quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A contramão de Deus – Lucas 15.11-32...



Escrevo este artigo a luz da parábola do filho pródigo. É um evento que retrata a graça compassiva e o acolhimento de Deus que recebe o pecador que retorna.

Na Parábola do Filho Pródigo, o Senhor Jesus trata de inverter o veredito da serpente, mostrando outra espécie de teologia. Uma teologia que encanta e enternece. Ela faz com que a prostituta com doença venérea que não freqüentava sinagoga, tome a decisão de ouvir a Jesus Cristo e voltar para a casa do Pai.

Não é certo, simplesmente deixar os pecadores de lado, como a liderança resmungona faz.

O ensinamento de Jesus é belíssimo. Ele enfatiza as boas-vindas que Deus o Pai dá aos pecadores que voltam para a sua casa.

O texto da parábola tem um toque especial quando se volta para o filho mais velho. Este filho mais velho representava a preocupação que Jesus tinha com os fariseus e todos que eram semelhantes a este grupo religioso. Os religiosos não aprenderam a demonstrar qualquer compaixão e afeição pelos pecadores arrependidos.

Jesus traz a cena à imagem deste filho mais velho. Ele está no campo e ouve canções de celebrações. Aquilo mexeu com o seu coração. Não foi um toque de graça. O seu coração estava incomodado. Por que a festa? Quem merece isso? Quem chegou? Quando descobre que tudo era por causa do retorno do irmão mais novo, ele externa a sua indignação – como isto é possível? Na boca deste irmão podemos ouvir: “Este recebe pecadores e come com eles” [15.2].

O enfoque de Jesus é apontar a função devastadora da religião. Os religiosos ficam perplexos quando um pecador volta para a casa do Pai e é bem recebido. Os religiosos ficam indignados porque na mentalidade deles fazem tudo correto. Não matam. Não fumam. Não bebem. Não adulteram. Não mentem. Não assisti à novela. Não discute. Seguem uma cartilha na tentativa de chamar a atenção de Deus. Não obedecem por amor. Obedecem a Deus na expectativa da barganha. O religioso pensa que por obedecer a uma lista de obrigações será amado e querido por Deus. Isto é um grande engano. O religioso está mais próximo do inferno do que o pecador convicto que sabe que nunca poderá agradar a Deus por suas próprias forças.

O religioso fecha a porta de entrada do céu para o pecador. Deus festeja. Deus grita de alegria. Deus dança e celebra a volta de alguém. O religioso fecha a cara. Externa o ódio. Murmura. A religião aponta o pecado do pecador. A religião traz a tona àquilo que Deus não lembra mais. O religioso é contra o amor. Pois o amor é incondicional. O religioso indaga a Deus – por quê? Por que ele? Ele não merece o seu perdão e amor. Ele não merece ter os mesmos privilégios que tinha quando saiu. É aqui que Jesus apresenta uma face diferente de Deus. Jesus apresenta o Deus que é por nós e não contra nós. Jesus mostra na figura daquele pai o verdadeiro Pai celestial que sabe como ninguém que todos não merecem o seu amor. Mas Deus é festeiro. Nietzsche disse que não podia acreditar num Deus que não sabia dançar. Na sua posição de Pai ele não pode ficar insensível a sua prole. É por não merecermos que Deus nos abraça e diz que somos seus amados. É por não merecermos que Deus nos coloca na mesma posição quando saímos da sua casa e presença. Isto é graça. Isto é redenção. Isto é restauração.

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