segunda-feira, 24 de março de 2008

O coração que clama por avivamento, é o coração que foi impactado pela glória de Deus

Base: Isaías 6:1-8

Serafim significa “ardente”. Os serafins ardem de amor por Deus e de zelo por sua glória contra o pecado.

Isaías sem dúvida alguma, é um dos maiores profetas e poetas – talvez o maior – do Antigo Testamento. O talento, a nobreza de alma, elevação de pensamento e perfeição de linguagem faz de Isaías um profeta dotado de rica capacidade de observação.

O que aconteceu com Isaías é a expressão-chave para entender toda a mudança da sua vida e ministério – “vi o Senhor”. Quero fazer sobressair à clareza deste ensino – a nossa visão sobre Deus irá determinar a nossa vida e o nosso ministério.

Esta visão é interpretada em João 12: 41 – “Isaías disse isso porque viu a glória de Jesus e falou sobre ele”. Como que Isaías vê agora a glória de Cristo e fala Dele, o que é a plena demonstração de que nosso Salvador é Deus. Em Jesus Cristo, Deus se assenta no trono da graça; e por meio Dele abre caminho até o lugar Santíssimo.

Seguindo o fio do relato de Isaías seis, podemos concretizar esta experiência em quatro pontos: 1) a santidade de Deus, 2) a consciência de pecado (pessoal e coletivo), 3) a necessidade de castigo, 4) a esperança da salvação.

“Quando um homem se coloca nas mãos do Senhor, coisas extraordinárias podem acontecer”

O seu coração clamará por avivamento...

1) Quando você for impactado pela visão do trono majestoso do Senhor – [v.1]

No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo

- Quando Isaías associa sua visão com a época da morte de Uzias, não é apenas uma cronologia que está sendo registrada. “Uzias foi um rei da linhagem davídica, cujo reinado, mais do que todos os demais, lembrava o reinado de Iahweh na terra”. Na mente do profeta podia estar a pergunta: “E agora, o que será feito do reino de Iahweh aqui na terra?” Formulamos, com nossas palavras, o significado desta visão e insistimos neste ponto: os homens morrem, mas Deus continua. Os homens se vão e a obra do Senhor continua.

- A visão é marcada, também, pela soberania de Deus. Toda vanglória, ambição, ignorância e orgulho, devem ser eliminados uma vez que se vê a Cristo em sua glória. As igrejas que não estão centradas na exaltação da majestade e beleza de Deus raramente se inflamam por um desejo fervente de “anunciar entre as nações a sua glória ”.

O grande problema da igreja e de cada cristão é a apatia acerca de Deus. Estamos tão indiferentes que não somos mais impactados e surpreendidos pela grandeza de Deus. Nós nos acostumamos com a ação de Deus. A sua salvação, o sustento que concede ao universo, o suprir de nossas necessidades, todas estas coisas não mexem mais com o nosso coração. Quantos não choram mais diante da indizível, inexorável e infinita graça de Deus em Cristo. Quantos não se constrangem mais diante do inesgotável, inexprimível e infalível amor de Deus. A nossa alma não canta mais o som que abala o universo – “A minha alma anseia por ver a gloriosa e majestosa face de Deus, pois em ti estão os tesouros da minha vida. Somente, o Senhor é rei, e não há outro igual a ti”. O nosso clamor diário deve ser – Senhor mostra-me a sua glória

- A santidade e a soberania divina caminham juntas neste evento. Ele, o profeta, viu “um alto e sublime trono”. Nele viu um rei, “o Senhor”, como ele mesmo chamou. “Senhor”, aqui, em 6:1, não é Iahweh, mas Adonay, termo que vem com o profundo sentido de “Soberano”.

O aspecto mais difícil da igreja e de cada cristão hoje em dia é colocar Deus como o centro da vida da igreja. Se as pessoas não se estupefazem ante a grandeza de Deus, como podem buscar uma vida íntima com Deus e proclamar uma mensagem vibrante?

Andrew Murray disse: “Quando procuro saber por que, com tantos milhões de cristãos, o exército real de Deus, que está enfrentando as hostes das trevas, é tão pequeno, a única resposta é: falta de coração. O entusiasmo pelo reino está esquecido, porque há muito pouco entusiasmo pelo Rei”.

O seu coração clamará por avivamento...

