sexta-feira, 28 de março de 2008

Origens políticas...

Niveladores e Cavadores *

Foi na Inglaterra, na efervescência da Guerra Civil do século XVII, que encontramos entre os niveladores e os cavadores as manifestações mais sistemáticas do pensamento não-capitalista protestante. Os como liberais-sociais, e os últimos como socialistas.

O Partido Nivelador existiu entre 1647 e 1650, formando inicialmente por pequenos artesãos e agricultores, que compunham o grosso do exército de Cromwell, contando com o apoio dos elementos mais politizados das camadas populares. Do ponto de vista religioso, eram membros das igrejas independentes e se opunham à forma presbiteriana e episcopal. Liderados por John Liburne e Richard Overton, transformaram o movimento da ala esquerda do exército revolucionário em uma proposta política de um radicalismo democrático, uma democracia de classe média. Foram considerados os precursores do liberalismo revolucionário dos séculos XVIII e XIX.

Os niveladores defendiam uma reforma constitucional, o sufrágio universal da população masculina, a independência do parlamento e a redistribuição de cadeiras de modo a assegurar uma representação mais eqüitativa, bem como a decretação de direitos que protegessem os cidadãos de abusos do parlamento. Alguns republicanos estavam entre eles. Defendendo uma sociedade mais justa, atacavam os privilégios da nobreza e as vantagens econômicas obtidas por meio de monopólio de comércio e monopólios profissionais.

O seu compromisso com a democracia é assim resumido:

A menos que a lei fosse formulada com o consentimento do povo e a menos que o homem estivesse representando no órgão que a formulou, de que modo poderia ele ser corretamente obrigado a cumpri-la? E de que modo pode estar um homem representado a menos que tenha na escolha de seus pensamentos? (SABINE, 1964, vol II, p. 483).

Os cavadores, ou comunistas, foram uma dissidência minoritária do Partido Nivelador, considerados sua ala esquerda, que se denominavam “verdadeiros niveladores”. Em sua visão progressista, defendiam a proposta de uma igreja como instituição da educação popular.

O partido criou uma espécie de plataforma social – “uma plataforma de governo da comunidade” – uma sociedade utópica segundo os princípios da justiça, no qual afirmava: “Melhor para o homem não ter o corpo do que não poder alimentá-lo”.

Em seu utopismo proletário, procuravam mostrar a incompatibilidade entre a espoliação econômica e os ideais democráticos. Daí sua ênfase mais econômica do que política, sua insatisfação com o mero fortalecimento do parlamento. Coerentes com a defesa do princípio da propriedade comum como “estado natural” do homem, ocuparam, em 1649, terras devolutas para distribuí-las entre os pobres (embora um ano depois viessem a ser expulsos).

Considerados precursores dos socialistas utópicos, não há dúvidas quanto ao caráter comunista de sua proposta econômica.

O cavador inferia que a propriedade privada em si mesma constituía a principal causa do mal e de todas as formas de abusos e corrupção social. As causas de todo mal eram a inveja e a cobiça, a primeira das quais deu origem à propriedade privada, ao passo que a segunda engendrava a supremacia de um homem sobre os outros, todos os tipos de derramamento de sangue e a escravidão das massas, reduzidas à pobreza pelo sistema de salários e forças a sustentar, com seu próprio trabalho, o poder que as oprimia. Conseqüentemente, a maioria dos males sociais e vícios humanos poderia ser eliminada com a destruição da propriedade privada, especialmente a da terra. (SABINE, 1964, vol II, p. 487).

Somente quem conhece a história da esquerda-comunista-socialista saberá que todo argumento da esquerda é contraditório a sua própria ação.

Os comunistas foram os que mais se enriqueceram as custas do povo. Enquanto eles comem somente carne de peixe, de porco e galinha, os ditadores perversos têm tudo do bom e do melhor. A própria história das ações esquerdistas denunciam contra eles mesmos.

* Este assunto é aprofundado pelo teólogo e escritor Robinson Cavalcanti, na sua obra “Cristianismo & Política”.

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