por Phil Johnson
Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus...
D. Martyn Lloyd-Jones pregou um dos seus sermões mais famosos nestas duas palavras: "Mas Deus." Aquela simples conjunção marca a transição que o apóstolo Paulo faz do problema da depravação humana para a sua solução. A única solução possível, diz Paulo, é a aplicação soberana de graça salvadora ao pecador. Você está procurando uma declaração explícita de doutrina calvinista nas epístolas paulinas? Aqui está uma dentre muitas, e esta é clássica. Veja: Todo o argumento de Paulo ao expor a doutrina da depravação humana neste contexto visava afirmar que a nossa queda nos deixa totalmente à mercê de Deus para a salvação. Nossa completa inabilidade, que Paulo há pouco descreveu como um estado de morte espiritual, salienta a absoluta necessidade da soberania de Deus na salvação. É porque nós somos tão espiritualmente incapacitados que a nossa salvação precisa ser obra de Deus e obra de Deus somente.
Esta verdade não surgiu do nada. Paulo já estabelecera a verdade da soberania divina no capítulo 1, onde ele lembrara aos Efésios que Deus os escolheu (4), os predestinou (5), garantiu a adoção deles (5), concedeu-lhes a sua graça (6), redimiu-os (7), perdoou-lhes (7), derramou riquezas da Sua graça sobre eles (8), desvendou-lhes os mistérios da Sua vontade (9), obteve uma herança para eles (11), garantiu que eles O glorificassem (11-12), salvou-os (13) e selou-os com o Espírito (13-14). Todas essas verdades são verdades sobre todo crente. Em resumo, Ele “nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (3). Tudo isso é obra da Sua graça soberana, não motivada por qualquer bem em nós, mas simplesmente "segundo o beneplácito de sua vontade" (5, 9) e "segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade" (11).
Não há sequer um vestígio de Arminianismo nisso. Não há sequer um sussurro de ênfase no livre arbítrio humano. Paulo está expressamente ensinando que toda a salvação é obra de Deus e que Ele é absolutamente soberano no processo. Na realidade, Efésios 2 começa com a passagem no primeiro parágrafo acima, dando ênfase à inabilidade absoluta de pecadores espiritualmente mortos, e então culmina com a declaração de Paulo no verso 10 de que até mesmo as boas obras feitas pelos crentes foram de antemão preparadas por Deus! De que forma Paulo poderia ter sido mais claro ou enfático quanto à verdade da soberania de Deus em nossa salvação?
Na verdade, esta é a mensagem central de Efésios 2: a salvação é inteiramente obra de Deus. Não devemos pensar que a redenção depende de qualquer obra, movimento, atividade ou escolha livre por parte do pecador. Por isso os versos 8 e 9 constituem uma declaração sucinta da tese do capítulo inteiro: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie." (8-9).
"Mas Deus!" - aqui nós vemos a única possível cura para a depravação humana, a graça de um Deus amoroso:
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
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