quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Algumas dicas para o preparo do sermão...

A maneira que Jesus pregava:

1) Jesus pregava de maneira que as pessoas se sentiam amadas e aceitas;

2) Ele pregava de forma que as pessoas se sentiam compreendidas;

3) Ele falava de maneira positiva (anunciava uma “Boa Notícia”);

4) As suas mensagens inspiravam as pessoas;

5) As suas palavras evocavam confiança;

6) As suas palavras eram autênticas e repletas de vida;

7) A sua pregação era marcada pela relevância na vida dos seus;

8) A sua pregação era explícita, ilustrada e praticável;

9) As suas mensagens tornavam as pessoas mais amáveis;

10) As suas mensagens levavam cura interior e exterior;

11) As suas mensagens transformavam as pessoas;

12) Ele falava com autoridade, isto é, Deus agia nas suas pregações.

Itens a serem verificados:

1) Você preparou bem a mensagem?

2) Encontrou / testou uma boa forma de introduzir o sermão?

3) Formulou um propósito claro?

4) Eliminou tudo que poderia desviar os seus ouvintes para uma trilha secundária?

5) Estruturou o sermão de forma a dar uma visão geral e clara?

6) A linguagem é clara e viva?

7) Incluiu ilustrações suficientes como também exemplos práticos (também da sua igreja)?

8) Você está presente na mensagem (“eu”)?

9) A sua mensagem é diferente e única?

10) Você fala “de cima para baixo” ou está no mesmo nível?

11) O sermão chega ao coração das pessoas?

12) O sermão tem aplicação prática?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Elaboração de texto...

PRINCÍPIOS DE COMUNICAÇÃO

1. Clareza - O texto está claro para o leitor?
2. Concisão - O texto diz o máximo com o menor número possível de palavras?
3. Correção - O texto respeita rigorosamente a gramática?
4. Encadeamento - O texto está organizado de modo lógico e harmônico?
5. Consistência - O texto usa os verbos nos mesmos tempos e os pronomes nas mesmas pessoas?
6. Contundência - O texto vai direto ao ponto?
7. Precisão - O texto usa os termos de modo preciso?
8. Originalidade - O texto é original, agradável e criativo?
9. Correção política - O texto é "politicamente correto"?
10. Fidelidade - O texto é honesto com as fontes?

DEZ CONSELHOS PRÁTICOS

1. Escreva frases breves e parágrafos curtos. Não complique.
2. Encadeie as frases e os parágrafos logicamente. Não faça uma colcha de retalhos.
3. Evite apelar para generalizações. Não seja superficial.
4. Evite repetir palavras. Não seja pobre no seu vocabulário.
5. Evite modismos lingüísticos. Não pareça um deslumbrado.
6. Evite as redundâncias. Não seja apressado.
7. Abstenha-se de superlativos, aumentativos, diminutivos e adjetivos em demasia. Não seja pernóstico.
8. Faça poucas citações diretas; opte por reescrevê-las, creditando-as aos seus autores. Não compile.
9. Use as notas de rodapé para definições e informações. Não seja óbvio.
10. Lembre-se SEMPRE que você está escrevendo para um leitor real.

Dicas para Autores...

1. Para iniciar: antes de desenvolver um tema, faça uma lista de tudo o que diz respeito a ele, tudo o que você acha que é interessante comunicar.

2. Depois analise esta lista e destaque os sub-temas que podem ter alguma ligação entre si. Você não deve incluir todas as informações que sabe a respeito de um tema. Escolha alguns que tenham algo em -comum e desenvolva-os, sob uma seqüência lógica.

3. Se o objetivo da obra é trabalhar conceitos cristãos para desenvolvê-los em grupo, os escritos devem conter estudos que levem a uma reflexão, normalmente encerrando com 2-3 perguntas. Não deve ser mais que isso a não ser que você esteja escrevendo estudos para um contexto onde terão mais tempo para refletir em cima de suas perguntas, como num grupo familiar.

4. Tema central e seqüência lógica: O começo, meio e fim devem ser claros e o tema claramente destacado. Do contrário, é fácil tornar-se excessivamente repetitivo e andar em círculos, perdendo o rumo do que realmente quer comunicar. Para alcançar essa seqüência, você pode seguir os seguintes passos:

A. Começo: O primeiro parágrafo deve conter a idéia central do texto. Você introduz o assunto de maneira geral e vai delimitando o tema dentro de um parágrafo até dizer, em uma frase final, qual é a sua tese. (Em caso de textos extensos, você pode introduzir o capítulo no primeiro parágrafo e delimitar o tema, a tese, no segundo.).

B. Meio: Os parágrafos seguintes devem conter argumentos que provem que suas idéias são válidas. Aqui entram as diversas citações bíblicas, citações de outros autores, etc. Este é o momento de defender as suas idéias, de levar o leitor a crer no que está lendo, de convencê-lo a pensar como você, usando todos os seus artifícios. Observe que para defender uma idéia, eu vou utilizar argumentos que a confirmem, que dêem uma contribuição positiva a ela. Não é expediente entrar em explicações minuciosas do lado negativo do argumento, pois acabam contradizendo o que eu quero defender, ou fogem do tema central. A cada frase escrita, devemos nos perguntar: o que escrevi contribui indispensavelmente para a defesa da minha idéia e está diretamente ligado ao tema central? Em caso de resposta negativa, não vale a pena escrever a tal frase, pois atrapalha a comunicação com o leitor. Ele perde a concentração no tema e acaba se desanimando.

C. Fim: Depois de desenvolver todos os sub-temas que você definiu como relevantes e indispensáveis, está na hora de concluir. A conclusão trata-se de uma síntese clara, sem rodeios, do que você defendeu. Pode incluir uma reflexão ou aplicação prática, como chave de ouro; uma idéia fixa que continua martelando na cabeça do leitor após a leitura. No caso de conclusões de capítulos, não deve passar de dois ou três parágrafos. Para um livro, a conclusão pode ser de um capítulo, porém mais curto que os outros.

5. A clareza e a objetividade são fundamentais para manter a atenção do leitor. Simplifique ao máximo a leitura. Frases curtas e cheias de significado facilitam a leitura. Seja objetivo: diga o que quer dizer sem rodeios. A intenção de uma obra para reflexão é expressar uma idéia. Não deve se perder na função poética da linguagem. Isso é para obras literárias, não informativas. A repetição de palavras, os ecos nas sílabas finais e as cacofonias devem ser evitadas. Os adjetivos e advérbios de modo podem ser restritos. Às vezes, uma oração está tão carregada de adjetivos e advérbios que chega mais perto da descrição do que reflexão, e o leitor acaba se perdendo em saber qual a idéia que o autor quer passar.

6. A coesão e a coerência são aspectos indispensáveis. É preciso evitar contradições. Se você utiliza um argumento cujo lado positivo defende seu tema, não deve se prender no lado negativo. As citações devem estar de acordo com o tema. A conclusão deve estar coerente com o meio e a introdução. É preciso ter harmonia no texto, concordância, associação, ligação entre idéias.

7. Podemos estabelecer um título para o livro antes de escrever, mas a delimitação do tema deve ser reavaliada após o livro ter sido escrito. O mesmo ocorre com a introdução. Isso por que muitas vezes acabamos fugindo do tema, o que não deve ocorrer, ou simplesmente vamos dando outro direcionamento no texto no decorrer de seu desenvolvimento. Assim, é preciso avaliar a introdução, o tema e o título depois do livro ser escrito.

