sexta-feira, 28 de março de 2008

O legado político de Francis Schaeffer


por Marvin Olasky

Resumo: Negligenciar questões políticas e legais é “absolutamente utópico num mundo caído”.

Quem é a figura mais importante por trás da eleição e reeleição de George W. Bush? Num nível, Karl Rove, um homem de profunda visão. Num nível mais profundo, um teólogo do qual a maioria dos americanos nunca ouviu falar: Francis Schaeffer, que 50 anos atrás fundou na Suíça um santuário evangelístico chamado L’Abri.

Durante os próximos 25 anos, Schaeffer mudou a vida de muitos jovens rebeldes e infelizes que paravam em L’Abri e encontravam um pastor intelectual que lidava com suas perguntas mais difíceis. Ele resumiu suas respostas em livros notáveis como “Deus Que Intervém” e “Morte da Razão”, e então se voltou para assuntos políticos em seu livro “Como Viveremos?”

Publicado em 1976 e então transformado numa série de filmes, o livro “Como Viveremos?” — juntamente com a ação do Supremo Tribunal dos EUA que decidiu legalizar o aborto em 1973 — impulsionou muitos evangélicos para o envolvimento em questões políticas e culturais. Schaeffer resumiu de modo brilhante a história da civilização ocidental e explicou problemas na filosofia, ciência e cultura. Ele concluiu que se os cristãos permanecessem longe dos debates políticos e culturais, a civilização ocidental desapareceria para sempre.

Num livro seguinte, “Manifesto Cristão” (1981), Schaeffer argumentou que:

“O povo dos Estados Unidos tem vivido sob o consenso judaico-cristão por tanto tempo que agora achamos que os valores judaico-cristãos são uma realidade que não dá para arrancar da sociedade… Esquecemos o motivo por que temos um equilíbrio positivo entre forma e liberdade no governo, e o fato de que temos tais tremendas liberdades sem que essas liberdades levem ao caos. A maioria de nós se esqueceu de que nenhuma dessas liberdades é natural no mundo”.

Continuando, Schaeffer descreveu dois caminhos, e não predisse qual predominaria mais adiante na estrada. Ele escreveu no começo da década de 1980:

“O primeiro caminho é o fato de que os conservadores começaram a se mobilizar durante a eleição presidencial de 1980 nos Estados Unidos [e ajudaram na vitória de Ronald Reagan]. Com essa eleição, há uma oportunidade exclusiva nos Estados Unidos… e precisamos aproveitá-la de todas as formas que pudermos como cidadãos, como cidadãos cristãos da democracia em que ainda temos liberdade”.

Ele deixou claro que: “Não estamos de modo algum falando sobre algum tipo de teocracia… No Antigo Testamento, havia uma teocracia por ordem de Deus”, mas agora “não devemos confundir o Reino de Deus com nosso país” Ele enfatizou que “os Estados Unidos foram fundados com base num consenso cristão”, e que “hoje devemos agir para que os princípios judaico-cristãos sejam representados no governo. Mas isso é bem diferente de uma teocracia nominal ou real”.

Ele enfatizou a importância de trabalhar politicamente para manter as oportunidades do primeiro caminho, pois do contrário acabaríamos no segundo caminho: seríamos levados a ter um governo autoritário dominado por uma elite legal e tecnológica. No segundo caminho, algumas pessoas se envolveriam em desobediência civil ou até mesmo pesada, e isso refrearia os próprios perigos desse caminho. Schaeffer disse:

“Falar de desobediência civil é de assustar, pois há tantos indivíduos estranhos e desequilibrados por aí… Esses indivíduos se inclinarão, em seu desequilíbrio, a fazer exatamente o contrário da atitude de considerar o melhor meio no melhor tempo e lugar”.

Schaeffer morreu em 1984, num momento em que alguns cristãos inflexíveis, que crêem que devemos viver separados da política, desprezavam envolvimento político como se isso fosse brincar com o diabo, e alguns românticos sentiam forte desejo do segundo caminho. No entanto, muitos evangélicos chegaram à idéia de que os líderes haviam absorvido os ensinos de Schaeffer, que então foram passados para milhões mais. O resultado foi que os evangélicos se organizaram politicamente e a exortação dos púlpitos impulsionou os evangélicos a ir às urnas, onde eles de modo esmagador votaram a favor de candidatos conservadores, inclusive George W. Bush. Karl Rove é um entre muitos que disseram que o voto evangélico fez a diferença.

Já que Schaeffer saudou a eleição de Ronald Reagan como presidente dos EUA, ele teria aplaudido os resultados da eleição presidencial de 2004, [em que Bush venceu]. Ele veria grandes perigos na manipulação genética e lamentaria a continuação do holocausto do aborto legal. Mas creio que ele nos aconselharia a trabalhar muito em favor do sucesso político do primeiro caminho, pois negligenciar questões políticas e legais é “absolutamente utópico num mundo caído”.

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