terça-feira, 13 de abril de 2010

Precisamos sinalizar o Reino de Deus...

Não existe ninguém que seja apolítico. Todo ser humano é social e ligado a um sistema. Sempre tomamos partido por algo. A ausência do cristão nos assuntos político demonstra a sua negligencia. Quando o cristão se omite em opinar ou até mesmo contribuir para a transformação de uma sociedade, ele está contra o seu próprio chamado.

Negligenciar questões políticas e legais é “absolutamente utópico num mundo caído”. É impossível a existência sem autoridades, normas, sanções, mecanismos de participação, formas de decisão. O teólogo Robinson Cavalcanti entende da seguinte forma:

O termo apolítico pode ser traduzido como apartidário, não-engajado, alienado. Ser apolítico não é deixar de tomar posição. Ser apolítico já é uma posição em si – uma opção para fora, uma opção pelo não ser, uma opção pela omissão. A omissão é um voto permanente e reiterado em favor ou contrário a medidas, governantes, partidos ou regimes. O voto por omissão é tão responsável, tão culpado, quanto o voto consciente. Com exceção do alienado mental, do indígena (que vive a política da tribo) e de alguns rurícolas (cultural e especialmente isolado), o apolítico (alienado político) é consciente e deliberado em sua opção pela omissão, sendo, por conseguinte, co-responsável pelos resultados para os quais concorre com sua postura.


O mecanismo de defesa que muitos cristãos usam é um escapismo. A fuga para a irresponsabilidade. O cristão que é alheio aos assuntos de uma sociedade, ele tem uma visão deturpada de uma espiritualidade vazia e sem impacto. A ignorância, o medo, o preconceito, o egoísmo e a não autenticidade seriam causas de tão lastimável e danosa escolha. Fuga da responsabilidade como cristão e como cidadão. Fuga da maturidade e do comportamento adulto. O apolítico não tem como deixar de ser político, só que o é pessimamente.

O estado está para beneficiar o povo. O governo é instituído para visar o bem-estar. Um governo que não atende as necessidades básicas do povo, não pode ser considerado um governo real.

É preciso destacar duas vertentes sobre a presença e a formação de um governo: 1) A sua razão de ser é, criar um ambiente aonde o indivíduo venha a crescer, viver em paz e progredir na sua vida como um todo; 2) O Estado deve fazer justiça contra os maus, aplicar corretamente a justiça, zelar pela segurança da nação e contribuir para o progresso de todo o povo. Este modelo é na verdade uma pequena tentativa de resgatar o que foi perdido na criação. O homem foi criado para a paz e uma vida boa, mas o pecado maculou o maravilhoso propósito de Deus. A idéia de um poder constituído é exatamente trazer a ordem da criação, porque a ordem era a seguinte:

Pela ordem da criação não haveria na terra desigualdades sociais, exploração, guerra, mas harmonia e justiça. Seria uma terra sem estratificação social e nem fronteiras nacionais. A terra de Deus era uma terra para os homens, com todos nela trabalhando e dele se beneficiando, sem egoísmos privativistas.

Se os cristãos permanecerem longe dos debates políticos e culturais, a civilização corre sérios riscos de desaparecer para sempre.

Viver o Reino de Deus não é se enclausurar num sistema de igreja. Não é simplesmente não transar antes do casamento. Deixar de mentir, etc. Você pode conseguir viver desta forma e mesmo assim não está no Reino de Deus.

Deus nos colocou numa posição diante desta realidade que nos cerca. Portanto, que o nosso projeto seja a formação de uma nova maioria, que tenha preocupações em relação ao que deve representar o Reino de Deus para esta sociedade, suas funções na regulação da economia, na saúde, na educação e na segurança pública. Lembremos que o triunfo de Cristo na cruz se aplica a todas as esferas da vida e do cosmos.

Não podemos antecipar a vinda do Reino, mas podemos viver em abundancia as bênçãos deste Reino aqui e agora. O Reino de Deus invade a realidade humana e a liberta.

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