8. Colocando-nos no lugar do leitor: a escrever, devemos considerar não apenas a nossa comunidade próxima, cuja cultura e pensamentos já conhecemos. È importante considerar também as outras comunidades, uma série de pessoas desconhecidas com outras culturas e pensamentos, mesmo todas estando envolvidas de alguma forma no meio cristão. Assim, a cada expressão que escrevemos, devemos nos perguntar: será que tenho base bíblica e teológica para afirmar isso? Como meus leitores vão receber essa informação? Se não tomarmos cuidado nessa área, podemos cair em descrédito e não alcançarmos o alvo pretendido.

Em conclusão, considere o seguinte texto por Beverly Ballaro e Christina Bielaszka-DuVernay:
Antes de apresentar seu projeto, é importante fazer uma edição final do texto. Você poderá encontrar pequenos erros, pontos esquecidos... Esse trabalho é dividido em duas partes: estilo e clareza”.

Na primeira metade você deve se concentrar, no plano microscópico, na mecânica e no estilo. Você revisou duas vezes a ortografia de qualquer palavra sobre a qual se sente inseguro? Alguma de suas frases é muito longa ou complicada? Você pôs aspas nos lugares corretos? Cada uma das sentenças tem sentido? Alguém que ignore o tema pode compreender o que você tenta dizer?

Uma vez que tenha solucionado os problemas de estilo, é importante analisar seu texto a partir de uma perspectiva telescópica. A segunda parte de sua lista de controle deve destacar temas de estrutura, clareza e fluxo da escrita.

Sua escrita tem um ponto convincente? Chega a uma conclusão coerente? Você oferece ao leitor exemplos específicos ou memoráveis para respaldar seus pontos de vista? As transições entre as seções do seu texto são suaves e lógicas? Sua escrita conta com um ritmo adequado de maneira que dá confiança ao leitor do começo ao fim? Passando por esse pente-fino, a revisão do texto de seu projeto está finalizada.

Fonte: The New York Times Syndicate

domingo, 9 de novembro de 2008

Cosmologia: A Expansão do Universo...


por Adauto J. B. Lourenço, Cientista


Em 1913 Melvin Slipher, um astrônomo americano, anunciou que um estudo feito em cerca de doze nebulosas mostrava que a maioria delas estava se afastando da Terra em velocidades de milhões de quilômetros por hora. Slipher foi um dos primeiros pesquisadores a usar o efeito Doppler para medir sistematicamente as velocidades de grandes objetos celestiais. Edwin Hubble observou esta mudança da cor do espectro das galáxias. A esta mudança foi dada a interpretação de que o universo estaria em expansão. As galáxias ao se distanciarem ou ao se aproximarem da nossa galáxia teriam a sua “cor” alterada. Esta mudança é observada através das alterações das linhas do espectro de elementos como o sódio, o potássio e o hidrogênio. Isto funciona de maneira análoga ao som da sirene de uma ambulância. Quando a ambulância está se aproximando, o som é mais agudo. Depois que ela passa, o som fica mais grave. Para uma pessoa dentro da ambulância o som não teria mudado.

Essa interpretação do desvio espectrográfico tem enfrentado dificuldades relacionadas com outras observações:

  1. Galáxias interconectadas possuem desvios espectrográficos diferentes.1 Isto significa que galáxias que estão interconectadas possuem velocidades diferentes.
  2. Desvios que se agrupam em valores específicos. Esses valores são indicados pelo símbolo z. Por exemplo, para um desvio (redshift) de z=1, temos a indicação de que o comprimento da onda dobrou desde a sua emissão até chegar ao observador. Os valores de z que as galáxias tendem a assumir são 0,06; 0,3; 0,6; 0,9; 1,4 e 1,96. Isto traz consigo duas importantes conclusões: (1) que as galáxia possuem velocidades preferidas, o que em se tratando de galáxias, isto não faz sentido, e (2) esta recessão implica que a Terra está numa posição única. Uma posição que não fosse única poderia explicar a recessão observada, mas os valores de z apareceriam de forma contínua e não em intervalos distintos como observados. Isto implica diretamente que nossa galáxia estava no centro ou muito perto do centro do universo.2
  3. O desvio para o vermelho implica também numa diminuição da freqüência. Sendo que a energia da luz é proporcional à sua freqüência, isto pode implicar numa perda de energia. Até o momento, a Teoria do Big Bang não oferece explicações para esta possível perda de energia.3

É importante salientar aqui que existem outras explicações para o fenômeno do desvio espectrog ráfico da luz para o vermelho as quais são de grande importância e relevância. Todas elas têm um sólido embasamento científico e oferecem respostas igualmente compatíveis com a evidência. Apenas algumas delas estão relacionadas abaixo.

O astrônomo Fritz Zwicky em 1929 já havia proposto que o desvio para o vermelho seria causado pela perda de energia da luz ao viajar pelo espaço. Esta proposta ficou conhecida como a “teoria da luz cansada”. Esta teoria continua sendo estudada e pesquisada ainda hoje, por ser uma forte alterrnativa.4

Uma outra cosmologia estática proposta por I. E. Segal, apresenta o desvio para o vermelho diretamente proporcional à curvatura do espaço.5

V. S. Troitskii, desenvolveu um modelo cosmológico no qual ele interpretou o desvio para o vermelho como conseqüência da diminuição da velocidade da luz.6

Todas estas proposta mostram que a interpretação de um universo em expansão não é a única interpretação científica para o fenômeno do desvio espectrográfico da luz. Mais sobre isto será tratado adiante.

Também é importante notar que a visão moderna não é a expansão de objetos no espaço, mas sim a expansão do próprio espaço, o que faz com que os objetos sejam “carregados” por esta expansão. Seria como o desenho numa bexiga que aumenta a medida que a bexiga é inflada.

Esta idéia de uma expansão súbida foi necessária para que a teoria do big bang pudesse ser adaptada a observação. Foi uma solução ad hoc. A proposta foi feita por Alan Guth. Nesta proposta o universo teria passado por um período de rápido crescimeneto (período inflacionário) num curtíssimo espaço de tempo. Em outras palavras, ele teria expandido por um fator de 1025 em apenas 10-35 segundo. Isto seria como transformar uma ervilha numa galáxia como a nossa (100.000 anos-luz de diâmetro) em 0,00000000000000000000000000000000001 segundo!

Referências

1 Arp, Halton M. , Seeing Red, Montreal: Apeiron, 1998. Vert ambém do mesmo autor Quasars, Redshifts, and Controversies, Berkeley, CA: Interstellar Media, 1987.

2 Tifft, William G., “Global Redshift Periodicities and Periodicity Variability”, Astrophysical Journal, 485:465-483 (1997). Ver também do mesmo autor “Properties of the Redshifht”, The Astrophysical Journal, Vol 382, December 1991, p. 396-415. Ver também, Tifft, William G., “Redshift Quantization in the Cosmic Background Rest Frame”, Journal of Astrophysics and Astronomy, 18(4):415-433 (1977).

3 Peebles, P.J.E., Principles of Physical Cosmology, Princeton: The University Press, 1993, p.138.

4 Gosh, A., “Velocity-dependent Inertial Induction: a Possible Tired-Light Mechanism”, Apeiron, 1991, 9-10, p. 35-44.

5 Segal, I. E. e Z. Zhou, “Maxwell’s Equations in the Einstein Universe and Chronometric Cosmology”, Astrophysical Journal Supplement, 1995, 100, p. 307.

6 Troitskii, V. S., “Physical Constants and Evolution of the Universe”, Astrophysics and Space Science, 1987, 139, p. 389-411. Sobre a velocidade da luz ter sido maior no passado, ver também S. Adams, “The Speed of Light”, Inside Science 147:4, New Scientist 173(2326) (January 19, 2002).