2) Quando você for impactado pela manifestação da imensa santidade de Deus – [v.3]

Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, a terra interira está cheia da sua glória

- O impacto da santidade de Deus foi tão grande na vida de Isaías que ele disse que Deus é “Santo de Israel” vinte e cinco vezes, e que o Senhor é o “Poderoso de Israel” e “Senhor dos Exércitos” cinqüenta e quatro vezes. Essa descrição do Santo Deus, aclamado três vezes, é somente repetida pelas criaturas de seis asas em Apocalipse 4:8.

- A santidade de Iahweh vem ao lado de sua glória. “Glória ” no hebraico Kavôd, que tem a idéia de “peso, brilho, esplendor”. Esta santidade gloriosa não aparece apenas no juízo, mas também na redenção. Esta é a grande crise – Como pode um Deus absolutamente santo se relacionar com pecadores e permanecer santo? Justamente a sua santidade é a própria resposta. E isso não impede de Ele se relacionar e de se manifestar para nós. Isso denota salvação e esperança para pecadores desesperados como nós.

Esta terrível visão da majestade divina surpreendeu o profeta com uma sensação de sua própria vileza. Estaríamos acabados se não houvesse um Mediador entre nós e este Deus santo. Um olhar em direção à glória celestial é o bastante para que nos convençamos que toda a nossa justiça é como trapos de imundícia. Tampouco há um homem que se atreva a falar com o Senhor se vir à justiça, a santidade e a majestade de Deus, sem discernir a sua gloriosa misericórdia e graça em Jesus Cristo.

Consideração: O que fica claro aqui, é que o alvo fundamental da igreja é a adoração. A adoração é fundamental, pois Deus é essencial e não o homem.

A adoração é, portanto o combustível e a meta para todo o serviço no reino. Ela é a meta das missões porque nela simplesmente procuramos levar as nações o júbilo inflamado da glória de Deus. O alvo das missões é a alegria dos povos na grandiosidade de Deus.

A paixão por Deus na adoração precede a apresentação de Deus por meio da pregação. Você não pode recomendar o que não aprecia. Os missionários jamais exclamarão: “Alegrem-se os povos”, se não puderem dizer de coração, “Eu me alegrarei no Senhor”. Tudo começa e termina com a adoração. Não estou pleiteando por uma diminuição de missões, mas pela exaltação de Deus. Onde a paixão por Deus é fraca, o zelo pelas missões será fraco.

O seu coração clamará por avivamento...

3) Quando você for impactado por saber quem você é – [v.5]

Então gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; os meu olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!

O profeta vê a si mesmo – Ele assim abomina a si mesmo e reconhece seu pecado. É sempre essa a ordem divina num chamado ao serviço – uma visão de Deus, seguida da visão de si mesmo.

Estar diante de Deus é constrangedor. Na oração, na adoração e no culto estamos nus e os olhos de Deus penetram no mais profundo do nosso coração. Estar diante de Deus é estar desprotegido. Não adianta uma capa de espiritualidade, de religiosidade e de extrema santidade. Não disso serve. Deus vê o que somos, e aí reside o nosso horror. Nós somos somente morte, podridão, miséria, escravidão, pecado, depravação, orgulho e auto-idolatria. Momentos com Deus são de extrema importância para mostrar que não somos aquilo que imaginamos ser. Lembra-se de Jacó, quando ele lutava com Deus. Aquele encontro transformador, e Deus pergunta, qual é o seu nome? E ele tem que dizer: trapaceiro, enganador, impostor. Que situação horrível. Mas para sermos usados por Deus como instrumentos de salvação, de graça e de transformação, precisaremos reconhecer o que de fato nós somos.

Quanto mais o crente se achega a Cristo, tanto mais ele descobrirá as corrupções de sua velha natureza e tanto mais ardentemente desejará ser liberto de tal natureza

É necessário que o pecado seja tirado para que falemos com confiança e conforto seja a Deus em oração ou da parte Dele ao pregar; e aos que se queixam de seus pecados como uma carga, e se vêem em perigo de serem condenados por ele, lhes será tirado.

É somente quando a luz do sol ilumina um cômodo que a poeira e a sujeira são completamente revelados. Quando estamos realmente na presença Daquele que é luz, ficamos conscientes da impureza e impiedade que habita em nós e contamina cada parte de nosso ser.

Onde não existe o clamor: Desventurado homem que sou! Deve haver um grande temor de que ali não existe, de maneira alguma comunhão com Cristo

O seu coração clamará por avivamento...

4) Quando você for impactado pelo desafio de anunciar a gloriosa salvação de Deus – [v.8]

Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: Quem enviarei? Quem irá por nós? E eu respondi:

Eis-me aqui. Envia-me!

