Existi uma grande confusão com o termo “debate”. Alguns confundem debater com polemizar. São coisas distintas.
O primeiro grande filósofo – Sócrates – não escreveu nada. Sócrates priorizava a fala.
O dialogo socrático é mais que escrever diálogos filosóficos. É uma experiência de seres humanos crescendo intelectual e espiritualmente, e de cidadãos pensando em conjunto. Não se limita expor a “verdade”, mas coloca dúvidas – cria uma comunidade de pensantes.
Num contexto tão aberto que a nossa sociedade vive não se debate com maestria. O debate perdeu o vigor.
Participo de vários encontros teológicos, filosóficos, sociológicos, antropológicos e literários, mas o debate não está presente. As pessoas criam polemicas uns com os outros. E com o auditório. Polemica vem da palavra da grega polemos, “guerra”. Polemistas vão a batalha. Cada um se aferra a suas posições e tenta destruir o outro. Alguns encontros que eram para ser de debates tornam-se campos de batalha. O polemista, tão comum hoje no Brasil, é uma caricatura do debatedor. Repete sempre o mesmo.
O verdadeiro debatedor não tem compromisso com uma idéia só. Ele também tem a coragem de rever suas posições e reformula-las. É com o movimento do pensar, sempre livre.
Por que nossos acadêmicos mais polemizam do que debatem? Fazem caricatura da posição alheia. Atacam o outro, atribuindo-lhe o que ele não disse. Isso preocupa. Nosso país infelizmente ainda é pobre em Filosofia. Faz mais história dela do que, propriamente, Filosofia. Talvez tudo isso ocorra pelo simples fato de que o nosso país ainda não tenha o prazer de pensar. Porque, quando se gosta de pensar, não importa quem ganhe: o bom é discutir, é poder mudar de idéia.
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