Este artigo está baseado numa parte do Capítulo 3 “A Origem do Universo: Astronomia e Cosmologia” do livro “Como Tudo Começou – Uma Introdução ao Criacionismo”

Uma Dicotomia Enganadora...

Por Dr. Jónatas E. M. Machado, Universidade de Coimbra, Portugal*

Onde estavas tu quando eu criei a Terra? Diz-me, se tens entendimento! Jó, 38:4

Os céus e a Terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. Marcos 13: 31

O pensamento moderno sublinha a dicotomia epistemológica entre a Bíblia - do domínio da subjetividade, da fé e da moralidade - e a ciência - com autoridade no plano da realidade objetiva. Para este entendimento, a ciência preocupa-se, acima de tudo, com os fatos, ao passo que a fé releva no domínio simbólico da interpretação subjetiva desses fatos. Em outras palavras, a ciência seria o domínio por excelência das afirmações de fato, ao passo que a fé seria um campo reservado à interpretação e à formulação de juízos de valor. Repare-se que esta divisão de tarefas é manifestamente assimétrica, na medida em que remete para a ciência a definição do que seja o conhecimento daquilo que objetivamente existe, deixando para a religião uma função meramente especulativa e interpretativa, subjetiva, em torno do significado das coisas.

A ciência tem assim uma preponderância natural sobre a religião. Aquela é objetiva e sólida, ao passo que esta é subjetiva e precária. A primeira preocupa-se com a realidade e a segunda com sentimentos e crenças. No mundo real elas nunca se encontram, porque estão em esferas diferentes. De acordo com este entendimento, todos teriam racionalmente que aceitar os dados objetivos da ciência, ficando a religião reservada às mentes mais débeis e carentes ou mais dadas a emoções subjectivas1. Assim, todos teriam que acreditar na evolução (facto científico objetivo obrigatório), mas os crentes sempre poderiam dizer, à margem de qualquer evidência empírica, que Deus conduziu o processo de evolução, ou até que Deus é a evolução (crença religiosa subjetiva facultativa).

O Criacionismo Bíblico rejeita liminarmente esta divisão epistêmica de tarefas entre a ciência e a fé por ser manifestamente improcedente e falaciosa, particularmente no que diz respeito à questão das origens2. Ela dá como demonstrado o que ainda é preciso demonstrar. Com efeito, longe de se esgotar na produção de afirmações de fato, a ciência assenta largamente na interpretação e na especulação (v.g. tudo começou com um Big Bang; a vida surgiu por acaso de uma sopa pré-biótica; as aves evoluíram de dinossauros ou de pequenos répteis). Por sua vez, a religião também pretende fazer afirmações de fato (v.g. Deus é o autor da vida; Deus criou plantas, animais e o ser humano, praticamente ao mesmo tempo e segundo a sua espécie; o dilúvio do Génesis foi real e global) 3. Vejamos mais de perto esta questão, pensando especificamente no cristianismo e no darwinismo.

Quanto ao primeiro, a Bíblia, desde o Gênesis ao Apocalipse, afirma que é a Palavra de Deus verbalmente inspirada, tendo sido sempre considerada como tal pelos judeus (quanto ao Velho Testamento) e pelos cristãos 4. Jesus afirmou que as suas palavras são mais sólidas e duradouras do que os próprios céus e a Terra. A palavra do Criador é digna de toda a confiança. Porque assim é, a Bíblia nunca se coloca no domínio da pura interpretação subjetiva de fatos5. Bem pelo contrário, a validade das mais importantes doutrinas bíblicas apoia-se em fatos objetivos (criação; queda; dilúvio global; dispersão; aliança; êxodo; nascimento, morte e ressurreição de Jesus) cuja explicação só pode ser encontrada, não na regularidade das leis naturais, mas na ação extraordinária de Deus, o qual também criou essas leis. Na Bíblia os fatos são importantes porque mostram a ação providencial de Deus na história humana e as doutrinas são dignas de crédito precisamente porque se apoiam em fatos objectivos e não em mitos ou “fábulas engenhosas”.6

Na Bíblia é claro que os milagres de Jesus são autênticos e testemunham da Sua qualidade de Criador. A ressurreição física de Cristo é igualmente um fato histórico con creto, sem o qual a fé não tem sentido. Tentar desmitificar ou encontrar explicações científicas para estes e outros milagres que a Bíblia relata é passar totalmente ao lado da verdade fundamental que a Bíblia visa transmitir: o Universo foi criado por um Deus pessoal que intervém ativamente na história do Homem - criado à Sua imagem e semelhança - que, por causa do pecado da humanidade, encarnou na pessoa de Jesus Cristo para redimir o mundo através da Sua morte e ressurreição!7 Se os fatos mencionados pelo relato bíblico não são verdadeiros, a história da salvação deixa de ter sentido. Isto mesmo sustentou o Apóstolo Paulo: “se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé”.8

Por sua vez, o darwinismo, longe de se apoiar numa análise neutra e objectiva dos fatos, é fundamentalmente interpretação.9 Os registos históricos mais antigos que se conhecem têm cerca de quatro mil e quinhentos anos. São dessa era as civilizações mais antigas. Para além desse limite, a reconstituição historiográfica dos acontecimentos é feita com base em extrapolações, alicerçadas em pressupostos e modelos teóricos pré-concebidos, hoje predominantemente de matriz evolucionista. Sucede que nunca ninguém viu a sopa prébiótica, nem tão pouco um dinossauro a transformar-se em ave há cerca de 100 milhões de anos atrás. Do mesmo modo, nem os fósseis nem as rochas sedimentares trazem inscrita a sua idade, sendo datados com base nas premissas (evolucionistas) adotadas desde o início. Ora, não existe uma máquina que nos permita viajar no tempo e assim confirmar de forma absolutamente correcta as conclusões que aqui e agora tiramos acerca do passado distante. Mesmo as tentativas de observar o passado a partir das investigações astronômicas supõem a aceitação de premissas sobre a velocidade da luz.10

Do mesmo modo, as “provas” da evolução deduzidas pela Teoria da Evolução da homologia genética ou estrutural e funcional que se observa entre as diferentes espécies de animais, não passam de uma interpretação, sendo certo que o Criacionismo Bíblico utiliza os mesmos fatos para corroborar a sua crença num Criador comum. Aliás, o próprio Ernst Mayr reconheceu expressamente, na entrevista acima mencionada**, o amplo lastro interpretativo e especulativo que permeia todo o seu trabalho. Muitos dos “fatos” a que a darwinismo faz referência não passam de construções intelectuais feitas a partir de modelos, ou resultantes da assunção de premissas, pré-concebidos. Uma coisa é certa: os fatos com que os evolucionistas e os criacionistas se defrontam são exactamente os mesmos. A interpretação desses fatos é que difere, em função das premissas e dos modelos explicativos e preditivos de que ambos partem.

Assim, a ideia de que a religião e a ciência constituem dois “magistérios não sobreponíveis” (Stephen Jay Gold)11, na sua aparente plausibilidade, peca, numa avaliação condescendente, por ser demasiado ingênua e simplista. Em rigor, como veremos adiante, a mesma está longe de ser inocente. Acresce que a referida dicotomia epistêmica, além de ser má para a religião, tem também efeitos nefastos para a própria ciência. Com efeito, ao remeter para a religião o exclusivo da reflexão em torno da origem sobrenatural do Universo, aquela delimitação de tarefas vincula a ciência, de forma inexorável, a premissas teóricas e metodológicas de base estritamente naturalista e materialista, as quais se têm vindo a revelar insuficientes para explicar o mundo tal como existe. Se o Universo tiver sido o resultado de um design inteligente, hipótese que a ciência não pode descartar a priori, então uma metodologia estritamente naturalista, no pior sentido da palavra, estará impedida de explicar todas as suas características.

