quinta-feira, 12 de junho de 2008

Simples Comentários...

Segue abaixo alguns comentários que eu fiz sobre um artigo do Ed René Kivitz. Em vermelho estão trechos do seu artigo, logo em seguida em azul os meus comentários. A crítica é feita sobre um artigo que tem o seguinte tema: “O Deus bailarino”.

Quem acredita num mundo onde cada ser e cada relação é singular não consegue se submeter a esquemas, não confia em métodos nem se impressiona com estatísticas.

Comentário: A singularidade do ser não interfere na aplicação dos métodos. Ora, a vida humana está repleta de métodos. Ignorar as estatísticas é chover no molhado. As estatísticas que são feitas na área da política, do futebol, da economia, da violência, do desemprego, etc. Estão para comprovar que é possível ter um balanço geral das coisas. Até mesmo a sua igreja trabalha com métodos e estatística. Entendo que a minha confiança não deve estar pautada em métodos, como se eles fossem a solução, mas eles revelam um alvo a ser atingido.

Antigamente, acreditava-se que o mundo era uma estrutura hierarquizada, sempre do mais complexo ou poderoso para o mais simples ou fraco, sendo que Deus ocupava o topo da pirâmide.

Comentário: Será que não se crê mais num mundo hierárquico? O que dizer dos animais? Os astros? Os anjos? Deus é o principio. Existe alguém maior do que tudo e todos que não seja Deus? Se o próprio Deus deixou o topo em que posição Ele está? No mesmo nível que o nosso? Isso se aplica a mitologia. Para este discurso, penso que a sanidade pede para abrir mão de tudo. Se não entendo um sistema em que existem posições superiores a minha, então, posso afirmar que sou “deus”. Este é um principio básico de categorias.

O autor do artigo deveria tomar uma postura mais condizente com a sua fala – rompe com tudo – isso fica mais bonito. Mas entra um problema. O autor mencionou que cada ser é singular, concordo, mas para ele o ser é imprevisível, por isso métodos e estatísticas não funcionam. Engraçado, o autor foi totalmente previsível quando questionado sobre a sua posição teológica num congresso de teologia. Eu já sabia a resposta, e para minha confirmação ele respondeu exatamente o previsível – negou tudo. Puramente por covardia de se posicionar. A questão foi sobre o Teísmo Aberto tão defendido por ele e seus compadres. Um outro fator engraçado, é que o autor prega a partir de uma hierarquia – Deus. Principalmente quando prega sobre o Reino de Deus.

Quem acredita numa realidade estruturada a partir de autoridade e poder acha que a fé em Deus resolve tudo; afinal de contas, “agindo Deus, quem impedirá?”. Basta orar com fé e esperar a cura, a prosperidade, a volta do marido, a libertação do filho, enfim, a solução de qualquer problema. Deus manda, o resto obedece.

Comentário: Qual é o problema com a soberania de Deus? Será mesmo que você deixou de crer que Deus governa o universo? Será que você deixou de acreditar nos frutos da oração? Deus não converge mais todas as coisas para o bem daqueles que o amam e os quais Ele ama? O seu deboche com as Escrituras não condiz com o que você prega. Os seus sermões são piedosos. O púlpito é diferente do que você pensa? Penso que fica mais bonito você abraçar de uma vez por todas a teologia liberal.

A sua maneira de pintar Deus é totalmente impessoal. Se Deus não ouve e não responde oração, como entender a sua pessoalidade? Não há pessoalidade. Se ele não age em nosso favor, como entender sua paternidade? Acabou. Não há mais esperança. Pra que chorar, se não existe um Deus que chora comigo e é capaz de mudar a situação? De fato, o seu teísmo aberto tem a solução pra tudo – o homem manda no futuro e pode resolver tudo – pra que Deus se o homem é mais do que Ele. Lamento pelas pessoas que estão sendo ludibriadas por suas mensagens. Deixa o ministério. Seja coerente. Seja ético. Domingo após domingo você terá pessoas no culto dilaceradas, e a esperança dessas pessoas é que Deus pode transformar o mal e bem. É isso mesmo que você quer fazer – tirar a esperança dessas pessoas? E a situação de José no Egito? A minha esperança está solidificada na ressurreição de Cristo. Por isso eu oro. Se isso não for verdade a melhor coisa a ser feita é dar um tiro na boca e morrer.

Na mecânica quântica, os movimentos não são tão previsíveis quanto na mecânica newtoniana. Então, o mundo já não é uma hierarquia nem uma máquina, mas um organismo vivo.

