terça-feira, 19 de dezembro de 2006

O Púlpito e a Igreja

1 Coríntios 1:17 – “Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho, não porém com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada”

“Sabemos que sem compromisso com o reino, a Igreja não é Igreja, que o reino caminha pela afirmação de valores, e que não há reino sem cruz”

A grande síndrome de Lúcifer tem infectado muitos corações de pastores – “sereis como Deus”. Hoje em dia o que percebemos é um discurso humanista, antropocêntrico. Não existe mais o poder de uma mensagem de loucura, assim como o apóstolo Paulo chama “a pregação da cruz” [1Coríntios 1:18].Na minha memória vem a frase de Spurgeon “(...)quer uma igreja avivada? Coloque fogo em seu púlpito”. Não falo de gritaria, barulho, de azáfama, mas é de grande responsabilidade que o púlpito transmita vida e não morte.Já tivemos uma religião oficial (a católica romana, até 1889), uma religião hegemônica ou “oficiosa” (a mesma Roma), e agora vivemos a tumultuada travessia para o multiculturalismo religioso e o pluralismo eclesiástico, sem que grande parte dos nossos líderes pareçam preparados para tanto. O quadro aparece como caótico, desordenado, anárquico até, com a multiplicação de “microempresas religiosas” (Eu & Deus Ltda.), sob líderes autoproclamadores, imaturos, pretensiosos, intolerantes e vaidosos.As novidades esdrúxulas de origem norte-americana são acriticamente aceitas como válidas.

O legado da Reforma parece ter-se perdido. A pregação, a liturgia e a doutrina que é ensinada dos púlpitos é iconoclasta.O diagnostico é terrível. Os pastores estão fracos de púlpito, ou estão deturpando o princípio do evangelho – “Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo” [1Coríntios 3:11]. O que escutamos hoje? Mensagens de auto-ajuda, de estimulo do tipo: você não é feio, olhe no espelho e auto se afirme. “Pois não pregamos nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós como escravos de vocês, por causa de Jesus” [2 Coríntios 4:5].

Filosofia, política, psicologia, conselhos despretensiosos, opiniões humanas, jamais são capazes de fazer o que a Palavra de Deus faz

Não há outro caminho. Não há outra forma. Devemos pregar a cruz, a ressurreição, o poder de Cristo sobre a morte e o pecado. Qualquer mensagem pregada de maneira cristocêntrica, as pessoas ficam maravilhadas, tudo isso devido a escassez da Bíblia nos cultos protestantes de hoje. A grande circulação e rotatividade das pessoas nas igrejas, é devido a falta de um púlpito sadio. “Se retirarmos a verdade das Escrituras, a nossa fé é simplesmente fantasia” Pessoas estão morrendo famintas da grandeza de Deus, mas muitas delas não fariam este diagnóstico de suas vidas perturbadas. A majestade de Deus é uma cura desconhecida. Há prescrições muito mais populares no mercado, mas o benefício de qualquer outro remédio é sumário e pouco profundo. A pregação que não contém a grandeza de Deus pode entreter por algum tempo, mas não tocará o clamor secreto da alma. A nosso dever como proclamadores do Deus Santo, é fazer com que haja o seguinte clamor na igreja em que estamos pastoreando – “Mostra-nos a sua glória!

Estou absolutamente convencido de que a nossa mensagem deve estar sustentada pelo tripé trinitariano: 1) O alvo da pregação: a glória de Deus; 2) A base da pregação: a cruz de Cristo e 3) O Dom da pregação: o poder do Espírito Santo. Para tanto, a mensagem deve causar o seguinte efeito: despertar a consciência através da santidade de Deus, alimentar a mente com a verdade de Deus, purificar a imaginação através da beleza de Deus, abrir o coração para o amor de Deus, devotar a vontade ao propósito de Deus.Seja então, a nota dominante da pregação a liberdade da graça soberana de Deus, que o tema unificador seja o zelo que Deus tem para com a sua própria glória, que o objetivo sublime da pregação seja o infinito e inexaurível ser de Deus, e que a atmosfera penetrante da pregação seja a santidade de Deus.Não pretendemos atribuir aos ensinos dos reformadores status canônico, mas sua lealdade à Palavra nos permite aprofundá-los, ampliá-los, atualizá-los, nunca negá-los, voltar atrás nem deles nos afastar. Diante desse quadro, a unidade cristã fica mais difícil, e os segmentos que levam a sério a Reforma deverão aprofundar a sua caminhada, mesmo solitários e incompreendidos.

Castelo forte é o nosso Deus!

É necessário que ele cresça e que eu diminua” [João 3:30]

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