sábado, 6 de setembro de 2008

O eterno retorno...

Deus, a ti clamo de manhã bem cedo

ajuda-me a orar e concentrar meus pensamentos;

não consigo fazer isso sozinho”.

(Dietrich Bonhoeffer)

Por favor, não entendam isto sob perspectiva da filosofia budista. Muito menos sob o pensamento da reencarnação. Também não é uma apologética sobre a história cíclica.

O eterno retorno é algo que fascina. Toca exatamente no cerne do ser humano. Principalmente quando isto está relacionado com Deus.

O que quer dizer “eterno retorno?” É a possibilidade de ir e vir a Deus. Ou seja, você está com Deus e ao mesmo tempo não está. Espera aí, estar com Deus e ao mesmo não estar? Sim! Não é a perda da salvação. Mas o seu relacionamento com Deus. A sua compreensão sobre Deus.

A dinâmica de Deus é algo extraordinário. Ele não viola o seu espaço. Diante das suas crises, Deus não o trata como um infantil. Independentemente se Deus tem toda a certeza, o ser humano não tem. É exatamente neste campo que é possível conhecer Deus. Você não o conhece a partir de certezas, mas a partir das dúvidas. Não foi assim com os profetas? Não foi assim com servo Jó? E o que dizer dos apóstolos.

Lutero viveu uma profunda crise e disse: “Deus ficou distante para mim por mais de semanas, então, fui tomado pelo desespero e blasfemei. Será que Lutero pecou? Claro que não. Nesta busca de querer respostas e certezas, isso o leva Deus e ao mesmo tempo o afasta de Deus. É por isso, que Deus é atrativo e a fonte de satisfação. Por que quando você está longe Dele você passa a entender que não há sentido estar distante da razão da vida. A semelhança do imã o ser humano é atraído até a sua presença. Há um refrigério neste momento. Deus respeita as nossas limitações. Ele espera o tempo da calmaria do coração do homem. Ele também dá ordem caos do coração do homem.

É preciso entender que o ser humano pode estar longe de Deus, mas Deus não está longe do ser humano. A tendência é que quando o homem sofre pelas incertezas ele pensa que Deus esteja longe. Embora, a sua presença não se torne tanto notória – Ele está ao lado.

O eterno retorno é exatamente isto, na falta de sentido, de solo para pisar e de luz para guiar, o homem é despertado para ir a fonte que preencherá o seu vazio. Pascal já disse com muita propriedade sobre isto.

Disse muito bem Bonhoeffer: Será que jamais houve na história pessoa que, no presente, tiveram tão pouco chão debaixo dos pés – para as quais todas as alternativas possíveis do presente pareciam igualmente insuportáveis, hostis à vida, sem sentido algum – como nós? De fato, as pessoas vão a Deus na necessidade delas. As pessoas vão a Deus na necessidade dele. Bonhoeffer então faz a seguinte oração:

Dentro de mim está escuro, mas em ti há luz

eu estou só, mas tu não me abandonas

eu estou desanimado, mas em ti há auxílio

eu estou inquieto, mas em ti há paz

em mim há amargura, mas em ti há paciência

não entendo os teus caminhos, mas tu conheces o caminho certo para mim.

Graças a Deus que todas as vezes que o ser humano se afasta Dele, este mesmo ser humano encontra o caminho livre para retornar.

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