente a cada dia, pois a nossa capacidade nem sempre é a mesma. Não importa o que aconteça, não leve o texto no qual você irá pregar no domingo que vem. Isso pertence à preparação do sermão. É de grande ajuda para uma comunidade saber que você é participante do mesmo texto ao longo de toda semana.

O tempo para a meditação é de manhã, antes de começar as tarefas. Meia hora é o mínimo de tempo necessário para a meditação. Observe que o pré-requisito é quietude extrema e o objetivo é não ser distraído com nada, por mais importante que seja.

Uma atividade da comunidade cristã, infelizmente praticada muito raramente, mas bastante útil, é quando ocasionalmente duas ou mais pessoas se dispõe a meditar juntas. Mas que não tomem parte em discussões teológicas especulativas.

IV. Como vencer as dificuldades da meditação?
Quem leva à sério a prática da meditação séria logo vai encontrar algumas dificuldades. Meditação e oração devem ser praticadas por muito tempo e seriamente. A primeira coisa que deve ser lembrada é que não devemos ser impacientes consigo mesmo. Não se limite ao desespero dos devaneios de seus pensamentos. Não tente reprimir os pensamentos à força, mas inclua calmamente as pessoas e os acontecimentos, para os quais os pensamentos teimam em voltar, em nossa oração, voltando assim com toda paciência ao texto da meditação. Deste modo, você não terá desperdiçado os minutos com tal divagação, e estas não o aborrecerão.

Há muitas ajudas que cada um deverá buscar para as próprias dificuldades especiais: Leia o mesmo texto repetidamente, escreva seus pensamentos, e deixe o verso que te prende mais a atenção ficar guardado no seu coração, meditando-o (de fato, de qualquer maneira, a pessoa poderá ter qualquer texto, fora o que realmente foi meditado, de cor). Nós também logo aprenderemos sobre o perigo de escapar da meditação através de um estudo bíblico erudito ou de qualquer outra coisa. Por trás de todas as necessidades e dificuldades há realmente um engano quanto à nossa grande necessidade de oração: muitos de nós permanecemos por um tempo demasiado longo sem qualquer ajuda e instrução.

Em face disto, não há nada mais para ser dito, somente que devemos começar novamente, fiel e pacientemente, nas mais elementares práticas da oração e meditação. Você será ajudado, além disso, pelo fato de que outros também estão meditando, o que toda santa Igreja, em todo lugar e em todo o tempo, no céu e na terra, estão orando juntos. Este é o conforto na fraqueza da oração. E apesar de saber em todo o tempo, que não sabemos orar como convém, o Santo Espírito intercede por nós, com gemidos inexprimíveis.

Nós podemos deixar esta preocupação diária com a Escritura, e precisamos começar isto imediatamente, se nós já não fazemos assim. Porque é nela que nós temos a vida eterna.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

João Calvino: O Teólogo da Vida...


Calvino estava inserido num estado social dualista. Sem dúvida que o pensamento social e humano que Calvino desenvolveu tem gerado mudanças no mundo dos pensamentos e concepções. O reformador submetia o seu intelecto perante a face de Deus. Neste sentido, a sua teologia valoriza a vida humana. Para Calvino não é somente o ser humano que deve ser honrado por possuir a semelhança à imagem divina, mas também o mundo como uma criação divina. A teologia que ele elaborou dava proeminência ao grande princípio de que há uma graça particular que opera a salvação e também uma graça comum pela qual Deus, mantendo a vida do mundo, suaviza a maldição que repousa sobre ele, suspende seu processo de corrupção, e assim permite o desenvolvimento de nossa vida sem obstáculos, na qual glorifica-se a Deus como Criador. [1]
A compreensão da vida social para Calvino é baseada na interpretação bíblica. Todo tipo de engajamento visa cumprir o mandamento divino. Zelar, cuidar, honrar e respeitar a vida humana e tudo o que implica o bem-estar do homem era o alvo deste servo de Deus.
A Reforma Protestante ocorrida no século XVI não foi somente um movimento espiritual e eclesiástico. Teve também aspectos e dimensões políticas e sociais. Calvino, muito mais que Lutero, se debruçou sobre o tema social e o valor da vida humana.
João Calvino lutou para que a sociedade tivesse uma vida melhor. Pregou contra a opressão religiosa. Contra as guerras. Contra as heresias. Contra o desemprego. Contra a desigualdade. Contra a miséria. Este homem fez valer o nome de cristão. Possuía uma fé ativa.
Calvino tinha uma leitura social e humana perspicaz. Em 1535, ele fundou o Hospital Geral, destinado a dar assistência aos enfermos, aos pobres, aos órfãos e aos idosos.


