terça-feira, 27 de maio de 2008

Busque Amor novas artes, novo engenho...

por Luís Vaz de Camões


Busque Amor novas artes, novo engenho

Para matar-me, e novas equivanças,

Que não pode tirar-me as esperanças,

Pois mal me tirará o que eu não tenho.


Olhai de que esperanças me mantenho!

Vêde que perigosas seguranças!

Pois não tenho contrastes, nem mudanças,

Andando em bravo mar, perdido o lenho.


Mas, com quanto não pode haver desgosto

Onde esperança falta, lá me esconde

Amor um mal, que mata e não se vê:


Que dias há que na alma me tem posto

Um não sei quê, que nasce não sei onde,

Vem não sei como, e dói não sei por quê.

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