A ciência das origens não pretende responder apenas à questão de saber “como é que o Universo surgiu por acaso?”, mas sim “como é que o Universo surgiu?”. Diante desta questão o acaso é apenas uma das respostas teorética e cientificamente possíveis. A necessidade e o design inteligente são outras. Não há qualquer razão para excluir a priori qualquer destas respostas. Se isso acontecer, a evolução aleatória será estabelecida como verdade estipulativa, por definição, tornando-se imune a qualquer crítica. A Teoria da Evolução e o Criacionismo Bíblico pretendem responder à mesma questão a partir da análise dos mesmos fatos, mas com base em postulados diferentes. O que está em causa, em última análise, não é um conflito entre ciência e fé, mas sim entre duas religiões ou visões do mundo substancialmente diferentes: a visão naturalista e a visão bíblica.12 Esta última fornece um quadro explicativo e preditivo muito mais consistente com os dados empíricos observáveis.

Referências

1. Philip Johnson, Objections Sustained, Subversive Essays on Evolution, Law and Culture, Interevarsity Press, 1998, 67ss.

2. Jonathan Sarfati, Refuting Evolution, 15ª Reimp. Master Books, 2003, 15ss.

3. Henry Morris, The Genesis Record, Baker Book House, Grand Rapids, Michigan, 1976, 22ss.

4. Charles C. Ryrie, A Survey of Bible Doctrine, Chicago, Moody, 1972, 38; Henry Morris, Biblical Creationism, What Each Book of the Bible Teaches About Creation and the Flood, Master Books, 2000, 3ss.

5. Jonathan Sarfati, Refuting Compromise, Masterbooks, 2004, 35ss.

6. II Pedro 1:16.

7. João 3:16.

8. I Coríntios 15:14.

9. Duane T. Gish, Evolution: The Fossils Still Say No!, ICR, 1995, 1ss.

10. Sarfati, Refuting Compromise..., cit., 65 ss.

11. Stephen Jay Gould, Rocks of Ages: Science and Religion in the Fullness of Life, Ballantine, 1999, 49ss.

12. Isto mesmo é reconhecido pelo filósofo evolucionista Michael Ruse, The Evolution- Creation Struggle, Cambridge, Harvard University Press, 2005, 287, afirmando: “My area of expertise is the clash between evolutionists and creationists, and my analysis is that we have no simple clash between science and religion but rather between two religions.”

* Este artigo é parte de um estudo completo do Dr. Jónatas E. M. Machado, publicado na Revista do Centro Acadêmico de Democracia Cristã “ESTUDOS”, Nova Série N° 2, Coimbra, Portugal, Junho 2004:107-166.

** “Ernst Mayr é particularmente claro quanto a este ponto. Para ele, a ciência fornece um quadro objectivo muito diferente do relato do Génesis. Em seu entender1 , podemos conservar e apreciar estas histórias da criação como parte da nossa herança cultural, mas voltamo-nos para a ciência quando queremos aprender a verdade real sobre a história do mundo.” Ernst Mayr, What Evolution Is, Basic Books, New York, 2001, 5.

sábado, 8 de novembro de 2008

O conceito de movimento...

Para Hegel o indivíduo se move quando está inquieto. O estado de inércia demonstra paz e quietude. A perturbação leva todo indivíduo a procurar um mecanismo que lhe conceda um alívio e direção. Que seja capaz de oferecer uma viagem para um ponto de equilíbrio. É assim que se faz música. Os grandes nomes da música foram pessoas atormentadas. Existe aqui uma diferença. Algumas pessoas atormentadas fazem desgraça e criam o caos. Há aqueles que usam deste tormento e fazem a beleza surgir. Quantos não se encantam com Mozart, Beethoven, Gustav Mahler, etc. As suas magníficas obras musicais vieram de momentos de dor e tormento. Na área da poesia temos o protestante inglês William Cowper, um doente mental que disse: “Ter uma vida tranqüila é um objetivo difícil”. Na loucura é que nasce a beleza. Conheço algumas pessoas que buscam uma ordem para todas coisas. Essas pessoas não conseguem entender que nem tudo na vida será paz. Um aforismo clássico já diz isto: “Ostra feliz não produz pérola”. A ostra fica incomodada com a areia que entra na sua casca e durante este incomodo é travada uma luta para acabar com o sofrimento. Durante todo embate a ostra produz a beleza da pérola. É neste ato de movimento que sempre é acompanhado de falta de paz que o surgimento de algo maravilhoso pode nascer. Neste ponto preciso descordar de Schopenhauer que dizia que o prazer é a ausência do sofrimento. Mas que prazer maior pode existir quando o sujeito se encontra neste desassossego em que o levará a transcender das suas próprias limitações? O que diríamos sobre os grandes escritores? Machado de Assis revela na suas obras o próprio tormento do seu coração. Assim fica claro entender Fernando Pessoa quando disse: “Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir”. Não existe arte, literatura, amor, fé que não passe pelo estágio de incomodo da falta de paz. Quando o homem se move para a produção de algo ou para o encontro com Deus, ele busca o retorno da paz. Mesmo no relacionamento com Deus este incomodo nunca acabará. Por isso, o homem tenta se aprofundar nesta busca incansável por Deus, porque alguma coisa o tormenta. O movimento nunca acaba.

Conhecer e Pensar...

Grande foi a contribuição quando Kant pensou sobre o assunto. De fato, ele ofereceu uma nova compreensão do conhecimento e da experiência.

Conhecer faz parte do processo intuitivo da experiência. O conhecimento vem daquilo que é revelado. O indivíduo faz uma experiência com os sentidos e desenvolve o conhecimento. Conhecimento este que é limitado. Ninguém conhece aquilo que não está. Ninguém experimenta o absconditus. Portanto, isso faz com que a idéia de conhecimento ilimitado caia por terra.

Pensar é o conceito livre. Por mais que o indivíduo pense, ele não terá o conhecimento. O fato de pensar o levará a refletir sobre a Coisa Em-Si. A Coisa Em-Si não é revelada. Este termo é usado para fazer menção do transcendente. Como posso conhecer aquilo que não está aqui? Cabe então pensar sobre ele. O ato de pensar reduz muito aquilo que não podemos fazer a experiência. Pode acontecer também que neste ato de pensar denominamos algo que não seja. Conclui-se então, que conhecer é dependência do que está aqui se revelar com mais intensidade. O conhecimento não precisa de uma lógica ordenada, ele simplesmente brota. Ele nasce da circunstância, da vida e do momento. É um processo espiritualizante em que o indivíduo se torna o objeto de estudo e ao mesmo tempo é o sujeito do conhecimento que avalia o objeto. Por sua vez, o pensar é a autonomia do homem. Ele fantasia, ilustra, imagina, cria, sonha. No pensamento o indivíduo é livre. Ele não presta satisfação a ninguém. No pensamento ele é crítico, revolucionário e indefinido. Assim, temos a nítida diferença sobre o que é conhecer e pensar.

Conceito de Abstração na Teologia...

Faço aqui uso de uma terminologia da filosofia. Algo que o filosofo Schopenhauer já mais aceitaria.

O conceito de Abstração é para enfatizar que não se pode fazer teologia sem a vida. O que me parece é que muitos teólogos constroem as suas elucubrações numa torre de marfim. Para Schopenhauer era impossível fazer filosofia sem o corpo. Ele entendia que o pensamento deve estar de acordo com o organismo vivo. Sendo assim, ele desenvolve alguns conceitos de dor, sofrimento, prazer, beleza, etc.