Dois fatos são suficientes para impressionar vocês com a veracidade disto. Durante a terrível peste bubônica que certa vez devastou Milão, o amor heróico do Cardeal Borromeo distinguiu-se brilhantemente na coragem que ele manifestou em suas ministrações aos moribundos; mas durante a peste bubônica, que no século XVI atormentou Genebra, Calvino agiu melhor e mais sabiamente, pois não apenas cuidou incessantemente das necessidades espirituais dos doentes, mas ao mesmo tempo introduziu medidas higiênicas até então incomparáveis, pelas quais as ruínas da praga foram interrompidas. [2]


Existia no contexto de Calvino exclusão social e desigualdade em todos os níveis. Em consideração à penúria de víveres, a pobreza de uma parte da população e a avareza de outros, medidas de ordem econômica foram tomadas imediatamente contra o monopólio e a especulação para colocar os produtos básicos da alimentação ao alcance de todas as pessoas.
Calvino desenvolveu a sua teologia dentro de um ambiente contaminado pelo caos. Genebra e quase toda Suíça viviam uma crise de todas as (des) ordens possíveis. A sua teologia é prática e se voltava para o povo. No seu diagnóstico, Calvino tentou criar um sistema ou um ambiente de vida em que todos pudessem mudar para melhor. A situação de Genebra era lamentável. Havia muita pobreza. Impostos agravados e pesados. Os trabalhadores eram oprimidos por baixos salários e jornadas extensas de trabalho. O número de analfabetos era altíssimo. Carecia de assistência social em toda parte. Os bêbados dominavam as ruas. A prostituição era uma forte marca da cidade. Essa era basicamente a situação que Genebra se encontrava antes da Reforma.
Para Calvino o elemento do mal social era a rebeldia do homem. O pecado introduziu perturbações profundas na sociedade. Calvino entendia que o caos econômico é causado pela ganância dos homens, e pela incredulidade de que Deus haverá de nos suprir as necessidades.
Uma indignação permeava o coração de Calvino. Ele faz uma denuncia contra os pecados sociais, exemplo: estocagem de alimentos (trigo), monopólios e a especulação financeira, como tendo a origem no egoísmo e na avareza do homem. Ele denunciava aqueles que preferiam deixar que o trigo se deteriorasse em seus celeiros, para que ali fosse devorado por bichos, e apodrecesse, ao invés de ser vendido, quando a necessidade do povo se fazia sentir. [3]
Um outro aspecto da teologia deste reformador é o combate a todo tipo de indolência e vida ociosa. Para a valorização do ser humano, ele mesmo precisa se sentir valorizado. Então, a teologia que Calvino desenvolve tem uma complementação no que tange a vida humana – a questão do trabalho. O reformador entendia que o homem deve viver do suor do seu trabalho. Uma posição bíblica. Portanto, o trabalho é algo eminentemente digno, pois é a realização da vontade de Deus para o homem. Assim, o homem não se realiza plenamente, senão no trabalho, visto que foi para isso que foi criado e vocacionado. Por isso, existia uma pregação veemente contra o desemprego. Privar o homem do seu trabalho é pecado contra Deus – pois o trabalho é dom de Deus, e o dever que ordenou ao homem, ensinava Calvino. Quem fecha uma porta de emprego para uma pessoa, é o mesmo que tirar a vida de quem busca o emprego. Pois todo o homem depende dia a dia do seu labor para o pão. Ele precisa sustentar a sua família. Assim, promover o desemprego, na opinião de Calvino, seria um atentado à vida humana, e, portanto, um pecado contra o próprio Deus – “Não matarás”. [4] Calvino faz um destaque, por mais que a pessoa esteja necessitada de um emprego o patrão nunca poderá inferiorizá-la. Calvino traz a luz para o relacionamento empregado e empregador a Epístola de Tiago, em que todos estão no mesmo nível. Se o empregado tem um senhor, o empregador deve entender que existe o Senhor dele, e este é justo na sua ação. Sendo assim, ninguém deve defraudar o outro. O empregado deve se dedicar ao trabalho e o patrão deve pagar dignamente o seu empregado pelo trabalho exercido.