Isaías tem a responsabilidade de honrar o seu nome, que significa “O Senhor é a salvação”.

A nação estava num período de opressão e caos. O reino do norte havia-se deteriorado rapidamente depois do “período áureo” de Jeroboão II. Judá também declinara sob o reinado do idólatra Acaz. A situação era tão horrível que Acaz chegou a ponto de sacrificar o próprio filho, para aplacar as forças divinas.

A condição do coração humano lançou o “teocentrismo” de Deus em uma região árida. O homem, por natureza, não tem coração para glorificar a Deus – “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” [Rm 3:23]. Em nossa iniqüidade, oprimimos a verdade de que Deus é nosso Soberano e digno de toda nossa submissão e afeição. Por natureza, trocamos a glória do Deus imortal por imagens obscuras da criação [Rm 1:18, 23].

Os povos são “obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração” [Ef. 4:18]. Por natureza, estávamos todos mortos nos delitos e pecados, seguindo o senhor da escravidão, Satanás, e os filhos da ira [Ef 2:1-3]. Nosso fim era o “castigo eterno” [2 Ts. 1:9] e os tormentos infindáveis no “lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” [Ap. 14: 11; 20:10; 21:8].

É um grande consolo para aqueles a quem Deus envia, é a ação de que vão por Deus, e, portanto podem falar em seu nome, seguros de que Ele os sustentará.

O motivo da misericórdia e o motivo da glória de Deus não são diferentes, porque a glória que desejamos ver exaltada entre as nações é supremamente a glória da misericórdia de Deus.

Cada crente é salvo para servir; ele é, ipso facto, uma testemunha divina desde o momento da conversão. Mas observe que Isaías foi convidado por meio da pergunta: Quem há de ir por nós? [v.8]. Deus só pode usar um serviço espontâneo e cheio de amor.

Somos convocados para uma tarefa nobre, bela e excelente. Nem mesmo os anjos são incumbidos de anunciar a salvação de Deus em Cristo. Isto é notável e magnífico. Toda a expressão da graça, do amor, da misericórdia e do perdão de Deus serão vistos na nossa vida e no nosso ministério. As nações saberão que existe um Deus que nenhum olho viu, e nem ouvido ouviu o que Ele tem preparado para aqueles que o amam. Nós estamos com esta responsabilidade de dizer – “Alegrem-se nações, povos e raças, pois a grande e tão esperada salvação chegou”.

Conclusão

Deus está buscando com paixão onipotente um propósito universal de reunir seus adoradores jubilosos de todas as tribos, línguas, povos e nações. Ele tem um entusiasmo inesgotável pela supremacia do seu nome entre as nações. Por isso, vamos renunciar à busca de confortos mundanos e abraçar o seu propósito global.

Se Jesus Cristo é Deus e morreu por mim, então nenhum sacrifício pode ser grande demais para que eu o faça por EleC.T. Studd

Vocação

Uma Oração Puritana

PAI CELESTIAL,

Deste-me um lugar na igreja

a qual teu Filho adquiriu com seu próprio sangue.

Concede graça sobre graça para que eu possa viver de acordo

com a minha vocação.

Sou um peregrino cruzando o oceano da vida;

Salvo na arca celeste, que eu possa atravessar

um mundo confuso

até ao porto do descanso eterno.

Eu sou um arbusto do vinhedo que tu plantaste.

Concede que eu não seja infecundo,

com imprestáveis folhas e uvas selvagens;

Poda-me dos ramos inúteis;

Rega-me com orvalhos de benção.

Sou parte da noiva do Cordeiro, a igreja.

Ajuda-me a ser verdadeiro, fiel, casto, amoroso,

puro, devoto;

Não permita que nenhuma forte afeição me leve

a flertar com o mundo.

Que eu possa viver acima do amor às coisas temporais,

santificado, limpo, incontaminado, consagrado

pela graça, [sendo]

teu amor minha plenitude,

tua glória minha alegria,

teus preceitos meu caminho,

tua cruz meu lugar de descanso.

Meu coração nem sempre é uma chama de amor em adoração,

Mas, descansando na redenção do teu Filho,

Eu almejo os dias do céu,

onde nenhuma apatia oprime

nenhuma inquietude traz frieza,

nenhuma sombra de incredulidade escurece a vista,

nenhum zelo se fatiga.

Pai, estes pensamentos são a base, o lastro,

e o conforto de minh’alma.

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