sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Lutero: Um teólogo fora de moda...


Nossa que título estranho. Ainda mais quando se faz referência ao grande nome da teologia e da reforma protestante. Mas não estou louco. O título do artigo é este mesmo. Lutero não seria um teólogo renomado em nossos tempos. Acho que ele teria dificuldades para se destacar no ambiente acadêmico. Sou um grande admirador de Lutero, por isso, estou tranquilo (Nova Reforma Ortográfica) para afirmar isso.

Para os teólogos da justificação, Lutero seria considerado um herege. Lógico que refiro-me antes da conversão que Cristo operou no seu coração. Lutero odiava com todas as forças a palavra “justiça” de Deus. Justiça para Lutero era castigo e punição para o pecador. Este homem viveu por muitos anos com medo de Deus.

Num contexto tão pluralista e liberal no qual estamos, Lutero com a sua teologia ortodoxa seria considerado um xiita. Ainda mais se alguém ousasse discutir com ele sobre o livre-arbítrio. Ele entrou numa briga ferrenha com Erasmo de Roterdã. Erasmo foi para Lutero o que Pelágio fora para Agostinho.

Lutero para o nosso contexto seria chamado de emergente. Ele nasceu no meio da pobreza. Era filho de um alemão mineiro, que cantava para a sua subsistência sob as janelas de cidadãos bem-sucedidos. Lutero era caloroso, jovial, vivaz, sociável, enchendo a sua taça dia após dia da adega do Conselho da Cidade. Os doutores acadêmicos da atualidade joviais, sociáveis, vivazes, isso é impossível. Vivem separados da realidade e da sociedade. Enquanto que Lutero era um homem do povo, dotado de paixão, poesia, imaginação e fogo. Conheci e conheço muitos doutores acadêmicos, e digo, poucos se igualam a Lutero. Suas teologias são construídas na torre de marfim. Lutero vazia teologia no meio do povo para servir o povo.

O gigante da história da igreja tinha a sua vida aberta. Todos tinham acesso a ele. Não vazia distinção de ninguém. Era um homem bronco. Arrependeu-se de muitas palavras proferidas. A sua vida emocional era aberta e intensa. Era cheio de humor e cólera. Heiko Oberman se refere ao “teologizar jocoso” de Lutero. “Com Lutero, sentimentos forçam seu caminho por qualquer lugar (...), ele mesmo está fervorosamente presente, não somente ensinando a vida pela fé, mas ele mesmo vivendo pela fé”. Hoje, não podemos imaginar um professor de universidade fazendo teologia à maneira de Lutero.

Não era fácil conviver com Lutero. Para aceita-lo como amigo era preciso ser paciente, misericordioso e compreensivo. A sua linguagem era hostil e brutal. Melancton, seu velho amigo chegou a mencionar a “língua afiada” e o “temperamento esquentado” de Lutero. Um ser humano normal e fantástico. A pessoa que conversasse com Lutero ouviria os seus palavrões e as suas conversas vergonhosas de “banheiro”.

Não quero absolutamente exaltar os seus erros, pelo contrário, Lutero caiu nas sutilizas do astuto inimigo. Foi um notável homem que reergueu a graça de Deus que esteve obscurecida por tantos anos. Miserável pecador é o que define Lutero. Mas as suas obras e contribuições são incomparáveis. Portanto, não acredito que ele teria o mesmo sucesso nos dias atuais. O mundo dos supostos pseudointelectuais (Nova Reforma Ortográfica) de nossos dias não suportariam a companhia irreverente de Lutero. Creio que não somente eu, mas muitos outros cristãos teólogos se veem (Nova Reforma Ortográfica) em Lutero.

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