Por causa desse significado espiritual e ético conferido ao salário, o produto do trabalho não pertence, portanto, mais ao patrão que ao operário, ambos sócios na atividade comum. Em conjunto, recebem o produto como a recompensa providencial de seu esforço. Patrões e empregados são, em conjunto e igualmente, devedores de Deus segundo os dons que receberam e puseram em atividade, sem mérito maior para uns ou outros. Devem, portanto, repartir esses frutos de comum acordo, livremente, mas levando em conta a contribuição inicial e a responsabilidade de cada um. Disso decorre que não se trata simplesmente de regular-se pela lei da oferta e da procura, sem qualquer outra consideração ética. E mesmo que tal ética jamais haja sido aplicada à letra, é sua orientação espiritual que importa observar. A negociação, aqui como em qualquer lugar, deve ocorrer. A negociação é um princípio social superior, que deriva diretamente do fato de que nenhum fator econômico é sozinho, dono do que produz em conjunto com os outros. O produto permanece sinal concreto da graça de Deus, um dom a partilhar. [5]


O destaque aqui é que Deus considera como roubo não somente o que o homem detrai das posses do próximo, mas ainda tudo o de que o priva, em recusando-lhe o que lhe deveria prover da parte de Deus. Todo bem que deveria servir ao proveito do próximo, e é retido ou desviado, é por Deus considerado como uma posse fraudulenta. Privar o próximo daquilo que Deus lhe pretende conferir é cometer um confisco às suas expensas e uma ofensa contra Deus. Portanto, a ação que a igreja pastoreada por Calvino teve foi a seguinte:


O protestantismo de tradição reformada alfabetizou o homem da sua época, dando-lhe acesso a um mínimo de instrução. Libertou-o de uma série de vícios danosos à sua saúde, nocivos à sua capacidade de trabalho, e o conduziu às virtudes de uma vida sóbria. Integrou o homem em uma comunidade, que é também um grupo de ajuda mútua. Ensinou que o homem deve buscar seu papel social como uma vocação, um chamado de Deus. Entendeu que a atividade econômica e financeira deve ser um direito de todos, sem privilégio ou exclusividade por parte do Estado ou da Igreja. [6]


Em diversos comentários e sermões, Calvino afirmava que a escravidão era absolutamente contrária à ordem natural correspondente aos desígnios de Deus. Demonstrava que essa ordem fora e continuava sendo degenerada pelo pecado dos homens. O reformador continua:


“Ainda que os primeiros que hajam sido escravizados”, escrevia, “tenham sido oprimidos por direito de guerra ou porque a pobreza os haja constrangido, é absolutamente certo que a ordem da natureza se corrompa violentamente”. “E, se bem que seja útil que uns superintendam outros, conviria mais, todavia, preservar uma condição de igualdade entre irmãos”. O reformador insiste, também, sobre o fato de que a liberdade dos escravos é muito freqüentemente de tal sorte explorada que os libertos tombam para situação pior que a anterior. Por isso, ajunta, o Antigo Testamento prescreve que o escravo emancipado deve receber, no momento da libertação, toda a ajuda necessária para a assunção de sua plena liberdade. E o ensinamento do Novo Testamento e de São Paulo em particular, prossegue, confirma o do Antigo. Ele nos esclarece que a escravidão, “contrária a toda ordem natural”, é, com muito maior razão, oposta à ética cristã. Mas, acrescenta ainda o reformador, a ordem da sociedade não pode ser mudada, enquanto os próprios crentes não se ajustarem à Palavra de Deus de forma muito estrita, para deslanchar as transformações necessárias da ordem política. Caso contrário, esta permanece “a ordem de Deus perturba”. [7]


Veementemente Calvino lutou contra todo sistema desigual. Havia desvios e sonegação. Muitos empregadores não pagavam os funcionários corretamente, e a mulher sofria preconceitos e tinha o salário menor do que o homem.


O trabalho dos homens e mulheres de nosso tempo perdeu sua dignidade. Essa dignidade é a que Deus lhe confere fazendo-o uma vocação pessoal, da qual cada indivíduo é responsável perante ele. Essa vocação é fundamental da responsabilidade inalienável de todo trabalhador e de toda trabalhadora, seja qual for sua ocupação (e desde que evidentemente esse trabalho seja moralmente honroso e socialmente tolerável). [8]


Calvino interveio junto aos seus colegas para que a ética da justa remuneração fosse aplicada na sua cidade. Naquela época, como na maioria dos países vizinhos, a população atravessava um período difícil que era caracterizado por alta generalizada do custo de vida. Os salários não acompanhavam essa elevação.


O salário concedido a todo trabalhador é, portanto, a expressão tangível do salário gratuito com que Deus privilegia a obra de cada indivíduo. Assim, por mais profano que seja, o salário se reporta à obra de Deus. Expressa de forma visível a intervenção de Deus em favor da frágil existência humana. Além disso, porque esse salário é o sinal da graça de Deus, não pode ser considerado como favor, que o dono do trabalho possa dispor como bem lhe prouver. Dando ao trabalhador a remuneração de seu trabalho, o dono nada mais faz que transferir ao próximo aquilo a que este tem direito da parte de Deus. [9]


A marca da teologia deste humanista era que cada ser humano deve usufruir direitos iguais, com a liberdade de dedicar-se à atividade criadora. E seu trabalho produtivo deve exercer-se na solidariedade, o que determina que a liberdade seja dominada em favor de uma justa redistribuição (mas não estritamente igualitária obrigatoriamente) das riquezas produzidas, já que estas foram elaboradas a partir de recursos gratuitamente postos por Deus à disposição de todos. [10]
A Bíblia condena quem quer que seja de abusar do trabalho de outra pessoa. A função da Igreja é a de denunciação e a de anunciação. A Igreja tem de denunciar todas as estruturas pecaminosas que oprimem e escravizam os seres humanos. Algumas vezes, a voz da Igreja pode ser a única que tenha condições de falar abertamente. A Igreja tem o dever de anunciar a vinda do reino de Deus, as possibilidades de uma ordem mais justa, mais humana e mais segura. [11]
Este conceito é admirável. Deus contempla o que Deus fez. Deus observa que as criaturas humanas de Deus são imagens da própria pessoa de Deus. Deus observa que elas refletem a Deus, que elas são a imagem de Deus, que elas são semelhantes a Deus. Deus se deleita nisso. Isso serve de base ao amor de Deus. De fato, Deus se deleita em todas as suas obras. Mas os seres humanos se destacam das outras criaturas pelo fato de que eles refletem as próprias perfeições de Deus. Conseqüentemente, maltratar um de nossos semelhantes é maltratar uma daquelas criaturas com as quais, acima de tudo, Deus se deleita. Na realidade, é verdade que a exigência de justiça se baseia em nossa própria natureza – especialmente, no fato de que ser um ser humano é ser uma criatura que mantém aquela relação especial de imagem de Deus. Calvino disse algo penetrante:


Os homens são, de fato, indignos do cuidado de Deus, se leva em consideração somente a eles mesmos. Mas, visto que eles carregam a imagem de Deus gravada neles, Deus mesmo é violado nos seres humanos. Assim, embora eles não tenham nada deles mesmos pelo que possam obter o favor divino, Deus olha para seus próprios dons neles e, dessa maneira, é levado a amá-los e a cuidar deles. Contudo, deve-se observar cuidadosamente essa doutrina, visto que ninguém pode prejudicar seu irmão sem ferir a Deus mesmo. Se essa doutrina estivesse fixada mais profundamente em nossa mente, relutaríamos mais quando fossemos praticar algo danoso. [12]


Mas qual é o modelo do pensamento de Calvino nesse ponto? Calvino gostava de empregar a metáfora do espelho: ser um ser humano é refletir Deus. Mas em que aspectos nós refletimos Deus? E quais são precisamente as exigências de justiça e caridade baseadas neste ato de refletir? O pensamento de Calvino é o de que, claramente, maltratar o espelho significa maltratar o que ele reflete – maltratar o ser humano é maltratar a Deus. [13]
Para Calvino, a necessidade de igualdade e a necessidade de caridade estão fundamentadas no fato de que ser um ser humano é ser um ícone vivo para Deus e, como tal, possuir uma dignidade que está além dos papéis que desempenhamos e além das finalidades que buscamos.
Portanto, com a clareza deste ensino é possível destacar três pontos importantes para o relacionamento com a criação:


1) A nossa responsabilidade para com todas as criaturas humanas deve ser igual a nossa relação com toda a criação de Deus. Independe da sua posição política, classe social, de sua nacionalidade, de sua religião ou de qualquer outra coisa, mas no fato de que são criaturas de Deus;
2) A imagem e semelhança de Deus – imago Dei – está impressa em toda criatura humana. Sendo assim, aquele que despreza e inferioriza a outra pessoa comete um atentado contra o próprio Deus;
3) A distribuição do poder de Deus é para todos. Todo ser humano exerce o mesmo poder e domínio sobre a criação, isso quer dizer que ninguém poder exercer o direito de dominar ou oprimir outra criatura humana.


Conclusão


Toda a criação caiu com o pecado e está agora sob a ação redentora de Cristo, que é o Senhor tanto da Igreja quanto da sociedade. Os cristãos devem lutar hoje para manifestar a presença do reino de Deus, embora a sua plenitude somente se alcançará com o retorno de Cristo. Somos salvos para servir. Os cristãos devem se infiltrar em todas as esferas da sociedade para chamá-la ao arrependimento e à conformação às normas do reino. A Igreja é um centro de arregimentação e treinamento de pessoas que se reformam para reformar. Assim viveu João Calvino. Este é o seu legado. Sigamos o seu exemplo de vida. Calvino nos ensinou que o evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida.




[1] KUYPER, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. p. 38.
[2] Ibid., p. 127.
[3] NICODEMOS, Augustus Lopes. Calvino e a Responsabilidade Social da Igreja. São Paulo: PES. pp. 8-9.
[4] Ibid., pp 12-14.
[5] BIÉLER, André. A Força Oculta dos Protestantes. São Paulo: Cultura Cristã, 1999. p. 129.
[6] CAVALCANTI, Robinson. Cristianismo & Política. Viçosa: Ultimato, 2002. p. 138.
[7] BIÉLER, André. A Força Oculta dos Protestantes. São Paulo: Cultura Cristã, 1999. p. 101.
[8] Ibid., p. 215.
[9] Ibid., p. 129.
[10] Ibid., p. 118.
[11] MCKIM, Donald K. Grandes Temas da Tradição Reformada. São Paulo: Pendão Real, 1998. p. 349.
[12] Ibid., p. 275.
[13] Ibid., p. 274.

sábado, 4 de julho de 2009

Heróis da Fé...