Existem os teólogos profissionais e para estes a vida é desconsiderada. Teologia sem pastoral não serve. A teologia que não está a serviço do outro é inútil. Portanto, a teologia que não está conectada com a vida não pode gerar outra coisa a não ser a morte.

A teologia deve fascinar o indivíduo. A pessoa que não se encanta e não fica maravilhada com a teologia, ela não está em contato a verdadeira teologia. A teologia deve apontar um caminho para a vida. Cabe unicamente para a teologia a responsabilidade de reorientar o sentido da vida, da morte, da dor, do sofrimento, da esperança, do desespero humano, do amor, da paixão, do desejo e principalmente que existe um ser superior que interage com cada área e momento da vida humana que se chama Deus.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Credo...


por Dietrich Bonhoeffer

Creio

que Deus de tudo, mesmo do mal, pode e quer fazer surgir o que é bom. Para isso Ele precisa de homens que façam o melhor uso de todas as coisas.

Creio
que Deus em toda a situação de necessidade, nos quer dar tanta resistência, quanta nos é precisa. Mas Ele não no-la dá antecipadamente, para que não confiemos em nós mesmos, mas somente confiemos nele. Com tal fé, deveria ser superado todo o medo diante do futuro.

Creio
que Deus não é um fato independente de todos os tempos, mas que Ele espera por orações sinceras e ações responsáveis e as responde.

Se Beber Não Escreva...


Existe uma correlação entre a estrada e a escrita. As duas precisam de sinalizações, uma boa pista, liberdade, consciência, maturidade e experiência. Tanto na estrada quanto na escrita as pessoas viajam, maravilham-se, encantam-se e choram diante da beleza. Mas a ligação está para além destes adjetivos e qualidades correlacionais.

A campanha “Se Beber Não Dirija” deve ser ampliada para “Se Beber Não Escreva”. Alguns causam danos irreparáveis para muitas vidas. A escrita é uma pista que pede atenção! Algumas pessoas levam para a sepultura inocentes. Pessoas sofrem mesmo quando não tem nada haver com a delinqüência de quem escreve. Se os critérios estão exigentes para uma habilitação de motorista, para o escritor não deveria ser diferente. Sendo então permitido viajar bastante com as palavras, atrevo-me a escrever que chegará o momento em que para se conseguir uma habilitação de motorista os candidatos deverão conhecer Grande Sertão Veredas, Dom Casmurro, Contos de Adão e Eva, Ressurreição, Sonetos de Amor, Vidas Secas, O Quinze, Crônicas da província do Brasil e muitos outros livros que deveriam ser lidos para se respeitar à vida.

Portanto, segue o apelo – Se Beber Não Escreva!

O problema do tempo...

Escuto várias pessoas que murmuram sobre a vida. Elas dizem que a vida está agitada e não há tempo para nada. Família, trabalho, estudo, saúde e a própria vida pessoal pedem muito tempo e dedicação. As pessoas não conseguem fazer nada com excelência. As atividades e compromissos são feitos pela metade e cria um mal-estar. Entretanto, existem também as pessoas que tem tempo de sobra. Shakespeare já dizia que quanto menos tempo se tem mais coisas são feitas, e quanto mais tempo se tem menos se faz. Isto é uma verdade. Algumas pessoas não conseguem produzir nada por ter tempo de sobra. Elas sempre deixam para depois. É um dilema. O que fazer com o tempo? Como administrá-lo? Sem dúvida, para lidar com o tempo é preciso de disciplina. E digo mais, é necessário ter um alvo a ser alcançado. Se não for assim, o tempo será gasto com nada.

Obama protestante?

Será mesmo que Obama segue o protestantismo? Durante a sua campanha ele carregou alguns amuletos. Ele carregou uma divindade hindu, divindade islâmica e uma santa católica. O simples fato de Obama ter freqüentado uma suposta igreja “protestante” não quer dizer que Obama seja um protestante, diga-se de passagem, que o pastor da igreja prega algumas ideologias contrarias as Escrituras. A mídia o considerou um protestante. As suas idéias sobre a vida e sociedade também contrariam a fé protestante. Deve-se tomar muito cuidado quando alguém liga Obama com a fé protestante.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Teologia da Libertação: Uma insistência de crianças mimadas...

Para falar de Teologia da Libertação o sujeito deve saber no mínimo um pouco sobre o assunto. Pois bem, reconheço que esta teologia tem alguns pontos que são interessantes e aplicáveis, mas tudo dentro das medidas proporções.

Participei de um encontro sobre esta teologia. Estavam os grandes nomes do assunto – Rubem Alves, Leonardo Boff, etc. Inclusive conversei com eles. A impressão que se tem é que eles e outros insistem em algo que não gera frutos. A Teologia da Libertação não vingou na América Latina, principalmente no Brasil. Mas para estes teólogos isto é loucura. O simples fato de existirem teólogos da libertação no Brasil não quer dizer que o povo seja adepto deste pensamento. O diagnostico é o seguinte: estes teólogos são parecidos com crianças mimadas que não gostam de saber que perderam. Mas perderam o que? O tempo. O espaço. Oportunidade. Atenção do povo. O carisma. O campo. É preciso entender que o povo não quer saber de ideologias baratas de revolução marxista. O povo está numa realidade que estas ideologias não estão presentes e não resolvem o problema. Faço um apelo que é contra os meus princípios – Parem de dar murro em ponta de faca. Desistir nem sempre é sinal de derrota e vergonha, mas de sabedoria, prudência, sensatez e consciência. Esta atitude de crianças mimadas só demonstra o que a teologia de vocês vem produzindo ao longo dos anos – imaturidade, demência, paternalismo, brigas e rachas. É possível pensar em outro modo de se fazer teologia. Assim como escutei da própria boca do Boff: “A nossa teologia é furiosa”. Ou seja, uma teologia que agride e que é baseada no ódio – este ódio é todo voltado para o “imperialismo” Norte Americano. Será que é possível fazer teologia assim?

Postagens...

Algumas pessoas às vezes me indagam – por que você posta artigos de outros? Bom, a pergunta já em si preconceituosa, enxerida, atrevida e com interesse que não lhe pertence. Mas tudo bem. Eu posto artigos de outros por algumas razões:

1) Eu não tenho todas as idéias e pensamentos;

2) Os artigos estão de conformidade com aquilo que penso;

3) Existe muita coisa boa que é escrita e as pessoas não sabem;

4) Uma abertura para outras impressões da vida;

5) A multiplicidade de pensamentos;

6) Não sou detentor do conhecimento e dos assuntos da atualidade;

7) O blog é livre;

8) O autor do blog usa o critério que ele achar melhor;

9) Ninguém tem nada haver com que o autor do blog acha sobre outros artigos;

10) Se não gostam, eu não sinto muito.

Milagres da fé obâmica...

por Olavo de Carvalho

Nunca se viu coisa semelhante na história da humanidade.

Em guerra contra o Islam revolucionário, o país já quase vencedor prepara-se para nomear comandante-em-chefe um político apoiado entusiasticamente pela Al-Qaeda, pelo Hamas, pela Organização de Libertação Palestina, pelo presidente iraniano Ahmadinejad, por Muammar Khadafi, por Fidel Castro, por Hugo Chávez e por todas as forças anti-americanas, pró-comunistas e pró-terroristas do mundo, sem nenhuma exceção visível.

É exatamente como se, em plena guerra do Vietnã, se colocasse na Casa Branca um queridinho de Ho-Chi-Minh.

