Apocalipse 5. 5-6
Temos aqui a visão do Reino de Deus. Para nós protestantes temos na
Oração do Pai Nosso uma belíssima descrição sobre o Reino de Deus. Nessa oração encontramos duas descrições sobre o Reino de Deus:
- Venha teu Reino...
- ...porque teu é o Reino...
- Aqui nós temos a compreensão de Reino de tudo o
que Deus sustenta. Por isso, que podemos encontrar essa compreensão em
Apocalipse 5.
- Não há no céu, na terra e nem debaixo da terra:
Esses três elementos é tudo o que tem e existe. Se não encontramos
ninguém digno em todos esses três, não há possibilidade alguma de encontrar
alguém que seja digno ou que tenha credibilidade para abrir o selo e que
tenha acesso irrestrito a todas essas esferas.
Aparente contradição: O ancião viu um leão e o apóstolo João
um cordeiro. Três possibilidades:
- O ancião não sabe a diferença entre leão e
cordeiro.
- João olhou para o lado errado.
- A mesma pessoa é as duas coisas juntas e ao mesmo
tempo.
Nós sabemos que a visão está correta porque Jesus – leão e cordeiro –
abriu o selo e todos os anciãos, os seres viventes e anjos o adoraram e prestaram
culto.
Aqui se apresenta uma informação importante. Esse leão-cordeiro não é do
céu, não é da terra e não é nem debaixo da terra. Quem é este ser? Ele tem que
ser anterior ao céu, a terra e tudo mais quanto existe. Ele necessariamente
precisar ser igual aquele que está assentado no trono. Tudo porque aquele que
está no trono não é do céu. O céu está em Deus. Deus não está em lugar nenhum.
Deus é todo lugar.
A Escritura retrata Jesus, metaforicamente, como um leão e como um
cordeiro. Quando analisamos sua vida, podemos ver claramente as características
de ambos. Ele morreu na cruz como um dócil cordeiro e, ao mesmo tempo, reina
sobre todas as coisas como um leão soberano.
Isaías descreveu o cordeiro desta maneira: “Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um
cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus
tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca” (Isaías
53.7).
Tudo o que vem ou nasce de Jesus é
cordeiro. João não viu um leão, ele viu um cordeiro. Os discípulos de Jesus não
o enxergam como leão, mas como cordeiro.
Por isso, a nossa transformação passa por uma consciência de um
determinado tipo de vida e de um determinado tipo de espiritualidade – é a espiritualidade do cordeiro. É a
espiritualidade do sacrifício e não a espiritualidade do leão. Não é a
espiritualidade do poder, mas a espiritualidade do serviço. Não é a
espiritualidade do comando, mas a espiritualidade do compromisso. Não é a
espiritualidade do controle, mas a espiritualidade da autoridade. Não é a
espiritualidade de quem assume pela força, mas a espiritualidade de quem atrai
pelo sacrifício.
No entanto, Jesus era o rei. Quando Pôncio Pilatos perguntou a Jesus: “Jesus foi posto diante do
governador, e este lhe perguntou: Você é o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus:
Tu o dizes” (Mateus 27.11). Basta apenas uma palavra
de comando de Jesus que até mesmo o mar revolto lhe obedece. A morte deixa cair
suas cadeias ao som de sua voz. Montanhas e rios curvam-se diante dele. Jesus
domina sobre céus e terra, e é o Rei dos reis (Mateus 28.18: “Então, Jesus aproximou-se deles e disse: Foi-me dada toda a autoridade
nos céus e na terra”).
Para algumas pessoas, parece haver uma contradição entre as
características de um leão e de um cordeiro. Contudo, Jesus viveu como os dois,
em completa harmonia. Embora sejamos diferentes de Jesus, Deus quer ver em nós
essas mesmas características. Deus nos chama de cordeiros: “Todos nós, tal qual
ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e
o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós” (Isaías
53.6).
Nós somos como cordeiros, exatamente como Isaías nos descreve. Cordeiros
não sobrevivem sozinhos, são fracos e precisam de alguém que os guie. Eles
precisam de pastores. Quando se desgarram do rebanho não conseguem voltar
sozinhos. Nós seres humanos, também somos assim: nós nos perdemos, precisamos
de orientação. Não conseguimos viver por nossa própria conta, sem Deus.
Jesus disse: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu
nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (João
15.5). Esta é a verdade: não podemos fazer nada sem ele e dependemos dele
em tudo. Jesus é a corda em que nos agarramos na busca da sobrevivência. Tudo
vem do Senhor. Portanto, todos nós somos como cordeiros. Mas o que significa
tornar-se como um leão?
O leão é o rei da selva. Ele é quem manda no reino animal. A Bíblia diz
que os cristãos estão destinados a governar a terra e a julgar até mesmo os
anjos (1 Coríntios 6. 2-3: “Vocês não sabem que os
santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são
capazes de julgar as causas de menor importância? Vocês não sabem que haveremos
de julgar os anjos? Quanto mais as coisas desta vida!”). Pedro diz que nós somos “sacerdócio
real” de Deus (1 Pedro 2.9: “Vocês, porém, são geração
eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as
grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”). Essas palavras nos lembram que em
nossas veias corre sangue real.
Diante de Deus, precisamos ser como cordeiros. Em nossos
relacionamentos, precisamos agir com amor sacrificial. Mas contra o pecado,
temos que ser como bravos leões.
Deus deu poder a Jesus para governar o céu e terra. Em nossa vida,
também compartilhamos dessa autoridade divina, que nosso Senhor derramou e
conferiu aos seus discípulos e a nós. Lucas
9.1: “Reunindo
os Doze, Jesus deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e
curar doenças”.
Com essa mesma autoridade, precisamos aprender a governar neste mundo.
Não precisamos apenas nos adaptar ao nosso ambiente, mas precisamos também
reinar sobre ele. Somente assim, derrotaremos a influência maligna neste mundo.
Não podemos ser escravos do pecado. Precisamos reina sobre ele. Para isso,
Paulo escreve aos Romanos 5.17: “Se pela transgressão de um
só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a
imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um
único homem, Jesus Cristo”.
Diante de Deus, portanto, devemos ser mansos como cordeiros, mas contra
esse mundo, precisamos ser sacerdotes reais, com a majestade dos leões.
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