Ângelo Monteiro na sua obra: “O Rapto das Noites ou o Sol como Medida”.
“As coisas mais distantes são aquelas que estão mais perto.
Nós nascemos distantes. Por isso buscamos,
Sem nos deter, a aurora viva
Em que tudo se deu.
E em demanda do que éramos erramos
Até à descoberta”.
É, com certeza, o desprezo pelo que há de mais próximo que tem mais impedido a plenitude humana. Precisamente porque as coisas, na sua aparente proximidade, carregam a distância da sua própria origem e a transcendência do seu próprio fim. Porque nascemos antes do agora da nossa imanência é que nos abrimos à busca do que constitui o fundamento, o arché de todos os nossos anseios e interrogações. E é em demanda da nossa própria originalidade radical que, em nosso caminho de permanentes errâncias, pulsamos pela chegada à Descoberta. À Descoberta, em nós mesmos, do Ser. Porque o Alfa está no Ômega. O princípio está no fim. Na ausência de fins, tanto do ponto de vista ontológico, como do ponto de vista axiológico, está a decadência e a morte do Ser, decadência e morte expressas tão bem na vida política, social e econômica de certos povos que historicamente desesperaram da possibilidade de realizar seu próprio projeto existencial.
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