No entanto, se você sugerir, mesmo suavemente, que tantos inimigos dos EUA estão a favor de Obama porque ele deve estar pelo menos um pouquinho a favor deles, metade do eleitorado americano dirá que você é um maldito racista e uma boa parcela da outra metade o chamará de desequilibrado, de paranóico, de teórico da conspiração.

Está proibido aplicar a Obama a velha regra de bom senso: “O amigo do meu inimigo é meu inimigo”. Para provar sanidade, o cidadão americano tem de acreditar piamente que Obama não fará nada, absolutamente nada em favor dos comunistas e islamofascistas que o amam, mas fará tudo para defender a nação que ele mesmo chama de nazista e a Constituição que, segundo ele, é causa de males horríveis.

Se você acha que a aposta na fé obâmica é alta demais e que seria mais prudente investigar um pouco a vida do sujeito, saiba que isso se tornou praticamente inviável: ele mandou bloquear, nos EUA e no Quênia, o acesso a todos os seus documentos, mesmo sobre a sua vida pública, desde a sua certidão de nascimento até a lista dos pequenos doadores da sua campanha, passando pelo seu histórico escolar em Harvard e Columbia, que é alegado ao mesmo tempo como prova definitiva dos altos dons intelectuais da criatura, só negados, evidentemente, por racistas contumazes. A mídia considera um insulto e uma presunção doentia qualquer tentativa de examinar esses papéis, e três tribunais, da Pensilvânia, de Washington e de Ohio, já sentenciaram que o cidadão comum não tem nenhum direito de averiguar sequer a nacionalidade de Barack Hussein Obama. É preciso acreditar nele sob palavra, ou cair fora da sociedade decente.

Mas a palavra dele também não esclarece nada. Ele já inventou tantas lorotas sobre sua vida (que foi membro da Comissão de Bancos do Senado, que seu tio libertou Auschwitz, que seu pai foi pastor de cabras), já omitiu tantos dados essenciais (que foi membro de um partido socialista, que é primo do genocida Raila Odinga, que fez campanha para ele no Quênia, que seu irmão está à míngua numa favela em Mombasa, que sua tia é imigrante ilegal nos EUA), e já camuflou de tal modo suas ligações com a Acorn, com o terrorista William Ayers, com o agitador islâmico Louis Farrakhan, com o vigarista Tony Resko, etc., que tentar descobrir a verdadeira biografia dele é quase missão impossível. Seu próprio livro de memórias, que lhe rendeu a fama de escritor, é de autoria duvidosa: exames realizados com métodos computadorizados de investigação autoral concluíram que não foi escrito por Obama, mas sim por William Ayers.

Resta a hipótese de tentar descobrir alguma coisa através de testemunhas. O que elas contam é interessante. A avó diz que ele nasceu no Quênia e não no Havaí como ele afirma, seus irmãos quenianos dizem que ele é muçulmano e não cristão como afirma, sua irmã diz que ele nasceu num hospital quando ele afirma que nasceu em outro, o patrocinador de seus estudos em Harvard diz que o dinheiro para isso foi fornecido por um notório agitador pró-terrorista, velhos conhecidos contam que ele sempre estava ao lado de Frank Marshall Davis quando este vendia cocaína. Até agora, o único testemunho seriamente desmentido foi o de um maluco de Minnesota que disse ter tido relações sexuais com o então senador Barack Obama – o que, se fosse verdade, não comportaria um milionésimo do risco para a segurança nacional contido nos outros depoimentos.

A essa altura, você pode perguntar: Mas por que os eleitores hão de confiar sob palavra num sujeito que não tem palavra nenhuma, que não se sabe com certeza nem onde nasceu, que esconde dois terços da sua vida e mente sobre o terceiro terço, que é amado por todos os que odeiam o país e mal consegue disfarçar suas afeições pelos amigos deles? Você, aí no Brasil, pode perguntar isso, mas, se estiver nos EUA, pergunte em voz baixa. Se você expuser suspeitas de maneira muito audível, o governo investigará seus antecedentes em busca de crimes hediondos como dívidas de imposto e multas de trânsitos não pagas, como fez com Joe Encanador, ou então o levará para a cadeia como fez com com Brent Garner, de Lawrence, Estado do Kansas (v. www.wnd.com/index.php?fa=PAGE.view&pageId=79513). Você corre também o risco de ter sua garagem vandalizada ou levar uns sopapos, como aconteceu com vários militantes republicanos.

A resposta à pergunta sobre os motivos de uma confiança tão despropositada constitui-se de quatro elementos:

1. A grande mídia, quase toda pertencente a adeptos e patrocinadores de Obama, não publica nada do que se sabe de grave contra ele, mas faz um alarde dos diabos em torno das menores insignificâncias que possam sujar a imagem dos seus adversários. A duplicidade de tratamento, que começou nos jornais e na TV, acabou por se impregnar na sociedade inteira como um hábito normal. Exemplo I: O boneco enforcado de Sarah Palin foi saudado pela própria polícia como uma inocente tirada de bom-humor. No dia seguinte dois moleques fizeram um boneco enforcado de Obama – e foram presos. Exemplo II: A jovem militante republicana Ashley Todd, após dizer-se assaltada, surrada e marcada a canivete com um “B” na face direita tão logo o assaltante percebera seu distintivo da campanha McCain, sofreu um bombardeio de insultos na mídia e rapidinho mudou de idéia, jurando que inventara a história toda. Ashley não explicou se foi apenas assaltada e surrada, tendo feito ela própria o corte no rosto, se houve apenas uma surra sem assalto nem corte ou se não houve coisa nenhuma e ela mesma se esmurrou até ficar de olho roxo e, não contente com semelhante desatino, em seguida escavou o “B” na própria face. Embora o desmentido sumário e cheio de lacunas soasse muito mais inverossímil do que a história originária, foi instantaneamente aceito como verdade final pela mídia inteira, sem mais perguntas, ficando portanto provado que esses republicanos são malvados o bastante para desfigurar o próprio rosto só para poder lançar a culpa num negro e, por tabela, no santíssimo Barack Obama. Exemplo III: Faltavam sinais de violência contra a militância obamista, mas logo foram providenciados. Dois jovens skinheads que pensavam em dar uns tiros em Obama, sem ter tomado ainda a menor providência nesse sentido, foram denunciados pela própria mãe. Embora seja virtualmente impossível encontrar algum skinhead nas assembléias evangélicas, nas missas católicas, nas convenções republicanas, no Hudson Institute ou na Heritage Foundation, o fato é o seguinte: se você quer ser considerado um Homo sapiens em vez de um Pithecanthropus erectus, tem de jurar que o plano dos dois idiotas traz a prova cabal de que o conservadorismo americano é racista, nazista e assassino por natureza. A Folha de S. Paulo garante.

2. A sociedade americana acredita na grande mídia porque não é capaz de imaginar uma empulhação geral e sistemática como a que aconteceu no Brasil quando todos os jornais e canais de TV ocultaram propositadamente por dezesseis anos a existência do Foro de São Paulo, a maior organização de delinqüência política que já existiu na América Latina. Tal como no título do famoso romance de Sinclair Lewis, todo mundo acredita que it couldn’t happen here, “isso não poderia acontecer aqui”. Bem, aconteceu.

3. O que quer que se diga contra Obama tem resposta automática: É racismo. A chantagem racial é tão violenta, geral e sistemática, que o simples fato de você dizer que está havendo chantagem racial prova que você é racista. O monopólio da violência verbal fica portanto com os democratas, enquanto os críticos de Obama se resguardam atrás de rodeios e circunlóquios autocastradores.

