terça-feira, 19 de dezembro de 2006

A igreja e seus caminhos

Em áreas vastas deste mundo, a igreja está crescendo rapidamente, mas em outras áreas está diminuindo gradativamente, em alguns lugares está em situação de calamidade"

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de DeusRomanos 12:2

A igreja do presente século é composta por pessoas vazias e cheias ao mesmo tempo. Vazias por que estão sem um profundo conhecimento da aplicação da fé. A fé que hoje é pregada e estimulada para viver está ligada ao determinismo, ao mercado da benção, a prosperidade barata sem a intervenção de Deus na história do homem. As pessoas estão vazias da profundidade transformadora das Escrituras. Foi como Jesus disse – “Jesus respondeu: Vocês estão enganados porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!” [Mateus 22:29]. Os erros são profundos e alguns chegam a ser irreversíveis. Líderes que desconhecem o poder vivificador das Escrituras assumem púlpitos e discursam no vazio enganando o povo e nutrindo um rebanho amorfo. Levando ainda em consideração o desconhecimento da juventude acerca da história da igreja. Muitos não sabem nem porque são batistas. Muitos não sabem dos mártires que derramaram sangue por uma pregação cristocêntrica. Qual é o jovem cristão hoje que pode minimamente discorrer sobre Lutero, Calvino, Melanchton ou Beza? Qual é o fiel de hoje que conhece os catecismos ou as confissões de fé como os de Westminster, de Augsburgo ou os XXXIV Artigos de Religião?No lugar da fé e da confessionalidade, promovem-se a experiência e os resultados.

Se formarmos discípulos teremos adoradores, mas se formarmos consumidores teremos apenas meros clientes

Mas em contra partida estão cheios de seus vícios. Pecados e mais pecados estão proliferando dentro das igrejas. A composta igreja está cheia de pessoas cheias de secularismo, relativismo, hedonismo e panteísmo. Os filósofos como: David Hume, Karl Marx, Friedrich Nietzche, Jean-Paul Sartre e Darwin estão mais presentes na mente doentia das pessoas, do que o poder curador das Sagradas Escrituras. O que dizer dos programas da telinha que fazem e promovem ações destrutivas em seus telespectadores, os quais depois, levam a doença para o seio da igreja. Desanimador é o quadro da atual igreja. A cada momento surge uma nova igreja, uma nova denominação. Você sabia que em 1994 havia: 22.000 denominações no mundo cristão. Toda semana são criadas mais de 5, resultando em 260 por ano. Destas 22.000, aproximadamente 6.000 eram significativas, as outras eram divisões e subdivisões, causadas por rixas e principalmente por falta de amor entre os que se identificam como povo do Deus do Amor. Diante de tamanha catástrofe eclesiástica, doutrinária, de relacionamentos, de fé e de uma genuína vida cristã – “Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males” [Tiago 3:16].

O pregador pode ser popular, mas não é necessariamente poderoso, porque a popularidade tem matado mais profetas do que a perseguição

Almas e mais almas estão se filiando à ajuntamentos em que suas bases estão construídas em maldades, sentimentos que são providos do próprio inferno. Certa vez em uma conversa, perguntei à uma pessoa de certa seita: Você sabe de onde veio esta doutrina? Quem é o fundador? Como surgiu? E porque ele a criou? Simplesmente a pessoa não me disse nada. Ela não tinha base e nem conhecimento histórico do segmento do qual fazia parte. Isto está acontecendo nas nossas igrejas, e nas igrejas que estão se formando dia a dia. As novíssimas igrejas e as pessoas que assim fazem parte, são como Adão: não possuem umbigo e não tem história. Penso que, os reformadores dificilmente se reconheceriam em grande parte do protestantismo brasileiro.

Em relação à Reforma, o nosso protestantismo é como o computador primitivo: não possui memória, apenas uma vaga lembrança. Eu creio que a lealdade à Reforma implica uma deslealdade a muitas expressões do protestantismo atual. Me recordo do grande e inesquecível pastor e teólogo Jonathan Edwards, que teve o seu ministério pastoral caçado. Em 1750, ele foi exonerado do seu ministério em Northampton, quando decidiu ir contra a maré da tradição da Nova Inglaterra. Esta que defendia que a profissão de fé salvadora não era necessária para que alguém participasse da Ceia do Senhor. Edwards rejeitou este conceito, por considerá-lo antibíblico, e escreveu um livro para defender sua causa. Assim disse Isaque Newton “os Batistas são o único corpo de cristãos que nunca tiveram similitudes com Roma”. Até onde isto é verdade diante dos fatos dados da atual história? Portanto, quantos de nós estamos dispostos a colocar o nosso ministério à disposição, para ficar ao lado da Palavra, ao lado de Deus? Existem poucos Edwards, existem poucos como João Batista.

Creio que este quadro decadente da igreja pode mudar. Não creio que o homem seja o fator motor de tal mudança. Não creio que seja o homem a transformador e regenerador, a igreja deve voltar a sua essência, a sua velha, mas sempre nova forma de ser em Cristo. Eu creio que tudo pode mudar, pelo fato da intervenção do poder e da graça de Cristo na sua igreja. Ele é o único e verdadeiro responsável por toda e qualquer transformação e crescimento da igreja. Somente Cristo Jesus pode restaurar a igreja do século vinte e um, somente em Cristo a igreja marchará triunfante e de fato será o fator de extrema relevância na transformação do homem pecador inserido em uma sociedade depravada. De fato, não no homem, mas em Cristo se faz valer o slogan “Reformada Semper Reformanda” (a Igreja Reformada Sempre se Reformando).

Cremos que somente são crentes verdadeiros aqueles que perseveram até o fim, que a sua ligação perseverante com Cristo é o grande sinal que os distingue dos meramente professos, que uma providência especial vela pelo seu bem-estar e que são guardados pelo poder de Deus, mediante a fé para a salvação

Nenhum comentário: