Não sou escritor, mas um dia pretendo ser. Portanto, ainda estou fora deste processo canibalesco. Mas quando converso com amigos que são escritores de renome, eu percebo não simplesmente o desejo de contribuir para o conhecimento, mas o desejo de ser conhecido, e digo mais, o desejo de ser devorado.
Tenho diversos autores pelos quais nutro uma paixão por seus escritos. Geralmente quando indico uma leitura uso a expressão “devora este livro”. Este foi o termo que Deus usou para os profetas – “coma este livro”. Nada mais é que devorar Deus nos seus escritos. Assim é a literatura. Quando o leitor se debruça sobre um livro, ele está se alimentando do autor. Ou seja, o escritor se torna o alimento do leitor. O apaixonado por leitura “come” o leitor. Mas não é o estado de comer a carne do autor, o leitor come os seus pensamentos, idéias, sonhos, utopias. Numa linguagem metafórica na leitura o cérebro do autor é o nosso alimento.
Portanto, muitos escritores gostam desta sensação. Quando estão numa conferência as pessoas o cercam e dizem – “amei o seu livro” ou “devorei em um dia o seu livro”. Aí reside o prazer de escrever, é saber que pessoas estão se alimentando do seu pensamento. Este é o mundo “canibal” da leitura.
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