Frases de João Calvino...

“Porque o evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida”.
[João Calvino, As Institutas – edição Especial, Vol IV, pg 181, Ed Cep,]

“Os sofrimentos desta vida longe estão de obstruir nossa salvação; antes, ao contrário, são seus assistentes. (...) Embora os leitos e os réprobos se vejam expostos, sem distinção, aos mesmos males, todavia existe uma enorme diferença entre eles, pois Deus instrui os crentes pela instrumentalidade das aflições e consolida sua salvação (...) As aflições, portanto, não devem ser um motivo para nos sentirmos entristecidos, amargurados ou sobrecarregados, a menos que também reprovemos a eleição do Senhor, pela qual fomos predestinados para vida, e vivamos relutantes em levar em nosso ser a imagem do Filho de Deus, por meio da qual somos preparados para glória celestial”.
[João Calvino, Exposição de Romanos, São Paulo, Parakletos, 1997, (Rm 8.28,29), p. 293,295]

"Não há nada que Satanás mais tente fazer do que levantar névoas para obscurecer Cristo; pois ele sabe que dessa forma o caminho está aberto para todo tipo de falsidade. Assim, o único meio de manter e também restaurar a doutrina pura e colocar Cristo diante de nossos olhos, exatamente como ele é, com todas as Suas bênçãos, para que Seu poder possa ser verdadeiramente percebido" [João Calvino, As Institutas da Religião Cristã]

“Para que tenhamos aqui bom equilíbrio, devemos examinar a Palavra de Deus, na qual temos excelente regra para o entendimento firme e correto. Porquanto, a Escritura é a escola do Espírito Santo, na qual assim como nada que seja útil e salutar conhecer é omitido, assim também não há nada que nela seja ensinado que não seja válido e proveito saber”.
[João Calvino, As institutas, Cap VII, pg 39, Vl 1, edição especial, Editora Cep]

E devemos confiar que assim como nosso Pai nos nutriu hoje, Ele não falhará amanhâ. João Calvino, Instrução na fé, cap. 24, p. 67.

Como provar os espíritos...

A. W. Tozer


Nossa relação e a nossa atitude com nossos irmãos cristãos é outro teste definitivo de nossa experiência com Deus.

O cristão sincero, depois de um notável encontro espiritual, pode às vezes afastar-se de seus irmãos na fé, e desenvolver um espírito crítico. Ele pode estar sinceramente convencido de que sua experiência é superior - que se acha agora num estado de graça, e que os membros de sua igreja não passam de uma multidão mista sendo ele o único e legítimo filho de Israel. Ele pode esforçar-se para mostrar paciência com esses indivíduos mundanos, mas sua linguagem suave e sorriso de condescendência revelam sua verdadeira opinião sobre eles - e sobre si mesmo. Este estado de mente é perigoso, e tanto mais perigoso porque pode justificar-se através de fatos. O irmão teve uma experiência notável; ele recebeu orientação maravilhosa sobre as Escrituras; ele entrou numa terra esplêndida que lhe era desconhecida antes. Pode ser também facilmente verdade que os cristãos professos de suas relações sejam mundanos, apáticos, sem qualquer entusiasmo espiritual. Ele está enganado, mas não são os seus fatos que provam isso, mas a sua reação aos fatos é carnal. Sua nova espiritualidade tornou-o menos caridoso.

Lady Juliana [de Norwich] nos conta em seu inglês castiço como a verdadeira graça cristã influi em nossa atitude para com nossos semelhantes: “Pois, acima de tudo, a contemplação e o amor do Criador diminuem a alma a seus próprios olhos, e a enchem de temor reverente e sincera humildade; manifestando abundância de sentimentos caridosos em relação aos irmãos em Cristo”. Qualquer experiência religiosa que deixe de aprofundar nosso amor pelos cristãos pode ser com certeza descartada como falsa.