4. Obama não diz coisa com coisa. Seus discursos, quando não são totalmente vazios de conteúdo, se contradizem uns aos outros com a maior sem-cerimônia – e funcionam exatamente por isso. O conteúdo deles não tem a mínima importância; só serve de excipiente para a substância ativa, constituída de apelos mágicos e mensagens hipnóticas, de modo que após alguns minutos todo mundo está com a inteligência entorpecida ao ponto de aceitar, sem a menor reação crítica, afirmações como esta: “Vocês sentirão uma luz vindo do alto, experimentarão uma epifania e uma voz de dentro lhes dirá: Eu tenho de votar em Barack Obama”. Se o sujeito proclamasse isso por fé espontânea, diriam que é louco. Como o diz no melhor estilo da programação neurolingüística ericksoniana, votam nele para presidente da nação mais poderosa do mundo.

Os efeitos conjugados desses quatro fatores são quase milagres da fé, de um surrealismo atroz: as pesquisas mostram que três entre cada quatro americanos residentes em Israel preferem John McCain, mas três entre cada quatro judeus residentes nos EUA, longe das bombas palestinas e perto de uma TV ligada na CNN, preferem Obama.

Declaração correta de Mendes sobre terrorismo incomoda Planalto...

por Tânia Monteiro, no Estadão

As declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que afirmou anteontem que o terrorismo "também" é um crime imprescritível, foram entendidas por assessores do Palácio do Planalto como resposta à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff - militante de um grupo armado que atuou contra o governo militar. Para Dilma, crime de tortura não deveria prescrever.

Mendes repetiu o discurso das Forças Armadas de que, se for para reabrir a discussão sobre a Lei de Anistia, todos os lados que foram perdoados em 1979 terão novo julgamento. Nesse caso, seriam submetidos a novos julgamentos não só os militares, mas muitos dos atuais integrantes do primeiro escalão do governo, que teriam praticado atos considerados terroristas, como seqüestros e assaltos.

Desde julho, quando a polêmica sobre a Lei de Anistia voltou ao noticiário com a realização de seminário pelo Ministério da Justiça e Secretaria de Direitos Humanos, os militares reeditaram livretos que circularam no início do governo, identificando cada um dos ministros e outros ocupantes de cargos de relevância que participaram da luta armada e que acusam de terem praticados atos terroristas.

Desta lista constam, além de Dilma, os ministros da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi; da Justiça, Tarso Genro; da Comunicação Social, Franklin Martins; do Meio Ambiente, Celso Minc; da Cultura, Juca Ferreira; e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci.

Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter pedido o fim das discussões públicas sobre o tema, as manifestações prosseguem. Ontem, ao comentar as declarações de Mendes, Tarso disse que esta "é uma visão do ministro" e que ela "faz parte do debate jurídico do País". Ele encerrou acrescentando que, por isso, a fala de Mendes "tem que ser recebida com toda naturalidade".

Minc foi mais político, afirmando que "essa discussão deve ser feita no âmbito do Poder Judiciário". Para o ministro, ela "deve ser desideologizada".

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os gênios...

por Percival Puggina

Remexendo nos guardados do porão da casa da família, o velhote encontrou diversas garrafas de vinho avinagrado e, debaixo delas, uma outra, com rótulo ilegível, grafado em cirílico, onde só dava para entender a palavra vodka. “Esta não estraga”, pensou feliz, enquanto com rápidos movimentos da mão retirava a espessa camada de poeira que se acumulara. Como o leitor sabe, esfregar com a mão garrafas velhas encontradas por acaso é coisa que não se faz desde que inventaram as anedotas com gênios brincalhões. Nunca dá certo.


Mas já estava feito. A tampa saltou e o jato de fumaça saído do interior imediatamente transformou-se num gênio, vestido a rigor, com turbante, túnica e cirwal. Enquanto contemplava a aparição, o velhote percebeu que seu gênio tinha uma fisionomia conhecida, marcada por barba crespa, longa e espessa. “Karl Marx!” gritou emocionado pelo encontro mágico com seu guia, em cujas idéias depositara, sem qualquer retorno válido, todas as certezas e esperanças de sua juventude.


“Veja o que fizeram comigo”, explicou-se Karl. “Quando me apresentei perante São Pedro ele me acusou de ter inventado o comunismo e eu me defendi dizendo o que todo mundo sabe, que eu sou um gênio em economia. Aí , ele saltou dizendo: ‘Gênio, é?’ – e me enfiou dentro desta maldita garrafa. Agora estou sentenciado a atender um desejo seu. Diga lá”. O velhote poderia ter pedido juventude, dinheiro, beleza ou poder, mas, entusiasmado pela presença do seu guru, exigiu uma crise que fizesse desabar raios e trovões sobre o capitalismo.


O episódio acima é recentíssimo e o resto da história vocês já conhecem. O que talvez não tenham percebido é a rapidez com que surgiram outros gênios tentando buscar reconhecimento para idéias que eles mesmos haviam arremessado ao fundo da gaveta das coisas inservíveis. O que dizem? Afirmam que o capitalismo afundou, que o socialismo venceu e que os empresários viraram socialistas a clamar pela proteção do Estado. Gênios de garrafa de vodca! As crises são decorrências naturais das funções e ações humanas. Há crises na democracia, na política, na fé, nas famílias, nos amores, nas empresas, na economia e por aí vai. Existem crises passageiras e crises definitivas, como a que acometeu o socialismo “científico” do velho Karl. Quanto a esse, sabe-se bem: deu tudo errado, acabou, não tem mais em qualquer país sério.


Os estados nacionais, ao intervirem no mercado, não retiraram a poeira de cima da garrafa do velho Karl, mas fizeram aquilo que lhes corresponde nos regimes democráticos, quando necessário, em favor do bem comum. Aliás, não há antagonismo entre Mercado e Estado e labora em equívoco quem se supõe obrigado a adotar um ou outro como fetiche. Ambos são relevantes e têm funções distintas: nem o mercado governa os povos, nem o Estado se encarrega dos negócios. Aquele é importante para prover bens e serviços, emprego e renda, investimentos e tributos. Este é importante, por exemplo, para: a) atender demandas que o mercado não supre; b) estabelecer por via legítima, que respeite a dignidade da pessoa humana, o governo das nações; e c) evitar as distorções que a liberdade, sem quaisquer restrições, faz ocorrer na Economia. Essas distorções, em essência, nada diferem das que se verificam no âmbito da liberdade individual na ausência de qualquer autoridade e norma – passa-se a fazer muito mais do que se deseja e muito menos do que se deve. Foi o que ocorreu na gastança norte-americana e na farra dos derivativos.


É claro que o mercado teria dado um jeito nisso. Era deixar quebrar, era deixar que os depositantes dos bancos perdessem seu dinheiro, era deixar que os fundos de pensão ficassem sem fundos e as pensões acabassem, era deixar o desemprego se expandir a níveis imprevisíveis, porque com o tempo, claro, tudo se ajeitaria. Mas o juízo político de inúmeros governos democráticos evidenciou, em consenso, que a intervenção do Estado iria abrandar os prejuízos e encurtar a duração da crise.


Contudo, chamar de socialismo a essa intervenção (tardia e produto de anterior falta de controles adequados) é redondo absurdo, assim como é absurdo redondo imaginar que o Estado só exista para limitar sua atuação.

sábado, 1 de novembro de 2008

Jürgen Moltmann...


Nós não somos só os interpretes do futuro, mas já os colaboradores do futuro, cuja força, na esperança como na realização, é Deus”.

