domingo, 1 de março de 2009

Esquecer ou conviver...

O exercício mental é comprovadamente saudável para a vida. Porém, depende de que exercício é realizado mentalmente. A leitura, por exemplo, é um maravilhoso exercício. Pensar positivamente pode trazer cura para o corpo. Mas existe um exercício mental que é praticado por uma massa grande de pessoas – o esquecimento. Muitos não alcançam êxito neste empreendimento mental. Não é fácil esquecer. Existe um registro indelével de informações no cérebro. A pessoa que sofreu um acidente cerebral ou algum transtorno mental pode viver o esquecimento. Mas para pessoas saudáveis isto torna difícil e complicado.

Existe um desenho chamado “George o Rei da Floresta”. O cenário é uma selva e o jovem Josh vive com um grupo de amigos. É uma pequena imitação animada do “Tarzan”. Ele criou a chamada “Pedra do Esquecimento”. Quando ele deseja esquecer uma mágoa ou uma atitude errada que tomou, ele corre para a “Pedra do Esquecimento”. Se isso fosse uma realidade, seria muito fácil viver.

O ser humano deseja o poder de controlar o que entra e o que sai de sua mente. Para as pessoas que tem uma história de vida marcada por tragédias e desgraças o esquecimento total seria a melhor solução. Entretanto, a convivência é inevitável.

Muitos cristãos desejam também a “Pedra do Esquecimento”. A sua desobediência e graves pecados os perturbam e causa uma dor na consciência insuportável. O olhar introspecto faz com que o lado negro assuma uma vida absoluta. Quando um cristão, ou qualquer ser humano pára para refletir sobre quem ele é, e se for sincero consigo mesmo, ele terá o desejo de apagar muitas coisas de dentro de si. Infelizmente, este poder não é possível. Não é fácil viver consigo mesmo. Os horrores da consciência e da vida interna assustam. A saúde mental é, em grande parte, o dom do autoesquecimento (Nova Regra Ortográfica). A situação piora a cada tentativa. Afinal, quanto mais você tenta esquecer-se de si mesmo, mais impossível isto se torna. Alguns acreditam e acho que pode ser uma saída para o esquecimento de nós mesmos – uma vida aberta para o outro e para a criação. A dificuldade é exatamente esta – deixar de maximizar os problemas pessoais e de viver uma autocomiseração. Mas confesso que tenho uma dificuldade com esta linha de raciocínio. Não posso deixar de lembrar o que sou. Principalmente porque sou um cristão. Lembrar o que sou é saber o que Cristo fez, faz e fará em mim. Portanto, se a minha lembrança acabasse, poderia escrever um capítulo sobre a falta de memória. Mas quando o esquecimento assume o controle, o que sei sobre mim?