sábado, 20 de dezembro de 2008

A Igreja Contemporânea e os seus Fundamentos de Existência...

Por incrível que pareça a igreja mudou de fundamento. A pregação tão enfática de Paulo e dos Pais da Igreja para que Cristo fosse sempre o único fundamento da igreja não é mais uma realidade. O quadro assusta. Por muito tempo Cristo deixou de ser o fundamento da igreja. O problema está na falta de reconhecimento deste dado importante. Será que ninguém percebe isto? Um pastor certa vez disse que para criticar a igreja é preciso que lágrimas estejam presentes. Concordo. A realidade é de chorar. Alguns não gostam de relatar a real situação da igreja contemporânea. Puro comodismo. Medo de retaliação. Mas é preciso fazer.

Nos primeiros séculos Cristo foi o fundamento da igreja. Depois do século VIII o medo, a opressão hierárquica, mentiras, mortes, imposição de pecados, disputa eclesiástica e a inquisição todos estes elementos formaram os fundamentos da nova igreja. Isso durou anos. A Reforma Protestante mudou o quadro, mas não tudo. Houve erros também neste período. Erros irreparáveis.

Passam-se os anos e a razão (conhecimento) se tornou o fundamento da igreja. Para que serve Deus? Para que serve Cristo? Para que serve o Espírito Santo? Bíblia? Deixa de lado. Assim a igreja da modernidade foi alicerçada. Homens lutaram. Existiram igrejas que mantiveram-se firmes nos ensinamentos. Outras negaram a sua razão de ser.

Hoje a realidade é outra. Tempos diferentes. Pessoas e idéias diferentes. Mas o que fundamenta a igreja contemporânea? A miséria. O caos. Estes elementos sustentam a igreja atual. A impressão que se tem é que a igreja não existe se não houver miséria e desordem na sociedade. Em muitos casos a igreja alimenta a miséria da sociedade. Na minha simples e pequena compreensão da razão de ser da igreja, é que ela muda a realidade em que está inserida. A igreja portadora do evangelho que transforma deve ser relevante para a construção de uma nova sociedade em que a moral, a economia, o trabalho, a vida, o lazer, a beleza sejam revitalizados e passem por um processo de purificação.

É fácil perceber nos projetos que várias igrejas elaboram uma expectativa de que o ser humano não melhore. Quanto mais pecador, melhor. Quanto mais miserável, melhor. Quanto mais desordem, melhor. Melhor para quem? Para a igreja. Mas o indivíduo que vive este dilema não suporta mais conviver com a desgraça.

As mensagens são voltadas somente para a desgraça humana. Entre dez sermões nove são para combater o pecado e a miséria humana. Será que um sermão sobre vida e esperança é capaz de recuperar o homem? Se for capaz, então deve-se pregar um sermão sobre pecado e miséria e o restante de outra coisa qualquer.

Esta realidade propõe uma transgressão. É preciso transgredir com a igreja, com a teologia, com as ideologias. Se não transgredirmos a preservação da igreja corre risco. “Transgredir para preservar” – penso que este seja o grande tema.

Cristo jamais alimentou a miséria de ninguém. Esta é a minha crise com algumas teologias que intitulam-se libertação, elas querem mais pobres para terem o que produzir. Um dos benéficos da Cruz de Cristo é a restauração do ser humano no seu todo – afetivo, cognitivo e espiritual. Mas não para aí. A sociedade vive deste benefício. Nos séculos XVI e XVII diante de tantas crises – financeira, saúde, educação, emprego – os teólogos e as igrejas protestantes mudaram a condição supostamente entregue ao caos que aquela sociedade vivia.

O alvo. A meta. O fundamento da igreja precisa mudar. Sendo Cristo o Senhor da Igreja, ele não compactua com esta exploração moral, social e espiritual que a igreja ao longo dos anos vem cometendo. Ecclesia Reformada Semper Reformanda – Igreja Reformada Sempre se Reformando.

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