sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O sentimento patriarcal perpassa gerações...


Quantos não ficaram tensos e perplexos com o caso Eloá. Um sentimento de justiça predominou na mentalidade brasileira. Muitos querem a pena de morte do jovem Lindemberg Alves. Aparentemente ele não tinha nenhum motivo para causar este drama e tragédia. Ele simplesmente é um “ser”. Isto já basta. Mas não quero discutir a questão do ser ou do ente. O foco é outro.

Ouvi muitos psicólogos, sociólogos e antropólogos discutirem sobre o fato. Por isso, quero falar da minha plataforma – a teologia. Ou quem sabe uma tentativa de uma antropologia teológica.

Para os profundos do conhecimento do desenvolvimento da história da humanidade já é sabido que este sentimento patriarcal predomina na mentalidade dos homens. É uma espécie de (in)consciente coletivo. Isto é um fato. Mas o que é este sentimento patriarcal? É aquele sentimento de superioridade do homem. Isto é perceptível na cultura do oriente médio em que está enraizado o sentimento de posse. A mulher é uma propriedade do homem. Não é questão simples de denomina-la objeto do homem. É muito mais do que isso. É uma ditadura do homem que diz o que a mulher é e não é. A mulher não tem a opção de escolher com qual homem ela quer ficar. Ela não tem o direito de mudar de parceiro. Para que não haja adultério os homens do oriente médio torturam as mulheres e cortam partes do seu órgão genital. Essa mulher é minha e nenhum outro poderá possuí-la – isso é pensamento de muitos homens. Ouvi um especialista muito conceituado nesta área humana dizer que a tentativa de Lindemberg em atirar na virilha de Eloá era uma tentativa de acabar com a possibilidade dela ter relações com outro homem. Foi uma vingança – ela não dormirá com nenhum outro homem que não seja eu. De fato, um tiro na cabeça e outro na virilha não faz muito sentido lógico.

A nossa sociedade tiraniza o relacionamento homem e mulher. Se a mulher termina o relacionamento com o homem ele automaticamente se sente menosprezado e inferiorizado. O sentimento se resume assim – não estou por cima da carne seca (ditado popular). O homem tem vergonha no seu círculo de amizade em revelar que foi a mulher que deu um basta no relacionamento. Ele pode virar motivo de chacota. Assim este sentimento patriarcal impera na sociedade. A história tem como ponto auge na modernidade o pensamento do filósofo pornográfico francês Marquês de Sade. Para ele a mulher não passa de uma pequena peça da engrenagem da grande máquina chamada “mundo”. Portanto, para Sade a mulher deve ser rejeitada, menosprezada, abusada e usada a vontade. Ele ficou conhecido por cunhar o termo sadismo. Assim tem sido a mentalidade do homem “pós-moderno”. A mulher não tem significado na história, portanto, ela passa a ser manipulada e o homem a tem como terreno, ou melhor, um animal que ali ele põe a sua marca e diz que tal mulher tem um dono.

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