domingo, 18 de novembro de 2007

Vontade...

A vontade é dor, é querer. É estar cego na jornada sem alvo.

Para que então serve a vontade? Para nos escravizar em nossos desejos inalcançáveis.

Querer é viver na ilusão, pois tudo o quero não tenho. Aí reside o problema da vontade. Tenho tanta vontade de querer viver, mas não consigo. A vontade é tão forte e selvagem que ela me leva para lugares que desconheço. Para sentimentos que me eram ausentes. De fato, a droga da carne ou da vida é à vontade. Ela é insaciável. Quando eu faço a minha vontade rapidamente tenho outra vontade mais profunda, mais intensa e mais dolorosa do que a anterior. Porque eu quero tanto? Será porque sou um organismo vivo? Qual é o antídoto desta vontade desenfreada e maluca? Os santos homens apelam para a abnegação da vontade. A excluem. Tentam mortifica-la. Mas será que ela morre? Se eu sou aquilo que quero, como a vontade morre? Toda a minha existência reside na minha vontade. Tenho vontade de viver. Assim como cada parte do meu microorganismo quer se expandir, pois os limites se tornam estímulos para a vontade do querer viver. Será possível enxotar o motor de todas as minhas ações, de todos os meus conhecimentos para além de mim? Não. Tenho que viver com ela e domina-la. Mas ela é selvagem. Entendi que não sou porque penso, eu sou porque quero. Então, tudo o que sou hoje tem como base a minha vontade. Ela faz parte de mim. Afirmo esta vida, não quero abandona-la. Mesmo que a minha vontade: venha a me machucar, a me dilacerar e me trazer uma desconhecida dor, mesmo assim eu a quero. Uma menange de prazer e desprazer traz a qualquer um, uma maturidade provada na fornalha da dor.

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