Comentário: De fato, o mundo é um organismo vivo. Deve ficar registrado que este termo foi cunhado pelo filósofo Schopenhauer. O assunto foi muito bem desenvolvido por ele. Não tem nada haver com Mecânica Quântica.

Será mesmo que a Mecânica Quântica rompeu completamente com a mecânica (teoria) newtoniana? Não sou nenhum perito em física, mas tive um grande mestre formado no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Instituição que adquiriu o seu doutorado. O meu pequeno comentário foi pautado nos seus materiais. Foi um grande professor. A sua formação é a seguinte: Licenciatura em Física - Unitau. Mestrado na área de Física Atômica e Molecular no ITA em São José dos Campos. Doutorado na área de Inteligência Artificial (Redes Neurais) aplicada a estruturas atômicas, também no ITA.

A Mecânica é a parte da física que estuda o movimento. Isaac Newton foi o primeiro a apresentar uma teoria que realmente explicava os movimentos. No seu trabalho intitulado “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”. O sucesso da Mecânica Newtoniana foi imediato e duradouro. Reinou por mais de 200 anos.

Houve, é verdade, a necessidade de alguns aperfeiçoamentos, os quais foram feitos. No entanto, a base da Mecânica de Newton permaneceu inalterada até o começo do século XX, quando surgiram duas novas mecânicas, a Mecânica Relativística (Albert Einstein) e a Mecânica Quântica (Planck). Elas surgiram por um motivo simples – explicar certos fatos que a Mecânica Newtoniana não conseguia explicar. Bom, isso já fica bem claro que elas, inclusive a quântica, tinham a intenção de explicar a realidade dos movimentos. Algo bem previsível. O autor do artigo errou. É complicado utilizar a Mecânica Quântica como aferidor dos padrões humanos. A sua área é estudar os fenômenos atômicos e nucleares. E se o autor quer utilizar a Mecânica Quântica, ele terá que fragmentar a realidade. Fragmentar o ser. Isso acabaria com o conceito de integralidade do ser. Existe sim uma certa hierarquia na Mecânica Quântica – Vetor e Espaços Vetoriais. Você pode trabalhar com a questão do Equilíbrio Estático e Equilíbrio Dinâmico. Sempre haverá uma ação que resultará numa reação. Os fenômenos comprovam a tese. Para finalizar e corrigir a sua visão da Mecânica Quântica – A teoria quântica fornece descrições exatas para muitos fenômenos previamente inexplicados. A mecânica quântica recebe esse nome por prever um fenômeno bastante conhecido dos físicos: a quantização. Entendo que o autor precisa rever seus conceitos físicos.

(...) Escolhe o caminho da intimidade com o outro; encanta-se com o mistério do sagrado; maravilha-se com a diversidade; presta atenção no jovem em conflito; ouve os dramas do homem que não pára em emprego; fica em silêncio diante da dor e se ajoelha para orar antes de dar um passo sequer em qualquer direção.

Comentário: A religião do autor deveria ser o Zen Budismo – contemplação da vida.

Não entendi o que Ed René quis dizer com “orar”. Para uma pessoa que destruiu a soberania, o sentido da oração e a pessoalidade de Deus, não vejo significado da oração na vida do autor. Recordo-me de Spurgeon que dizia que toda pessoa que se ajoelha para orar acredita na soberania de Deus. Que contraditório isso na vida do Ed René. Você não precisa orar. O homem é o que pensa. Se a sua teologia é o Teísmo Aberto, então, você manda e desmanda no seu futuro. Você mexe e desmexe no seu futuro. Você não precisa de Deus para caminhar ou pedir uma direção qualquer. Se não há hierarquia, não há propósito de “consultar” Deus.

O autor precisa antes de escrever se resolver teologicamente. Não vou comentar mais sobre este ponto. Não vale a pena!

Esses não se dão muito bem com o Deus-general, ou o Deus-relojoeiro. Curtem mais o Deus-bailarino.

Comentário: O termo “Deus Relojoeiro” não há hífen, é a idéia de que Deus deu corda no mundo e ficou indiferente para com ele. Creio que você não pensa dessa forma. Ou então, o conceito de um projetista que criou algo inexplicável. De fato, existem muitas coisas que não tem explicação, e aí reside o mistério da vida. Ponto que o autor gosta de salientar. Mas existem coisas que são explicáveis. Este conceito do poeta inglês William Paley foi há muito tempo banido da historia. A tentativa de fazer este resgate é nula.

A idéia de um Deus Bailarino é inovadora (hehehe). O autor tem uma teologia tão “boa” (brincadeira) que pode desenvolver uma “Teologia da Coreografia”. Tem que tomar muito cuidado. Daqui a pouco vão dizer que Deus é... Deixa pra lá.

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