Para Hegel o indivíduo se move quando está inquieto. O estado de inércia demonstra paz e quietude. A perturbação leva todo indivíduo a procurar um mecanismo que lhe conceda um alívio e direção. Que seja capaz de oferecer uma viagem para um ponto de equilíbrio. É assim que se faz música. Os grandes nomes da música foram pessoas atormentadas. Existe aqui uma diferença. Algumas pessoas atormentadas fazem desgraça e criam o caos. Há aqueles que usam deste tormento e fazem a beleza surgir. Quantos não se encantam com Mozart, Beethoven, Gustav Mahler, etc. As suas magníficas obras musicais vieram de momentos de dor e tormento. Na área da poesia temos o protestante inglês William Cowper, um doente mental que disse: “Ter uma vida tranqüila é um objetivo difícil”. Na loucura é que nasce a beleza. Conheço algumas pessoas que buscam uma ordem para todas coisas. Essas pessoas não conseguem entender que nem tudo na vida será paz. Um aforismo clássico já diz isto: “Ostra feliz não produz pérola”. A ostra fica incomodada com a areia que entra na sua casca e durante este incomodo é travada uma luta para acabar com o sofrimento. Durante todo embate a ostra produz a beleza da pérola. É neste ato de movimento que sempre é acompanhado de falta de paz que o surgimento de algo maravilhoso pode nascer. Neste ponto preciso descordar de Schopenhauer que dizia que o prazer é a ausência do sofrimento. Mas que prazer maior pode existir quando o sujeito se encontra neste desassossego em que o levará a transcender das suas próprias limitações? O que diríamos sobre os grandes escritores? Machado de Assis revela na suas obras o próprio tormento do seu coração. Assim fica claro entender Fernando Pessoa quando disse: “Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir”. Não existe arte, literatura, amor, fé que não passe pelo estágio de incomodo da falta de paz. Quando o homem se move para a produção de algo ou para o encontro com Deus, ele busca o retorno da paz. Mesmo no relacionamento com Deus este incomodo nunca acabará. Por isso, o homem tenta se aprofundar nesta busca incansável por Deus, porque alguma coisa o tormenta. O movimento nunca acaba.
Um comentário:
sigo sempre em movimento, tentando tornar melhor a minha existencia. minha fome de saber é inesgotável....
Postar um comentário