Jürgen Moltmann

Poucos tiveram esta oportunidade. Ouvir o maior nome da teologia do século vinte ainda vivo é algo inenarrável. Melhor ainda foi o privilégio de falar com ele. Um homem com tantas bagagens se resume numa palavra – humildade.

A trajetória de vida não lhe permitiu ser um mero pronunciador do evangelho. Com todos os méritos, Moltmann recebeu o título honorável de “Doutor da Esperança”. Para quem já leu a sua obra “Teologia da Esperança” sabe muito bem do que escrevo. Ele então descreve:

“Por que a teologia cristã tem negligenciado esta temática da esperança, que é tão distintamente sua própria? E o que resta, no cristianismo atual, do espírito de esperança que animava o cristianismo primitivo?”

Assim, prossegue Moltmann,

“Comei a trabalhar em uma ‘teologia’ da esperança, na qual fossem integradas a teologia bíblica da promessa e a esperança apocalíptica; a teologia do apostolado e do reino de Deus; e a filosofia da esperança, com seus elementos materialistas e sua orientação na práxis histórica, social e política”.

Moltmann consegue causar arrepios. Mexer com os sentimentos. Criar uma expectativa. Visualizar uma vida cheia de esperança. Com a sua voz baixa e rouca, sem expressar mudanças na face, ele consegue comunicar vida. Conhecer o Moltmann, ouvir a sua história e ler a sua teologia é de fato, entender Deus sobre outra perspectiva. Existe em Moltmann uma beleza em transmitir o evangelho que muitos teólogos desconhecem. O seu “jeitão” alemão não é comum, ele conseguiu absorver e muito a cultura da América Latina.

A teologia de Moltmann é algo que comove e chega a ponto de arrancar o tampão da cabeça.

A Antropofagia da Leitura...

Não sou escritor, mas um dia pretendo ser. Portanto, ainda estou fora deste processo canibalesco. Mas quando converso com amigos que são escritores de renome, eu percebo não simplesmente o desejo de contribuir para o conhecimento, mas o desejo de ser conhecido, e digo mais, o desejo de ser devorado.

Tenho diversos autores pelos quais nutro uma paixão por seus escritos. Geralmente quando indico uma leitura uso a expressão “devora este livro”. Este foi o termo que Deus usou para os profetas – “coma este livro”. Nada mais é que devorar Deus nos seus escritos. Assim é a literatura. Quando o leitor se debruça sobre um livro, ele está se alimentando do autor. Ou seja, o escritor se torna o alimento do leitor. O apaixonado por leitura “come” o leitor. Mas não é o estado de comer a carne do autor, o leitor come os seus pensamentos, idéias, sonhos, utopias. Numa linguagem metafórica na leitura o cérebro do autor é o nosso alimento.

Portanto, muitos escritores gostam desta sensação. Quando estão numa conferência as pessoas o cercam e dizem – “amei o seu livro” ou “devorei em um dia o seu livro”. Aí reside o prazer de escrever, é saber que pessoas estão se alimentando do seu pensamento. Este é o mundo “canibal” da leitura.

O Sentimento de Dupla Pertença...

Já mencionei na postagem abaixo alguns elementos da religiosidade brasileira. O tema desta postagem é uma continuidade da anterior. Portanto, será uma pequena complementação do que já foi dito.

Existe na cultura brasileira o sentimento de pertencer a algo. Isto faz parte de qualquer ser humano – ele precisa pertencer a um grupo. Sendo aqui a questão religiosa, detenho-me neste foco. Mas o sentimento de incompletude do sujeito não permiti que ele pertença somente a um grupo, ele precisa de outro.

Algumas pessoas por razões culturais e tradicionais não abandonam a sua religião de origem. É uma questão de não perder as origens. Ela precisa pertencer ao passado que foi construído por seus antepassados, mas ela não pode ficar fora do contemporâneo. As novas tendências religiosas fazem parte do seu processo de alcançar um sentido para a vida e de alguma forma de se relacionar com o sagrado. Desenvolve-se uma fusão religiosa. É possível dizer numa linguagem psicológica que o ser humano procura a aceitação. É um relacionamento diplomático religioso que se desenvolve.

Existe também o caso de que algumas pessoas que não passaram pela religião de origem familiar e deram um salto para outro segmento de fé, em um dado momento de sua vida ela quase que impelida a fazer uma experiência com as raízes tradicionais-familiares. Jung via a religião exatamente com a função de ligar o consciente a fatores inconscientes importantes. Para Jung, a libido que constrói imagens religiosas, representa o laço que nos liga à nossa origem. Para designar a vivência do contato com tais fatores e a forte emoção descrita pelos que a vivenciam, Jung apropriou-se do termo criado por R. Otto: numinoso. Via, então, a religião como uma observação conscienciosa e acurada do "numinoso", ou seja, um efeito dinâmico ou existência que domina o ser humano; é independente de sua vontade. Este homo religious é recolocado no curso vital de uma tradição que participou na constituição de seu substrato psíquico, uma vez que ele lhe restitui sua pertença espiritual e o faz descobrir as origens profundas de suas representações.

De fato, tudo isto não passa de uma visão da mentalidade que está presente no cenário brasileiro. Existem questões espirituais, teológicas, psicológicas, antropológicas e econômicas em tudo isso. Mas algo deve ser assumido: homem jamais será capaz de livrar-se do “problema Deus”, por isso, existe um profundo dinamismo que o impele para Deus. Na leitura da realidade brasileira isto acontece de diversas maneiras e formas.

Religião no Brasil...

Tenho pra mim que daqui alguns anos placas denominacionais não serão mais necessárias. As pessoas não procuram placas de igrejas, elas procuram a novidade. As pessoas desejam o desejado. O que importa para o povo é a identificação com aquilo que eles precisam e com um passado não resolvido. Por isso, a grande procura por igrejas neopentecostais. Nestes ambientes as pessoas recebem um “tratamento psicológico”. O outro fator é que o mistério do mal é trabalho e resolvido.

Antigamente as pessoas procuravam uma igreja que pregava um ensinamento mais bíblico e coerente. Hoje a prosperidade, a determinação, o exorcismo, a cura e a vitória são o cardápio mais procurado. A procura tem sido tão grande que hoje se tornou inominável dizer qual segmento religioso tal movimento pertence. Tínhamos os históricos, tradicionais, pentecostais e neopentecostais. Hoje surgiram alguns movimentos que não se adaptam a nenhum destes mencionados acima.

É preciso entender que a religião no Brasil se tornou um lugar de passagem. A etimologia da palavra é “re-ligare”. Alguns usam este termo para dizer que a religião religa o homem com Deus. No caso do cenário brasileiro isso pode ter outra conotação. A religião no Brasil religa diversas outras religiões. O sujeito passa pelo catolicismo, misticismo, ocultismo, macumba, protestantismo, pentecostalismo e neopentecostalismo. São por tantos caminhos que o indivíduo trilha que a cada passo ele carrega consigo algo da religião passada. Isto se percebe no maior nome do movimento neopentecostal do Brasil. Por isso, é inominável dizer o que é religião hoje no Brasil. A mistura é tanta que você tem pessoas que são católicas praticantes, mas precisam estar no centro de macumba. Por outro lado você tem pessoas que são membros de igrejas protestantes históricas, mas precisam da rosa da unção. Percebe-se que o indivíduo é um peregrino entre as diversas religiões e meios de fé que existem no Brasil. Não se pode dizer que existe um lugar fixo e permanente para as pessoas freqüentarem, elas simplesmente querem passar e absorver algo por onde passam. Assim é construído o cenário religioso no Brasil.