O apóstolo João faz do amor por nossos companheiros cristãos um teste de verdadeira fé: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade. E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranqüilizaremos o nosso coração” (I Jo 3:18,19). E de novo repete: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus, e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I Jo 4:7,8).

À medida que crescemos na graça, crescemos em amor para com o povo de Deus. “Todo aquele que ama ao que o gerou, também ama ao que dele é nascido” (I Jo 5:1). Isto significa simplesmente que se amarmos a Deus iremos amar também a seus filhos. Toda verdadeira experiência cristã irá aprofundar nosso amor pelos demais cristãos.

Devemos então concluir que tudo o que nos separa pessoalmente, ou no coração, de nossos irmãos em Cristo, não vem de Deus, mas pertence à carne ou ao diabo. E, de maneira oposta, tudo o que nos leva a amar os filhos de Deus vem provavelmente de Deus. “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13:35).

Carta a um jovem moribundo...

Um jovem à beira da morte, sentindo necessidade de salvação, escreveu a Otávio Winslow, perguntando o que ele deveria fazer a fim de preparar-se para a morte. Aqui está a resposta do Dr. Winslow:

Eu imploro que você creia, de uma vez por todas e com uma fé simples no Senhor Jesus Cristo, para que seja salvo. Tudo que constitui o verdadeiro preparo para a morte está fora de você mesmo, e totalmente em Cristo Jesus. Lave-se no Seu sangue e vista-se com Sua justiça, para que você possa comparecer diante de Deus, divinamente, plenamente, livremente e para sempre aceito. A salvação do maior dos pecadores está toda preparada, acabada e completada em Cristo (Ef 1.6; Cl 2.10).

Novamente eu insisto, o seu olhar de fé deve agora ser direcionado inteiramente para fora de você mesmo, e colocado em Jesus. Todo cuidado é necessário a fim de estar certo de que o preparo para a morte não esteja firmado em você, mas somente em Cristo. Deus não lhe aceita tendo como base um coração quebrantado, um coração limpo, um coração suplicante, ou um coração cheio de fé. Ele lhe aceita plena e tão somente, na expiação do Seu bendito Filho. Creia confiadamente, com uma fé infante, nesta expiação. – "Cristo morreu pelo injusto" (Romanos 5.6) – e você será salvo.

A justificação é evidenciada quando um pobre pecador, condenado pela lei e destruído, cobre-se pela fé, com a justiça de nosso Senhor Jesus Cristo, Rm 3.22 –: "justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem" – esse pecador, então, está justificado e preparado para morrer. Somente aquele que se despe de sua justiça própria e corre para a abençoada "cidade de refúgio", o Senhor Jesus Cristo, e esconde-se lá do "vingador do sangue", pode exclamar numa linguagem de triunfante fé: - "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8.1).

Busque em Jesus por um "coração quebrantado", busque nEle por um "coração limpo", busque somente nEle por um "coração cheio de fé ou cheio de amor" e Jesus lhe dará tudo. Apenas um toque de fé em Cristo, e um divino toque de Cristo, salvará o mais vil pecador. Oh, o menor e mais distante olhar de fé, voltado, ainda que tênue para Cristo, irá curar e salvar sua pobre alma.

Deus está preparado para aceitá-lo em Seu bendito Filho, e por causa dEle, lançará todos os
seus pecados em Seus ombros, e lhe levará para Sua glória quando você morrer. Nunca se soube que Jesus tenha rejeitado um pecador que tenha cindo a Ele com "nada a pagar". Deus glorificará Sua livre graça na Sua salvação. Ele, portanto, lhe salvará, assim como você está, porém com uma nova disposição: - "Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (Is 55.1).

Eu concluo com a resposta de Paulo ao ansioso carcereiro: (Atos 16.31) – Responderam-lhe: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa." Não importa o que você tenha sido ou seja, banhe-se na fonte aberta que limpa todo pecado e imundície: Zc 13.1 – "Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza", e você será limpo, mais alvo do que a neve – (Sl 51.7) – "Purifica-me com hissope, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve." Não dê atenção às sugestões de Satanás ou de incrédulos. Lance-se aos pés de Jesus, e se perecer, pereça lá! Mas é certo que nunca perecerá, pois Ele diz: (Jo 6.37) – "Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora", e "Venha a mim" (Mt 11.28). Esse é o Seu bendito convite; que a sua resposta seja "Senhor, eu venho! Eu venho! E enlaço meus braços trêmulos de fé, ao redor de Tua cruz e de Ti mesmo, e se eu morrer, morrerei e partirei agarrado, olhando para Ti."

Assim aja e creia, e você não terá que temer a morte. Olhando o Salvador na face, você pode olhar a morte na face, exclamando como o bom Simeão, "Senhor, agora despede o teu servo em paz...pois os meus olhos já contemplaram a Tua salvação" (Lc 2.29-30). Possamos através da livre e soberana graça, encontrarmo-nos no céu e unimo-nos à exclamação: "Digno é o Cordeiro que foi morto" por nós (Ap 5.12).

Traduzido de The Banner of Sovereing Grace Truth.

Os dois Pactos são Diferentes...

John Owen

(Tomado do comentário do autor sobre Hebreus)

Os dois pactos, o antigo e o novo, diferem em tantas maneiras que não podem ser duas administrações do mesmo pacto. O antigo pacto foi acompanhado pelo terror e o terror no Monte Sinai. Todos os ali presentes se chegaram com medo e tremeram. Foi o espírito de medo e servidão o que lhes fez guardar sua distância e não acercar-se a Deus. Porém a situação é mui diferente sob o novo pacto. O Filho de Deus convida aos cansados e oprimidos a vir a Ele com uma demonstração de amor, graça e compaixão.

Outra diferença que os pactos têm são os Mediadores de cada um. O mediador do primeiro pacto foi Moisés, que era um servo na casa de Deus. Porém o Mediador do novo pacto é o Filho amado de Deus: e a cabeça da casa.

Os pactos tem diferente preceitos e promessas. O antigo pacto renovou as demandas do pacto de obras (entre Deus e Adão). Porém o novo pacto anuncia que o pacto de obras tem sido cumprido pela obediência e o sofrimento do Mediador (para todo que estão nele). O velho pacto, estritamente considerado, não tinha promessa de graça para comunicar à gente um poder espiritual ou ajudar-lhes a obedecer. Não tinha nenhuma promessa de vida eterna, exceto uma sem esperança, contida no pacto de obras ("o homem que faz estas coisas viverá por elas").

Os pactos diferem em relação a seus propósitos. O fim principal do antigo pacto foi a condenação e o controle do pecado. O fim do novo pacto é a declaração do amor, a graça e
a misericórdia de Deus e o dar arrependimento, remissão de pecado e vida eterna.

Os pactos diferem no efeito que produzem. O primeiro pacto, sendo uma administração de morte e condenação, submeteu às mentes e aos espíritos de todos em escravidão e servidão. Por outro lado, o efeito imediato produzido pelo novo pacto é a liberdade espiritual. A Escritura com freqüência enfatiza a diferença entre os dois pactos usando termos que falam de servidão no antigo e de liberdade no novo (veja Rom 8:15; 2Cor. 3:17; Gál. 4:1-7, 24, 26, 30,31; Atos 2:14,15).

Os pactos diferem no aspecto de sua eficácia. O antigo não fez nada perfeito. Não pode produzir as coisas que simbolizava. Por outro lado o novo, produz a santidade efetiva e a obediência.

Os pactos diferem também em sua duração. Um foi feito transitório, para ser depois tirado, enquanto o outro permaneceu para sempre.